Independência escrita por Harukko


Capítulo 62
Tensão, Medo, Pânico, Um Teste de Coragem


Notas iniciais do capítulo

Infelizmente, hoje é o último capítulo, mas eu dei um jeito da gente curtir mais um pouquinho, não percam, amanhã, o capítulo Especial!! Mas por enquanto, vamos desvendar a história e ver o que acontece.



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O Paulo abre a porta, velozmente entra no quarto e diz:
– SAIAM RÁPIDO, A CASA ESTÁ PEGANDO FOGOO!!
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– O que? - pergunto perplexa.
– Rápido, vamos! O fogo está se espalhando!
De repente a parede começa a pegar fogo, eu e a Valéria gritamos.
– Rápido! - diz o Paulo.
Valéria corre até a porta, eu vou de atrás, mas um pedaço de madeira cai sobre mim, eu coloco os braços na cabeça para me proteger, mas caio de joelhos no chão.
– Alicia! - grita Paulo.
Meus braços ficam terrivelmente cortados, mas eu afirmo que estou bem. Eu, Valéria e Paulo checamos o quarto do lado para ver se tinha alguém, abrimos a porta e vimos Davi, Cirilo e Jaime prontos para evacuar.
– Vocês, levem a Valéria e a Alicia em segurança lá para baixo que eu vou ver se tem mais alguém nos quartos! - ordena Paulo.
– Certo! - falam os três.
– Não, eu vou ficar com você! - digo.
– Está maluca? Isso é perigoso demais.
– Falo o mesmo para você, eu não saio daqui se não for ao seu lado!
– Está legal, vamos logo!
No quarto da frente estava o Jorge na sacada gritando:
– Adriano, Adriano!
– Jorge, o que foi?
– O Adriano se assustou e caiu da sacada!
– Vamos lá para baixo, aí você vê como ele está. Mas precisamos sair daqui agora! - digo.
Pego ele pelo braço e levo até a porta, nesse momento, queimei minha roupa e meu cabelo também.
Fomos conferir o quarto do lado, lá o Daniel estava muito ferido, com a Maria Joaquina desmaiada nos braços.
– Daniel! - grito.
– Eu estou bem, deixa que eu levo ela para fora! - ele realmente gostava da Mari, pois estava visivelmente acabado.
Quando fomos conferir o quarto da frente, o Japinha sai correndo de dentro dele e desce as escadas.
Eu já estava exausta e havia inalado muita fumaça, meu corpo estava pesado e eu não sabia quanto tempo iria aguenta. Fomos ao quarto ao lado e vimos a Carmem e a Marisa atrás de uma cortina de fogo, e o Mário do outro lado.
– Mário!! - corro até ele.
– Me empresta! - fala ele puxando o casaco do Paulo e colocando sobre si.
Ele atravessou o fogo correndo, para salvar as meninas. Mas um pedaço do chão cai e Marisa vai junto.
– Marisa!! - grita Carmem chorando, olhando pelo buraco que havia se formado no chão.
O Mário colocou uma parte do casaco por cima da Carmem e os dois atravessaram o fogo. Eles correram pela porta e eu e o Paulo fomos atrás, descemos as escadas correndo, mas ela estava muito queimada que desmorona comigo e com o Paulo em cima. Caímos de uma altura suficiente para causar cortes e ferimentos profundos, ele me ajuda a levantar e fomos procurar pela Marisa, que havia caído.
Minhas pernas e meus braços estavam detonados, mas eu continuei. Achamos a Marisa caída, Bibi estava tentando tirar os escombros sobre as pernas da judia.
– Pode deixar com a gente! - falo.
Mas Bibi acidentalmente tropeça e acaba batendo a nuca na quina de uma mesinha, sua cabeça começa a sangrar e eu me desespero. A Marisa se apoia em mim até a saída, o Paulo vai levando a Bibi desmaiada no colo. Ele deixa a ruiva no colo de Jaime e volta a casa novamente.
– O que você está fazendo? - pergunto.
– Eu vi ela, eu vi!! Tenho que salva-la! - ele entra correndo e eu vou atrás.
– Marcelina! - ele grita.
Vimos a garota debaixo de uns pedaços de madeira, fomos até lá e tiramos a menina daquele lugar, ela estava gravemente ferida e cheia de queimaduras, o Paulo a segura no colo e leva para fora. A Professora Helena, a Graça, O Firmino e a Diretora Olivia já estavam lá, contando os alunos e cuidando dos mais feridos.
O Paulo deita a Marcelina no chão e confere o seu pulso, pela expressão dele ela não devia estar nada bem, o garoto faz massagem cardíaca e grita:
– Marcelina, acorda, por favor, acorda! Eu juro nunca mais te chamar de pirralha, eu juro! - ele fica em silêncio por alguns segundos e começa a chorar abraçando a irmã.
Eu realmente nunca havia visto ele naquele estado, eu achei melhor ficar em silêncio e não interferir, apesar de não esconder as lágrimas também. Logo os bombeiros chegaram, e os médicos também, levaram todo mundo para o hospital.
Lá recebemos a infeliz notícia de que Marcelina, Adriano e Bibi haviam falecido, todos ficaram perplexos e muito tristes. Duas semanas depois, os únicos que ainda precisavam ficar no hospital eram eu, Carmem e Daniel. Notei que todos foram me visitar, menos Paulo, não estava sendo nada fácil para ele perder a irmãzinha.
Então, no primeiro dia de alta eu resolvi ir na casa dele. Como as pontas do meu cabelo haviam sido queimadas pelo fogaréu, eu tive que cortar. Coloquei um macacão cinza de saia, uma blusa branca e botas pretas (http://www.polyvore.com/look_simples_alicia_cap.63/set?id=103733574), minha mão estava enfaixada, meu joelho, cotovelo, entre outros curativos e cicatrizes que se espalhavam pelo meu corpo. Pensei um pouco antes de bater na porta, mas respirei fundo e fui em frente.
– Oi, Alicia não é? - quem atendeu foi a dona Lilian, ela estava com olhos enxadados, dava para notar que ela havia chorado muito.
– Sim, sou eu. - tento ser o mais agradável possível - Eu poderia falar com o Paulo?
– Acho que não é uma boa hora Alicia.
– Por favor dona Lilian, eu sou muito amiga dele. É rapidinho, prometo!
– Está bem então, ele está no quarto.
Eu entro e subo as escadas, bato na porta mais ninguém atende, então eu abro e vou entrando, vejo o garoto sentado na cama, folheando um álbum de fotos da Marcelina. Eu sento ao seu lado e fico em silêncio por alguns segundos.
– Eu sinto muito. - falo baixinho.
– Por favor não repita o que todo mundo diz, não fale que sente muito, não me diga que tudo vai ficar bem ou que ela irá fazer falta, pule essa parte. - ele olha profundamente em meus olhos - Eu não aguento mais!
Delicadamente eu o abraço e deito minha cabeça em seu ombro.
– Não vou fazer isso, eu sei que você é forte e não precisa de míseras palavras de consolo.
Nesse momento, vejo pequenas lágrimas rolando em seu rosto, ele deita a cabeça no meu colo e eu começo a mexer em seus cabelos. Minutos depois ele dormiu, eu tentei coloca-lo sobre a cama, foi meio difícil mas consegui. Eu estava saindo quando...
– Alicia. - ele me chama.
– Sim?
– Obrigado. - ele sorri.
– Por que você está agradecendo, eu não fiz nada demais. - sento ao seu lado na cama.
– Você me deixa mais confortável e, eu sei que não preciso de palavras de consolo, mas eu não sou tão forte a ponto de não precisar de você. - o garoto passa a mão em meus cabelos, e a gente se beija ali, um beijo simples e inocente, mas com um significado muito especial.


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Notas finais do capítulo

E esse é o fim! Quer dizer, quase o fim, amanhã tem o capítulo Especial, não percam! 100% Paulícia!