Tempo Perdido escrita por Raposa


Capítulo 22
Angels


Notas iniciais do capítulo

Heeeeyyy, como vão??? Me desculpem pela demora!! Mais um capítulo!



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P.O.V Uriah

De primeiro não sabia porque odiar tantos os gregos, mas depois do que aconteceu com ela, eu tenho todo o direito de odiá-los. Sei que não posso odiar todos os gregos, isso seria julgar a pessoa. Mas, odeio o que fizeram com ela, o que fizeram com ela é imperdoável.

Eles não são aquelas pessoas que todos pensam que são. Faz tempo que isso aconteceu, mas ainda dói. Era o inverno mais gelado que enfrentei, nunca gostei tanto do frio, mas eu gostava de senti-lo penetrar em minha pele, me fazendo congelar, mas acho que aprendi a gostar do frio.

Eu consigo me lembrar dela no frio. Eu me lembro quando eu tocava aquele piano preto e ela sentava ao meu lado, ela gostava quando eu tocava "Do I Wanna Know"(Artic Monkeys), ou quando eu tocava "I don't Care" do Fall Out Boy. E quando íamos para a Colina meio-sangue, ficávamos sentados naquele mesmo lugar sempre, conversando dos assuntos que falávamos ser normais. Sua música favorita era 21 guns, ela amava ver Across the Universe, a fazia lembrar do mundo que falam que é "real". Lembro da vez que seus olhos brilharam sob o luar depois de pregarmos uma peça no chalé 11, não é só Hermes que sabe fazer isso.

Suas exatas palavras faladas enquanto setávamos naquele mesmo lugar da Colina. Não sei qual era seu passado, ela não conhecia o meu, não vivíamos em uma nostalgia. Era como se fosse um trato nosso, o passado não era falado, eu concordei com ela, ela não iria querer saber como eu era, ou quem eu era. Não queria saber quem ela era, ou o que ela fez, me importava muito mais de quem ela era naquele exato momento. Ela era a mesma Janne de sempre.

Agora é como se eu vivesse a nostalgia que nos obrigávamos a não viver. Sinto falta de várias coisas que não posso ter de volta. E você tem que se acostumar a viver sem.

– Uriah? - perguntou Julia. Fechei os olhos então voltei a realidade de onde estava, assenti a cabeça e a olhei. - Você está bem? Tentei dar um sorriso. Mas era aquele sorriso que sabem que você não está bem.

– Por que não estaria? - perguntei tentando fazer um tom animado. Ela me olhou séria com preocupação. Mas quando pensei que encontraria um tempo para ficar sozinho e finalmente viver o meu próprio passado sozinho, eu só queria ficar sozinho naquele dia.

– Faz três anos, e eu sei que não está bem... - eu não queria mais ouvir nada levantei uma mão com os olhos fechados.

– Por favor... Desculpa, só... Me chame quando precisarem de ajuda e... Por favor só me chamem quando for preciso. - disse um pouco baixo. A minha cabeça doía como se alguém tivesse me jogado com força contra uma parede de aço. Me encolhi em um canto escondendo me rosto por minhas mãos para não enxergar o mundo em minha volta. Ouvi ela sair da cabana. Não se parece ter passado três anos.

P.O.V Ethan

Apoiei-me no cabo de uma antiga vassoura e olhei para Félix.

–Hey, sabe porque Uriah está mais estranho do que o normal? Ele nunca perdi uma chance no treinamento para derrotar a gente. - Félix respirou fundo e então deu um passo para frente. Pegou um graveto e agachou no chão e me olhou atento.

– História complicada, mas vou contar mesmo assim. Gosto da história, não julgue, um dia isso vai ter que virar um livro ou um filme... - Félix fez um rabisco na terra parecendo uma colina e fez um desenho mal feito de um pinheiro no topo. - A típica história de menino conhece menina, ficam se olhando, se odeiam e toda aquela merda. Bom, mas o jeito que eles se conheceram não foi se esbarrando, não foi por meio de fotos e um enigma, ela não era uma prostituta e com certeza, Uriah não era um vampiro que parecia ter 17 anos quando tinha 145 e escrevia em um diário. - Félix fez um círculo pequeno perto do pinheiro. - O ponto é, eles não eram um casal comum, eu tinha dose anos, e mal conhecia Uriah. Uriah tinha 15, ele era um daqueles caras que sua mãe falaria "que não era uma boa companhia", mas olhe quem somos. Quem é uma boa companhia?

Dei de ombros e comecei a ouvir os detalhes da história.

– Se conheceram em um inverno, um ano depois do quase apocalipse de Apófis. - ele suspirou. - Esse círculo que eu marquei bem aqui representa o ponto que eles sempre ficavam. Mas, ainda tenho que falar como conheceram, mas não vai ser um programa de nove temporadas, okay? Enquanto eu estava ainda ajudando a reconstruir a casa do Brooklyn, Uriah queria tentar viver uma vida normal. Ele não conseguiu, ele conseguiu uma bolsa em uma escola um pouco mais avançada. Ele não era tão diferente, mas ele perdia a paciência bem mais rápido. Até de mais. Chamavam ele de demônio, tentavam machucá-lo, mas só tentavam, Uriah é Uriah. Até que um dia apareceu uma garota, Jane. Não cheguei a conhecê-la, mas falavam que ela era a alma dos lugares, qualquer lugar que ia, bom, não todos, mas você entendeu o que disse. Então, vamos logo para o ponto, Uriah estava no Acampamento meio-sangue depois de ser arrastado para lá. Como você já deve saber, ele não é tão bom com primeiras impressões. Vamos dizer que Uriah escolheu um péssimo alvo para uma pegadinha... O chalé de Nêmesis. E vamos dizer que Jane quando viu Uriah jogou uma cadeira nele. É, uma cadeira. E ainda colocou tinta para tingir o cabelo no shampu de Uriah. O cabelo dele ficou azul por meses. Devo admitir, quando ele veio pegar algo no quarto dele na casa do Brooklin e vi o cabelo dele azul... Quis saber quem fez aquilo com ele para parabenizar a pessoa. Acho que isso não é mais possível. - ele deu um longo suspiro e olhou para o nada. - Eles foram se aproximando. Primeiro era só uma simples amizade. Depois era aquela amizade inseparável. Você deve saber o terceiro. Mas, algo aconteceu, nunca soube, nem sei se vou saber. Uriah e Jane foram amaldiçoados, não sei quem foi, ninguém sabe quem foi e-

Félix não foi capaz de terminar a frase, foi impedido por gritos desesperados por ajuda, ficamos tensos, Félix se levantou e eu segurei com força o cabo de vassoura com as duas mãos. Vi Annabeth tentando andar depressa com dois braços envolta de seu pescoço, um corpo, sendo arrastado. Percy. Seus pés estavam sendo carregados por Hazel. E rose vinha atrás arrastando Julia. Eu ia correr, mas Félix colocou uma mão no meu peito falando para esperar.

– O que aconteceu?! – gritou Félix.

– Uma criatura, grande. Um lobo é como ver Fenrir em pessoa! – gritou como resposta Annabeth. (Nota da autora: Fenrir é um monstro da mitologia nórdica em forma de um lobo filho de Loki). Começaram a andar mais rápido. Então eu vi. Olhos furiosos olhando em nossa direção. Conseguia sentir sua raiva e sua sede por sangue. Conseguia ouvir seu grunhido. A adrenalina tomou conta do meu corpo e minha respiração começou a pesar.

Foram correndo até atrás da cabana, não chegaram a entrar nela. O lobo veio se aproximando aos poucos, com passos lentos e pesados. Seu pelo era branco como neve com detalhes azuis. Seus olhos eram negros com um pouco de vermelho tremendo de raiva. Seus dentes eram compridos e finos, eram afiados como adagas. Era gigante. Segurei mais forte o cabo.

– Ca...

– É eu sei. – disse Félix parecendo ler meus pensamentos. – Só não tente bancar o herói dessa vez, Ethan. É assim como as pessoas morrem. – O lobo deu um uivo alto grave, mas um pouco agudo fazendo os ouvidos doerem, arderem, parecia que a minha audição saiu um por um momento, mas o uivo não parecia tanto o uivo. Ouvi um grito vindo de Félix, um grito alto trêmulo, a agonia em sua voz era enorme, ele estava com as mãos nos ouvidos, e vi entre seus dedos sangrarem. Olhei de novo para o lobo, a adrenalina pulsando por meu corpo. Dei um passo para frente, e o lobo, como se começa uma corrida se posicionou, mas antes que ele pudesse correr alguém me deu um enorme empurrão, me fazendo bater o corpo no chão com força, senti vários arranhões pelo meu corpo ardendo com a terra seca se misturando com os ferimentos. Virei e vi Uriah olhando furiosamente e concentrado no lobo, ele olhava assim para Uriah também. Então, uma fumaça cinzenta começou a tomar conta dos braços de Uriah. Algo inexplicável era como um chicote, negro com uma fumaça cinza em volta, Uriah soltou uma risada doentia olhando para a sua arma.

– Quer brincar de morte? – perguntou olhando lentamente para cima. Consegui a insanidade em seu rosto, ele estava louco. – Vamos brincar. – disse quase calmo mas, com uma loucura em sua voz, os chicotes chicotearam no chão, e enquanto o lobo rugia Uriah gritava enquanto corria – nem dava para perceber que mancava- vi os chicotes mudarem de tamanho e se enrolarem pelas patas do lobo.

O lobo se moveu para frente enquanto Uriah o puxava para trás, a força dele era surpreendente. Veias brotavam em seus braços e seus pescoços. E quando eu menos percebi a criatura foi decepado caindo em volta por suas próprias cinzas. Uriah parecia abalado, estav de joelhos no chão olhando pelo horizonte. Félix ainda estava no chão, corri até ele.

– A maldição de Jane era essa. Ela se transformou em uma criatura horrenda. E o próprio Uriah teve que mata-la, logo que ela morreu, Jane virou humana novamente, mas não estava viva, obviamente. – disse fraco. Levantou-se meio vacilante, coloquei um de seus braços em volta de meu pescoço, aproximamos de Uriah. Antes de eu falar algo ele gritou sem olhar em nossa direção:

– Não se aproximem de mim! – conseguia ouvir seu choro desesperado, seu pescoço estava todo vermelho, ele não parava de tremer. – Não se aproximem... – disse quase em um sussurro, eu e Félix demos passos para trás. Ouvi o resto se aproximando. Ficaram alguns passos atrás de nós. Os seus soluços eram desesperados, e sua raiva era transmitida por sua respiração pesada.

Depois de meia hora, Uriah foi mancando até a cabana repetindo algo. Algo indecifrável. O que ele era, algo indecifrável.


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Notas finais do capítulo

Até logo!



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