Francisca

A menina estava sentada na cama, chorando com a cabeça entre as pernas cruzadas, era o dia da colheita, a primeira, não tinha como evitar as lágrimas.Embora seu nome devesse estar lá uma vez, ela quis colocar mais vezes pelas tésseras, mas agora queria de toda forma cancelar tudo e fugir, mais não podia.

– Cisca.- a menina levantou a cabeça morena ao ouvir o irmão.

– Não me chama assim.

– Tá chorando?- o garotinho subiu na cama.

– Não.- ela limpou as lágrimas.

– Você vai morrer?

– Não.- ela gritou fitando o menino.

– Mais se você for escolhida?

A morena ainda o fitava, o menino pequeno de cinco anos estava olhando-a, triste.- Eu não vou ser.- a menina declarou com toda firmeza que poderia ter na voz.

– Mais seu nome está lá...quinze vezes.

– Não tem chance.Há gente que tem o nome mais de quarenta vezes.- ela bufou.- Tenho certeza de que a sorte está a meu favor.- a morena se levantou com raiva.

– Você não será escolhida.- a mãe falou amarrando um enorme laço na parte de trás do vestido de babados branco.

– Eu sei.- a garota respirou fundo encarando a mãe que agora puxava a manga comprida do vestido até seu cotovelo.- Vai cair.- a menina segurou a manga no cotovelo.

– Não vai.- a mulher sorriu.

– Adeus Cisca, espero que saia viva.- o irmão saiu de trás da porta, fazendo a menina gritar histericamente que a sorte estava com toda certeza á seu favor.

–-

Andy

O loiro saiu correndo pelas ruas do distrito até em casa, tinha acabado de roubar um pão.Andy estava por conta própria fazia três anos, quando tinha só onze anos, e roubar era a única forma, ele nunca era pego, e sabia das consequências se o descobrissem, mas não se importava, pelo menos não morreria de fome.

Estava animado com a colheita, parecia o único, mais era apenas pelas tésseras que pegaria, quinze papéis com seu nome estavam lá no globo no palco do distrito dez.

–

– Tudo bem, primeiro os garotos, por que é que tem que ser as garotas sempre?- Melinda gritava no microfone pegando um papel no globo de vidro.- Andy Billior.

E tudo aconteceu rápido demais, o garoto que estava sem muita vontade ali, esperando tudo acabar saiu correndo, empurrando á todos, mais não demorou para um dos pacificadores o pegar e arrasta-ló para o prédio da justiça.

– Que menina safado.- Melinda riu.- Bem vamos escolher a garota!- ela correu com as pernas pequenas e com o salto de 40 centímetros com dificuldade para o outro lado pegando um papel.- Francisca Stéfaner.- sibilou esperando.

A menina se surpreendeu, estava gritando á pouco minutos que não seria escolhida, e agora seu nome estava lá, nas mãos de Melinda, passou em sua cabeça correr, mais depois de se deparar com o que aquele menino fez mudou de ideia, tinha certeza que teria punição, e trêmula subiu até o palco.