The Darkness Princess escrita por Nikki, Henry Petrov


Capítulo 2
Aunt Nanny Comes to Pick Me


Notas iniciais do capítulo

Lumus.
Juro solenemente não fazer nada de bom.
Boa Leitura



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Essas feridas parecem não cicatrizar

Essa dor é tão real

Há tantas coisas que o tempo não pode apagar - My Immortal (Evanescence)

P.O.V - Katerina

Chovia lá fora. Era uma noite fria. No espelho, eu observava meu reflexo. Meus olhos estavam inchados e vermelhos de tanto chorar. Meu cabelo estava desarrumado, minha boca estava seca. Eu não queria aceitar. Clarie tinha sido uma das únicas pessoas com que eu tinha uma boa relação, ela não podia ter me deixado. Não assim. Eu sentia o nó na garganta, mas eu sabia que se tentasse, não conseguiria chorar. Não haveria mais lágrimas.

–Riddle! – Sra. Flowers gritou na porta, batendo com tamanha força. – Saia desse banheiro e vá dormir! Amanhã um homem vem te conhecer, quem sabe ele te leva?

“Ah, ótimo.” Pensei. Mais um idiota. Todas as pessoas que pediam para me conhecer se enganavam. Katherine Riddle. Um nome bem incomum, Katherine. As pessoas se iludiam, achavam que eu era diferente das outras crianças por ter um nome assim. Eu era, mas não do jeito que queriam.

A Sra. Flowers voltou a bater. Ela era uma senhora baixa e gorda, com cabelos grisalhos e rosto redondo. Seria uma vovó da Disney, se não fosse tão irritante. Ela tinha uma implicância eterna comigo, como se eu tivesse arruinado a vida dela ou coisa do tipo. Acho que o que a irritava era o fato de que invés de estar assando bolinhos de chuva para seus netos - que ela não tinha – ela estava sendo funcionária de um orfanato.

Meu vestido estava respingado com minhas lágrimas e meu cabelo estava todo desarrumado. Como eu poderia conhecer qualquer “pretendente” assim? “Ah, dane-se!” Pensei. “Nunca dá certo mesmo.” Eu sabia que por mais que eu tentasse parecer uma Barbie as probabilidades de me adotarem eram as mesmas. Clarie dizia que eu era baixo astral, deprimida. Das outras crianças, eu me irritava, mas vindas da boca dela me fazia rir. Clarie era tão pequena, parecia um bebê. Por mais que eu quisesse, eu não conseguia me irritar com ela.

–RIDDLE!- Sra. Flowers chamou com sua voz estridente.

Tentei limpar o rosto-depressão da minha cara e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo. Respirei fundo e abri a porta. As duas camas me trouxeram o pensamento da morte de Clarie. O nó voltou a se formar, mas eu o engoli. Reprimi a vontade de chorar e afastei Clarie de meus pensamentos.

Sonhei que estava em uma rua. Cheia de casas rústicas e bonitas, parecia fazer parte de uma cidade fictícia, daquelas de filmes. Cada casa tinha sua própria marca: algumas tinham roseiras, outras lírios, mas a maioria tinha Alfeneiros. Em uma esquina, havia uma placa que nomeava a rua, mas não pude ler na escuridão. A rua era iluminada apenas pela luz de postes enfileirados ao longo da calçada. Do nada, um homem de barba longa, óculos meia-lua, nariz torto, vestes roxas e chapéu de bruxo apareceu, como se brotasse do chão. Um flash iluminou minha visão por um milésimo de segundo, então outra imagem se formou. Era um homem. Tinha cabelos pretos, bem pretos. Seu rosto era pálido e seus olhos eram escuros. Ele parecia uma senhora que nos dava doces, Tia Nanny. Ele vestia uma longa capa preta e andava apressado em direção a uma casa em ruínas.

A casa era estreita, mas era alta. Estava totalmente destruída. Um flash. Vi um nome escrito em uma letra garranchuda: Lílian. Então, eu vi o homem de novo. Pelo seu olhar, ele sabia o que acontecera ali. Não havia mais porta, ela estava desabada no chão. Ele entrou na casa e subiu as escadas a direita. No topo, ele precisou desviar de um cadáver que estava em seu caminho. Ele parecia saber exatamente para onde ir. Ao olhar para o homem morto, ele empinou o nariz em gesto de desgosto e seguiu seu caminho. Então, ele chegou em um quarto em que a luz ainda estava acesa, apesar de estar mais destruído que qualquer comôdo da casa. Em algum momento, aquilo deveria ter sido um quarto de bebê.

Estava completamente destruído. Prateleiras e brinquedos se espalhavam pelo chão. Cinzas sujavam todos os móveis, pelo menos o que restara deles. Havia um berço onde um menino de olhos verdes chorava. Ele tinha uma cicatriz em forma de raio que parecia queimar a testa da criança. Provavelmente, por isso ele chorava. No chão, caída, havia uma mulher de cabelos acaju. Seus olhos estavam fora de foco e nada indicava que estava viva. Seus longos cabelos caiam pela sua bochecha como uma cachoeira. Ao olhar para a mulher, o homem desabou em lágrimas. Caiu como se suas pernas tivessem perdido as forças. Ele rastejou até ela e a tomou em seu colo. Abraçou-a e chorou.

Deduzi que aquela era a mulher do homem e aquele bebê era seu filho. A imagem se dissolveu e eu não estava mais na casa. Eu estava no orfanato. Estavamos numa sala de aula. Eu e mais um grupo de crianças. Num canto, havia uma mesinha com um globo terrestre e ao lado dela, na parede, havia um largo quadro negro com as consoantes e suas “famílias”. Sra. Kim, a “fada madrinha” do orfanato, estava ao lado da Sra. Flowers e sua cara de buldogue. Elas pareciam esperar algo. Finalmente, uma menina de cabelos loiros e olhos esbugalhados apareceu na porta da sala.

–Desculpe, Sra. Kim! – ela falou. Sua voz era fina e doce. – Eu me perdi, tinha esquecido a sala.

–Tudo bem, Rivers. Entre na linha. – Sra. Kim falou, apontando para o extremo esquerdo da linha que eu e as outras crianças formávamos.

Ela pirrageou e começou a andar de um lado para o outro.

–Nós sabemos que o maior sonho de qualquer orfão é ter uma família. Certo? – ela falou, olhando para nós com seu belo sorriso. –Logo, nós do orfanato cuidamos para que sintam isso: que tem uma família. Quem tem nove anos, de um passo a frente.

Eu e mais três crianças demos um passo a frente. Nos observamos intrigados, com medo do que fariam com a gente. “Nossa, quanto drama!” Não estou brincando, naquele orfanato, não haviam surpresas. Eles inventavam muitos projetos, mas raramente terminavam com algum. Sempre era algo que nos deixava constrangido ou cansados ou com medo ou traumatizados ou tudo junto. Mas aquele projeto... Eu não tenho coragem de reclamar.

–Vocês tem, a partir de hoje, a responsabilidade de cuidar daqueles que não deram um passo a frente. Por exemplo, Castellan! – ela apontou para um dos meninos de nove anos. – Seu irmão vai ser Progg. Progg, Castellan agora é seu irmão. Devem cuidar, confiar, ajudar um ao outro. Fui clara?

–Sim, Sra. Kim! – todos os alunos falaram em coro.

–Ótimo! – ela agitou as mãos próximas aos ombros em um gesto de empolgação. – Chase, com Jackson. Riddle, com Rivers. Johnson, com Sulkin. Perfeito! Sigam com seus afazeres!

Todos saíram feito loucos e ficamos só eu e “Rivers” na sala. Os cabelos loiros dela eram cacheados e ela se sacudia, inquieta.

–Tem alguma coisa na sua roupa pra você se mexer tanto? – perguntei, sendo sarcástica.

–Não. – ela riu. Eu fiquei impressionada com sua reação ao meu comentário. Poucos riem quando tento ser sarcástica. – Estou nervosa. Você me dá caláfrios. Não só em mim, mas em muita gente.

–Nossa, que novidade. – falei, respirando fundo. Ela era sincera, isso era bom. Será?

–Mas olha: Eu não quero te conhecer pelo que as pessoas dizem. – ela falou se aproximando de mim. – Eu quero que você me mostre que você não é essa aberração que falam.

Eu olhei aqueles olhos arregalados da menina. Seu olhar era sonhador e sincero, como se não tivesse medo de mim ou coisa do genêro. Era seguro, acolhedor.

–A não ser que você seja. – ela falou, se afastando. – Você é?

–Não. – ri levemente. – Ninguém me conhece de verdade. Mas você age como se tivesse lido minha alma, como se soubesse todos os meus segredos.

–É assim que quero que se sinta: que tem alguém para confiar. – ela sorriu.

Sorri de volta. De repente, o rosto dela mudou. Seus cabelos loiros se tornaram ruivos e seu sorriso se tornou falso. Agora eu estava embaixo de uma cerejeira, escrevendo em meu diário. Por incrível que pareça, ambos momentos eram lembranças. Este último, acontecera na manhã seguinte da morte de Clarie. Amália Goughts se aproximou de mim e falou, ao ver minhas lágrimas molharem o diário.

–Não sei porque fica se lamentando, não aguentava mais aquela menina, ainda bem que morreu. - falou dando um sorriso sinico. Assim que ouvi isso, senti uma fúria crescendo dentro de mim.

–Retire o que disse! - falei me levantando

–Nunca! Eu sinto prazer em saber que ela está morta. - falou rindo.

Andei em sua direção, segurei em seu pescoço e repeti :

–Retire o que disse! - falei, apertando seu percoço

–Nunca! - falou engasgando-se.

Naquele momento, eu desejei que aquela menina morresse. Lhe empurrei contra a árvore, apertando seu pescoço com uma demasiada força, sentindo como se fogo estivesse passando por minhas veias, me sentia em chamas. Apertei seu pescoço com as duas mãos, querendo tirar todo ar que lhe restava. Ela começou a gritar, tentando tirar minhas mãos de seu pescoço , afrouxei o aperto em seu pescoço, e percebi que minhas mãos estavam queimando, vi que tinha uma queimadura no seu pescoço. Soltei ele olhando para minhas mãos. Ela caiu sentada olhando para mim com medo.

–Monstro! - gritou ela se levantando e saindo correndo

Senti olhares de medo em cima de mim, mas apenas me virei e sai andando .

–RIDDLE! – a voz da Sra. Flowers me tirou do meu sonho/lembrança.

Na verdade, ela quase me machucou feio. Eu estava um tanto longe do centro da cama... Então já viu. Caí de cara no chão. Meu nariz fez um crac, mas pouco me importou. Levantei e me sentei na cama. Meu travesseiro estava úmido. Não era de se surpreender. Com certeza, eu chorara naquela noite. De novo. Sentada na cama, eu observei o pátio pela vidraça. Haviam crianças brincando no roda-roda e havia uns dois carros estacionados na calçada. Uma sombra apareceu por alguns segundos perto dos portões do orfanato, como se fosse um fantasma. “Me deixa, Clarie.” Brinquei.

–RIDDLE! QUERO VOCÊ NO REFEITÓRIO EM CINCO MINUTOS! – Sra. Flowers gritou.

Nossa, como eu tinha raiva dela. Respirei fundo, controlando minhas emoções. O que acontecera com Amália não podia se repetir. Foi só uma queimadura, ninguém acreditou quando ela me dedurou para a diretoria. Todavia, não podia me dar o luxo de deixar isso se apoderar de mim. Naquele dia foi uma queimadura, hoje poderia ser uma morte. Não tinha ideia do tamanho disso ou como parar, não podia deixá-lo machucar ninguém.

–As pessoas são maldosas. – Clarie costumava dizer. – Não importa o quanto tente agradá-las, nunca vai ser o bastante. Sempre vão querer mais.

Ela estava certa. Mas não era motivo pra eu sair por aí cuspindo fogo pela boca. Eu tinha que me controlar até isso passar. E consegui.

Lavei o rosto e escovei os dentes. O espelho quebrado me lembrava a briga que tive com Clarie. Foi na noite me que tudo aconteceu. No fim do mês, haveria uma excursão para o centro da cidade onde iríamos ao cinema, visitaríamos museus e veríamos um monte de coisa antiga. Minhas experiências com excursões são as piores: Destruição de um fóssil de dinossauro, quebra do vidro de um aquário, cortina pegando fogo... Não ia funcionar. Clarie estava ansiosa, mas eu não podia. Se eu não fosse, seria uma semana sem nenhum problema. Ela pedia muito, gritava muito, esperneava muito para que eu fosse. A última vez que discutimos foi no banheiro. A última vez que nos vimos.

–Eu não vou! – falei, entrando no banheiro.

Clarie vinha atrás de mim. Vestíamos os uniformes da escola. “Escola? Você não morava em um orfanato?” Sim, mas o orfanato tinha um anexo que era uma escola. Tínhamos que vestir uma camiseta branca com um saiote azul para indicar que estavamos em aula, assim não havia perigo de matar aula ou coisa do gênero. Jogamos as mochilas perto da porta e, ainda discutindo, ajeitamos nosso cabelo. Eu penteei-o com uma escova e ela simplesmente o arrumou atrás da orelha.

–Você não pode querer se isolar do mundo, Kath. – ela falou, parando de se arrumar pra olhar para mim.

–Se eu quiser, eu posso. – falei, pentando meu cabelo.

–Eu quero te ajudar. – ela falou, voltando a se olhar no espelho. – Eu quero que as pessoas parem de pensar mal de você.

–Não foi você que disse que eu tinha pouco que me importar com que os outros pensam? – falei, parando de pentear o cabelo para observá-la.

–Sim. – ela confirmou, me encarando. – Mas quando eles cuidam da vida deles. Isso te mete em muito problema, Kath. As pessoas te provocam por acharem que te conhecem. Se você mostrar pra eles...

–Eu não tenho nada a mostrar para ninguém. – falei, seguindo para a porta.

–Por mim, Kath. – ela falou, com sua voz doce e piedosa. Ela ainda estava dentro do banheiro, mas eu já estava na porta.

Ao ouvir aquilo, eu me enfureci.

–Você quer que eu me sacrifique por você? – perguntei, incrédula.

Clarie pareceu ofendida com o que disse. Franziu o cenho.

–Somos irmãs. – ela lembrou. – Cuidamos uma da outra.

–Então se vire. – falei, cruzando os braços. – Não sou nenhuma Cinderela, você sabe disso.

Ela abriu a boca sem emitir som, em forma de protesto.

–Como você pode? – ela falou. – Somos amigas. Irmãs! De onde isso vem? Eu nunca te tratei assim, não somos assim!

–Você mesma disse que as pessoas me provocam pelo que acham que eu sou! – falei, apontando para o lado. – Não posso dar essa chance a elas! Você sabe o que acontece em toda excursão.

–Essa é sua chance de mudar! – ela falou com, a mão no peito.

–Não passou pela sua cabeça que talvez eu não queira mudar?- respondi, jogando a escova no espelho.

O vidro rachou. Clarie observou o estrago, então olhou para mim. Seus olhos se encheram d’agua e ela saiu quase correndo do banheiro, pegando a mochila ao meu lado. Ela escondia o rosto.

–Clarie, espera. – falei, mas ela me ignorou.

Naquela noite, Sra. Kim me visitou no meu quarto. Devia ser algo sobre o que aconteceu com Clarie, pois durante toda a tarde, esperei por ela no quarto, mas ela não apareceu. Quando Kim me acordou, a cama de Clarie ainda estava vazia.

–Encontraram ela? – perguntei, com a voz rouca de sono.

–Sim. – ela falou, respirando fundo. Seu rosto era sério.

–Aonde ela tá? – perguntei. Tive medo da resposta.

Sra. Kim segurou minha mão e respondeu.

–No céu, minha querida. – ela falou como se fosse tão simples como dizer que tá na hora do almoço.

–Não, não. – falei, correndo para o corredor.

Corri o mais rápido que pude para a enfermaria. Ficava um pouco longe, mas eu não me importava. Queria ter certeza de que Sra. Kim não estava tentando me assustar para que eu nunca mais brigasse daquele jeito com Clarie. “Eu vou! Eu vou nessa excursão!” Pensei. “Mas não me deixa, Clarie. Eu preciso de você! Eu faço qualquer coisa!” Enquanto corria, eu me agarrei a todos os santos que pudessem me ajudar.

Quando cheguei na salinha, só havia um leito ocupado. Nele, estava uma menina de cabelos loiros e cacheados, com os olhos vidrados e uma trilha de sangue descendo pelo canto de sua boca. Uma onde de dor subiu pelas minhas veias. Senti culpa, dor, tristeza, falta, saudade, medo... Fiquei sobrecarregada. Eu tentei, mas não consegui segurar. Eu gritei com todas as minhas forças. Um grito alto, rouco, seguido de um mar de lágrimas. Todos os eletrodomésticos próximos a mim deram um papoco e as lampâdas piscaram por minutos. Eu gritava, mais e mais. Eu esperava que Clarie acordasse e perguntasse “Pra que esse escândalo?”. Mas ela continuou lá, imóvel, com aquela gotinha vermelha descendo de sua boca. Eu desmaiei. Não sei por quanto tempo. Quando acordei, estava no meu quarto e já era dia. Meu pesadelo durou três meses até um pior aparecer.

No refeitório, eu observei as outras crianças comerem. Minha tigela de cereal estava cheia demais. Comi apenas metade do cereal. Deixei a tigela no balcão e fui para a diretoria, esperar quem quer que fosse chegar. Fiquei na sala de espera, do lado de fora da sala da diretora. Ao meu lado, havia outra porta. A sala de reunião, onde os pais conheciam seus novos filhos. Passou um tempo, então algo me pegou de surpresa.

O homem que eu vira em meu sonho, o que chorou pela morte da mulher, simplesmente sentou-se em uma das cadeiras e observou atentamente a propaganda de perfume que passava na televisão.

–Oi. – me arrisquei a cumprimentar.

Sentei ao lado dele, esperando puxar conversa. Lentamente, ele virou o rosto para mim e respondeu vagamente.

–Olá.

Ele era terrivelmente parecido com Tia Nanny, com o homem do sonho. A diferença era que estava velho, sua pele estava mais flácida e seus olhos estavam sofridos, como se não dormisse a dias.

–Meu nome é Katherine. Katherine Riddle. – falei, estendendo a mão.

Parecia que tinha sido ligado. O homem piscou o olho e me observou mais atentamente. Olhou cada traço do meu rosto, como se procurasse algo. Acho que vi um sorriso se formar no canto de sua boca.

–Meu nome é Snape. – ele apertou minha mão. Sua mão era fria, mas eu senti que nele eu podia confiar. – Severo Snape.

–Olha, eu vou direto ao assunto. – falei, cansada de fingir. – Eu sonhei com você. Você entrava em uma casa totalmente destruída, ia pro quarto de um bebê e chorava porque viu uma mulher morta no chão do quarto. Familiar?

Ele continuou a me olhar. Não tenho certeza se ele me ouviu, pois Sra. Kim abriu a porta e chamou:

–Sr. Snape e Riddle, podem entrar. – ela falou.

Foi aí que minha ficha caiu: Snape ia me levar. Era ele que queria me adotar. Eu gostava dele mais a cada momento, seu jeito caladão e timído me fazia sentir segura. Relação pai/filha não seria um problema entre nós. Entramos na sala e eu observei cada estante que havia lá dentro.

Era uma sala pequena. Havia estantes espalhadas pelas paredes, uma mesa que fazia uma curva e um computador. Era tudo que cabia no cubículo que era a sala da Sra. Kim. Ela estava usando um vestido branco, parecia uma enfermeira. Ela mexeu em alguns papéis e então olhou para nós.

–Katherine, este é... –ela começou

–Severo Snape. – interrompi. – Já nos conhecemos.

–Que bom. – ela falou sorrindo. – Sr. Snape, aqui tem alguns papéis que o senhor precisa assinar e então eu vou mandar para a prefeitura e em alguns dias deve estar saindo a certidão de adoção.

Ele pegou os papéis e uma caneta e começou a assinar um por um. Sua letra era caprichosa, mas ele não parecia ter paciência para escrever. Ele respirou fundo, devolveu os papéis e olhou “severamente” para a mulher.

–Quando posso levar a menina? – perguntou ele.

–Hoje mesmo. – ela falou, virando os olhos como se confirmasse a informação em sua mente. – Mas eu aconselho vocês irem para a sala ao lado onde podem conversar e se conhecerem melhor. Depois, Riddle pode arrumar suas coisas e ir embora.

Não. Creio.” Pensei. Finalmente eu ia sair daquele inferno que chamam de orfanato. Ri e Sra. Kim olhou para mim.

–Parabéns, Kath. – ela falou, segurando minha mão. – Seja muito feliz.

Levantei e saí pululante para a sala de reunião. Achei que Snape fosse demorar a me seguir, mas ele veio logo atrás de mim. Ele não era lento, tinha movimentos rápidos, como uma pessoa normal. Só que seu jeito de andar e falar era muito tímido e parado. A sala era preenchida apenas por uma longa mesa de madeira. Sentamos nos banquinhos e perguntei.

–Sobre meu sonho... – comecei.

–Isso aconteceu. – ele confirmou, colocando as mãos sobre a mesa. – Há nove anos. Mas isso não importa. Fale, Kath. Quem é você?

–Bom, - falei, com receio do que dizer. – Eu sou na minha, não gosto de muita gente olhando pra mim. Não gosto de atenção. Aqui eu recebo demais, mas isso acontece porque...

Eu hesitei. Não era a melhor coisa falar para o dono da sua nova casa que você pode espocar lampâdas só com a força de suas emoções. Porém, ele parecia ler meus pensamentos.

–Coisas acontecem sem que você queira? – ele levantou uma sobrancelha. – Fora do natural?

Confirmei com a cabeça.

–Não se preocupe. É por isso que estou aqui. – ele respondeu. – Eu também sou assim. Todos em sua nova casa já foram assim.

Minha boca se escancarou de espanto. Eu nunca imaginava que exisitisse alguém como eu, o mais perto que cheguei foi Clarie, que se foi tão cedo.

–Como assim? – perguntei.

–Eu conheci seu pai. – ele revelou. – Por causa dele foi obrigado a deixá-la aqui e por causa dele vou levá-la de volta.

Eu fiquei tonta. Era muito para um dia só.

–Meu pai? – perguntei. – Sangue do meu sangue?

–O nome dele era Tom Riddle. – ele confirmou. – Isso é o bastante. Por ora. Vamos, Katherine. Vamos para casa.


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Notas finais do capítulo

Primeiro capítulo quentinho, espero que gostem
Malfeito Feito
Nox.



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