Os olhos são a janela da alma. É o que dizem. Mas ao olhar para dentro dos olhos de Lukas, muitos diriam que ele é uma exceção à regra. Olhos de um azul tão maravilhoso, mas que pareciam mortos e desprovidos de qualquer emoção humana. Assim como um boneco sem sorriso, largado em uma prateleira.

Mas Lukas era humano.

Lukas tinha uma alma, um coração, sentia dor exatamente como o resto da população normal. Mas ele escolhia não demonstrar. Escolhia esconder de todos o que estava sentindo. Ele não queria depender do seu lado emocional para fazer suas escolhas, porque sabia que isso o atrapalhava.

Mas algo sobre você o deixava louco. Era como se a lógica, de repente, não fizesse mais sentido. Você sabia exatamente como fazê-lo se sentir humano, sentir eufórico, sentir dor. Ele se sentia indefeso e fraco, perto de uma pessoa que sabia como trazer as emoções para a superfície do oceano de uma mente como a dele.

Ah, como ele te odiava por isso.

Ah, mas ele amava isso.

Era tão confuso, mas tão certo ao mesmo tempo.

No início, o norueguês queria gritar por socorro. Seu corpo parecia estar se voltando contra ele, o traindo cruelmente. O coração enferrujado, que tinha se esquecido como era receber e dar carinho, pulsou mais rápido quando te viu pela primeira vez. Ele não sabia o que fazer, não entendia como funcionava. Ele já tinha conhecido várias garotas, mas nenhuma nunca acordou aquele sentimento quente e estranho no corpo dele.

Você era como o verão, o sol derretendo a neve que congelou a alma do rapaz norueguês. Ele estava em pânico.

Todas suas namoradas sempre o deixava, sempre dizendo a mesma coisa:

– Você me ama? Ou pelo menos já me amou?

A resposta sempre era a mesma:

– Eu não sei. Mas acho que já esqueci como é.

Mas agora ele estava se lembrando. Como alguém que acaba tendo um déjà-vu, e se lembrando na medida que reconhece o que acontece a sua volta. Esse pressentimento de “eu já vivi isso antes.” Ele já tinha feito aquilo antes: amar alguém. Derreter pelo sorriso de alguém, tomar conta de alguém, sentir uma vontade de experimentar o gosto dos lábios de alguém.

Por que isso parecia assustador, se ele se sentia tão bem?

Os dedos roçando na sua pele, levando sua mão até o peito esquerdo dele. Você sentiu os batimentos cardíacos ficarem mais intensos, como se aquele coração estivesse esperando por você, desejando que você o tocasse. A mão de Lukas por cima da sua, posicionada no peito esquerdo palpitante do rapaz, os olhos grudados um nos outros e o vento frio e impetuoso preenchendo o espaço.

– Ele fica assim toda vez que eu estou com você. – Lukas disse, a voz saindo mais rouca do que o planejado. – Eu ainda tento controlá-lo, mas é inútil.

Sua boca se curva em um sorriso, enquanto sua face esquenta involuntariamente. Você se pergunta se ele sabe se seu coração bate tão rápido quanto o dele, ecoando o “tum-tum-tum” pelos seus ouvidos.

– Eu me sinto de cabeça para baixo. – Ele disse, cortando o silêncio. O ar quente saindo de seus lábios e formando uma névoa branca na escuridão da noite. – A culpa é sua.

– Me perdoe. Mas eu acho que não posso te ajudar nisso.

Sem nem mesmo hesitar, Lukas leva a outra mão para seu peito esquerdo para sentir seus batimentos cardíacos. Ao sentir o ritmo desenfreado do seu pobre coração, ele solta um pequeno sorriso. Ele fecha os olhos por uns instantes, concentrando em seus batimentos acelerados.

– Den er juling rask.

Você ri, a névoa deixando seus lábios.

– Você sabia que fica muito bonito com esse rosto concentrado?

– Fico? – Ele abre um dos olhos, dando um sorriso mostrando os dentes.

– Fica. E o seu sorriso é muito bonito.

– Takk.

– Acho que devia sorrir mais. – Sua mão cai do peito do norueguês, mas ainda agarrada com a dele.

Seu sorriso some, mas o brilho nos olhos dele é o mesmo.

– Talvez. Mas só para você.

Do seu peito, a mão dele move para sua face. Os dedos saciando a vontade de tocar na sua pele. Os olhos se fixando em sua boca, calculando os movimentos e suas consequências. Mesmo nesses momentos, Lukas se recusava se deixar entregar inteiramente ao seu lado emocional.

Isso só fazia seus lábios formigarem mais.

– (S/n). Eg elsker dig.

Lukas pensou que não seria capaz de dizer aquilo para alguém. Nunca. Nunca na vida dele.

Mas parece que ele estava errado. Pois ele tinha encontrado uma pessoa que merecia ouvir aquilo. Alguém que ele amava de verdade. Ele entendia por que não tinha dado certo antes. Por que nenhuma daquelas garotas conseguiram nada.

Porque era você. O tempo todo.

– Funnet deg. – Ele disse em um tom baixo, com a face perto da sua quase se encontrando.

– Também te amo.

A palma da mão de Lukas fez com que seu rosto se aproximasse, juntando os lábios dos dois em um beijo. Os lábios do rapaz ainda se encontravam distantes, te beijando apenas com a ponta dos lábios. Sua vontade era aprofundar, mas respeitou a distância e apenas ficou na ponta dos pés para que Lukas pudesse ficar com as costas mais ereta.

O beijo não durou mais de 5 segundos, Lukas tirando os lábios de modo vagaroso, abrindo os olhos para te encarar novamente.

– Acho que eu mereço mais que isso, Lukas.

– Prometo que eu te darei mais beijos daqui em diante, min kjærlighet – Lukas beijou sua testa. Ele era como o inverno vigoroso, frio e calculista. Ela era como o verão que derretia a neve. Ah, ele amava tanto tudo isso.