Vingardion High escrita por Patch, Luna Bizuquinha


Capítulo 5
Dia da seleção de grupos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/449863/chapter/5

O salão A era inexplicavelmente grande, com grandes mesas de madeira, extensas por todo o local. Ao fim da mesa, havia um ponto mais alto no salão, onde haviam algumas cadeiras diferenciadas, parecidas com tronos.

Entrei no salão A e me sentei em uma mesa daquelas. – a que estava mais vazia, para evitar confusão.

Em poucos minutos o salão A estava repleto de alunos e as mesas estavam lotadas. O som de conversas, risadas e cochichos era predominante em todo o espaço.

– Oi, posso me sentar ao seu lado? – disse uma menina pequena, de um metro e cinquenta e cinco, mais ou menos , branca, com sardinhas no rosto, de cabelos lisos e cabelos castanhos claros, olhos cor de mel, magra, também continha uma cintura fina e pequenos seios.

– Uau, acho que até agora, você foi a primeira pessoa a falar comigo de boa vontade, tirando meu colega de quarto! – falei surpreso.

– Hahaha, posso me sentar aqui?

– Claro, qual o seu nome?

– Dulce Ignis.

– Então, está na escola há quanto tempo? – perguntei tentando ser simpático.

– Quatro dias, contando com hoje. E já estou adorando as aulas de dominação de fogo!

– E você domina fogo?

– É, quando não incendeio algo acidentalmente eu domino sim!

– Hahaha, está brincando não é?

– Não! Eu incendiei a mesa ontem durante a aula. Fui tentar consertar e queimei o cabelo de uma aluna. Fiquei um pouco sem graça... – Suas bochechas rosaram enquanto ela descrevia o que fizera.

– Ah, mas foi um acidente, certo? Não precisa se preocupar!

– É, espero que não! Você ainda não disse o seu nome!

– Meu nome... É-é claro que não... Sou Owte... Andrew! Andrew Owteman. É isso!

Dulce abriu um sorriso simpático e olhou para baixo. Pude notar seu rosto ficando vermelho.

– Você é legal, Andrew! Não sei o porquê de estarem falando mal de seu nome pelos corredores...

– Como assim? – perguntei revoltado – Estão falando de mim?

– Disseram que não tem poder algum e que não passa de um pervertido. Mas não sabia que iria encontrar você tão cedo. E minha primeira impressão de você, foi o oposto do que disseram.

– Esses metidinhos, ridículos. Eu não acredito que estão zombando de mim por causa da minha falta de conhecimento sobre meus poderes! – disse com raiva.

– Não se preocupe. Todos temos dificuldades em algum ponto de nossas vidas. Creio que vá superar as suas!

– A-ah... – fiquei sem graça por estar falando em tom de ira, com uma menina tão meiga e educada – Obrigado! – disse abrindo um sorriso e ponto uma mão na nuca.

Um estrondo ocorreu na parte onde os tronos estavam. Quando olhei, vi que todos estavam ocupados por alguns velhos.

O velho que ocupava o trono do meio, levantou-se. Em seguida os outros levantaram-se também, fazendo com que todos os alunos se levantassem em gesto de educação.

– Bom dia a todos vocês, alunos de Vingardion High! Para os que não me conhecem, sou Otto Summum, o diretor da escola.

O silêncio tomou conta do salão.

– É um prazer enorme estar aqui dando as boas vindas aos que chegaram e abrindo a seleção de grupos anuais – continuou o diretor.

– Não era para ele ter dado as boas vindas no primeiro dia de aula? – cochichei com Dulce.

– Ele não esteve presente na cerimônia de abertura das aulas! – ela cochichou de volta.

Como alguns já sabem, vocês terão de espetar um dedo de vocês nesta agulha, que está na mão de uma de nossas coordenadoras. Após espetarem, depositem uma gota do seu sangue nesta taça que se encontra em minhas mãos. A magia corrente no sangue de vocês fará o resto e selecionará os membros dos grupos anuais. Saberão quem são seus grupos ao fim do dia.

Após terminar de falar, o senhor Summum estendeu uma mão sobre o chão e criou um suporte de aura para a taça e a colocou nele.

– Comecem a seleção! – ordenou em tom amistoso – Após a coleta, o café da manhã será servido. – concluiu o diretor.

– Vou ter de espetar a mão? – perguntei para Dulce.

– Não, é apenas um dedo! – ela respondeu sorrindo.

Os alunos espetaram um a um seus dedos na agulha. Quando chegou a minha vez, resolvi não amarelar. Ao espetar meu dedo, senti como se uma onda eletromagnética tivesse sugando algo de mim. Coloquei o dedo espetado sobre a taça e a gota de sangue saiu sem demora.

Ao voltar para a mesa, meu café já estava preparado. Comi panquecas de maçã com cobertura de caramelo.

Após o café, segui para a primeira aula do dia: Artes da água.

A sala era grande, com mesas de duplas colocadas em quatro fileiras. À frente das mesas, havia a mesa da professora, que ficava no centro de uma ilhazinha, cercada por água.

– Bom dia, sou Tândara Aquarium. Professora de artes da água do ano um. Como hoje é o primeiro dia de vocês, começarei ensinando a sobre a arte de dominação para vocês. – disse uma mulher que aparentava ter seus trinta anos, gorda, morena, cabelos presos em um rabo de cavalo, olhos verdes e que aparentava ter um metro e sessenta e nove.

Ao decorrer da aula, fomos aprendendo que foco, determinação, imaginação e controle das emoções eram algo essencial para dominarmos qualquer tipo de magia.

– Eis a primeira tarefa de vocês: Levarei todos à praia ao norte do castelo e terão de caminhar sobre a água utilizando a magia de vocês! – informou-nos a srª Aquarium.

– Teremos combate após esta tarefa senhora Aquarium? – perguntou um menino que estava no fundo da sala.

– Ainda não sr. Herman! Teremos combate quando eu notar que todos tem condição de lutar.

– Porque temos combates nas disciplinas? – perguntei.

– Porque temos de estar preparados para qualquer tipo de ocasião sr. Owteman! – respondeu a professora em um tom simpático.

– Como sabe quem sou? – perguntei.

– É minha obrigação saber senhor Owteman. E é bem mais fácil descobrir quando se tem o nome de vocês nos livros escolares. – respondeu me com um sorriso simpático.

– A tarefa será cumprida em nossa próxima aula. Espero que leiam sobre o assunto e deem o melhor de si para completá-la! Estão todos dispensados! – Concluiu a srª Aquarium.

Juntei meu material e me encaminhei para a saída da sala.

– Sr. Owteman! – disse a professora Tândara.

– Pois não? – respondi levantando a sobrancelha.

– Soube que está com um bloqueio em sua magia...

– Eu? Claro que não estou! Está tudo perfeitamente bem comigo!

A professora levantou uma sobrancelha fazendo cara de questionamento.

– Como soube disso senhora? – perguntei sentindo-me um idiota.

– Eu ouvi que não se defendeu na aula de Johanes. Ouvi que sofreu o efeito de uma maldição e não tentou se proteger. Isso me ajudou a concluir minha teoria. Aconselho você a pesquisar mais sobre magia e é claro, a acreditar que pode utilizar esta magia. O sr. Custos conversou comigo sobre você ter sido criado em um lugar onde a magia é inexistente. Acredite em si e pare de se esconder do mundo!

– Obrigado pelo conselho, mas acredito que estou muito bem sem toda esta bobagem de magia! – respondi.

– Está bem, mas não desconsidere o que estou lhe dizendo. A escola exige que você utilize magia para passar de série. Espero que mude este pensamento antes que tenha de passar mais de dez anos estudando em Vingardion High! Tenha um bom segundo tempo! – concluiu.

Após a aula de artes da água, segui para a próxima matéria: Magia ancestral.

A professora de magia ancestral era uma senhora de idade. Tinha um coque no cabelo, seu rosto mostrava um pouco algumas marcas de idade, era alva, com os olhos azuis claros, devia ter por volta de um metro e sessenta, era magra e séria.

– Bom dia, sou a senhora Vetus. Serei a professora de magia ancestral de vocês. Minha aula se resumirá em fazê-los aprender feitiços que retiram mágica de ancestrais. Já vou adiantando que não são todos os que podem fazer este tipo de coisa. Porém, todos os alunos são obrigados a aprender como funciona a mágica ancestral, para o caso de terem de lidar com isso algum dia.

– Se é preciso retirar magia de ancestrais para fazer isso, não deve ser algo tão poderoso! – falou o menino que sentava ao meu lado, na carteira de duplas.

A professora olhou profundamente para os olhos do menino e ele começou a ficar pálido.

– Esst-tá f-fic-cand-do fr-rio aq-qui! – disse o menino.

– Você poderia perder toda a temperatura corporal com este feitiço. Acabaria morrendo quando eu bem quisesse... – disse a professora.

O menino foi ficando normal quando ela desviou o olhar.

– Magia ancestral não é algo simples. Precisa canalizar todo seu poder para aquelas pessoas do seu clã que já se foram. Como meus antepassados são de um vilarejo próximo, eu tenho muito poder para canalizar aqui.

– Sua magia não funciona em outro lugar? – perguntei.

– Sim, funciona, mas é fraca devido a conexão com meus ancestrais ser distante.

– E porque aprendemos isso aqui? – um outro aluno perguntou.

– Porque devem saber tudo sobre magia. Por mais que não tenham aulas práticas disso, terão de saber que existe e como se comportar ao ser vítima dela!

– Professora, porque não temos aulas práticas de todas as disciplinas? – Perguntei.

– Ora, você só tem aula prática das disciplinas que sua magia domina. Você é burro ou o que? – Perguntou a professora em um tom sério.

– Abram seus livros na página um e darei uma introdução de feitiços ancestrais! – falou a srª. Vetus.

Duas horas de aula se passaram, quando finalmente o horário do almoço chegou. Encontrei-me com Hugo no varandão e seguimos para o salão B, onde teríamos o banquete servido.

– Hey, está se adaptando bem à escola? – perguntou Hugo sorrindo.

– É, enquanto não descubro como sair daqui, acho que dá para levar...

– Você é engraçado mesmo! O que tem achado das aulas que já presenciou?

– Cara, o sr. Johanes fez uma menina me atacar com magia da terra, depois perdi o resto do dia porque estava inconsciente. Hoje, tive quatro horas de aula. Duas horas sobre dominação de água, onde descobri que terei de utilizar magia sem tê-la. Depois, ouvi uma velha durante duas horas, falando da história da magia ancestral, sendo que não são todos da sala que poderão utilizá-la. É, acho que essa escola é um verdadeiro pé no sa...

– Entendi! – disse Hugo interrompendo-me – Com o tempo, aprenderá a gostar das aulas! Conheceu alguém novo?

– É, conheci sim. Três meninas. Sophia, Tábata e a doce Dulce!

– Tábata?

– Sim, uma linda menina, dos olhos verme...

– Cara, tome cuidado com ela. Ela é filha da medusa! Dizem que a mãe dela engravidou e transformou o pai dela em pedra logo depois! Ela não parece ser uma pessoa que goste de amigos. Geralmente anda com pessoas que aprendem magia negra! – contou-me Hugo seriamente.

– Uau, você está exagerando um pouco. Pode deixar que sei me cuidar!

– Assim espero. – concluiu Hugo.

Após o almoço, tivemos a tarde toda livre para pesquisas na biblioteca, onde parecia se tornar um lugar bastante frequentado durante as horas livres. Hugo e eu nos sentamos em uma das mesas lotadas e começamos as leituras sugerida pela senhora Vetus.

Ao fim do dia, quando Hugo terminara sua leitura, eu estava dormindo sobre a mesa. A biblioteca parecia estar vazia, tendo dentro dela apenas eu, Hugo e Sophia reunidos em uma única mesa.

– Andrew, acorde! – ordenou Hugo.

– hã, oque, onde? – disse assustado.

– Hey, você pegou no sono – disse Hugo prendendo uma gargalhada.

– É, acho que consegui chegar até a segunda página...

Hugo e Sophia se olharam e gargalharam.

– É sério que você não vai dar conta de um simples livro de feitiços ancestrais? – perguntou-me Sophia.

– Ah, e você? Consegue lê-lo com tanta facilidade assim? – perguntei com um pouco de revolta por ela ter duvidado de mim – Aposto que dormiria antes do primeiro parágrafo! – retruquei.

Hugo começou a rir desesperadamente da discussão.

– Olhe, acho que você poderia duvidar de qualquer um, menos dela meu amigo. – disse Hugo ainda sorrindo – Ela leu metade desses livros da biblioteca em meio semestre.

Sophia fez uma cara de superioridade.

– E agora, quem não passaria do segundo parágrafo? – questionou-me a garota.

– Acho que não adianta ler muito se não é inteligente... – falei da boca pra fora.

– O que? Você me chamou de burra? – gritou Sophia histericamente levantando uma das mãos até a altura do rosto e abrindo os dedos – Você vai se arrepender por isso!

As grandes unhas da mão de Sophia se transformaram em chamas e a menina foi em minha direção para arrancar minha pele viva com aqueles dedos em chamas.

– Posso saber o que está havendo aqui – perguntou uma voz atrás de nós.

A chama desapareceu dos dedos de Sophia enquanto ela se sentava em seu lugar novamente. Eu estava paralisado pelo medo.

– Senhora Librarian! Perdoe-nos a bagunça aqui em sua biblioteca! – disse Sophia em um tom baixo e arrependido.

– Eu já lhe disse que aqui não é lugar de conflitos, Sophia. Terei de bani-la se acontecer outro imprevisto novamente, como você lançando feitiços nos outros... – disse a senhora em um tom severo – Quanto ao senhor Owteman, eu disse que nos veríamos novamente por aqui, mas isso poderá se tornar inviável caso continue a provocar os alunos e arranjar confusão. A propósito, se quer dormir, vá para o seus aposentos! – Concluiu a bibliotecária.

– Peço perdão pela bagunça senhora Librarian! – disse Hugo – Vamos Andrew, a essa hora já foram divulgados os grupos anuais.

Voltamos para nossos aposentos e a listagem já havia sido entregue como previsto. Meu grupo anual era formado pelas seguintes pessoas: Tábata, Dulce, Arrow e Margot.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!