The Nature Kingdom escrita por John Scott Collins


Capítulo 7
Conturbado Despertar


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi escrito à base de muito Guaraviton e Coldplay. Então, meu povo, no começo, esse capítulo teria de cinco mil a seis mil palavras. Meio grande, né? Daí, fiz uma leve alteração, que não vai mudar o rumo da história, e o número baixou para umas quatro mil e quinhentas. Por fim, mudei a divisão de capítulos e creio que agora está bem melhor. Mas quem liga pra tudo isso, não é mesmo? Boa leitura!



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Gary acordou de um pesadelo. Sonhou que, ao dar o primeiro passo para dentro de casa, percebeu que não havia chão. Tentou se segurar, mas desequilibrou e caiu. Em meio à queda, várias criancinhas surgiram. Elas portavam uma lanterna e uma pistolinha de água, que usaram para encharcar o garoto. Quando a queda terminou, ele caiu em um grande bolo. O curioso foi o fato de o bolo ter tanto glacê, que ele não conseguiu respirar e morreu sufocado. Ele acordou assustado, por isso classificou o sonho como um pesadelo. Mas pouco depois já estava rindo, tamanha a bizarrice.

O riso logo se cessou, quando pôs a mão na testa e percebeu um corte de tamanho médio. Ao retirar a mão, viu que estava vermelha de sangue. Apesar disso, não doía. Só então foi reparar no ambiente onde estava. O buggy todo quebrado, em meio a um lamaçal, um lago ao lado, uma cachoeira acompanhando. Será que eles caíram lá de cima? Provável. Muito provável. Deu-se conta também dos seus companheiros de viagem. Max dormia com a cabeça totalmente tombada. Teria um torcicolo e tanto quando acordasse. Gaia estava com o cabelo todo bagunçado e Faon roncava baixo. Todos possuíam cortes. Todos estavam com as roupas molhadas. Ele e Max estavam de pijama. Depois de um tempo é que deu falta de sua amiga, Kate.

Levantou-se apressado. Será que ela tinha acordado e decidido partir, pensando que os outros estavam mortos? Para onde será que ela foi? Será que alguém ou alguma coisa havia a capturado? Ele precisava descobrir. Precisava salvá-la! Mas ele estava todo machucado, com um pouco de frio, fome e mesmo não querendo admitir, estava com medo. Além de tudo, estava sozinho. Não ia acordar os outros. Mas dormindo, eles não poderiam ajudar.

Antes que se arrependesse, começou a andar. Para facilitar o caminho da volta, foi em direção ao sol, que começava a brilhar mais forte. Tentava ao máximo esquecer o medo. Fingir que tinha coragem. Se alguém o visse daquele jeito, de pijamas, sangrando e assustado, não pensaria duas vezes antes de atacar ou cair na gargalhada. Ele não assustava nem um pouco. Não intimidava, não passava segurança. Estava totalmente indefeso, física e mentalmente. Mas tinha um objetivo: ajudar Kate e isso era o que importava.

O chão era bem acidentado. Apesar de densa, a floresta recebia uma boa iluminação. Algumas plantas possuíam flores bem bonitas, outras eram muito estranhas. As árvores eram altas e as folhas possuíam um verde claro muito bonito. Tentando esquecer o pavor, Gary foi analisando cada detalhe daquele lugar. Distraído, tropeçou em uma raiz alta de uma árvore e caiu de cara no chão. Rapidamente, se levantou e limpou a sujeira do rosto, que já se misturara com o sangue.

Repentinamente, ouviu um barulho. Parecia uma coruja. Assustado, olhou para todos os lados. Uns vinte segundos se passaram até que o som se repetiu. Ele tinha quase certeza de se tratar de uma coruja. Não muito distante de sua casa havia uma floresta. Ele escutava barulhos assim toda noite. Mesmo assim, estava com medo. Sentia que tinha alguém ali, que parecia se esconder por trás das árvores. Sentia uma leve rajada de vento, quando o indivíduo passava de uma árvore à outra. O barulho se repetiu mais três vezes, cada hora em um lugar. Ele começou a ficar ofegante e sentia seu coração bater mais rápido. E se o indivíduo fosse do tipo muito perigoso, que matava por diversão?

Quando finalmente pensou que o ser havia ido embora, algo passa por sua nuca. O garoto se sentiu como um gato, que se assusta, dá um pulo e cai. Mas diferente dos gatos, ele não caiu em pé. Pelo menos, dessa vez, não caiu de cara. Quando percebe, Kate está lá, gargalhando com uma folha na mão.

— Você tem noção do susto que me deu? — Disse ele, ainda um pouco ofegante. — Você podia ter me matado do coração, sabia?

— Para de gritar, caramba! — A garota reclamou, parando de rir por um instante.

— Ah é? Por quê? Tem alguém dormindo por aqui?

— Eu tenho que te dar uma notícia talvez não muito boa. — Sussurrou ela.

— Ih, não vem com esses papos não, hein?

— Nós não estamos sozinhos.

— Ah, mas disso eu sabia. Tem o Max, a Gaia e o velhote. Não precisava ter gastado saliva pra falar isso.

— Não são eles! Ah, quer saber? Vem comigo! — Falando isso, a loira pegou o amigo pelo braço e arrastou-o por uns cinquenta metros, fazendo-o tropeçar a toda hora. Sem aviso prévio, agachou-se bruscamente, levando o amigo ao chão. — Agora escuta.

— Estou escutando coisa nenhuma.

— Presta atenção, cara! Tem um homem gritando feito um animal, e você não escuta? Só ouve por enquanto.

— Ah, acho que agora estou ouvindo. Parece que tem um monte de gente falando também. — Disse Gary, depois de algum tempo calado.

— Pelo que eu entendi, são vários trabalhadores cochichando, enquanto o “chefe” ou sei lá o que fica gritando ordens. Mas agora que você já ouviu, vem cá me ajudar com essas frutas estranhas que parecem maçãs. — A garota falou, se levantando apressadamente.

— Hein? Mas e esse povo? Será que a gente devia se apresentar formalmente? — E perguntando isso, levantou-se também.

— Como ainda não sabemos se eles podem oferecer algum risco, acho melhor esperar Faon acordar. Ele deve saber o que fazer.

— Mas e essas frutas que você falou?

Quando percebeu, o garoto já estava seguindo a amiga novamente. Há quanto tempo será que ela acordou? Devia estar explorando o local desde cedo. Essa era uma das características de Kate: um espírito aventureiro incansável. Além disso, ou melhor, parte disso era a curiosidade. Enquanto não descobria o que queria, não parava. Para Gary, essa era uma das melhores qualidades da jovem.

Ela pôs a mão sob seus cabelos e jogou-os para o outro lado, espalhando um doce cheiro de perfume pelo ar. O moreno coçou o nariz de leve, com as costas da mão. Não gostava muito daquele cheiro. Ao chegarem a uma parte um pouco mais baixa da floresta, onde a claridade era menor, a menina parou ao lado de uma árvore e apontou para o chão, onde havia uma pilha de frutas amareladas, que realmente lembravam maçãs.

— Está vendo? É disso aí que eu falei. Não comi nenhuma ainda, porque fiquei com receio de serem venenosas ou algo do tipo. Assim como antes, temos de consultar Faon primeiro. — E já se agachando para pegar algumas frutas, continuou. — Mas eu preciso da sua ajuda para levá-las até lá. Eu pego cinco e você pega cinco.

— Como, se essa fruta é do tamanho da minha mão e eu só tenho duas mãos?

— Coloca debaixo do braço, segura com o queixo, sei lá! Mas me ajuda.

E mais uma vez, a loira foi andando na frente, como se já soubesse o caminho com tranquilidade. Parecia estar bem corajosa e autoconfiante, coisa que Gary não estava desde o momento que pôs os pés para fora de casa. Ele tentava não demonstrar, mas estava se tornando cada vez mais difícil.

Andaram por um bom tempo. Não havia nenhum relógio, mas o jovem imaginou algo em torno dos trinta minutos. Aos poucos, foram ouvindo o barulho da cachoeira, que muito lembrava o som da chuva. O sol, cada vez mais alto no céu, fazia o calor aumentar rapidamente. A caminhada tornava-se ainda mais exaustiva com o relevo acidentado. Mas então, desviando de algumas árvores, chegaram ao lago, que era bastante escuro, mas possuía um tom azulado.

O buggy estava do outro lado. Seu estado era mesmo deplorável. Agora, Max ocupava todo o banco de trás e continuava dormindo. Faon ainda roncava baixo e Gaia mexia-se bem mais do que antes. Parecia prestes a acordar.

Abriu um olho lentamente, fechando-o em seguida. Alguns segundos se passaram até que ela conseguiu abrir os dois, para depois fechá-los rapidamente. Jogou a cabeça para trás e espreguiçou-se, esticando os braços o máximo possível. Depois de um longo bocejo, finalmente endireitou o corpo. Com um suspiro, abriu os olhos e, percebendo o cabelo bagunçado, tentou arrumá-lo, com muita dificuldade.

Dando-se conta da situação e do ambiente ao seu redor, levantou-se assustada. Boquiaberta, olhou para Faon, Max e logo em seguida, para Kate e Gary, que se aproximavam calmamente. O garoto abriu um leve sorriso e, em tom de descontração, disse:

— Bom dia, dorminhoca! Como foi sua noite? Dormiu bem? Tá com fome, não é mesmo? Eu sabia! Já até trouxe comida pra tu. — E mostrou as frutas que carregava.

Eu encontrei essas frutas na floresta, mas resolvi não comer, porque não sabia se eram venenosas ou algo do tipo. — Explicou Kate, olhando para Gary de canto de olho.

— O que aconteceu? — Perguntou a mulher, ainda parecendo bem assustada.

— Só pra resumir: o celular da nossa linda amiga aqui explodiu e meio que jogou a gente longe. O buggy caiu nesse planeta, provavelmente, no rio que tem logo ali em cima. Então, a correnteza fez o favor de nos arrastar até essa linda cachoeira e, por pouco, nós não caímos diretamente nesse lago! Kate acordou, passeou alegremente pela floresta e, quando eu fui ao seu encontro, ela ainda me pediu pra carregar essas frutas esquisitas, sem a menor vergonha na cara. E fim! — O jovem contou, de forma bem irônica.

Mesmo já acordada, Gaia demorou um tempo até processar todas as informações. Olhou para cima, analisando a cachoeira e depois para o lago, até que tornou a ficar com feições assustadas e confusas, quando virou para trás e lembrou-se de Faon e Max.

Apavorada e pensando que estivessem gravemente feridos ou coisa pior, começou a sacudir Faon desesperadamente. O Inspetor, porém, não acordou de pronto, mas parou de roncar e acabou entrando no mesmo processo de Gaia, abrindo e fechando os olhos, se espreguiçando e bocejando.

— Calma, Gaia! Eles estão bem. — Disse Kate, percebendo seu desespero.

Sem responder e sem esperar o velho acordar, a mulher se direcionou a Max, balançando-o também. O garoto não roncava, mas dormia de boca aberta. Ao ser sacolejado, ele fechou a boca e encolheu-se.

— O que está acontecendo aqui? — Perguntou Faon, depois de ter acordado plenamente.

Por incrível que pareça, sua voz não estava sonolenta. Na verdade, ele não estava sonolento, pois se levantou numa velocidade extraordinária e dirigiu-se a Gaia, tentando afastá-la do jovem. Vendo que ela não desistia, pôs a mão em seu pescoço e disse a palavra paciência bem baixinho. A mulher abriu a boca como se estivesse admirada e desabou nos braços do Inspetor, que, lentamente e com delicadeza, levou-a ao chão.

— Ela estava em estado de choque. Por isso tive de fazer esse feitiço. Foi uma mudança de rotina muito grande para todos nós. Mas, a partir de agora, devemos nos acostumar com isso. — Declarou o homem.

— E ela vai ficar bem? — Perguntou Kate, um pouco preocupada.

— Sim, claro. Não é um feitiço muito forte, é só para acalmar. Em pouquíssimos minutos ela voltará ao normal. — Explicou e ficou olhando para a moça por um tempo. — E então, crianças, o que me dizem? Aconteceu algo relevante nesse tempo em que dormi?

— Bom, eu estou acordada há mais tempo. Logo quando levantei, senti que precisava de comida e comecei a explorar o local. Encontrei algumas frutas e pouco depois, Gary me achou. Nós não comemos nada ainda, porque não sabíamos se eram venenosas.

— Bem pensado, minha jovem, bem pensado. Passe-me uma delas para que eu possa verificar.

Meio sem jeito, a garota entregou uma das frutas, a qual o velho pegou e começou a analisar. Com um olhar sério e concentrado, segurou o fruto por baixo e então, uma das coisas mais bizarras que os jovens já viram aconteceu. Seus olhos viraram-se totalmente para trás, deixando à mostra apenas sua esclerótica avermelhada. Poucos segundos depois, sua mão começou a brilhar como uma lâmpada. O brilho era alaranjado e não muito forte.

O homem ficou naquele estado por, no máximo, dois minutos. A luminosidade foi diminuindo vagarosamente e quando acabara por completo, seus olhos voltaram ao lugar abruptamente, fazendo-o balançar a cabeça e piscar várias vezes.

— É uma sensação não muito agradável, isso eu garanto. — E entregando a fruta, continuou. — Felizmente, o fruto não é venenoso. Contém muito açúcar, mas acho que isso não é um empecilho.

Os adolescentes continuaram perplexos por um tempo, até ouvirem uma respiração mais alta. Era Gaia acordando. Correram para perto dela e ajudaram-na a sentar, cada um pegando por um braço. Feições de dor tomavam conta de seu rosto, mas não duraram muito tempo.

— Você está bem? — Perguntou Kate, soltando a mulher e ficando em sua frente.

— Sim, sim. Foi só um susto. — E dizendo isso, passou a mão em seus longos cabelos, que agora estavam grudados pela lama. — Ah, não! Isso vai demorar tanto para limpar!

Vendo que ela estava bem e que o cabelo era sua maior preocupação, todos começaram a sorrir, trocando olhares felizes. Estavam em uma situação delicada, sem saber o que aconteceria a eles ou o que deveriam fazer. Em momentos assim, qualquer coisa boba já era o suficiente para alegrar o dia. E qualquer alegria podia alimentar suas esperanças.

Rapidamente, a alegre troca de olhares acabou e um estranho silêncio começou a pairar sobre o local. Os jovens e a mulher sentados e Faon ainda em pé. Cada um olhava para uma direção, preso em seus próprios pensamentos. Imaginando o futuro, lembrando-se do passado e temendo pela vida. Talvez, o medo ainda não tivesse chegado, pois as mentes confusas bloqueavam esse sentimento.

Finalmente, Max quebrou a calmaria ao acordar. Na verdade, não foi exatamente ele quem agitou o local, mas com o seu despertar, seus amigos voltaram a falar alegremente, o que já era esperado. Calma e pacientemente, sentou-se e começou a analisar cada uma das dezenas de coisas ali presentes, sendo interrompido por um turbilhão de perguntas.

— Já estava na hora, meu irmão! — Exclamou Gary.

— Bom dia, Bela Adormecida! — Brincou Kate.

— Max, você está bem, querido? — Perguntou Gaia.

— Glória aos Superiores! Temos muitos afazeres, meu jovem. É melhor aprontar-se depressa. — Falou Faon.

Apesar de tanta agitação e falatório, o garoto ainda parecia sonolento e sem nenhuma vontade de levantar ou sequer responder os companheiros. Ainda observava o ambiente ao seu redor, perdido em seus pensamentos. Apenas uma coisa conseguia mantê-lo desperto e prender sua atenção: árvores.

Até pouco tempo, não podia afirmar com muita certeza que havia vida fora da Terra. Acreditava, sim, que em algum planeta extremamente distante, haveria vida, por mais que fosse uma minúscula bactéria insignificante. Depois que Faon apareceu com aquele pó roxo e a Verdade fora estabelecida para o jovem, ele começou a entender a origem do Universo, como era controlado e, por fim, pôde descobrir que realmente havia vida em outros planetas. Aliás, em vários outros. Mas, por mais que soubesse disso, ainda não pudera ver com seus próprios olhos, o que era muito mais importante.

Aos poucos, foi perdendo o sono, adquirindo energia e, à medida que isso ia acontecendo, ficava cada vez mais maravilhado com tudo o que via.

— Vida! — Finalmente disse.

— Oi? — Perguntou Gary, de forma irônica e confusa ao mesmo tempo.

Max foi andando lentamente em direção a uma das árvores, já boquiaberto. Quando chegou perto, olhou para cima, para os inúmeros galhos e folhas. Tocou o tronco por um momento e constatou que, sim, tudo aquilo era real.

Enquanto isso, o resto do grupo estava extremamente confuso, mas aos poucos foi entendendo a animação do garoto. Ou melhor, alguns entenderam. Sério que ele está preocupado com as árvores? Pensou Gary. O moreno estava boquiaberto também e com a testa levemente contraída. Como ele consegue não pensar em comida? Pensou Kate, com as mesmas feições de seu amigo.

Max, porém, mal notava os olhares curiosos. A essa altura, corria alegremente por entre as árvores, como uma verdadeira criança. Como éramos egoístas! Ao ponto de achar que estávamos sozinhos no Universo. Como éramos tolos e cegos. Vários pensamentos como esse, além de vários sentimentos, percorriam o corpo do jovem. Era, de longe, uma das melhores sensações que já tivera. O sol batia em seu rosto sorridente, assim como o vento, que era quase imperceptível. Na verdade, nem ele mesmo sabia o motivo de tanta felicidade.

Começando a ficar cansado, parou e deixou-se deitar ali mesmo, no chão, em meio á folhas e pequenos galhos. Ainda sorrindo e já ofegante, começou a lembrar de todas as aulas de ciência que teve, quando estudava o Sistema Solar e os mais variados corpos celestes. Lembrou também das diversas matérias sobre alienígenas que gostava de ler em revistas, além de todas as reportagens e imagens que via na televisão e no computador e que falavam sobre Universo e coisas do tipo. Como somos tolos!

Mas então, uma memória que não queria ter veio à sua cabeça, tirando o sorriso de seu rosto. A lembrança dos pais, a única família que tinha e uma das coisas mais importantes para ele. A saudade bateu em seu peito, apertando seu coração e sufocando o garoto. Tantos momentos felizes, tantos momentos tristes, tantos momentos juntos... Será que eles estão bem? Será que já sentiram minha falta? Será que estão procurando por mim? O desânimo foi tomando o seu corpo e as lembranças, por mais que fossem felizes, só entristeciam.

— Eu já estou muito longe de casa agora... — Falou bem baixinho.

Por fim, querendo distrair-se daquilo tudo, sentou-se e colocou seus braços em torno das pernas, como se estivesse abraçando-as. Olhou para o horizonte, perdido em meio aos pensamentos restantes. Somente seu corpo estava ali presente. Sua alma e sua mente estavam focadas em outro lugar e em outro tempo, mas lutando contra isso.

Depois de alguns minutos, que, para ele, pareceram horas, pôde ouvir sons de passos se aproximando. Não ficou muito surpreso e nem saiu do lugar, pois sabia que eram seus amigos querendo notícias.

— Max! Max! Onde você está? — Kate e Gary gritavam.

— Aqui! — O jovem gritou em resposta.

Rapidamente, seus amigos chegaram. Suas feições eram de preocupação e estavam ofegantes. O garoto, não querendo que os amigos notassem sua tristeza, levantou-se tentou ao máximo sorrir, sem muito sucesso.

— Quanta alegria pra uma pessoa só, hein? Tudo isso só por que viu uma árvore! — Brincou Gary.

— Cara, como você consegue? Tipo, quando acordei, tudo em que pensava era comida e comida e comida. Por isso tive a audácia de explorar essa floresta. — Contou Kate.

— Faon e Gaia disseram alguma coisa? — Perguntou Max, inexpressivo.

— Sim, eles mandaram te buscar. — Respondeu Gary, da mesma forma. — Então, se o Senhor Felicidade Florestal não se importa, devemos ir agora.

— Não, esperem! Não podemos ir. — Exclamou a garota. — Faon vai ficar falando e falando, querendo bolar algum plano para consertar o buggy ou algo do tipo. Vai estabelecer várias regras e proibições e afazeres. E, sinceramente, eu não quero isso. Aposto que vocês também não querem!

— Que outra opção nós temos? — Perguntou Max, ainda inexpressivo.

— Sei lá! Explorar esse novo planeta, talvez...

— Não sei não, hein? Não me parece muito sensato. — Opinou Gary.

— Olha só quem está falando sobre sensatez... — Debochou a loira.

— As coisas não funcionam assim, Kate. — Disse Max, severamente. — Nós concordamos em entrar nessa missão e agora devemos cumpri-la.

— Você acha mesmo que ainda tem alguma possibilidade dessa missão dar certo? Desencana, Max! Não existe mais missão! Meu celular explodiu, o buggy mudou totalmente de rota e agora estamos perdidos aqui.

— Não estamos perdidos. Faon é um Inspetor, ele tem poder suficiente pra resolver a situação. Tudo isso é só um grande contratempo! — Argumentou o garoto, revirando os olhos.

— Grande demais, não acha? — Ela perguntou em um tom mais baixo. E já se virando em direção à floresta, continuou, em meio a um suspiro. — Vamos, Gary. Vamos viver a realidade.

— Faon concordou em trazer vocês. Mas vocês tinham que ajudar! E agora estão acomodados ao erro, sem fazer nada para consertá-lo... — Disse ele, pensando alto.

Sem responder, ou sequer falar alguma coisa, a loira partiu, sendo seguida por Gary. Não sabia, realmente, aonde iria e o que faria lá. Sentia apenas que precisava de distância do ditatorial Faon. Distância de seu insistente amigo. Distância de todos aqueles problemas. Mas no fundo, sabia que o que queria era liberdade.


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Notas finais do capítulo

LEIAM: Atenção, moçada (que palavreado é esse?), só vou postar mais um capítulo (depois desse, é claro; não sei quando) e então vou colocar a fic em processo de "reconstrução". Andei lendo alguns capítulos aí pra trás e percebi que podem ser melhorados. Não sei se vai demorar muito, mas provavelmente não, pois a reescrita é mais fácil do que a escrita (na minha opinião). O período de provas pode atrapalhar um pouco, mas irei me esforçar. Então é isso, até o próximo :)



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