Independência escrita por Harukko


Capítulo 41
A Lenda da Árvore Mestra


Notas iniciais do capítulo

Hoje vamos embarcar um pouco em cultura, você conhece a região mais fria do Brasil? Lá está guardada uma lenda muito bonita sobre uma árvore mais bonita ainda. Confira o capítulo abaixo!!



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Mário, Koki e eu saímos mais perdidos que cego em tiroteio, no meio daquelas árvores era difícil se localizar. Pra nossa sorte, o Mário meio que entendia desse negócio de localização, porque se dependesse de mim e do Koki a coisa iria ficar braba. Finalmente o Mário fala:

– Acho que estamos perto.

_______________________________

Caminhamos mais um pouco e avistamos uma árvore bem grande e folhuda, solitária, pois em volta havia somente pequenos tipos de plantas. Um tronco grosso e raízes a vista eram necessários para sustentar uma copa bem definida. Chegamos mais perto e podemos ver o Capitão dormindo em baixo da árvore, naquela sombra fresca e espaçosa. Kokimoto comentou:

– Nós aqui quebrando cabeça pro folgado aí ficar de boa!

– Essa deve ser a Árvore Mestra. - falo. - Não estou vendo ninguém, acho que fomos os primeiros.

– Vamos lá! - diz Mário.

A gente foi caminhando até a árvore, o Kokimoto se aproxima do ouvido do Capitão e grita intencionalmente:

– Que bonito em?! Dormindo enquanto a gente da duro!

O homem não reage, mas o Koki continua tentando chamar a atenção:

– Ei, não tá me ouvindo? - grita o garoto.

O Japinha se cansa de falar, segura o Capitão e começa a balançar bem forte.

– Mas o que... - ficamos surpresos ao ver que aquele era só um boneco improvisado.

– Ele só pode estar brincando. - diz Mário olhando fixamente para o horizonte.

– Vocês que não deveriam tentar brincar comigo. - fala o Capitão parado as nossas costas, com um ar bem convencido.

– Ah, deixa essa bobagem pra lá. Cadê os outros? - pergunto.

– Ainda não chegaram, parece que vocês foram os primeiros. - ele fez uma pausa de poucos segundos, que não permitiu um comentário nosso - Antes que perguntem, a recompensa será dada mais tarde.

Ele empurra o boneco e senta no seu lugar, e agora, realmente dorme na sombra fresca daquela árvore enorme. Depois de um longo tempo de espera eu comentei:

– Eu pensei que estávamos perdidos na mata, mas os outros grupos estão completamente desnorteados.

Mário e Koki ignoram e seguem o silêncio. Um pouco mais tarde a equipe 4 (Valéria, Bibi e Adriano) chegam, seguidos da equipe 6 (Maria Joaquina, Daniel e Paulo). Logo logo vem a equipe 2 (Davi, Margarida e Marcelina) e então a equipe 1 (Carmem, Cirilo e Marisa), por último a equipe 3 (Jorge, Jaime e Laura). O Capitão levanta quando percebe todos presentes. Pede atenção e começa:

– Sentem-se todos. - continua - A equipe 5 foi a vencedora, e sem dúvida teve o melhor desempenho.

– Ah fala sério, isso já era óbvio. - reclama Paulo.

– Essa competição toda foi baseada na natureza, no meu povo. Essa árvore se chama Umbu e é muito comum na minha terra, no Rio Grande do Sul. O seu tronco não serve de nada, não produz madeira, mas sua sombra é fresca e larga. - diz o Capitão.

– Um bom lugar pra pensar e pra imaginar. - comenta Adriano.

– Existe uma lenda sobre essa árvore, vou lhes contar. - ele respira fundo e começa a história, contando assim.

“O mito e a lenda do Umbu, provavelmente, surgiram da necessidade de resposta ao questionamento da gente que vivia por aquelas regiões: por que árvore tão grande e cheia de folhagem tem o tronco e seus caules sem qualquer utilidade como madeira? Conta a lenda que a resposta está no momento da Criação.

Deus ao criar os reinos perguntou a cada elemento de cada espécie o que gostaria de ser, que papel gostaria de desempenhar no palco onde seria encenada sua Grande Peça. Assim, aconteceu com o reino vegetal e, quando Deus indagou das árvores e ervas as respostas e desejos foram os mais diversos. A araucária respondeu que queria ser muito alta; que seu tronco servisse para o fabrico desde os menores, como um palito, até os maiores artefatos, como um mastro; e que gostaria de ter frutos, para que pudesse alimentar os nativos da região onde nascesse. A erva mate optou por ser reconhecida pelos chás feito com suas folhas e, ainda mais, pediu ao seu Criador, que a gente da região onde nascesse, adquirisse o hábito de apreciá-la em grupo, desenvolvendo assim a hospitalidade e a solidariedade. A parreira suplicou para que fosse aquela que oferecesse um fruto, com o qual se produziria a bebida consumida nos lares e apreciada por todos, para brindarem seus momentos de maior encantamento. A laranjeira, o pessegueiro, a macieira, a pereira e outras pediram, para serem aquelas que ofereceriam frutos deliciosos. Já o pau-ferro, o angico, o ipê, o açoita-cavalo, o cedro e outras pediram para nascerem como madeira forte, para serem transformadas nas mais diversas utilidades para os homens. Chegara a vez do Umbu e Deus perguntou-lhe: e tu, o que queres oferecer? Madeira forte, frutos deliciosos, bebidas saborosas? Então, respondeu o Umbu ao Criador:

– Quero atingir grandes alturas, com muitas folhas largas e que meu tronco e caules sejam tão fracos, que não sirvam como madeira forte.

Sabendo das intenções do Umbu o Senhor retrucou, para ouvir do próprio:

– Mas o que desejas com teu pedido?

E o Umbu concluiu:

– Sendo alta, folhuda, e largas minhas folhas, oferecerei sombra amiga e hospitaleira; e negando-me a ser madeira forte, evito correr o risco de servir como cruz para o suplício dos justos e provocado por torturas.

E Deus, o Criador dos Universos e dos Reinos, ciente de que teria, em época muito distante daqueles dias, um de seus Filhos crucificado, fez o Umbu do jeito como lhe foi pedido.”

– Foi uma boa escolha, essa árvore é realmente muito bonita. - elogia Daniel.

– É sim. - fala o Capitão ainda imaginando a lenda - Bom, o que eu quero dizer é que a árvore não precisou de frutos saborosos ou tronco forte para fazer madeira, ela é simples e ainda sim muito útil.

– É uma história muito bonita, foi bom ouvi-la. - fala Marcelina com doçura.

– É sempre bom aprender novas histórias - diz Margarida -, e essa é muito criativa!

– Bom - Capitão volta a realidade -, é melhor a gente voltar, vamos.

– Mas agora que estava ficando bom. - resmunga Davi.

– Não quero saber, vamos logo, levantem-se preguiçosos.

Ninguém parecia realmente cansado, apenas com preguiça mesmo. Chegamos ao acampamento, lá o Capitão permitiu que minha equipe usasse aparelhos eletrônicos como parte do prêmio, recebemos também três barras de chocolate (oferecidas pela professora), além disso, ficamos livre da próxima atividade: colher frutas para o café. Enquanto todos se esforçavam, nós ficamos na sala assistindo televisão, escutando música e mexendo no celular. Minutos depois todos apareceram com as frutas, o café foi constituído por pão, leite, salada de frutas, suco de laranja, torradas e café. As 6h30 fomos caçar gravetos, o que foi moleza, para fazer a fogueira. Mais tarde, todos estavam ajudando a fazer alguma coisa, alguns estavam ajudando a fazer a fogueira, outros a janta, também tinha gente lavando a louça, e malandros como o Paulo e o Koki estavam sentados contando piadas. Chego ao lado deles de fininho.

– O que um número disse pro outro? - Paulo começa uma piada.

– Disse cala a boca e vem trabalhar! - falo rígida segurando vários pedaços de madeira.

– Aé, você vai nos obrigar?! - Kokimoto foi tão irônico que chegou a ser irritante.

– Vou sim! - largo os pedaços de madeira nos braços dos dois - Ou melhor, o Capitão vai assim que eu contar pra ele!

Dou de ombros e sigo ajudando. Depois de tudo pronto, fizemos uma fogueira, todos ficaram em volta.

– E agora o que a gente vai fazer? - pergunta Paulo com desprezo.

– Podemos fazer uma brincadeira. - sugere a professora Helana.

– Mas qual? - pergunta Bibi.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo pode não ter sido tão engraçado, mas eu realmente quis puxar para o lado mais cultural, para vocês saberem que lendas tão bonitas quanto estas estão espalhadas por todo mundo. Eu, particularmente, amo lendas desse tipo, costumo pesquisar quando estou entediada, mas enfim, até o próximo capítulo meus fofos!!