Desconhecido escrita por Um Alguém


Capítulo 6
Vince - Paraíso


Notas iniciais do capítulo

"One Step Closer..."



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Fiquei sentado no sofá com os pés apoiados na mesa de centro por quarenta minutos, esperando a Megan descer. Mas ela não desceu. Cansei de ficar parado sem fazer nada. Levantei e comecei a andar pela sala. Era estranho não ter foto em lugar nenhum. Nem do Dane, nem da Megan.

Resolvi ir para a cozinha. A sala era arrumada, mas a cozinha era perfeita. Tudo limpo e muito arrumado. Abri todos os armários procurando algo para comer. Depois fui para a geladeira. Achei uma travessa com lasanha. Tirei um pedaço e pus no micro-ondas. Peguei o prato com a lasanha e um garfo, depois sentei no balcão de madeira no centro da cozinha.

Eu não sabia quem tinha cozinhado mas estava ótima. Comi tudo, satisfeito por ter encontrado algo realmente bom para comer. Levei o prato para a pia. Lavei, sequei e guardei o prato e o garfo. Guardei o resto da lasanha de volta na geladeira. Me apoiei na pia e olhei ao redor. A cozinha toda era pintada de um tom bem clarinho de amarelo, com os armários brancos e a geladeira , o fogão e o micro-ondas cinza. Só então reparei em um corredor do lado direito. Fui até lá e achei uma porta.

Assim que abri a porta, senti como se tivesse encontrado o paraíso. A parte de trás da casa era um pequeno espaço campado, com trepadeiras nas paredes. Nos fundos na parte esquerda havia uma árvore pequena encobrindo parcialmente uma mesa de madeira com quatro cadeiras acolchoadas. Quase no meio, ficava um carvalho gigante que fazia sombra, praticamente, no lugar todo. Ao pé do carvalho estava um daqueles banquinhos de madeira que costumam ter em praças. No meu lado direito, pendurada, convidativamente, estava uma rede de pano.

Caminhei alegremente até a rede e deitei nela cruzando os braços atrás da cabeça. Uma paz inexplicável parecia emanar dali. Fechei os olhos, sentindo a leve brisa. As folhas balançavam com o vento, fazendo um barulho agradável. Balancei a rede bem devagar. Estava quase pegando no sono quando ouvi a Megan me chamar de dentro da casa.

– Eu estou aqui fora! – gritei para ela, sem a menor intenção de levantar.

Alguns segundos depois ouvi seus passos na cozinha. Quando abri os olhos, ela estava parada à porta, recostada no batente.

– O que faz aqui? – perguntou ela com a voz indecifrável.

– Você estava demorando muito para se arrumar então resolvi dar uma andada pela casa para passar o tempo e acabei achando esse lugar incrível. – expliquei, ainda balançando na rede.

– Não demorei para me arrumar. – disse ela indignada

– Você ficou mais de uma hora lá em cima, Megan. – sentei na rede para olha-la melhor. Só então realmente reparei nela. Ela estava usando uma sapatilha preta, uma calça jeans clara colada ao corpo e uma camisa preta que deixava um de seus ombros a mostra. Seu cabelo escuro estava preso em uma trança de lado. – Tudo bem, tudo bem, eu vou perdoar sua demora, mas só porque valeu muito a pena. Você está linda. – comentei com um sorriso, digamos, safado.

– Obrigada. – ela ruborizou imediatamente.

Nenhum de nós disse mais nada. Levantei da rede e segui a Megan para dentro da casa.

– Por que não tem nenhuma foto da sua família ou da do Dane? – perguntei à ela quando chegamos na sala.

– Combinamos de deixar as fotos nos quartos. – contou.

– Sério? Não reparei nisso quando fui ao seu quarto. – comentei pensativo.

– Como assim? Quando você foi ao meu quarto? – ela me olhou surpresa.

– Quando o Dane me ligou dizendo você estava passando mal, eu vim para ajudar. Aí eu fui ao seu quarto te buscar. – expliquei – Só isso.

– Eu já te agradeci por ter me levado para o hospital? – ela perguntou.

– Levando em consideração que fui eu que te machuquei, era minha obrigação te levar para o hospital.

– Mesmo assim, foi legal da sua parte. – insistiu.

– Tudo bem. Já que você quer tanto me agradecer eu tive uma ideia. – cheguei mais perto dela, deixando apenas alguns centímetros entre nós.

– Vince, eu não acho essa uma boa ideia. – murmurou ela com a voz insegura.

Encostei meu dedo indicador em sua boca para silencia-la. Depois segurei seu queixo acariciando seu rosto com o polegar. Inclinei-me lentamente na direção dela. Ela continuou parada, me olhando nos olhos com uma intensidade inimaginável. Encostei meus lábios levemente nos seus. No mesmo instante, o celular dela começou a tocar.

Ela se afastou rapidamente de mim e atendeu o celular.

– Bem. – disse ela respondendo a uma pergunta que só ela ouvira. – Não precisa, Dane. Eu estou bem. – insistiu. Depois ouviu. – Nada, só vendo televisão. – ela me olhou e desviou o olhar logo em seguida, parecendo arrependida de ter olhado. – Tá bom, se eu precisar eu ligo. Beijo.

Ela desligou e guardou o celular no bolso de novo. Começou, então, a ir para a porta. Antes que ela desce o segundo passo eu a segurei pelo braço e a puxei para mim. Nossos corpos ficaram colados, sem nenhum espaço entre nós dessa vez. Suas mãos quentes estavam no meu peito e eu tinha certeza que ela podia sentir meu coração batendo fora de compasso. Nossas respirações irregulares se misturavam. Deixei minha boca ir de encontro à dela. Ela pousou os braços nos meus ombros e segurou meu cabelo, me puxando para si. Envolvi sua cintura. Cada movimento nosso parecia perfeitamente ensaiado.

Nos beijamos até ficarmos sem ar. Ela apoiou a cabeça no meu peito, ofegante. Fiquei ali, parado, sentindo sua respiração, mantendo-a junta a mim e mexendo na ponta da sua trança. Quando nossas respirações (e batimentos cardíacos) voltaram ao normal, ela se desencostou de mim, dando alguns passos para trás.

– Isso... isso não pode acontecer de novo. – disse ela sem me olhar.

– Tem razão. –concordei sem hesitar. – A culpa foi minha, mas não se preocupe. Não vai mais acontecer.

Ela me olhou em dúvida, como se esperasse que eu discordasse dela. Senti uma enorme vontade de esquecer o que acabara de dizer e beija-la de novo. Mas não fiz isso.

– Vamos? – perguntei passando por ela e abrindo a porta.

– Claro, vamos. – ela pegou uma jaqueta jeans clara que estava sobre o sofá e passou hesitante por mim. Soltei um longo suspiro, depois a segui para fora de casa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Não esqueçam de dizer o que estão achando da história, um simples comentário faz a escritora feliz ;)



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