Meu Trabalho É Um Parto escrita por B Mar, B Mar
Capítulo 2 – É. Grávida.
Entrei em desespero. O que está no código penal, o que pode me salvar?
Eu não sou minoria: Não sou negra, deficiente, asiática, ruiva ou judia...
Então eu disse.
A mentira mais deslavada a da minha vida. A pior coisa que poderia ter passado pela minha mente, mas a minha única salvação.
– Eu estou grávida.
(...)
Annabeth PDV:
– Você está o que?
– Grávida. – Repeti. – Grávida. E o médico disse que nada que eu disser pode ser levado completamente a sério, porque os hormônios estão bagunçando completamente a minha mente e o meu juízo.
Zeus me olhou por alguns segundos e se levantou.
– Me espere aqui. – Avisou.
Espiei pela porta enquanto ele conversava com o departamento jurídico e respirei fundo, sentando na cadeira antes que ele voltasse.
“Cebola, acidente, Athena desaparecida. Cebola, acidente, Athena desaparecida”
As lágrimas vieram em poucos segundos.
“Obrigada mamãe pelas aulas de teatro.”
– Annabeth Chase. – Zeus pareceu na porta. – Você está bem, você está... Chorando?
– Eu sinto muito. – Solucei. – Eu não queria magoar você, eu não queria chatear você. Eu não sei o que eu estava pensando quando falei aquilo. Eu estou com medo, estou assustada. Eu cuido da minha irmã mais nova, eu nem contei pra ela ainda.
Ele estava se reação.
– Eu sinto muito!
Zeus olhou para os lados, como se temesse que alguém visse a cena, e tirou um lenço do bolso.
– Por favor, não chore. Eu não vou mais te demitir, você vai continuar trabalhando, mas, por favor, não chore.
Respirei fundo e diminui gradativamente.
– É sério? – Olhei para cima.
– Sim, sim. Eu não posso demitir nenhuma grávida. Por favor, se controle e volte ao trabalho.
“Monstro insensível”.
– Obrigada. – Sorri.
– Quando o bebê nasce?
– No fim do ano, provavelmente.
São 6 meses para acabar com essa história.
Ele me olhou por alguns segundos.
– Está grávida de quase 4 meses? – Estranhou.
– Sim. São 3 meses e algumas semanas.
– Tudo bem. Volte ao trabalho.
Saí de dentro da sala lentamente.
Caramba. O que eu acabei de fazer?
– Annabeth. – Silena me alcançou. – Meus parabéns. O departamento jurídico está muito feliz. Porque não nos disse que estava grávida antes?
– Eu... Não sei.
– Deve ser pelos riscos do primeiro trimestre, não? Bom, o meu bebê chega antes, mas isso não é uma competição.
“Claro que não, anã de jardim.”
– Minha nossa, Annabeth, meu parabéns. – Hera me abraçou. – Parabéns.
“Calem a boca, calem a boca, essa história não pode se espalhar.”
– Pessoal. Atenção. – Ela chamou. – Annabeth Chase está grávida.
“Filha de uma...”
Clarisse me encarou com surpresa.
Em poucos segundos, metade da empresa estava à minha volta.
– Annabeth. – Clarisse exclamou.
– Eu não pude guardar segredo. – Inventei. – Tive de contar.
– Bom, isso não é algo que se esconde por tanto tempo. – Concordou.
“Clarisse DeLaRue, você é um anjo.”
– Mas e então, quem é o pai? – Poseidon indagou.
– Não estão sabendo da outra novidade? – Minha amiga interrompeu. – Luke pediu Annabeth em casamento quando descobriram o bebê.
Silena me abraçou.
– Muito obrigada, pessoal. Obrigada mesmo. – Sorri.
(...)
– Grávida. Eu já te disse que você é um gênio. – Clarisse tirou um trago de seu cigarro. – Como pensou nisso?
– Lei e Ordem. – Expliquei. – É proibido demitir uma grávida, mesmo que ela seja a pior funcionária do mundo. Discriminação, processo...
– Genial.
– Obrigada pela ajuda. Grávida e noiva...
– Agradeça. – Deu de ombros.
Respirei fundo.
– E como eu vou sair dessa? – Indaguei.
– Podemos dizer que foi um aborto espontâneo. Você ainda pega folga.
– Com quase 4 meses? Isso não acontece.
– Vamos entrar no jogo. – Avisou. – Depois a gente inventa uma desculpa.
Segui para a escola de Athena e pegamos o ônibus de volta pra casa.
– Eu vou remarcar com a coordenadora. – Avisou. – Ela sugeriu que eu fizesse escola de culinária depois da aula.
– Você tem aula de tênis.
– Mas eu cansei do tênis. – Se justificou. – Eu estava pensando em estudar numa escola de culinária.
– Continue pensando. – Avisei. – O tênis vai ajudar a pagar a sua faculdade, enquanto eu me viro com o resto.
– Eu sei. – Repetiu. – Sem opções desde a morte com os nossos pais...
– Isso mesmo. Agora trate de se conformar. Quem sabe quando você estiver formada, poderá fazer o tal curso de culinária, mas não agora.
– É isso que você faz? Se conformar?
– Sim.
– Bom, então não está dando muito certo. – Abriu a porta. – Porque, ao invés de estar com a minha coordenadora, discutindo a minha vida, você estava num bar fazendo só os céus sabem o que.
Respirei fundo e ela foi para o quarto.
“Ah Athena, se você soubesse...”
Nós havíamos perdido tudo quando nossos pais morreram. Hoje, só tínhamos um apartamento pequeno, alugado, e as roupas do corpo, mas Athena não entendia.
Ela poderia até trabalhar, mas eu não quero isso pra ela. Aos 17 anos, ela precisa estudar e ir para uma boa faculdade. Depois, arranjar um emprego numa grande área e se sustentar, e então eu poderia finalmente largar aquela porcaria de editora e ir para algum lugar que combinasse comigo.
Fechei minha porta e segui para o banho, saindo apenas de toalha.
“Grávida...”
Encarei o espelho e medi minha barriga.
Fala sério, quem acreditaria por tanto tempo?
Clarisse é louca.
Na verdade, eu sou louca, a ideia foi minha.
E se Athena e Luke descobrissem, eu não sabia o que faria.
Falando em Luke...
– Alô. – Atendi ao telefone.
– Annabeth. Oi, onde está?
– Em casa. – Dei de ombros.
– Tá a fim de sair? Você sabe, ir a algum lugar, beber um pouco.
– Eu não posso, estou sem grana. Além do mais, já cheguei atrasada no trabalho hoje, se chegar de novo eles vão arrancar o meu coro. – Me joguei na cama. – E você, onde está?
– Eu estava pronto para ir à sua casa, mas tudo bem. Podemos marcar outro dia, eu mal posso esperar pela segunda-feira.
– Claro que sim. – Forjei um tom feliz.
– Nos vemos depois?
– Claro.
Desliguei e deitei na cama.
Como eu já disse e repeti: Annabeth Chase. Muito, muito ferrada.
Agora em dose dupla.
Continua...
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