E Se Tivesse Acontecido? escrita por Dai


Capítulo 10
Reencontro / A Culpa e as Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!
E obg a todos os comentários... =)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/448806/chapter/10

Em frente aos olhos de Paulina, um Carlos Daniel despenteado, com olheiras, e a roupa amarotada, a miravam em um pedido de socorro.

–Carlos Daniel. –Falou quase que inaudível.

–Paulina. –Falou no mesmo tom de voz dela deixando sua angustia cair em lágrimas. Seu corpo como em um impulso, voou para frente a procura da pele dela. Ele caiu de joelhos frente a ela. ali, a abraçou e ali encontrou a segurança que necessitava sentir. –Pelo Amor de Deus Paulina... –soluçou entre as lágrimas. –Pelo amor de Deus, me ajude. –Suplicou a ela com seus braços no entorno de sua cintura.

Paulina era um misto de tudo. Estava feliz por vê-lo, estava ali com ela. E tinha sem dúvidas algum motivo para procura-la. Mas o estado em que encontrava-se, a preocupou. Algo estava errado.

–O que Houve Carlos Daniel? –Perguntou retirando os braços dele do entorno de si, o erguendo, fazendo levantar. Carlos Daniel de pé frente a ela, a olhou e sem mais pensar a abraçou.

–O Carlinhos fugiu de casa.

–O que?! –Apavorou-se. –Quando? –Afastou-se de seus braços.

–Não sabemos bem. Eu estava na fábrica e vovó Piedade ligou-me informando o ocorrido. Eu estou desesperado. –Olhou em seus olhos buscando refúgio. –Ele deixou um bilhete dizendo que queria você. –Baixou o olhar sentindo-se culpado. –Acho que ele a viu quando saiu. –Sussurrou.

–Informas-te a polícia? –Perguntou séria.

–Não. –Murmurou.

–Como não Carlos Daniel? –Ela não podia acreditar.

–Vovó Piedade disse que você saberia onde encontra-lo. –Secou o rosto com a ponta dos dedos. –Me Ajude por tudo que há de mais sagrado... –implorou.

–Eu?-colocou a mão sobre o peito. -Como eu saberia onde esta?

–Não sei, é que...

–Espere. –Ela o interrompeu sentando-se a cama.

A mente de Paulina voou como flecha a uma tarde em que levou Lizete e Carlinhos a Igreja...

...

–Filho, tudo que quiserdes, peça a Deus e a Virgenzinha de Guadalupe. Se pedirdes com sinceridade, Deus atenderá. Seja o que for, venha aqui, peça com sinceridade, e Deus fará.

Paulina sorriu para o menino que estava ajoelhado ao seu lado.

–Te amo mamãe. –O menino a abraçou. Soltando seus pequenos braços, juntou as mãozinhas e fechou os olhinhos. Passados alguns segundos, os abriu e sorriu para Paulina que o olhava encantada. –Mamãe, pedi a Virgenzinha que você fique com a gente para sempre, e que nunca mais tenha de ir embora.

...

–Paulina? –Perguntou ele baixinho observando uma lágrima deslizar pela pele clara dela.

–Eu acho que sei onde encontra-lo. –Sorriu enquanto secava o rosto.

–Onde?

–Na Igreja no norte da cidade.

Sem pensar em mais nada, Carlos Daniel abraçou Paulina firmemente. Suspirando, murmurou no ouvido dela um “obrigado.” Seus corpos afastaram-se e Carlos Daniel a pegou pela mão saindo as pressas do quarto. Carlos Daniel quase arrastava Paulina pelos corredores da pequena Pensão. De mãos dadas Passaram pela recepção da Pensão e Paulina sussurrou para dona Matilde um pequeno “tenho que ir.” Dona Matilde sorriu para ela balançando a cabeça em concordância.

Carlos Daniel saiu do lugar sem afastar-se dela. Dando a volta no veículo abriu a porta para que ela entrasse e correu rapidamente ao outro lado tomando seu lugar atrás do volante. Com os nervos a flor da pele, Carlos Daniel acelerou o carro em busca de seu filho.

–Sabes como ir lá? –Perguntou Paulina com as mãos temblando em seu colo.

–Sim... –Sussurrou. –Mas como sabes que Carlinhos está lá? –Olhou de relance para ela que estava cabisbaixa.

–Bem, -deu de ombros. –Há alguns dias atrás, levei Carlinhos e Lizete lá. Disse a Carlinhos que tudo que ele pedisse a Deus e a virgenzinha com sinceridade, eles atenderiam. Depois disse ele fechou os olhinhos e orou... –Paulina enxugou uma lágrima que deslizou sua face. –Depois olhou-me e disse que pediu para que eu nunca mais tivesse de ir embora.

–Quando foi isso? –Perguntou olhando para ela.

–Faz uns 10 dias. Eu precisava ir a igreja, precisava de refúgio. –Escorreu outra lágrima de seus olhos.

–Perdoe-me Paulina, jamais imaginei que... –as palavras morreram.

Paulina que olhava para as mãos virou seu rosto para a janela tentando não cair em um choro descontrolado.

Mais alguns minutos de inquietação e Carlos Daniel parou o carro frente a igreja. Paulina nem esperou que ele desligasse o veículo e saltou para fora dele. Correndo em desespero, entrou na igreja em busca do seu pequenino. Seu olhar imediatamente tocou o pequeno garotinho encolhido sobre um dos bancos de madeira. Agradecendo a Deus em seus pensamentos, e agora aliviada, Caminhou até o menino que adormecia ali. As lágrimas de Paulina vieram a tona quando olhou seu rostinho perdido. Ele havia fugido por ela.

–Filho? Carlinhos, acorda meu amor... –chamou ela baixinho ajoelhando-se frente ao banco. Em um relance de olhar, Paulina avistou Carlos Daniel parado na porta da igreja observando-a com os olhos marejados. Ela não podia acreditar em tudo que estava acontecendo em menos de 24horas. Seus devaneios forem interrompidos pela voz baixa de Carlinhos despertando.

–Mãezinha! –Sentou-se rapidamente abraçando Paulina. –Eu Sabia que Você viria. Eu Sabia mãezinha.

Paulina desta vez caiu em um choro sofrido. Não podia mais imaginar sua vida longe de Carlinhos e Lizete, nem, longe do Pai deles.

–Como sabias meu amor? –Perguntou ao menino com calma, passando as mãos nos cabelos dele. O Olhar de Paulina chocou-se com Carlos Daniel que agora estava parado ao seu lado.

–Eu Pedi a Deus e a Virgenzinha, que trouxessem você de volta. Eu não quero ficar longe de você, mamãe. –Uma lágrima inocente desceu dos pequenos olhinhos do garoto.

–Sua mãe não vai mais a lugar algum meu pequeno. –Sussurrou Carlos Daniel antes de sentar-se ao lado do garoto puxando-o para seus braços.

Paulina congelou no lugar olhando Carlos Daniel e o pequeno Carlinhos enquanto sua mente tentava engolir as palavras dele.

–Provavelmente irá em busca de Paola... –Pensou baixando o olhar.

–Vamos Para casa Carlinhos? –Perguntou o Pai beijando o topo da cabeça do pequeno. Seu olhar correu para Paulina. –Vamos Paola? –olhou para ela pedindo cumplicidade.

–Vamos. –Murmurou.

–Esperem. –Pediu Carlinhos.

Paulina e Carlos Daniel entreolharam-se sem compreender. O Garoto levantou-se do banco e caminhou até o altar da Igreja, ajoelhou-se aos pés da Virgem de Guadalupe, e fechando os olhinhos, agradeceu baixinho a virgenzinha por ter trazido sua mãe de volta.

Paulina engoliu em seco sabendo o que o pequenino fazia. Carlinhos levantou-se do chão e caminhou contente até eles.

–Nunca mais fuja. –Falou Carlos Daniel sério olhando-o. Carlinhos baixou o olhar e agarrou-se as pernas de Paulina.

–Vem meu amorzinho... –Disse Paulina pegando o Garoto no colo, afagando seus cabelos. Carlinhos envolveu as pernas na cintura de Paulina e escondeu o rostinho no pescoço dela.

–Você não vai mais embora mamãe? –Sussurrou para que apenas ela ouvisse.

–Eu estou aqui, não estou? –Murmurou no ouvido do menino, atraindo o olhar de Carlos Daniel enquanto os três saiam da igreja.

Carlos Daniel fez a volta no carro e abri a porta para Paulina entrar com o garotinho nos braços. Paulina mal o olhou e entrou no veiculo. Carlinhos aconchegou-se nos braços dela e Carlos Daniel entrou no carro dando vida aos motores. Quando estavam a caminho da mansão, Paulina e Carlos Daniel não trocaram palavra alguma. Apenas o som do motor preenchia o interior do carro. Paulina olhava pela janela do carro abraçada ao garoto, tentando não chorar. Sua mente viajava em cada momento passado com as crianças. Lembrou das trocas de carinho entre ela e Carlinhos, os ciúmes da Lizete... Tudo fez o Coração dela apertar-se.

–Mamãezinha? –Chamou o Garoto.

–Oi meu anjo, o que foi? –Perguntou baixinho acariciando o cabelo corte cogumelo de Carlinhos.

–Eu fugi porque vi você indo embora. –Levantou a cabecinha olhando para ela. Paulina viu os olhinhos do garoto marejarem. –Você prometeu que nunca me deixaria. –sussurrou.

Paulina não conseguiu controlar o choro naquele momento. As lágrimas que segurou por tanto tempo, afloraram sem controle. Suas mãos envolveram o Garoto com todas as suas forças.

–Não chora mamãezinha. –Pediu.

Carlos Daniel não pode deixar de olhar para eles enquanto dirigia. Dentro de seu peito, aquele coração que tanto já sofreu e que agora está tão ferido, contorcia-se em angustia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
e ñ é q o Carlinhos ajudou?
nos prox caps... A volta a casa... a proximidade... e o desejo.
Aguardem...