*Futuro mais próximo*

–Ah, sabe é que tem gente que não fala mais comigo.

–Então, eu que não falo mais com você, é? Você some, não fala mais comigo, foge de mim! Qual seu problema?!

–Eu estou com problemas, você não entende.

–Então, por quê você não avisa? Eu poderia te ajudar!

Então ele sai, anda na minha frente, enquanto estou quase explodindo de raiva e tristeza ao mesmo tempo. Eu estava com meus amigos por perto, ainda bem porque se não estivesse teria acabado ali mesmo.

*Voltando ao início*

Início da 8ª série. Uau. Escola Nova, vida nova! O que será que esse ano me prepara? Mais um ano chato e sem emoções sem nada? Veremos.

Entro na minha sala, me sento nos fundos com umas das minhas amigas do ano passado.

Para explicar isso melhor, entrei nessa escola no último bimestre do ano passado e acabei saindo na mesma sala que as duas meninas que conheci no ano passado, então tinha algo com que começar.

A primeira aula foi de geografia, a professora era baixinha, cabelos curtos e castanhos e usava óculos, beirava os sessenta anos, típica cara de vó. Ela começou falando sobre como seria o ano, e de como nós estamos indo para vida adulta e blá blá blá, estava quase dormindo. Mas resolvi começar a pensar sobre a teoria do Big Bang que me levou à questão de como são fabricados os sucrilhos. Não me pergunte como isso mas foi o que aconteceu. É esquisito pensar que resíduos de milho podem ser algo tão gostoso e doce. Quando me dei conta, já havia tocado o sinal e tinha um outro professor na sala, ele se sentou na cadeira para fazer chamada e ficou lá, resolvi me virar para falar com a Regina, minha amiga do ano passado. Regina é bonita tem os cabelos pretos e longos, uma pele levemente morena e olhos castanhos, ela é muito divertida e inteligente, eu realmente a admiro, ela tem as coisas delas que na maior parte das vezes prefiro não comentar mas ainda assim consigo ser amiga dela.

–E aí, Regina, como foram suas férias?

–Ah, foram legais... Eu dormi muito, quebrei meu recorde de dormir, dormi por dezenove horas direto.

– Nossa, que interessante... Meu máximo foi dezesseis!

Carrie se virou para nós e entrou na conversa. Carrie era branquinha, dos cabelos lisos naturais e os olhos castanhos com detalhes verdes, tinha um belo sorriso.

– Puxa, que assunto interessante esse hein!

– É o que há, Carrie! - Eu disse com o maior entusiasmo do mundo.

Continuamos conversando até o recreio, falamos sobre livros e sobre eu não poder chamar o recreio de recreio por que está fora da nossa faixa etária. Não. Sinceramente não.

Estava saindo da sala, saí na frente e acabei me dando mal pois o corredor estava transbordando de pessoas e mal conseguia ver onde estava pisando, se era chão ou o pé de alguém. No meio da confusão, acabei trombando com uma garota e ela se virou pra mim, eu já achei que eu ia me meter em encrenca mas ela estava com cara de quem tinha cometido um grande erro.

–Ai meu Deus, me desculpa, você está bem? Ai nossa -Ela estava com as mãos cobrindo a boca e um pouco corada.

–Relaxa, afinal eu estou viva, não estou? -Eu falei, tentando descontrair e com um sorrisinho marotíssimo no rosto.

–Ai, meu Deus, que vergonha. Ei, você não é a menina que entrou ano passado?- Ela perguntou mudando de assunto.

–Sim, sou eu. Não sabia que tinham notado minha presença aqui.- Disse rindo.

–Minha sala ficou inquieta no dia e eu acho seu cabelo muito lindo, você podia doar ele pra mim, não é?

–Hahaha! se eu pudesse, pode ter certeza que sim.

–Meu nome é Violet, o seu é... Não me lembro...

Ela disse isso cobrindo o rosto novamente, ela parecia ser alguém bem tímida, ela falava baixinho. Violet era muito bonita. Era toda pequena e encolhida, o que a tornava fofa, seus cabelos eram longos e pretos, com uma franja de lado, ela tinha os olhos bem castanhos e profundos, eles escondiam algo, algo misterioso e não sei dizer o que era, só saberia se a conhecesse.

–Meu nome é Mackenzie. Mackenzie Fields.

–Isso, seu nome é legal.- Ela falou fazendo sinal de "joinha" com as duas mãos próximas a boca.

Eu ri, seria ótimo ser amiga dela, senti algo muito especial nela.

Então me sentei nos bancos, onde dava uma vista ampla e inteira do pátio e fiquei lá olhando as pessoas, como sempre fazia, ao lado de Regina e Carrie. Estava tudo indo bem até eu perceber algo, algo não. Alguém.

Era uma garoto, eu não sei, mas algo me chamou a atenção nele, ele estava andando rápido de um lado para o outro, enquanto meus olhos te seguiam eu o analisava. Eles tinha os cabelos bagunçados e médios, tinha um aspecto meio sujo, não sei, era liso e era bonito. Ele era moreno, tinha os olhos agitados e castanhos tão claros que podia se ver de longe. Seus dentes eram extremamente tortos. Ele estava com uma jaqueta verde escura e estava aberta e sua camiseta era o uniforme da escola. Ele usava como tênis, um madbull velho e sujo. Ele também estava com uma caixinha, rádio que tocava uma rock barulhento quase insuportável.

Eu não sabia seu nome, sua idade e muito menos quem era. Mas algo na minha cabeça disse "Você será dele, e ele será seu."

E eu respondi a minha cabeça e em voz alta:

–Pode ter certeza.