Na Palma da Mão de Deus escrita por Louvre


Capítulo 14
Um pequeno super poder


Notas iniciais do capítulo

Segunda etapa de como desmontar um homem adulto... segura a onda Jaime.

Boa leitura!



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Capítulo 14: Um pequeno super poder

– Hei, Renan... Faz favor. – João chamara seu tio. – Prova só do ensopado que eu to fazendo... – falou colocando um pouco na mão de Renan, ele provou e gostou.

– Ta muito gostoso!

– Não, não ta, o seu e o do pai ficam melhor! – o garoto falou com um pouco de raiva.

– Bom, mostra pro Adriano pra ver o que ele sugere, ele também é muito bom cozinheiro e...

– Pára com isso! Eu esperei ele sair pra te perguntar, eu não quero a opinião dele! – João falou com mais raiva. – E aí? Vai falar como eu posso deixar melhor ou não? – Renan já estava acostumado com o jeito ríspido de João, mas...

– E precisa falar comigo desse jeito? Você sabe que seu pai não ia gostar disso...

– Eu só quero uma dica, ta bom? Eu sei que você sabe.

– O Adriano também sabe! Era pra você perguntar pra ele as coisas, por isso que o Nicholas pediu pra você cozinhar com ele. – Renan explicava.

– Pra ele eu não pergunto nunca! Se você não quer me ajudar eu dou meu jeito! – o garoto falou com propriedade voltando ao que fazia, seu tio o observou e deu de ombros.

– Coloca um pouco de cheiro verde, vai ficar melhor... – a resposta de Renan fez os olhos de João brilharem, ele sorriu de largo.

– Valeu! Valeu mesmo! – o garoto falou procurando o tempero citado.

– E cadê o Adriano, seu pai, a menininha...?

– A menininha?! A Antônia né? Ela ta dando uma olhada na casa com o Pai, o Adriano sei lá onde ta e nem me importo.

– Garoto, garoto, seu pai não vai gostar nada de te ouvir falar dessa forma do Adriano. Pra quê tanto desprezo gratuito?

– Até parece que você não sabe. Me deixa quieto vai? Eu tenho que terminar esse ensopado. – João era realmente muito ríspido.

– Você é um caso perdido. – Renan falou e voltou aos seus afazeres.

.........................

– Uou, mas esse lugar é muito grande! – Antônia comentava olhando a sala de jantar, aquela mesa gigante centralizada, as outras menores próximas, aquele piso e paredes que pareciam brilhar, a menina se perguntava que material seria aquele, e ainda tinham aquelas escadas que subiam pra algum lugar que ela mal fazia ideia qual era. Por um instante ela pensou estar num palácio.

– Gostou?! É bem bonito mesmo, é um ambiente tão diferente da cozinha e dos quartos, a ideia original da minha mãe era fazer cada lugar desse hotel com um design diferente, pra impressionar mesmo.

– Funcionou! Eu realmente to impressionada! – ela falava rodopiando pelo local, agora observava uns quadros, focou no de uma mulher.

– Essa é a minha mãe. – Nicholas falou se aproximando do retrato.

– Ela era muito bonita!

– Ela era mesmo, mas não por conta desse quadro, ela deu uma roubada ali... – a garota olhou confusa para o homem. – Os seios dela não eram tão grandes assim, e nem a cintura tão fina. – ele falou gesticulando fazendo a garota gargalhar.

– Você é muito mal! Não perdoa nem a mãe! – ela comentava chorando de rir.

– Minha mãe sabe que eu a amava, e que eu era uma peste! – outro comentário divertido dele que a fez rir mais.

– Hei, Nicholas!!! – a voz de Alicia chega até os dois, a mulher estava junto de Bernardo.

– Velho, que lugar incrível! – Bernardo se pronunciou impressionado. – Na cozinha falaram que você tava aqui.

– Fala comigo vocês dois! – o anfitrião respondeu sorrindo, só então percebeu a mão de Bernardo nas costas e sua postura não tão comum. – O que aconteceu?

– Aconteceu umas coisas... Eu a gente caiu na grama perto da piscina... Eu em cima e ele acabou machucando as costas... Tem algum analgésico aí? – Alicia falava de forma desconexa, era o efeito “Bernardo” nela.

– Deixa ver se eu entendi, vocês estavam na grama, rolando pra lá e pra cá, numa situação tão selvagem que ele se machucou?! Eu tenho que lembrar a vocês que temos crianças no hotel? – o comentário em tom de piada de Nicholas fez Antônia cair na gargalhada. Alicia e Bernardo se envergonharam, ela chegou a ruborizar, mas depois se entreolharam e riram.

– Pois é, da forma que eu falei né? Da umas interpretações erradas. – comentário da skatista.

– Mas, olha, é uma ideia legal! – Bernardo falou e recebeu um tapa da jovem em suas costas, ele se contorceu de dor.

– Vocês dois... Vem comigo, vou pegar um analgésico... Vem também Antônia, é lá em cima, aposto que você quer ver como é lá em cima. – Nicholas tinha razão, Antônia queria muito subir, os três o seguiram.

........................

– Essa foto foi tirada lá no nosso jardim, sou eu e minha mãe. – Lavi falava mostrando retratos em um tablet.

– A iluminação dessa foto ta perfeita! Parabéns para o fotógrafo! – Mário comentou fazendo os outros rirem, menos Jaime, esse parecia distante a cada foto de Maria Joaquina que via.

– Esse sou eu tirando onda no carro. – o menino mostrou outra foto, agora estava ao volante de uma lamborghini, o carro estava parado numa garagem.

– Que carro bonito! – Fábio comentou impressionado.

– É mesmo, mas não é nosso, minha mãe não gosta de carros, isso foi numa exposição em Madrid. – as palavras “minha mãe não gosta de carros” fizeram Jaime levantar uma sobrancelha.

– Legal que eles deixaram entrar no carro, imagina eu num carrão desses? – palavras de Nicholas, filho de Tereza.

– Essas fotos são mais antigas... Nem sabia que estavam aqui... – Lavi se referia a fotos dele menor, um bebê no colo de Maria Joaquina, ele bem novo e ela o ajudando a andar segurando suas mãos, ele com um uniforme de basquete segurando uma bola e sentado num banco de praça, era tão jovem que seus pés não tocavam o chão, ele com sua mãe num jogo do Real Madrid, ele bem jovem nos ombros dela. Cada foto daquela era um fincada no coração de Jaime, cada legenda que Lavi dava aqueles retratos os olhos de Jaime se enchiam mais.

– Com... Com licença... – Jaime falou saindo rápido, não queria mais ficar ali.

– Aconteceu alguma coisa com ele? – Lavi perguntou.

– Deve ser a perna... – Mario desconversou, pelo que falara mais cedo com Jaime já imaginava o porquê de tal reação de seu amigo. – Então Lavi, me conta mais desses pássaros voando ali bem no fundo do horizonte... Achou que eu não tinha visto né? Achou certo.

Do lado de fora daquele quarto Jaime olhava pro nada, parou embaixo de uma árvore e respirou fundo limpando as lágrimas que começaram a descer, colocou sua mão no bolso e puxou um maço de cigarros, escolheu um aleatoriamente e pôs na boca, agora procurava em seus bolsos um isqueiro.

– O senhor ta bem tio? – a voz de Fábio chegou aos ouvidos do mais velho, ele se virou rápido.

– O que você ta fazendo aqui? – o garoto havia saído do quarto, pois estava preocupado com Jaime, sabia que algo não estava normal nele.

– Eu cansei de ver as fotos... O senhor fuma?

– Bem... Eu... To tentando parar... Pela oitava vez mais ou menos... – o mais velho falou colocando o cigarro no bolso.

– O senhor é muito grande, mas é como todo mundo. – o menino observou.

– Não entendo. – o adulto estava confuso com as palavras do garoto. Fábio fez um gesto com seu dedo para que Jaime se abaixasse, o mais alto obedeceu, com dificuldade, Fábio então levou seu polegar ao rosto dele e limpou uma lágrima que escapava.

– Alguma coisa te fez chorar. – um gesto que surpreendeu Jaime.

– Não se preocupa com isso garoto, problema de adulto... – a resposta de Jaime foi interrompida por outro gesto, um abraço, um abraço muito apertado. Fábio sussurrou:

– Sabia que eu tenho super poderes? Meus abraços curam as pessoas. – Jaime sorri.

– Eu to vendo, to me sentindo melhor, sabia? – o mais velho respondeu com um pequeno sorriso.

– Eu posso te contar um segredo? – o garoto continuou sussurrando.

– É claro que pode, juro que não conto pra ninguém. – Jaime falou despretensiosamente, não imaginava sobre o que ia escutar, mas não creditava ser algo tão sério.

– O Adriano e a Tereza não são meus pais de verdade. – a feição de Jaime se tornou surpresa. – Eles, na verdade, são meus tios, o meu pai e minha mãe de verdade morreram num assalto, aí o Adriano e a Tereza me adotaram.

– Entendo.

– Eu tenho medo, tio, e se eles não quiserem mais ficar comigo? E se eles desistirem de mim porque não sou filho deles de verdade? E se eles me colocarem num orfanato e eu não puder mais ver eles e nem o Nicholas?

– E por que eles fariam isso? Eu conheço sua mãe há muito tempo e o seu pai há mais tempo ainda. Vai por mim, é impossível eles fazerem isso com você!

– Eles já me falaram isso, mas tem tanta coisa diferente, tanta coisa acontecendo, o padrinho que sempre estava alegre agora ta morrendo, e se ele morrer e meu pai e minha mãe ficarem muito tristes, mudarem de ideia sobre mim e não me quiserem mais? – as últimas palavras do jovem foram fortes demais pra Jaime, nesse momento que o mais velho retribuiu o abraço.

– Quê isso garoto? Uma coisa não tem nada a ver com a outra, o amor não funciona assim, uma vez que você ama uma pessoa não se deixa de amar... E depois, você é um pequeno anjo, é impossível não gostar de você, ainda mais com seus super poderes de cura! – comentou soltando o garoto, os dois riram. – E tem mais, conhecendo o Adriano como eu conheço, ele gosta mais de você do que dele mesmo, e o mesmo vale pra Tereza!

– Acha mesmo? Tem certeza que depois de amar alguém não se pode deixar de amar? – Fábio perguntou. Jaime olhou pro quarto onde saíra.

– Tenho certeza sim. – respondeu com um sorriso.

– Você não ta chorando mais, viu como tenho super poderes?

– Eu nunca duvidei! – foi a resposta do mais velho.

– Você deveria ter filhos, aí o senhor ia conseguir parar de fumar, tio Jaime! – o garoto falou se afastando, em seguida correu para o quarto onde estava, voltou pras fotos.

– De onde veio esse moleque? – Jaime se perguntou confuso.

– Falando sozinho amigão? – a voz de Tom chegou até ele, se virou e o viu segurando sua filha, Marcelina estava ao seu lado.

– Não , é que... Vocês já pararam pra conversar com o filho mais novo do Adriano e da Tereza?

– Não, por quê? Ele é mal educado ou coisa assim? – Marcelina perguntou.

– Nada disso, ele é... Como dizer... Bom, com um abraço ele desmontou um homem do meu tamanho!

– Você?! Jaime se tornou um sentimental? – Tom perguntou, fazia piada.

– Momento Laura! – Marcelina riu.

– Pois é... Ele tem super poderes, entendem? – comentou sorrindo com seus amigos.


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Notas finais do capítulo

O Nicholas não perdoa nem a mãe, nem a mãe morta! Que pessoa má! Enquanto isso João distribui patadas e grosserias e Fabinho abraços... Jaime, seu pote de manteiga!

Até o próximo...