Na Palma da Mão de Deus escrita por Louvre


Capítulo 6
Decisões


Notas iniciais do capítulo

Agora é ver a decisão dos personagens... Vai ter uma aparição curta de mais dois notáveis já conhecidos.

Boa leitura!



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Capítulo 6: Decisões

– Aqui Valéria, água com açúcar pra você se acalmar. – dizeres de Rafael.

– Obrigada, acho que o choque já ta passando... – a mulher falou limpando seus olhos, de repente começou a sorrir, lembrava-se do passado.

– Momento bipolaridade?! O que ta rolando Valéria? – ele perguntou confuso.

– Você lembra daquele primeiro dia de aula que a gente se conheceu e conheceu o Nicholas? – palavras dela.

– Ô, a primeira coisa que o Nicholas falou pra mim foi: “Quer me matar ‘de menor’...? Não sei o quê, não sei o quê ‘de menor’...”, ele gostava de lembrar que eu era baixinho! – dizeres de Rafael, ele tentava imitar a voz de Nicholas, Valéria riu mais.

– Que você “era” baixinho?! – ela lembrou em tom de piada.

– Isso mesmo, pisa!!! – ele fazia como se estivesse com raiva, só fazia graça, só queria ver a Valéria rir novamente, não queria que ela se sentisse triste, o coração mole do garoto Rafael ainda existe no homem Rafael.

– O Nicholas adorava te zuar, você, o Jaime, o Adriano, o Daniel...

– E ele gostava de colar em você e na Irene pra zuar plantão, vocês três juntos não prestavam!

– Me contaram que, lá na festa da Alicia, o Jaime tava com a Maria Joaquina, aqueles love deles sabe? Só que o Jaime só falava em comida e tals...

– Sim, me contaram, ele virou pro Jaime e falou: “Vou escrever um livro sobre você, vai se chamar: entre a paixão e a fome!” – palavras de Rafael, novamente imitou a voz de Nicholas, ele e Valéria riram muito.

– Não sei você, mas eu vou visitar ele, vou fazer como ele pediu! – ela falou com convicção.

– Eu também vou, eu ainda o considero meu amigo! – dizeres de Rafael também com muita convicção.

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– Mas que merda! Não é justo! – uma voz masculina se pronunciou naquele apartamento, de repente a porta se abriu, alguém entrou muito rapidamente.

– Eu vim o mais rápido que pude, você tava estranho no telefone, o que aconteceu? – o homem, que acabara de entrar, se pronunciou.

– Algo muito ruim ta acontecendo Lúcio! Algo realmente ruim! Olha só isso... – falou entregando uma carta ao outro.

– É do Nicholas?! Caralho, ele mandou uma carta do Brasil pra cá?! – Lúcio falou animado.

– Eu também fiquei feliz com a carta até começar a ler... – estava visivelmente triste.

– Como assim Bernardo? O que tem aqui nessa carta de tão ruim? – Lúcio não entendia.

– A gente precisa voltar ao Brasil, por alguns dias pelo menos, a gente precisa ver o Nicholas! – palavras fortes de Bernardo.

Lúcio e Bernardo ainda moravam na Austrália, Bernardo ainda usava óculos, muita coisa havia mudado pra eles, mas não se esqueceram do passado, dos dias da turma 9-B.

............................

Na oficina as portas que acabaram de ser abertas se fechavam, um dia comum de trabalho havia se transformado, Jaime não trabalharia hoje. Saiu de casa convicto de sua atitude, não deixaria Nicholas sozinho nesse momento difícil.

– Jaime?! O que ta acontecendo? Por que fechou a oficina? – um homem de motocicleta se aproximou e perguntou, era um cliente do mecânico.

– Eu preciso ir... Preciso ir na rodoviária... – o peso na voz dele era notável. – Olha, eu... eu juro que entrego o seu carro, não to te enrolando, mas vai demorar mais que eu imaginava... – era nítido a tristeza em sua voz.

– Tem algo grave acontecendo, né? Vem, eu te dou uma carona pra rodoviária, sobe aí na moto...

– Não precisa, eu vou pegar um ônibus pra rodoviária.

– Jaime, com essa sua perna defeituosa você não vai a lugar nenhum, sobe aí na moto! – o homem demonstrava certo grau de amizade com Jaime.

– Dá pra notar que eu to mancando?

– Sempre, mas quando você ta nervoso, alterado, parece mais... Sobe logo velho, eu te levo na rodoviária já falei. – o homem foi imperativo, Jaime o obedeceu.

– Valeu, não ia ser fácil ir à rodoviária com essa perna ruim minha. – o mecânico agradeceu.

.......................

– Pai, a gente pode fazer alguma coisa pro senhor se sentir melhor? – Fábio perguntou preocupado.

– Meu menino, eu não sei o que fazer... – Adriano falou abraçando seu filho. A porta se abriu, Tereza entrou e viu seu marido sentado chorando, se aproximou dele.

Amore mio... – ela falou se abaixando e passando sua mão no rosto dele.

– Uma tragédia Tereza, aconteceu uma tragédia! – ele falou a abraçando.

– O padrinho mãe... – Fábio tentou falar.

– Eu sei il mio più giovane, a Irene me contou. – a mãe explicou.

– A Irene? A Irene que estudou com a gente? – Adriano perguntou.

– Eu mesma... E aí locão? – a jovem de pele morena se pronunciou se abaixando próximo do casal.

– Há quanto tempo... Você ta bonita grávida... – ele falou.

– Eu vim procurar a Tereza, eu recebi a carta e vim avisar...

– E aí velho? Não fica assim, não tinha nada que você pudesse fazer! – Daniel se aproxima deles, basicamente aqueles se encontraram no restaurante agora estavam na casa de Adriano e Tereza.

– Puts! Daniel... É dia de ver rostos antigos... – o loirinho pai de família se pronunciou mais uma vez. – O caso não é o que eu poderia “fazer” ou não, é o que eu não “fiz”, onde eu estava quando ele descobriu que tava doente? E eu considerava ele como irmão, ele me ensinou a cozinhar, me ensinou alguns passos de dança, me deu coragem pra entender que eu e a Tereza poderíamos ficar juntos, e agora ele ta morrendo e eu descubro assim?! Eu devo ser o pior amigo do mundo!

Amore mio, as coisas às vezes tomam esse rumo, o tempo passa e alguns rostos vão se perdendo no caminho, não se culpe por isso... – Tereza falou o beijando no rosto.

– Me culpo sim, quando ele começou a se afastar eu não fiz nada pra impedir... – Adriano tentava, mas não conseguia segurar seu choro.

– Aqui pai, eu e o Carlos preparamos isso pra você e... – Nicholas, filho mais velho de Adriano e Tereza, entrou na sala trazendo um copo de água com açúcar, suas palavras foram cortadas ao ver tantas pessoas perto de seu pai. – Quanta gente!

– Seu garoto te trouxe água com açúcar, que gracinha! Seus filhos são incríveis Adriano! – Irene falou sorrindo, tentava animar seu colega.

– Garotos de ouro, olha como estão preocupados com você? – Daniel também tentava o animar.

– Nossa família é nosso tesouro amore mio, o Nicholas também faz parte dela, vamos visitá-lo como ele pediu. – Tereza sugeriu.

– Vamos sim, vamos todos! – Irene apoiou.

– O Nicholas merece nossa atenção, eu também vou! – palavras de Daniel.

– Você vai levar a gente pai? – Nicholas perguntou se aproximando.

– Sim, como a Irene falou, vamos todos! – o pai falou abraçando seus dois filhos.

– Não sei nem o que dizer. – Igor, que estava de longe, se pronunciou.

– Pois é cara, minha reação foi a mesma, eu vi o Adriano chorando igual uma criança! Eu fico zuando com ele, chamando ele de crianção, mas na verdade nunca vi uma pessoa tão responsável, tão íntegra, tão adulta quanto ele! – Carlos se aproximou e se pronunciou. – Não sei quem é esse Nicholas, mas ele é muito importante pro Adriano, é mais que fato!

– É importante pra todos eles. – Igor completou.

É como se de repente num ensolarado dia de primavera uma tempestade gigantesca começasse, ninguém esperava, ninguém sabia como agir, só puderam sentir a água cair em seus corpos, como uma enxurrada de nostalgia e culpa. Mas os relâmpagos são diferentes, eles não assustam, não causam espanto, eles entristecem qualquer um, qualquer pessoa que os vê e/ou ouve.


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Notas finais do capítulo

il mio più giovane - meu filho mais novo;

Acho que essa é a única expressão em italiano diferente que apareceu nesse capítulo, se tiver passado alguma despercebido me avisem.

Até a próxima!