Gota D'Água escrita por KuroroLucifer


Capítulo 2
Medos




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Eu fui dormir tarde naquela noite. Três dias já haviam se passado desde o furo de Paulo e nós, novamente, já haviamos nos entendido. Na verdade, tínhamos acabado de ter uma noite deliciosa. Ele ainda estava nu, sentado, coberto apenas por um lençol fino e não entendeu nada quando eu me levantei da cama.

— O que foi amor? — ele perguntou naquela voz manhosa que sempre fazia quando achava que estava errado em alguma situação.

Eu queria dizer que não era nada, que eu estava me sentindo estranho, mas não consegui dizer nada. Entrei no banheiro, liguei a banheira e pus-lha para aquecer. Eu precisava daquele momento sozinho para por as coisas em ordem na minha cabeça.

Muito embora eu tivesse me resolvido com Paulo, havia questões que ainda estavam na minha cabeça. Eu tinha medo de estar me enganando com aquele namoro que, provavelmente, não tinha futuro nenhum. Tinha medo de estar perdendo tempo com ele. Tinha medo dele não me amar. Tinha muitos medos.

Tinha sido um relacionamento bom para nós dois durante muito tempo. Eram quase dois anos juntos, nos aturando, nos gostando, mas as coisas haviam esfriado bastante entre nós. Era quase como se nós dois tivéssemos mudado tanto que já não mais nos encaixássemos. Por mais que o sexo ainda fosse bom, sempre terminava — pelo menos de minha parte — com um forte sentimento de culpa, de coisa errada, suja.

E era exatamente esse sentimento forte que estava me afastando cada vez mais de meu parceiro.

Talvez a culpa fosse da falta de aceitação de minha parte da minha opção, talvez, eu não sabia. Simplesmente não me importava com culpas ou culpados. Eu só queria ser feliz como eu sempre fora até ali. Feliz comigo mesmo, feliz no amor. E foi em nome dessa busca que eu fechei a torneira que enchia a banheira, abri a porta e exigi um fim naquele namoro.

***

Paulo tentou argumentar, em vão. Ele sabia que era em vão. Me conhecia o bastante para saber que, se eu tomasse uma decisão em minha vida, eu iria com ela até o final. E foi por isso que, depois de três tentativas de tentar conversar comigo ali mesmo, no quarto, ele se calou. Olhou para mim procurando meus olhos, querendo entender por que eu estava fazendo aquilo conosco. Mas para mim não havia conosco. Não mais.

Obviamente eu não iria pedir para ele sair da minha casa naquela hora da noite, mas foi exatamente o que ele fez. Olhou para mim mais uma vez — eu estava de costas para ele, completamente nu, encostado na janela, olhando através dela — e saiu do meu quarto.

Assim que a porta bateu, eu deitei na cama e chorei amargamente.


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