Capítulo 7

Seis anos, sabe o que é seis anos longe das pessoas que fizeram sua adolescência? Eu sei. Elizabeth já estava uma mocinha, pequena demais para uma garota de seis anos de idade, mas linda e inteligente, com os olhos azuis de Damon e cabelos loiro escuro, aos quais ela possuía um imenso cuidado. Os olhos que sempre me faziam lembrar ele, possuíam a mesma intensidade.

– Mamãe! – ela gritou com um bico chamando minha atenção – Quando é que a gente vai ver a tia Caroline o tio Klaus?

Caroline havia se tornado minha melhor amiga, sempre me apoiando e chorando e rindo ao meu lado, ela esteve comigo em todos os momentos, até me ajudou no crescimento de Elizabeth. Ela conheceu Klaus, meu medico, ambos se tornaram grandes amigos e logo começaram a namorar. Hoje Caroline está grávida, eles moram juntos, mas nunca se casaram, Caroline prefere assim. Ela agora toma de conta do hotel da família, já que os pais se aposentaram.

– Elijah virá nos pegar daqui a pouco, princesa.

Elijah, aquele cara do hotel, um homem maravilhoso que esteve comigo desde o inicio e não ligou para o fato de eu ter uma filha. Acabei descobrindo, depois de um tempo, que Elijah era justamente o irmão mais novo de Klaus, meu medico e namorado de Caroline. Ele sabe de toda minha história e hoje somos felizes, namoramos há cinco anos, mas ele entende que mesmo odiando Damon, meu coração sempre baterá mais forte por ele.

– Eba, o papai vai vir! – Elizabeth sabia que Elijah não é seu pai de verdade, mas ela o considera afinal ele esteve com ela desde quando era um bebe. Apesar de tudo, ela sempre me pergunta sobre seu papai de verdade, mas eu não tenho forças para falar dele para ela.

– Vai vir sim, querida – beijei seu pescoço e ela gargalhou se jogando na cama.

Iriamos a um jantar na nova casa de Caroline, ela estava animada, e por isso eu também ficava, mesmo não estando com animo para festas.

A campainha tocou e sorri, Lizzie pulou da cama para o chão e correu para a porta do apartamento, pude ouvir as vozes de Elijah que elogiava minha filha, eles vieram pro quarto e eu fui até ele. Elijah beijou meus lábios e Lizzie fez uma careta.

– Eca! – ela escondeu o rosto no pescoço de Elijah e eu gargalhei.

– Oi amor – ele disse me abraçando ainda com ela no colo.

– Oi – sorri e peguei minha bolsa – Vamos? Caroline deve estar estressada por esperar – rimos.

Elijah colocou Lizzie no chão e peguei em sua mão, enquanto ele abria a porta para nós. Nós fomos em seu carro.

A família Makelson era uma das mais prestigiadas de Longes, afinal Klaus era um medico, Elijah um advogado, Rebekah, a irmã mais nova de ambos, estilista. E Kol, ainda um adolescente de dezessete anos, mas já seguia os caminhos do pai, futuramente seria um empresário.

– Klaus me disse que iria contar algo muito importante hoje, nossa família e a família de Caroline estarão em sua casa. Eles compraram uma nova casa, tem mais espaço para o bebê e para o cachorro – Elijah já estava no volante, mas mesmo conversando, era focado na estrada.

– Caroline está completamente de boca fechada, não diz nada sobre isso. Pode ser qualquer coisa, mas acho improvável que eles anunciem o noivado, afinal ela não é de tantas formalidades assim – disse ao ver a “mansão” em que entravamos.

Antes eles moravam num apartamento “pequeno”, mas Klaus já é um pai babão antes mesmo de ver seu filho – sei como é isso – e fez questão de comprar uma casa espaçosa para o futuro Makelson crescer feliz.

– Elena! – Caroline pulou em mim antes mesmo de eu sair do carro. Gargalhei de sua euforia e beijei sua cabeça – Estava com saudades.

– Eu também estava, loira – rimos e ela se voltou a minha filha que pulou em seus braços, gargalhando – Amorzinho, cuidado, a titia está grávida.

– Eu sei mamãe, eu vou ganhar um priminho lindo – ela sorriu ao ponto de fechar os olhos.

– Não tem problema Elena, sempre vou ter espaço para essa menininha linda – ela encheu Elizabeth de beijos até que a colocou no chão, que correu para explorar a nova casa – Elijah, quanto tempo!

– Como vai o meu sobrinho, ou sobrinha? – indagou Elijah brincalhão abraçando minha amiga.

– Vai bem demais, estou já com três meses e meio, Elena – ela sorriu orgulhosa alisando a própria barriga.

– Estou tão feliz por você, Car – a abracei novamente e logo ela foi cumprimentar os outros convidados.

– Caroline será uma ótica mãe – comentou Elijah.

– Uma mãe bem louca, isso sim – ri, beijando Elijah.

Ele pegou minha mão, e entramos na mais nova casa de Caroline e Klaus. Todos cumprimentavam Elijah, e ele formalmente respondia com um aceno.

Elijah sempre foi um homem bonito, e quanto mais velho ficava – apesar de ter apenas trinta anos de idade – aparentava ser mais jovem, com os olhos azuis sempre brilhando, Elizabeth e ele que me matinha em pé, por eles eu não cai, não me deixei levar pela dor, ele me salvou, me tirou da escuridão, e me aceitou do jeito que eu era e com minhas bagagens. Eu me odiava por não amar Elijah como ele gostaria, mas ele sempre dizia que apenas por poder estar ao meu lado e poder ter Elizabeth como sua “filha” já era o suficiente.

Sentamo-nos em uma mesa perto do palco, onde ao canto uma banda tocava musica clássica enquanto algumas pessoas dançavam no meio do enorme jardim. Realmente havia espaço para o futuro cachorro!

Não percebi quando o casal que prestigiava a festa subiu no palco, mas a música parara, e Caroline fez questão de bater a colher na taça de champanhe, ela sempre dizia que seu sonho era aquele, como via nos filmes.

– Oi gente! – ela sorriu tímida, e Klaus beijou seus cabelos.

– Pode deixar, amor, eu falo – disse Klaus gentil, pegando o microfone, sorrindo para os convidados – Bom, essa festa não é qualquer coisa, a comemoração é o meu noivado com essa princesa loira.

Ok, agora minha boca caiu! Klaus realmente havia conseguido convencer minha amiga.

– Não foi fácil, mas nos amamos, e eu queria ter a prova desse amor em nossos dedos, além de estar em nossos corações. Caroline não queria casar, mas com meu charme ela se convenceu – Klaus piscou um olho brincalhão, e Caroline bateu em seu braço, revirando os olhos divertida.

– Seu bobo! Não foi bem assim, eu apenas amo demais esse homem, e por ele faria qualquer coisa, até me casar. Quem me conhece, sabe o quanto eu sou, ou era, contra o casamento. Não gosto de tanta cerimonia, mas estamos falando de Klaus, o homem que eu amo, e o homem que vai ser o pai do meu filho – ela alisou a barriga orgulhosa – Então, eu aceitei me casar, mas vai ser antes do bebê nascer.

Eles se beijaram romanticamente, e todos aplaudiram de pé. Eu sorria de canto a canto, sabia o quanto Caroline seria feliz com Klaus. Vasculhei o salão em busca de Elizabeth e não a encontrei. Ela deveria estar brincando com as outras crianças, mas mesmo assim me preocupei.

– Eu vou atrás da Lizzie, ok? – beijei os lábios de Elijah que sorriu assentindo.

Sai de meu lugar sem que ninguém percebesse, afinal eles estavam entretidos na bola de amor que era Klaus e Caroline.

Fui para trás da casa – mansão e encontrei minha pequena correndo junto a outras crianças. Ela sorria abertamente, e gargalhava, aquilo era música para mim. Apoiei-me na parede e passei a observa-las com um pequeno sorriso.

– Elas são lindas, não são? – ouvi uma voz atrás de mim e me virei. Ali estava uma jovem mulher cabelos castanhos avermelhados, seus olhos eram verdes e eles brilhavam ao olhar para as crianças, usava um vestido bege com sandálias pratas.

– Sim, são – respondi sorrindo.

Sentamo-nos num banquinho que havia ali e permanecemos no silencio, até eu quebra-lo.

– Você tem filhos? – indaguei apesar de achar sua aparência muito jovial.

– Eu queria, mas não posso ter, além de que meu marido é contra. Não sei o porque, mas ele é muito reservado, e por algum motivo, não quer ter filhos, apesar de ser o meu maior desejo – respondeu triste.

– Compreendo – murmurei – Está vendo aquela garotinha de olhos azuis? – apontei Elizabeth que corria – Minha filha, Elizabeth! – disse orgulhosa.

– Ela é linda – a moça sorriu – Bom, sou Hayley! – estendeu a mão e eu logo a apertei sorridente.

– Elena, é um prazer – sorrimos uma para outra, foi quando Elizabeth finalmente percebeu que eu estava aqui. Ela correu, se jogando em meus braços.

– Mamãe, eu fiz um montão de amigos – ela sorriu, abrindo os braços para demonstrar a quantidade.

Vi que Hayley estacara no lugar, encarando minha filha, mais precisamente, seus olhos azuis. Lizzie percebeu e corou, escondendo seu rosto em meu pescoço, timidamente.

– Eu... Eu tenho que voltar pra a festa. Vemo-nos por ai... Elena – ela disse e se afastou tão assustada que parecia que havia visto um fantasma

Fiquei sem entender, o encarando o caminho que Hayley havia feito, vendo-a sumir no meio da multidão. Fui tirada de meu transe com a pequena Lizzie tocando meu rosto, preocupada, os lábios formando um beicinho fofo.

– Mamãe, a senhora está bem? – indagou toda fofinha, beijei seus cabelos, e assenti, sorrindo.

– Claro que estou, amor. Mas o que acha de voltarmos para a festa? – indaguei levantando-me, Lizzie fez careta, encarando as outras crianças.

– Mas tá legal aqui – protestou. Suspirei, me abaixando até ficar em sua altura.

– Está sim, mas a tia Caroline e o tio Klaus anunciaram o noivado, você não quer dar um abraço neles? – indaguei e seus olhos brilharam com a novidade.

– Eles vão casar, mamãe? – indagou alegre, pulando enquanto eu segurava sua mãozinha e voltávamos para a festa.

– Vão sim – sorri com sua animação.

– Então você e o papai também vão né? – perguntou.

Estaquei no lugar, olhando assustada para minha filha que me encarava confusa.

– O que foi, mamãe? – indagou preocupada, puxando minha mão em busca de atenção.

– Qual papai, querida? – perguntei com a voz embargada, tentando fazer as lágrimas não caírem por minha bochecha, não queria que Lizzie me visse tão abalada e pensasse que era sua culpa.

– O papai dos olhos azuis mamãe – respondeu como se fosse óbvio – Eu vi uma foto dele, os olhos dele são iguaizinhos aos meus né?

– Amorzinho... – suspirei, passando as mãos por seus cabelos, deixando em fim as lágrimas caírem – O único papai que eu possa me casar é Elijah. O seu papai dos olhos azuis não vai voltar para nós! – Lizzie me olhou preocupada, secando as lágrimas. Vi a tristeza em seus olhinhos tão iguais aos dele e aquilo cortou meu coração de uma forma avassaladora.

– Por que não, mamãe? Ele não gosta de mim? Eu fui uma menina má? – fez diversas perguntas e minha única ação foi abraça-la forte, logo ouvi seus soluços.

Não respondi, não tinha como responder que o papai dela nem sabia de sua existência e que ele era um eterno cachorro sem sentimento. Logo minha menina dormiu em meus braços de tanto chorar, limpei seu rostinho de porcelana, e sorri, secando minhas próprias lágrimas.

– Elena? – Elijah se aproximou preocupado, provavelmente meus olhos vermelhos do recente choro me denunciavam – O que houve? A Lizzie se machucou?

– Podemos conversar depois? É o dia da Caroline e eu não quero que ela se preocupe demais, então prefiro conversar quando estiver apenas nós – tentei sorrir e Elijah assentiu, pegando Lizzie do meu colo e a segurando com um só braço, ela se aconchegou ali e soltou um suspiro com um biquinho.

– Ok. Vamos entrar – assenti e com o braço livre, enlaçou minha cintura. Beijei seus lábios e sorrimos, voltando para a festa.

– Elena, onde você estava? – indagou Caroline e eu só fiz sorrir e a abraçar apertado.

– Nunca imaginei você casando, Car! – sorri e ela deu língua infantilmente.

– Para com isso Elena, até parece que eu ia ficar encalhada pro resto da vida né? – rimos – E Klaus não é qualquer homem, vou ter orgulho de compartilhar uma aliança com ele – ela sorria boba enquanto alisava sua barriga.

– Eu sei Caroline – a abracei apertado. Queria tanto conversar com ela, mas aquele era o momento dela, não meu – Espero que você seja muito feliz com essa gracinha que está vindo – ri alisando sua barrigada, ela sorriu.

– Você também vai ser muito feliz, minha amiga, Elijah é um ótimo homem.

Pensar em Elijah como meu marido não era algo fácil, afinal o homem que eu amei quebrou meu coração como nenhum outro. Ele é importante para minha filha, ela o chama de pai, mas será que eu possuiria coragem suficiente para dar mais um passo na minha relação com Elijah?

– É – afirmei tentando não mostrar minha insegurança; Caroline sorriu, me abraçando apertado novamente, o abraço reconfortante que eu precisava.

– Amanhã irei na sua casa, conversaremos. Você não está bem Elena – Caroline suspirou, beijando minha testa.

– Não precisa, Care – tentei convence-la do contrário, mas eu conhecia minha amiga, e sabia que ela não desistiria. Caroline me encarou feio, e bufou, indo até onde Elijah estava com minha filha, ela disse alguma coisa e Elijah me encarou, com um meio sorriso.

O sorriso que faria muitas garotas morrerem por ele!

– Vamos? – indagou ao se aproximar, ainda com Lizzie nos braços, ela se remexeu e abraçou seu pescoço com os pequenos bracinhos.