Um Reencontro Pode Ser Um Recomeço escrita por fdar86


Capítulo 3
II. - Reencontrando um passado até então esquecido




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A mulher de cabelos loiros, que haveria provocado o esbarrão, não propositalmente, agora sorria, mostrando-se feliz por reencontrar a de cabelos pretos.

Isa tentou esboçar um sorriso, em resposta à outra, embora parecesse evidente o seu nervosismo pela situação.

"Isa..."

A outra pronunciara seu nome, enquanto sorria. Não aparentava mais estar nervosa.

Pelo contrário... Sentia como se não pudesse estar melhor.

"Quanto tempo...", e a outra continuava...

 

Isa desejava secretamente que esse pesadelo tivesse um fim, e que a outra se calasse.

Ouvir sua voz a fazia recordar muitas coisas...

"É..." A voz de Isa quase não saiu, mas era preciso dizer algo.

"Sempre penso em você, sabia?", disse a mulher de olhos castanhos, de supetão, e imediatamente percebera que assustara a de olhos pretos.

Isa ficara imóvel. Por que seria tão importante que, após tantos anos sem contato algum, ainda seria lembrada sempre?

A de olhos pretos só pensava no que a outra poderia estar querendo em dizer aquilo, mas prometia honestamente a si mesma, preferir não saber.

"Quero dizer, lembro de você. Você sabe, nós fomos muito próximas"

A loira esboçava um sorriso. Agora aparentava sinais mistos de nervoso e constrangimento.

Ela tentara consertar, mas ficara pior, e ela via nos olhos pretos de Isa a sua confusão.

"Como assim muito próximas? Eu namorei com você por mais de 3 anos, você foi o amor da minha vida e você diz pra mim que nós fomos simplesmente 'muito próximas'!!" Isa não intencionada dizer nada, mas não pôde evitar esse pensamento.

Mas ela simplesmente disse:

"Sim, sim, muito próximas"

"Não deveria ter dito isso", pensou em seguida. Parecera ironia.

Ela não teria tido a intenção, mas...

Ou teria?

Sim... Infortunadamente, sim. Teria. 

Raíssa percebeu pela expressão facial e a voz de Isa, que aquela não teria sido uma boa forma de expressão e procurou corrigir, imediatamente.

"Você sabe, por tudo que nós passamos..."

Isa se sentira mais aliviada e não pôde evitar um pensamento do tipo "Menos mal".

"... e vivemos"

Continuara Raíssa.

 

Outros segundos de silêncio profundo reinaram no local.

Enquanto pessoas passavam por entre elas, pedindo licença para conseguir passagem, ou apenas conversando entre si, as duas continuavam encarando-se em silêncio, e não manifestavam vontade de se afastar.

Porém, no interior de Isa, aquela situação a estava deixando fora de si. Ela não sabia o que fazer.

Enquanto Raíssa sorria aparentando estar sem graça, Isa decidira aproveitar o silêncio para olhar ao redor, em busca de uma saída de emergência.

Sentira como se fosse precisar sair correndo dali a qualquer momento.

Maquinava desculpas para poder se retirar, sem ser rude.

"Um princípio de incêndio talvez?!", pensara por um momento... mas a dúvida pairava no ar.

Sabia que Raíssa era esperta o bastante para não cair em qualquer desculpa, e tudo que não queria era parecer uma boba aos olhos da outra.

"Por Deus, Isabela Moreto! Você não tem mais 18 anos! Você é adulta, então aja como tal", pensava tentando arrancar forças para reagir, e falar alguma coisa que a tirasse daquela enrascada. 

 

"Não nos falamos a quanto tempo? 10 anos?"

Isa se surpreendera. Raíssa sabia.

Lembrava o tempo que fazia sem que elas se vissem. Exatamente.

Se sentira ao menos um pouco importante.

Isso a fez surpreendemente bem.

 

"Sim. 10 anos" Falou casualmente, como se não se importasse em nada.

A outra percebeu o descaso

Isa, tensa, repetira o que a outra disse a princípio:

"Quanto tempo né?" Logicamente sentira-se uma idiota depois. 

"É..." 

A falta de assunto retornava, e Isa já suava frio.

Voltou a procurar pela saída estratégica, mas na livraria só havia uma porta, e as janelas.

Além disso, não imaginava uma desculpa para correr dali. Que tipo de jornalista ela era, afinal?

"E como estão as coisas?"

"Bem"

Isa respondeu a pergunta de Raíssa atropelando suas palavras, quase que automaticamente após a pergunta, e sentiu pela expressão de desapontamento na face da loira, que essa resposta não era exatamente o que ela desejara ouvir.

"Você está trabalhando aonde, Isa?"

Isa respondeu, detalhadamente. Sobre isso, respondia até mesmo o que não fora perguntado.

Trabalho era a única coisa que ela se sentia bem em falar com Raíssa.

Desarreigava-a um pouco do passado.

"Ah, sim. Conheço claro"

Isa sorriu, pela primeira vez conseguira ficar calma.

"Qualquer dia te farei uma visita"

Isa permaneceu tranquila.

Acreditava piamente que Raíssa nunca faria algo assim.

 

Silêncio novamente.

"Bom, eu tenho--..." Disse a loira, apontando para a porta.

"É, eu também..." 

Isa respondeu praticamente em modo involuntário, atropelando as palavras da outra.

SAentira-se derrotada.

Lhe faltou a coragem para despedir-se, e agora sentia-se mal, porque Raíssa teria se antecipado.

Mas, apesar de ter sido Raíssa quem demonstrou necessidade de ir embora, Isa não pôde deixar de observar que, com a sua resposta em seguida, a loira ficara triste. Podia quase jurar que teria demonstrado decepção em seus olhos castanhos claros.

"... atrasada", continuou a morena, vários instantes de pausa se entreolhando depois. Isa pegara em seu livro, apontando-o e pronunciou a palavra, como sua única saída.

Queria sair dali o mais rápido possivel.

"Bom, então...", respondeu Raíssa, e a tensão entre elas continuara.

"Tchau", Isa se precipitou se despedindo, e deu um passo para frente, visando a saída, quando recebera, consternada, um abraço apertado de Raíssa.

Isa nem conseguira se mexer.

Apenas dava um sorriso amarelo, que forçara para aparentar menos o seu nervoso.

Tudo para não mostrar-se infantil diante de Raíssa.

Agora Raíssa conseguira fazer com que Isa se sentisse pior do que nunca.

Isa olhara pela janela, pensando no quanto queria pular exatamente agora.

"Tchau", Após a resposta "tardia" de Raíssa, na humilde opinião de Isa, a morena saiu na frente, apressando os passos.

Fora até o caixa, e pagara o livro em um pulo.

Raíssa a acompanhara com os olhos até a saída do local.

Permanecera no mesmo lugar, imóvel.

Seu olhar profundo se traduzia na palavra "mistério".

 

Enquanto isso, Isa saíra apressada do local, temendo que Raíssa a chamasse novamente.

Temia...

Ou será que na verdade, era o que ela mais desejava?

E se esse seu temor apenas traduzia a uma verdade sobre ela?

Isa não tinha certeza, e preferia não saber.

Não queria passar por tudo aquilo de novo, pensou ela. O melhor era manter distância.


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