Desconhecido escrita por Um Alguém


Capítulo 24
Megan - Vince




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Deixamos Liz no apartamento dela, depois fomos para casa. John levou suas coisas o quarto do Dane, o qual eles dividiriam, e Dane foi ajuda-lo.

Eu estava no meu quarto, juntando os pedaços do meu celular quebrado, quando a campainha tocou. Desci as escadas correndo e abri a porta. Do lado de fora estava uma menina baixinha, com a pele morena e cabelo castanho claro.

– Você é a Megan? – perguntou ela.

– Sou sim. E você quem é? – perguntei, desconfiada.

– Jennifer. A ex do Vince. – disse ela com um enorme sorriso. - Será que a gente pode conversar?

– Sobre...?

– Sobre o Vince, claro. – respondeu despreocupada. Ela passou por mim, entrando na casa. Fechei a porta e virei para encará-la. – O Vince te falou de mim? – perguntou ela, sentando no sofá e cruzando a perna super exposta pelo shortinho curto.

– Vagamente.

– Tudo bem, então deixa que eu mesma conto tudo. Quando eu conheci o Vince ele estava péssimo. Vivia bebendo, se metendo em brigas. Estava sempre sozinho. Tinha medo que as pessoas se aproximassem dele. Achava que faria mal à todos, como fez à família dele. – contou.

– Como assim? O que aconteceu com a família dele? – pergunte-lhe, tentando conter minha curiosidade.

– Acho que ele não te contou isso também, não é? – ela riu. – Ele tinha um irmão gêmeo, Hunter. Hunter era o filho preferido, o filho perfeito. Enquanto Vince era rebelde, ativo, incontrolável, Hunter era passivo, pacato, obediente. Todos amavam Hunter e ignoravam o Vince. Um dia os dois brigaram. Vince estava com tanta raiva que bateu, bateu e bateu no irmão até ele cair sangrando e inconsciente. A mãe dele ficou tão mal que se matou. E o pai ficou com tanta raiva pelo Vince ter destruído a família que o expulsou de casa. Mas ele não foi. Ficou escondido. Estava se sentindo culpado, arrependido, triste. Começou a beber e beber, e fumar. E então, começou um incêndio sem querer. Ele até tentou tirar o pai de casa, mas o pai dele também havia bebido de mais. Vince conseguiu sair ileso. Seu pai morreu no incêndio.

– Por isso ele foi acusado de homicídio. – murmurei para mim mesma, perdida em pensamentos.

– Pois é. – confirmou ela. – Mas o inocentaram. Alegaram descontrole emocional e transtorno mental. Obrigaram-no a frequentar um psicólogo e um psiquiatra. Ele foi a algumas consultas, depois cansou, achou que era desnecessário e parou de ir. E foi aí que ele começou a beber o tempo todo e a se afastar do mundo todo. Aí a gente se conheceu.

– E você começou a namora-lo por diversão, só para rir da cara dele pelas costas. Traiu, humilhou e magoou ele. – disse-lhe.

– Então foi isso que ele contou. Não comecei a namorar ele por diversão, mas por pena. Ele estava sempre sozinho, sempre brigando com todo mundo. Eu queria ajuda-lo, então me aproximei. Mas eu percebi que aos poucos ele estava gostando de mim. Achei que faria muito mal para ele se eu dissesse que não o amava. – explicou.

– Sério?- dei uma risada forçada. – E você achou que era melhor mentir e trair ele? Achou que faria menos mal deixar ele se apegar bem, para você ir lá e humilhá-lo? Que ótima ideia. – debochei.

– Ele era instável de mais. Em um momento estava ótimo comigo, no outro já estava de cara fechada. Às vezes parecia que me amava às vezes que me odiava. Aí eu conheci o Gael, um garoto que detestava o Vince e estava quase sempre brigando com ele. Eu e Gael éramos muito parecidos e nos gastávamos de verdade, então começamos a ficar.

– E você não pensou em terminar com o Vince? Não pensou nele? – eu estava chocada com a cara de pau e a falta de consideração dela.

– Pensei. Eu ia terminar, mas ele descobriu antes. E quis tirar satisfação comigo na frente de um monte de gente. Eu não podia deixar ele me trata como se eu fosse uma vagabunda qualquer. Fiquei com raiva e disse-lhe que só estava com ele por diversão e que não o amava. Mas no mesmo momento me arrependi. Vi a dor e a tristeza nos olhos dele. Então ele perdeu o controle de novo. – contou.

– Como assim perdeu o controle de novo? – perguntei-lhe.

– Ele foi até a casa do Gael e tacou fogo em tudo, enquanto eu e Gael estávamos lá dentro. Gael ficou com uma queimadura enorme que vai desde o lado direito do seu rosto até tomar o peito todo. Eu também me queimei. – ela puxou um pouco a camisa, expondo um pedaço do braço esquerdo e do ombro queimados.

– Meu Deus. – sussurrei, vendo a queimadura.

– Ninguém nunca conseguiu provar que foi ele quem começou o incêndio, mas eu sei que foi ele. Ele meio que já confessou.

– Por que está me contando tudo isso? – perguntei.

– Porque apesar de tudo que aconteceu, eu me preocupo e me importo com o Vince, e só quero o melhor para ele. – disse ela, parecendo super falsa.

– Tenho certeza que sim. – concordei ironicamente. – Muito obrigada por se preocupar e por vir aqui contar essas coisas, tá? Agora você já pode ir embora. – disse-lhe, abrindo a porta e indicando a rua. Ela permaneceu sentada, me encarando, por alguns segundos, depois se levantou e parou perto de mim, à porta.

– Tenha cuidado. – avisou ela, séria. – Ele não é quem finge ser. Não é tão bonzinho quanto parece. Ele não ama ninguém, não confia em ninguém. Então não confie nele também.

Ela saiu rebolando. Fechei a porta e sentei no chão, encostando a cabeça na parede. A Jennifer não passa nenhuma confiança, parece extremamente falsa e eu não queria acreditar nela, mas, infelizmente, o que ela disse parecia verdade. E se o Vince tivesse feito todas as coisas que a Jennifer disse? O quanto isso interferia na nossa relação? O quanto isso nos afetava?

Perdi a noção do tempo, ali pensando. Quando dei por mim, já era de noite. John e Dane desceram as escadas animadamente.

– O que foi, Megan? Aconteceu alguma coisa? – perguntou John se abaixando na minha frente.

– Não, não. Está tudo bem. – forcei-lhe um sorriso.

– Nós vamos comprar pizza. – anunciou Dane. – Algum pedido especial?

– Não, nenhum. Vocês escolhem.

– Tudo bem. A gente já volta, tá? – perguntou-me John. Assenti com a cabeça. Ele me deu um beijo na testa e saiu com Dane.

Fechei os olhos e voltei para o meu mundo de pensamentos e dúvidas.


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Notas finais do capítulo

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