As Crônicas dos Marotos escrita por Leonel Cupertino


Capítulo 3
A Torre de Astronomia


Notas iniciais do capítulo

Dois capítulos num única dia?! Yeah!!!

Enquanto vocês estiverem acompanhando, comentando e sugerindo, eu estarei sempre inspirado!

Aproveitem o capítulo!



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Naquela noite nenhum dos três rapazes, com exceção de Peter, pregaram o olho. Era manhã e eles se encaminhavam para a enfermaria onde Sirius jazia, imóvel, respirando graças a alguma poção milagrosa de Madame Ponfrey e, é claro, à mágica de Dumbledore.

— Ele vai ficar bom? — Lupin segurava a mão direita do amigo que, embora estivesse imóvel, ainda estava quente num sinal da sua pouca vitalidade.

— Eu não sei dizer... Ele está desacordado. — Madame Ponfrey tinha o péssimo hábito de ser sincera demais.

— O que a senhora deu a ele? — indagou James.

— Ah, então o senhor é médico e eu não sabia, senhor Potter? — ela o olhou com um profundo descaso. — Dei o que precisava ser dado. Uma união de poções para tentar curar suas feridas internas, mas como o próprio nome diz, são internas. Infelizmente diante do estado do seu amigo nem sei dizer onde ele está ferido. Se pelo menos ele estivesse acordado poderia nos dizer onde doía.

— Ele me disse que sentia todo o corpo arder. — interrompeu Lupin. — Eu estava com ele ontem a noite, madame Ponfrey. Ele disse que seu corpo ardia... Quero dizer... Eu não me lembro direito.

— Pare de aumentar as coisas, Remus! O que foi que Sirius te disse? — James parecia muito bravo e carrancudo.

— A pele dele... — Ele olhava para Madame Ponfrey, tentando se lembrar. — Ela estava gelada, mas parecia que dentro dele havia um vulcão em erupção!

Neste momento, uma voz idosa tirou a atenção dos três na enfermaria.

— É o que acontece com quem é vitima desse feitiço, Lupin. — Dumbledore caminhava pela enfermaria sério, mas tranquilo. Pousou uma das mãos no ombro de Lupin e sentou-se entre ele e o amigo James. — A maldição cruciatus é conhecida em todo o mundo da magia, meus jovens. A pobre vítima deste feitiço parece ter a impressão de ter mil ganchos perfurando o seu corpo, enquanto este arde por dentro como se um grande vulcão estivesse dentro de seu abdome. É como... — ele fez uma pausa, tentando achar uma analogia que coubesse. — É como se o fogo interior moldasse o ferro que penetrava o seu corpo. Vocês conseguem compreender? — ele sorriu, balançando a cabeça negativamente. — Sempre fui péssimo em fazer comparações.

— Diretor Dumbledore, já o mediquei, mas as reações não foram positivas. — Madame Ponfrey parecia realmente preocupada.

— Tenham paciência... — ele fez uma pausa e olhou todos por cima dos óculos de meia-lua. — Todos vocês.

— Professor Dumbledore, será que podíamos conversar? Eu verifiquei o que o senhor pediu que eu fizesse e... O resultado foi o que todos nós temíamos.

Antes que o diretor pudesse falar alguma coisa, Marlene McKinnon entrou correndo pela enfermaria, aos prantos e gritando "Sirius! Sirius! Não morra!". Agarrou Sirius num abraço até que Madame Ponfrey veio ao seu encalço.

— Menina McKinnon, não pode fazer isso! — Ela se debatia nos braços da enfermeira, arrancando um olhar curioso do diretor.

— Acalme-se, Marlene! — a voz era severa, mas calma. — Sirius não está morto.

Ela parecia ter se acalmado quando, ao olhar para Lupin percebeu uma expressão quase que de ódio.

— O que foi, R.J.? Por que está me olhando desse jeito?

— Estou impressionado com sua falta de respeito. Isso daqui é uma enfermaria, não uma taberna em Hogsmeade! Você devia se envergonhar... — sua voz era fria como gelo, até que Dumbledore deu duas batidinhas na perna do rapaz.

— Não seja tão duro com ela, Lupin. Ela está sofrendo.

— Todos nós estamos, professor. Todos nós estamos. Mas ninguém chega aqui feito um desmiolado pra fazer um escândalo dessas proporções. — sua voz continuava cortante. — O que você pensou que fosse conseguir com isso, Lene? Que ele despertasse depois de toda essa gritaria? Você sabe o que aconteceu com ele, Lene, sabe?

— Remus, por favor... — James segurou em um dos braços do amigo.

Marlene estava paralisada diante dos três rapazes até que foi abraçada por Madame Ponfrey. As lágrimas continuavam a cair mas ela não emitia nenhum som. Fechou a boca a e foi caminhando junto a Madame Ponfrey abraçada ao próprio corpo até a saída da enfermaria.

— Assim é melhor. — Lupin disse, sentando-se novamente e segurando a mão de Sirius.

James olhava para o diretor sem compreender direito toda aquela cena. Pouca coisa fazia sentido na sua cabeça.

— Remus... — Dumbledore murmurou. — Não quer vir comigo até a torre de astronomia? Sabe como a vista de lá pela manhã é bonita, não sabe? Talvez queira desfrutá-la comigo e me contar o que te aflige. — Remus relutou, mas balançou a cabeça positivamente. — Quanto ao senhor, senhor Potter, acho de bom grado acompanhar as aulas e coletar a matéria para transmiti-la para Sirius quando ele despertar. O natal não tarda e as provas de fim de ano também não. — fez uma pausa. — Acredito que todos vocês podem visitá-lo no final da tarde.

— Sim senhor, diretor. — James se levantou e saiu rapidamente da enfermaria.

Pouco tempo depois Alvo Dumbledore e Remus John Lupin encontravam-se na fria torre de astronomia de Hogwarts. O diretor não disse uma só palavra durante todo o trajeto, mas quando chegaram lá havia uma espécie de mesa de centro com um carpete cinza-chuva. Dumbledore retirou os sapatos e sentou-se no carpete, colocando os óculos sobre a mesa e indicando o lugar a sua frente para Lupin que logo tomou o lugar.

— Quer me dizer alguma coisa, Lupin? — a pergunta soava tranquila como a brisa daquela manhã. Lupin abaixou a cabeça, pensativo.

— Roubaram o Mapa do Maroto, senhor. E eu não faço a mínima ideia de quem o fez. — sua voz soava desapontamento.

— Eu também não sei quem o pegou, se é isso que espera ouvir de mim. — ele fez uma pausa. — Mas sei quem mandou que o pegassem.

— Quem poderia se interessar por ele, professor?

— Lord Voldemort.

A voz de Dumbledore soou tão firme que foi possível perceber a mudança na corrente do vento. Lupin arregalou os olhos e tudo pareceu sumir da sua mente.

— Já ouviu falar dele, não já? Aposto que não deve ter ouvido seu nome — Dumbledore esboçou um curto sorriso.

— Si-sim, eu já ouvi falar dele. Mas nunca falamos seu nome. — ele ainda estava assustado.

— Nem devem. — O diretor segurou os óculos e passou a limpá-los. — Não que um nome seja capaz de lhe trazer mau agouro ou algo do tipo, mas eu acredito que de alguma forma ele consegue rastrear aqueles que o dizem para, futuramente, tirar satisfações.

— Então o senhor acha que o mapa está fora dos domínios de Hogwarts? — ele temia a resposta.

— Não. Nada que é construído em Hogwarts pode sair daqui. Nem mesmo Voldemort conseguiria tirar algo que foi conjurado dentro deste castelo. — ele fez uma pausa, respirando fundo. — Você sabe tão bem quanto eu que esse mapa é um erro, não sabe? Você e seus amigos infringiram uma quantidade considerável de normas nesta escola.

— O senhor vai me punir? — engoliu em seco.

— Se fossem para ser punidos eu já o teria feito, não concorda? — ele emitiu outro breve sorriso. — Gosto de ver o que os alunos desta escola são capazes de fazer, meu rapaz. Hogwarts não é uma escola qualquer e não existe só ela no mundo da magia. Você e os outros poderiam ter parado em qualquer outra escola, mas o destino os trouxe para cá. — ele olhava fixamente para Lupin. — Hogwarts exige coragem, perspicácia, criatividade, talento e inteligência. — o diretor soltou uma risada curtinha. — Dentre outros valores que eu não me lembro agora. Mas o fato é... Vocês demonstram, a todo instante, serem dignos de Hogwarts e é por isso que eu, mesmo sabendo de tudo que se passa, permito alguns excessos com suas devidas punições.

Lupin apenas assentia, fascinado com as palavras experientes do diretor.

— Tenho certeza de que o mapa ainda está em Hogwarts, mas aconselho vocês a encontrá-lo antes das festas de final de ano que é quando é permitida a retirada de pertences da escola. Esse mapa não é o que Voldemort mais precisa no momento, mas pode ser uma arma consideravelmente perigosa em suas mãos.

— O Sirius... O senhor realmente acredita que ele ficará bem? — sua voz era quase chorosa e Remus limpou um dos olhos com o punho, desviando o olhar do professor.

— A maldição cruciatus é muito poderosa e por isso é proibida pelo ministério da magia. Naquela madrugada tudo o que eu fiz foi retirar a agonia que é, de fato, a essência da maldição. Cabe a Madame Ponfrey a resolução dos danos que ela já havia causado ao corpo e ao espírito de Sirius. Não é possível prever o quão ferido ele está por dentro, Remus. Pode ser que tenhamos socorrido rapidamente, mas também pode ser que ele estivesse agonizando a horas. É difícil dizer.

Neste momento, algumas lágrimas caíram do rosto de Lupin. Dumbledore assentiu e entregou-lhe um lenço. O jovem rapidamente tratou de secar as lágrimas.

— Sirius é o nosso líder... Os marotos não são nada sem ele, senhor. Por isso eu estou tão abalado. — tentou disfarçar, sem êxito.

— Amar não é um erro, Remus. — O jovem arregalou os olhos, com as íris trêmulas e cheias de lágrimas. — Nem mesmo quando é sentido por dois homens. — As mãos de Lupin agora estava trêmulas. — Fiz tudo que estava ao meu alcance para salvá-lo, mas nem eu sou capaz de lhe dizer se adiantou. Honre o amor que você sente por ele e vá atrás do mapa do maroto. Era o que Sirius faria se estivesse no seu lugar e, certamente, talvez nem tivéssemos essa conversa.

— Ele... Ele disse algo ao senhor? Sobre nós? — sua voz estava trêmula como todo o seu corpo.

— Eu leio olhares, expressões e gestos. Nem ele e nem você tiveram que me dizer uma só palavra para que eu percebesse. — Dumbledore levantou-se e calçou os sapatos, com um sorriso conciliador nos lábios.

— Eu vou, professor! Eu vou atrás do mapa, seja lá com quem ele esteja! Obrigado pela conversa, obrigado mesmo. Às vezes é difícil não ter com quem eu desabafar... — ele fez uma pausa, olhando para o chão. — Amar é complicado.

— Só tome cuidado para não colocar o seu amor a frente dos demais. — interrompeu Dumbledore, na porta. — Você não parece ser o único sinceramente apaixonado por ele e não tem o direito de cortar as raízes do amor de ninguém. — sua voz tinha tomado um tom severo, mas o fez sem que perdesse a ternura.

Dito isso, o diretor saiu da torre e deixou Remus ali, refletindo sobre a conversa.


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