Rise of Lorien escrita por Sammy Martell


Capítulo 4
Capítulo Quatro


Notas iniciais do capítulo

Provavelmente o maior capítulo até agora, esse deve estar realmente confuso, mas eu queria muito postar um capítulo antes do Natal então aqui está.



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Capturada, eu fui capturada. Mas há quanto tempo? Dias, meses, anos? É difícil definir quando não consegue ver o sol por muito tempo. Quando fora a última vez que meus pés tocaram na grama, que eu troquei de roupa ou havia comido? Tudo em minha mente estava tão confuso que não conseguia raciocinar. Talvez eu nem tivesse sido capturada, as roupas e a cela não combinavam com o típico estilo Mogadoriano, eles normalmente me colocariam em um lugar sujo não em um lugar completamente branco e com paredes almofadadas.

Era exatamente isso que me preocupava. O fato de não saber nem o motivo por estar ali, as memórias dos dias que podia ter sido não estão em minha mente, não consigo sentir nada, nada. Isso me preocupava, agora nada mais me preocupa. Nem tempo, nem comida, nem água, nem vestimentas, não desenvolvi um legado se quer até agora o que me faz acreditar que talvez os homens de branco estejam certos, eu criei um mundo imaginário em que poderia ser uma heroína e escapar da realidade.

Afinal eu não me lembrava da minha infância. Quem eu sou? Qual é o meu nome? No fundo da minha mente há apenas uma palavra, muito simples com seis letras: quatro, mais nada, apenas um número. As perguntas invadem a minha mente todas as noites depois de ter um pesadelo que me atormenta por dias.

Uma adolescente acompanhada de um jovem que andam por um aeroporto apressadas como se fossem perseguidos. A adolescente é estranhamente parecida comigo e o garoto não me é estranho, porém não consigo lembrar dele. No entanto o pesadelo não continua, não há vozes, ruídos, nada que possa me dar uma pista sobre as duas. Por que é um pesadelo então? O silêncio a pressa, isso me aterroriza. Às vezes outro pesadelo que tenho não há rostos, apenas meninas enfileiradas fazendo suas tarefas sem questionar e quando erram algo ou recebem a culpa de alguma coisa que não fizeram, são castigadas sem dizer uma palavra e isso é outra coisa que abomino: regras. Regras foram criadas para serem quebradas e não seguidas.

***

Os homens de branco todos os dias vêm até minha cela, me tiram a força, me amarram à uma cadeira e começam a me fazer perguntas calmamente, as respostas que dou, porém, não são aquelas que eles esperavam, mas não há nada que eu possa fazer, essas são as únicas respostas.

Em um certo ponto a raiva deles é tão grande que apenas me deixam alguns dias sem comer para ter novos resultados. Isso nunca funciona, não parece fazer diferença dentro de mim, a fome não me atinge tanto quanto os outros prisioneiros.

Depois de ser torturada de várias maneiras por informação eu perdi minha memória e não sei mais como responder nenhuma pergunta que me fazem.

Estou nadando tão fundo em meus pensamentos que não ouço o homem chamar um nome que me é familiar.

–'Carollyn.

Foco nele, levantando a cabeça, minha franja negra quase tapando minha visão.

– Quem é Carollyn? – pergunto vagamente.

O homem mais jovem suspira.

– Viu o que dar eletrizar pessoas? Elas podem perder a memória! – ele diz exasperado.

– Se tivesse estudado como deveria, saberia que é efeito de uma batida de cabeça. – retruca outro homem ao seu lado, dessa vez mais velho.

– Você está insinuando que não sei sobre o que faço?

– Cavalheiros, cavalheiros, por favor, não há necessidade de um argumento na frente de uma paciente.

Paciente? Não seria prisioneira?

O homem que acabara com a briga dos outros dois se inclina para frente.

– Responda a pergunta por favor.

– Que pergunta? – franzo as sobrancelhas.

– De onde você vem?

– Lorien.

– A verdade.

– Lorien.

– A VERDADE! – ele grita se levantado

– EU ESTOU DIZENDO A VERDADE! – protesto.

Ele se aproxima de mim desferindo um tapa no lado esquerdo de meu rosto.

– Você não quer voltar para aquela sala, quer? – pergunta lentamente.

– Não. – murmuro.

– MAIS ALTO! – grita em meu rosto.

– NÃO! – grito de volta, mas posso sentir minha mão tremendo.

Ele sorri.

– Pois bem, então responda a pergunta.

– Eu respondi.

– Dessa vez fale a verdade.

– Lorien.

Ele bufa irritado sentando-se em sua cadeira, apenas para se inclinar sobre a mesa que nos separa,

– Carollyn você é uma jovem moça, tem muito para viver. E não será a primeira criança a inventar um mundo imaginário, mas será a primeira a continuar a acreditar nesse mundo mesmo depois de amadurecer.

Eu sinto as lágrimas se formarem nos meus olhos.

– Eles morreram. – sussurro.

– Quem. – vejo um sorriso se formar no canto de seus lábios.

– Minha espécie, todos estão mortos.

Aquele sorriso que vira antes se foi em um piscar de olhos e ele sinaliza para o guarda que estava na porta para me tirar dali.

Não resisto, apenas me deixo ser oprimida por eles, todos eles, não só o guarda como os homens em branco que me mantém aqui.

Quando passamos pelas celas, posso ver os rostos dos prisioneiros, não, pacientes, olhando pelas barras e se agarrando a elas como se fosse um suporte de vida. O guarda se vira para falar com um amigo no meio do caminho. Uma mulher agarra meu cabelo me puxando para perto.

– Fuja enquanto ainda pode, menina, fuja e não se deixe ser oprimida por eles. – sua voz trêmula sussurra em meu ouvido.

Quando olho em seus olhos eu posso ver a bondade nos olhos cheios de dor e horror, um traço comum entre todos nós.

– Agora.

Uma força cresce dentro de mim quando percebo o que ela quer dizer, juntando minhas forças para sair correndo e assim o faço, o guarda que me levava para minha cela se volta para mim percebendo que eu havia fugido.

Não demora muito para que ele me alcance e tente me puxar de volta, mas eu atiro minha cabeça para trás acertando-o no nariz, ele recua colocando as mãos em cima do nariz sangrento e aproveito para escapar.

Eu me sinto pela primeira vez na minha vida, livre, de fato livre, sem ninguém para me impedir.

Então eu ouço os alarmes soando e a porta da frente e janelas se fechando.

Corro para a porta da frente, os guardas tentando me puxar para trás, acerto um deles com o cotovelo e o outro com o joelho e continuo a correr, deslizando pelo chão e saindo pelo pequeno espaço que agora não existia mais.

Estou fora da prisão, deitada na grama e tentando recuperar o fôlego enquanto levantava lentamente.

Sinto a grama nos meus pés, verde e molhada de orvalho da manhã, fazendo cócegas nos meus dedos e delicadamente amassada onde em piso. Um leve sorriso se forma no meu rosto quando saio correndo e rindo, aproveitando um momento que eu tinha certeza que não duraria para sempre.

Pulo de susto quando ouço um barulho assustador imediatamente me virando para verificar o que está acontecendo. Não vejo nada, apenas parte da prisão ou, como diz a placa da frente "Hospício", aberta e prisioneiros, ou pacientes, pulando dali e correndo como loucos pela grama como eu fiz. Não sei o que aconteceu até que vejo o rosto do anjo nos meus pesadelos, o garoto que corre pelo aeroporto com a adolescente.

Ele desce cuidadosamente do prédio caminhando em minha direção seus cabelos suados voando para o lado com o vento e seu sorriso encantador direcionado em minha direção.

– Carollyn! ele exclama me abraçando.

Eu o empurro.

– Me solta! Eu nem conheço você, qual é o seu problema? E, pelo amor de Deus quem é Carollyn?

Vejo a expressão de terror em sua face e me sinto um pouco culpada de ter perguntado.

– Você não se lembra? – ele pergunta.

– Ah...Olha, eu não sei do que você está falando...eh, uh...cara. Mas eu não conheço nenhuma Carollyn.

– Então qual é o seu nome? ele me lança um olhar desafiador.

– Eu não...

Quando vou completar minha frase imagens do número quatro correm por minha mente, escrito ou desenhado, o mesmo número em diversas línguas.

– Quatro. – murmuro.

– O que? – sua expressão de terror se transforma em confusão.

– Quatro, meu nome é Quatro.

Ele assente.

– De um jeito ou de outro eu suponho que seja. – dá de ombros. – Precisamos ir embora, agora que estamos fora do hospício os mogs podem nos capturar mais facilmente, estamos muito visíveis, talvez não tão parecidos quanto da última vez, mas ainda vão nos reconhecer.

– Mogs? Quer dizer mogadorianos? Eles existem? – pergunto enquanto ele me puxa pelo pulso.

– Claro que existem! O que você quer dizer com isso? – dessa vez ele se vira genuinamente preocupado.

– Lorien?

– Obviamente.

– Garde?

– Nós.

– A guerra?

– Acontecendo agora, por isso temos que nos esconder! – ele exclama impaciente me puxando com mais força.

Sigo-o pelas ruas da cidade, sem poder resistir.

Apenas algumas horas de caminhada até que anoiteça, e ouço um apito agudo. Os olhos do garoto loiro se arregalam e ele me puxa para um beco colocando a mão em minha boca.

Mm mmmmm! – tento dizer algo, mas tudo que sai é isso.

– Shh.

Mmmm!

Uma figura alta portando uma arma passa pela entrada do beco, verificando se não havia ninguém, ele não nos vê, escondidos na escuridão, então apenas se vira e sai andando. Mesmo não tendo uma boa iluminação algo dentro de mim me diz que aquilo é um mog.

– Vamos. – o garoto sussurra pegando minha mão e começando a correr.

Umas duas ou três vezes tivemos que nos esconder antes de chegar até um prédio. O loiro vasculha a planta ao lado murmurando algo como "eu sei que deixei por aqui", finalmente tira de lá uma chave prata, usando-a para abrir a porta do prédio.

É um prédio velho, as paredes estão gastas e o chão de madeira range aos meus pés. O jovem me conduz pela a escada, levando-me para o apartamento do segundo andar, não demoro a perceber o quão aconchegante, porém pequeno, é o local.

– Quer se sentar? Tomar um banho? Provavelmente não se lembra que seu quarto é no andar de cima, mas está avisada.

– Meu quarto? Eu tenho um quarto? Espere, este apartamento é meu? Como?

Não me lembro deste lugar. Na verdade eu realmente não me lembro de nada, o que realmente não ajuda nessas horas.

– Obrigada. – sussurro.

– Você é sempre bem-vinda aqui, sabe que é. – ele sorri. – Vou fazer um pouco de chá, se precisar de algo é só me chamar, tente não fazer muito barulho e não ligue as luzes.

Assinto, mesmo sem saber o motivo e lentamente eu exploro o apartamento. A cozinha é aberta para a sala e muito simples, porém não me incomodo com isso. Há um pequeno corredor que leva para um quarto e um banheiro, então decido tomar um banho.

Para minha sorte uma pilha de toalhas está dentro da pia, o que é um alívio, pois não sabia como me secaria depois.

Não demoro muito para tomar um banho, mas eu gasto bastante tempo contemplando meu rosto no espelho. Tenho que admitir, eu estou um caco.

Meus cabelos negros quase chegam a minha cintura e estão emaranhados, tenho cicatrizes por minhas costas que não me lembro de ter e meus lábios estão rachados. O tempo que eu fiquei presa naquele lugar não tinha só me rendido péssimas memórias, mas também uma péssima aparência.

Na minha mente o único jeito de deixar o passado para trás é cortar tudo que lhe reúne com ele e definitivamente minha aparência me lembra do tempo que passei presa.

Bocejo e percebo que estou exausta.

Me encaminho para o quarto de cima, na cama há uma bandeja com chá, um pijama e um bilhete.

Pego o bilhete primeiro.

"Você realmente é muito lenta para tomar banho, mas não importa, como prometi aí está o chá que depois de tanto tempo provavelmente estará frio. A proprietária também me deu um pijama para que você pudesse usar, espero que caiba bem.

Drake"

Drake? O nome dele, Drake.

Tenho que admitir, é perfeito para ele.

Drake.

Repito o nome várias vezes, rolando-o pela língua aproveitando o momento e dou um pequeno sorriso, apertando o bilhete contra meu corpo.

Retiro a bandeja cuidadosamente da cama, colocado-a sobre uma cadeira e pegando o pijama. Presto atenção nos detalhes. É um conjunto, uma calça preta e uma blusa cinza confortáveis. Embora as calças caibam perfeitamente a blusa fica um pouco larga, mas isso não me incomoda quando deito na cama macia e tento dormir. Uma noite bem merecida.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam da Carollyn? E do Drake? Talvez uma nova amizade, ou um lindo casal? Quem sabe?
Eu queria desejar um feliz natal para todos meus leitores (que comentem ou não nesse capítulo)porque eu amo todos vocês!
Kisses Sammy



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