Desconhecido escrita por Um Alguém


Capítulo 23
Vince - Wade




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Pouco mais de uma hora depois de termos saído da casa dos pais da Megan, chegamos na minha casa. Parei o carro na calçada, enfrente ao portão da minha garagem.

– Você assume agora. – disse ao John saltando do carro. Ele deu a volta e sentou ao volante. Debrucei-me pela janela aberta, do banco de trás, e dei um beijo rápido na Megan. – Até mais, Meg.

John deu a partida no carro e foi embora. Quando entrei, senti um vazio enorme ao ver o Lexus sozinho na garagem. Avistei um envelope preso à porta da frente. Peguei-o e abri.

“Dessa vez a sua tentativa de incêndio não deu certo. Conseguimos apagar o fogo sem problemas. Mas agora quem vai acabar queimado é você, e tudo que você já fez de errado na vida vai servir como combustível. Eu tentei te perdoar, mas você não fez por merecer. Será que a Megan vai te perdoar? Acho que não, mas não custa nada perguntar, não é? Beijinhos calorosos para você, amor. Jennifer.”, estava escrito no bilhete dentro do envelope. Junto com o bilhete estava o isqueiro que eu havia deixado no apartamento da Jennifer.

Senti meu sangue ferver com a ameaça velada da Jennifer. Entrei em casa como um tornado, derrubando e quebrando tudo que via pela frente. Fui até a sala de jantar e abri o armário de bebidas. Peguei vinho e whisky, depois fui até a cozinha e peguei um copo, gelo e limão.

Sentei no chão da sala. Coloquei whisky e vinho no copo com gelo, depois coloquei o limão. Bebi até as garrafas ficarem vazias. Minha visão estava turva. Deitei e fechei os olhos. Comecei a me sentir sonolento, pesado, como se mal pudesse me mexer. Pouco tempo depois tudo ficou escuro.

Quando abri os olhos de novo já era de noite. Minha cabeça latejava. Tentei levantar, mas estava tonto e caí de joelhos. Fiquei ajoelhado por um tempo esperando a tontura parar. Quando me senti um pouco melhor, levantei.

Fui até a cozinha, me escorando nas paredes. Bebi uma latinha de refrigerante, depois joguei água gelada na cabeça. Ainda estava zonzo e com dor de cabeça, mas já me sentia um pouco mais desperto. Meus pensamentos estavam perdidos em algum lugar. Sabia que precisava lembrar algo importante, mas não sabia o que era.

Olhei para o relógio na parede. Eram oito horas da noite. Eu havia ficado apagado a tarde toda. Em um estalo lembrei da corrida que era às sete horas.

Saí de casa correndo (cambaleando). Dirigir bêbado não é uma boa ideia. Dirigir de ressaca também não. Mas dirigir um Lexus nessas condições é, de fato, uma péssima ideia. Quase atropelei duas pessoas, subi na calçada, entrei na contramão, arranquei o retrovisor de um carro estacionado e por pouco não bati em uma caminhonete.

Quando enfim cheguei ao porto, onde seria a corrida, o lugar já estava todo escuro, menos pelos faróis de um carro. Parei o Lexus perto desse outro carro e saltei.

– Olha só quem resolveu aparecer. O rei da independência deu o ar de sua graça. – debochou Wade, parado ao lado do carro.

– Foi mal, Wade. Eu tive um problema... – tentei dizer.

– Foi mal? Não, não. Foi péssimo, garoto. – disse ele me interrompendo. – Você por acaso perdeu a memória? Esqueceu quem eu sou? Esqueceu tudo que eu fiz por você?

– Não, Wade. Eu... – tentei de novo.

– Você chegou aqui sem nada. Eu te dei tudo. Deixei você correr, te ensinei a dirigir direito, fiz você ganhar dinheiro, te dei uma vida nova. Você não era ninguém quando chegou aqui. E é isso que eu ganho em troca? É isso que você tem para mim? Cadê a sal gratidão, o seu respeito? – gritou ele.

– Me deixa explicar, Wade. – pedi-lhe

– Não tem o que explicar. Você sumiu de repente, sem avisar. Aí teve um surto de consciência e me ligou. Eu fui extremamente bondoso, deixei você voltar, correr. E então, o que você faz? Me deixa aqui igual a um idiota, te esperando. Quando eu mando você aparecer em uma corrida, é para você aparecer! Sabe quanto dinheiro eu perdi por cauda da sua irresponsabilidade? Mas não se preocupe. Você vai me pagar. – disse ele.

De repente, quatro “capangas” do Wade apareceram. Dois atrás de mim e dois na minha frente. Eu nem tive tempo de pensar ou tentar reagir. Os dois capangas que estavam atrás de mim me seguraram, e os outros dois começaram a me bater.

Deram socos no meu rosto, na minha barriga. O álcool que ainda estava no meu sangue se misturou com as porradas, me deixando cada vez mais tonto. Eu sangrava de, praticamente, todas as partes do meu rosto.

Eles me soltaram e eu caí no chão. Achei que tivesse acabado. Mero engano. Eles começaram a me pisar, chutar e dar ponta pés. Tinha tanta coisa no meu corpo doendo que eu já nem conseguia distinguir o que era. Depois do que pareceu uma eternidade, Wade os mandou pararem.

– Isso é para você aprender a me obedecer e me respeitar. – disse Wade se aproximando de mim. – E isso aqui é um celular novo, porque o seu só vive dando caixa postal. Mantenha esse celular ligado e com você o tempo todo. Quando eu ligar, você tem que atender. E quando eu mandar, você tem que obedecer. – ele jogou o celular em cima de mim, depois foi para o carro com seus capangas e foi embora.

Sem os faróis do carro do Wade, o lugar ficou totalmente às escuras. Eu me sentia fraco, quebrado, destruído. Minhas costas, costelas, abdome, boca, olhos, nariz, pernas, braços doíam. Tudo doía, sangrava e parecia quebrado, deslocado ou algo do tipo.

Tentei levantar, mas não tinha forças para isso. Fui me arrastando pelo chão até o carro. Depois de muito esforço consegui entrar no carro. Mas eu não estava em condições de dirigir, então só fechei os olhos e deixei a dor e o cansaço me levarem para a inconsciente.


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Notas finais do capítulo

;)



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