Após o almoço todos optaram por ir descansar, enquanto Yan e Melissa foram para o quarto juntos. Subiram as escadas como um casal apaixonado e assim que entraram e fecharam a porta atrás de si, e ele a olhou de cima a baixo com uma expressão estranha.

–O que foi? – Ela perguntou ao olhar para si mesma. – Me sujei?

–Não espera andar na Grécia comigo assim, não é?

–Assim como?

–Desse jeito. É melhor se trocar – aconselho mais como uma ordem.

–Até parece que você é importante – resmungou ao ir ate onde sua mala estava. Sem resmungar mais ou reclamar, escolheu um vestido fresco e virou-se para ele – vou tomar um banho então.

–Eu espero – comentou ao deitar-se na cama e olhar para o teto. Ele evitava a todo custo encará-la e expressar o, pequeno, desejo que crescia dentro de si – Eu deveria me encontrar com algum caso antigo. Pensou ao fechar os olhos tentando se recordar de seus affairs passados, e qual delas valeria a pena reencontrar.

Melissa tirou a sua roupa com calma e inquietação. Ela sabia que estava sendo uma louca, mas ficou imaginando como seria se ele invadisse o banheiro naquele momento e a beijasse. Sorriu largamente ao colocar a roupa em cima da pia e se dirigir para o chuveiro. Deixou a agua gelada e acolhedora cobrir o seu corpo ao mesmo tempo em que sua imaginação voava longe.

Yan já começava a adormecer quando escutou o barulho da porta do banheiro. Ergueu a cabeça e se viu inesperadamente pasmo ao vê-la. Melissa encontrava-se com os cabelos levemente molhados, o vestido leve e fresco dava-lhe um ar sensual ao contornar as curvas de seu corpo.

–Estou pronta. Vamos? – Melissa tornou alegre ao olhar para ele mesmo estranhando o seu olhar.

Yan apenas concordou em silencio ao se levantar da cama e pigarrear afim de esconder a sua inquietação. Ele nada falou ao ir para a porta e olhar para atrás, apenas para ter certeza de que ela estava lhe seguindo, mas assim que saíram pela porta do quarto, Melissa entrelaçou seus braços.

–Sua família acharia estranho se ficássemos muito separados – garantiu como se fosse expert em relacionamentos.

–Talvez – Yan começava a estranhar Melissa. Apesar de ter lhe dado dinheiro não esperava tal comprometimento. – Porque esta fazendo isso tudo?

–Pelo dinheiro – respondeu simplesmente ao dar de ombros.

Yan concordou enquanto sentia o corpo dela, quente, próximo ao seu e sem perceber as batidas de seu coração começaram a ritmar no rimo do coração dela.
***
Uma hora depois, em meio a uma feira no centro da Grécia, Yan se perguntava se não havia feito algo errado para estar passando por aquele tormento. Desde o momento em que saíram do carro, não importava o lugar por onde passavam, ela sempre parava para conversar com os vendedores sobre comida, receitas e a vida na cidade. Ele percebeu que jamais voltaria para casa se aquilo continuasse. Perdendo o restante de sua paciência, se viu indo ate onde ela estava conversando animadamente com um vendedor de frutas, segurou em seu braço, se desculpou em grego ao homem e a puxou para longe.

–Ei, pode me soltar? – Melissa se viu falando enquanto tentava parar Yan, que teimava em puxá-la para longe da feira – Assim não vou poder comprar nada.

–Você nem sequer esta comprando. Veio apenas trocar receitas.

–Isso não é verdade. Obviamente tenho que aproveitar essa chance. Estou na Grécia e dificilmente poderia voltar aqui antes de morrer. Tenho que conhecer suas receitas.

–É a única mulher que viria ate aqui trocar receitas.

–Compras não posso fazer. Trocar receitas é o que me resta – disse de forma natural, pois a muito tempo já se acostumou a colocar o restaurante de sua família em primeiro lugar.

Yan parou de andar e observou a mulher ao seu lado começando a se perguntar o quanto ela já não tinha sofrido em sua vida.

–Sempre foi assim...pobre? – perguntou estranhando o olhar ofendido que ela lhe lançou.

–Não era pobre e não sou. Apenas... comecei a poupar para o restaurante da minha família cedo. Desde que eles... morreram.

–Entendo – murmurou ao olhar em volta e soltar o braço dela. –Já que esta na Grécia deveria ao menos comprar um vestido.

–Eu não tenho dinheiro, Yan.

–Eu tenho – falou simplesmente ao dar de ombros ao apontar para uma boutique próxima dali. – Venha – começou a andar enfiando a mão nos bolsos da calça sendo seguido por Melissa, apesar dela o olhar de forma estranha.

O que ele quer com tudo isso? Já não basta me fazer ter esperanças em que te transformar em um homem, agora me vem com gentileza? Assim vou acabar me apaixonando por um gay. Isso não vai ser nada bom.