Alguns anos depois...

Já se passaram 10 anos desde que me casei com Peeta. Nós vivemos felizes, temos uma rotina agradável e nos amamos como sempre. Brigas ocorrem raramente, não aguentamos ficar brigados um com o outro, apesar de normalmente ser sempre Peeta que cede antes.

Muitas coisas mudaram também. Claire agora mora na casa a nossa frente, a antiga casa de Peeta, ela namora um rapaz que trabalha na padaria e é muito feliz. Gale se casou, um dia ele chegou para nós e contou a incrível notícia que ele e Tracy se casariam e nós nem ao menos sabíamos que eles namoravam, ou que ainda se comunicavam.

A padaria agora é um sucesso. O Distrito 12 estava completamente reconstruído e bem aprimorado, os benefícios prometidos realmente aconteceram. Eu não trabalho, uma vez ou outra ajudo na padaria e sempre havia as contas e papeladas que tínhamos que resolver.

Nós não temos filhos. Eu sei que Peeta quer, durante anos ele me pedira e após eu muito responder não, ele desistiu. Mas eu ainda vejo o desejo nele, quando uma criança passa na rua, quando ele ve uma grávida, quando alguém lhe conta a novidade que vai ser pai. E aquilo me mata por dentro, pois eu sei que não conseguiria dar a ele essa felicidade.

Aquele dia não fora diferente. Annie estava almoçando em casa, agora ela vem com frequência no Distrito 12. Enquanto eu e ela conversávamos na sala, Peeta se divertia como nunca com o pequeno Finn, que agora já não era tão pequeno, tinha 11 anos e era incrivelmente parecido com o pai.

A tarde foi ótima, um tempo depois Claire chegou com Jared, seu namorado e tudo animou mais ainda. No fim do dia eles decidiram ir embora e Annie foi junto, já que estava hospedada na casa de Claire. Após um momento de relutância, Finn largou seu parceiro de brincadeiras, Peeta.

Enfim, sobrou somente eu e Peeta e uma casa silenciosa. Comecei a recolher as louças da mesa, Peeta foi para a pia lava-las enquanto eu dava uma ordem pela casa. Após um momento, vi pelo canto do olho ele entrando na sala. Olhei para ele esperando o que ele iria falar.

– Katniss... Eu.. Eu queria conversar com você. - Ele falou um pouco tenso.

– Pode falar, Peeta. - Respondi, estranhando a situação

– Eu sei que eu já te pedi isso várias vezes, eu já sei a sua resposta, mas... Eu preciso tentar de novo. - Ele começou a se aproximar de mim e logo já estávamos um de frente para o outro. - Katniss... eu quero ter um filho, eu quero ter um filho com você!

No momento que a conversa começou eu já imaginava que seria isso. Minha resposta automática foi responder um não, mas quando levantei os olhos e observei a expressão de Peeta, não consegui. Seu desejo estava estampado em seu rosto, e eu simplesmente não conseguia acabar com a felicidade dele. Não era justo isso, apesar de eu sempre ter lhe dito que não queria filhos, ainda era direito dele. Meu coração apertou, dividido entre dois sentimentos. Nunca acontecera nada após a revolução, o mundo estava tranquilo agora, mas minha mente continuava firme nessa decisão.

As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Eu queria tanto fazer Peeta feliz e eu simplesmente não conseguia. Eu iria falhar. Mesmo que eu tivesse um filho, eu seria uma péssima mãe, eu mal conseguia cuidar de mim mesma. Peeta me envolveu em seus braços.

– Shh... Kat, se você não estiver preparada eu entendo. - Ele disse afagando meus cabelos.

– Peeta... eu não sei o que fazer. Eu não consigo, eu sinto muito. - Respondi entre soluços.

– Kat, eu não quero te pressionar. Mas eu só quero que você saiba que eu acredito em você, eu sei que você será a melhor mãe do mundo.

– Não... eu não serei! Eu... eu... tenho tanto medo, Peeta.

Me embolei mais nele. Sua camiseta agora estava manchada com as lágrimas salgadas e amarrotada, mas mesmo assim ele não se importava. Deixou eu ali chorando por um tempo, depois me levou até o sofá, aonde eu me enrosquei que nem uma bolinha nele.

– Katniss, eu confio em você. Todos anos eu te pedi isso pois eu sabia que você conseguiria. E eu te amo e quero formar uma família com você. - Ele me falou firme e doce ao mesmo tempo.

Não respondi, continuei deixando as lágrimas rolarem até quando eu senti que meu coração estava mais leve. Comecei, enfim, a analisar a situação de verdade. Todas as vezes que Peeta me pedira no passado, eu dava logo a resposta e mal parava para pensar. Dessa vez eu iria pensar com cuidado.

Eu queria fazer Peeta feliz, eu queria lhe dar esse presente, o maior presente de todos que eu poderia oferecer. E eu acreditava nas palavras de Peeta, sabia que aquilo era verdade para ele, mas, somente para ele. Em minha mente eu sentia o contrário.

Levantei a cabeça e encarei Peeta. Ele estava com um pequeno sorriso nos lábios, encostei minha testa no ombro dele e sussurrei, antes que mudasse de ideia:

– A gente pode tentar.

Minha voz soou rouca e fraca, mas Peeta escutou claramente. Ele pegou meu rosto entre as mãos e colou meus lábios nos deles. Quando ele me soltou estava com o maior sorriso que eu já vira em minha vida, e fui invadida por uma felicidade também, por fazer Peeta se sentir assim, por poder faze-lo feliz.

– Katniss, eu sei que isso irá te fazer feliz. Você fez a escolha certa.

Balancei a cabeça em concordância. Eu estava fazendo isso por ele, e não por mim, mas no fundo eu também senti que aquilo me faria feliz. Abri um pequeno sorriso para ele, mostrando confiança.

Peguei Peeta pela mão e o levei até o quarto, deitei na cama e indiquei para ele deitar ao meu lado. Queria mostrar a ele que eu estava realmente decidida. Peeta ergueu as sobrancelhas, levemente surpreso, mas logo deitou ao meu lado e nós nos amamos como nunca.