Desventuras do amor escrita por Vick Pimentel


Capítulo 3
Capitulo 3- Sr.Mellark


Notas iniciais do capítulo

Meus amorzinhooooos, mee descupem por sumir, estive em Nárnia por mais de 200 dias. Então tudo bem se quiserem me matar. Não vou explicar detalhadamente a situação porque passei o dia escrevendo e estou morta de cansada.
Mas bom, eu tive meus motivos. eu nunca tinha perdido alguém, e alguém muito importante partiu.
Eu fiquei muito abalada e faz um mês desde que voltei a escrever. no prox ep eu conto tudo direitinho.
Não vou prometer que n vou demorar a postar, mas vou me esforçar.
Quanto a mudança no nome da fic, n me matem. Foi tipo uma lâmpada que apareceu na minha cabeça e eu precisava mudar. Me perdoem, de vdd.
Bjinhus,
até la embaixo.
E, ah, todos os lugares no texto realmente existem, não achem que eu sou louca e inventei esse monte de coisa kkkkk



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[...]5 meses depois [...]

O inverno está chegando ao fim em Nova York. Fim de fevereiro, logo a primavera chegará. Fiz 30 anos no mês de outubro. Mais precisamente no dia 5. Matthew e Victorie farão seis meses em breve.

Meu primeiro plano -a bem da verdade o único plano- era viver com a aposentadoria por invalidez. Mas isso na verdade era meio que um plano de sobrevivência. Não um plano de vida a longo prazo. Trabalho e independência são palavras que combinam comigo, com a minha personalidade. Eu simplesmente não sou do tipo de pessoa que se senta num sofá de molas e fica vendo a vida passar enquanto assiste á um programa local de domingo com barris e barris de cerveja sobre a mesa de centro. Talvez a Katniss pós-guerra fizesse algo do tipo mas, 1- eu não bebo e 2- odeio programas de domingo e 3- no momento em que decidi ter meus filhos, essa fase foi superada, não deixada pra trás, mas de certa forma, tudo que mais quero é poder enterrá-la no fundo de um baú. Quero esquecer o quão fraca posso ser, porque essa não sou eu. Não sou uma pessoa fraca e é por isso que estou aqui.

Renaissance New York. Leio o letreiro luminoso. Uau.

O Renaissance é na verdade um hotel no coração da Times Square, na 714 7 th Avenue, entre as ruas 47 th e 48 th –onde algumas pessoas- e por algumas quero dizer ricas- se hospedam pra ver a subida da bola no ano novo.

Só posso chegar à conclusão de que meus pais tinham ótimos contatos no mercado de trabalho porque a pessoa que estou indo encontrar, não num hotel, mas no restaurante desse hotel, está hospedada nele.

Respiro fundo. Não posso parecer nervosa. Ajeito a calça jeans preta, dobro um pouco as mangas do blazer branco e torço para que isso seja casual o suficiente para uma entrevista de emprego.

[...]

Minhas unhas tilintam inconscientemente sobre o balcão do restaurante e forço minhas mãos a pararem quando percebo o que estou fazendo.

Droga. Malditas manias. Eu não sou nem um pouco elegante. Aaaaaah, seja o que Deus quiser.

–Hm, ah, eh... Boa tarde.

A secretária olha para mim e sorri.

–Me desculpe, não tinha visto a senhora. –Não me surpreendo.- Como posso ajuda-la?

–Eu, hm - Pigarreio. – Bem eu vim encontrar o Sr. Mellark...

–Ah sim, claro. Ele deixou um aviso. Está a sua espera. – A mulher se levanta. –Vou guia-la até a mesa.

–Obrigada. –Digo sem jeito.

Ela me conduz por entre as mesas, os cabelos loiros presos num coque alto, seu salto agulha quase não emite ruído enquanto ela dança elegantemente sobre ele... Enquanto meus saltos rangem sobre o piso lustroso a cada passo.

Meus lábios, espontaneamente, soltam um gemido frustrado.

São os cabelos loiros que me chamam a atenção primeiro, depois a forma como está vestido; jaqueta de couro preta, calças e botas pretas e um cachecol? Não que eu costume reparar em coisas como a roupa das pessoas, mas eu havia imaginado, afinal, um idoso, cabelos grisalhos, nada de músculos, terno, gravata, sapato social. Não isso. Não esse cara.

–Sr. Mellark – A secretária chama.

Ele se levanta e se vira para mim. Só posso concluir uma coisa:

Realmente não era por esse homem que eu estava esperando.

Minhas pernas tremem, mas ainda assim obrigo-me a assumir uma posição de total confiança para cumprimenta-lo. Ele estende sua mão e aperto-a formalmente.

–Srta. Everdeen. – Ele me dá um sorriso reconfortante como se pudesse sentir o meu nervosismo.

–Sr. Mellark. – Devolvo.

A secretária se retira e o Sr. Mellark puxa uma cadeira para eu me sentar. Isso é algo novo para mim. Pessoas normais fazem isso? Ou faz parte dos procedentes?

–Então, Srta. Everdeen. Devo lhe pedir desculpas pelo meu pai, Haymitch é um problema sério, e é por isso que você está aqui. –Está tentando quebrar o gelo, tentando deixar a conversa num clima ameno para mim. Deus, ele não sabe o quanto estou grata. –Haymitch se atrasou e perdeu o voo de volta para Nova York.

–Hm, pessoas ricas não andam em jatinhos particulares e essas coisas? –Pergunto.

–Basicamente sim. Eu admito. –Mellark sorri novamente. – Mas ele dispensou, digo, o jatinho. Estou começando a achar que ele o fez propositalmente. Então a Srta. terá que se conformar com a minha presença.

–Posso conviver com isso. –Será que estou sendo pretensiosa? Quer dizer, não é como se eu já tivesse passado por uma entrevista de emprego antes. Me impressiono ao perceber um sorriso no canto de seus lábios. Não devo estar sendo tão patética assim.

–Fico feliz. –Ele retruca. –Bom, voltando ao que viemos fazer aqui, Srta...

–Katniss. – Ele não entendeu. –Meu nome... É... Katniss. Só... Katniss.

–Então, só Katniss... –Ele da ênfase.

–Péssima piada. –Nós dois sorrimos.

–Ah, então você é exigente com piadas.

–Só um pouco. –Digo.

Seus olhos azuis me encaram com divertimento. Com um certo brilho. É hipnotizante.

Só Katniss– Ele prossegue com um sorriso. –O anúncio de emprego se referia à contratação de uma secretária. – Anuo. –Preciso deixar claro que, em minha opinião babá seria a melhor definição.

–Como assim?- Pergunto, por que realmente não estou entendendo aonde ele quer chegar.

–Haymitch é um grande empresário. Ele é astuto, ótimo com ações e negócios, por isso as empresas Mellark cresceram ao ponto de se tornarem tão importantes no ramo dos negócios e grandes empresas, mas, como filho, não posso defini-lo como responsável. Ele nunca acorda no horário, está sempre atrasado para as reuniões, e ele bebe... Muito.

–Então você quer dizer que eu vou ser mesmo babá do seu pai? –Só pode ser brincadeira.

–Quase isso. Você ficará encarregada de marcar as reuniões e assegurar que ele compareça a elas no horário certo e esse tipo de coisa. Se você aceitar o emprego, claro.

–Entendo. –Digo simplesmente. – E eu tenho até quando para decidir?

–Bom, acho que nós devemos jantar agora. Enquanto isso você pode ir pensando.

– Sr. Mellark, a hora da refeição é a hora sagrada. Sou a favor de mais tempo para pensar. –Ele sorri para mim. Há algo no azul de seus olhos que me impede de parar de encará-lo, algo que já vi antes, familiar, por assim dizer.

–Posso pensar no seu caso se você não me chamar de Senhor Mellark novamente. Sr. Mellark é o meu pai. Eu sou Peeta. Só Peeta. –Dessa vez é um sorriso irônico que surge em seus lábios, totalmente cínico. No entanto... Mesmo sob o cinismo, seus olhos me confidenciam um brilho doce. Quase carinhoso.

Odeio jogos, mas nada me impede de entrar no jogo dele. Ainda não aceitei o emprego, de qualquer forma.

–Então... Só Peeta. Não vai chamar o garçom?

[...]

O garçom retira nossos pratos.

–O casal aceita mais Champanhe?- Casal?

–Não somos um cas...

–Eu aceito. –Corta Peeta.

–Eu não. Obrigada. –Falo. –Um copo é mais que suficiente para mim.

O garçom se retira.

–Sinceramente, você pode me dizer o que foi aquilo que comi?- Peeta gargalha da minha pergunta. –Aquilo era dos Deuses.

–É meu prato favorito. Sinto muito não poder lhe informar o nome. Mas é um segredo de estado. –Ele brinca.

–Oh, sim. Você sempre sugere seu prato favorito nas entrevistas de emprego?- Brinco de volta, apoiando os cotovelos sobre a mesa.

–Na verdade não. Você é uma exceção. –Meu rosto queima instantaneamente. O que eu sou? Uma adolescente?

–Se o nome desse prato fosse algo compreensível, eu poderia ter gravado. Não entendo o porquê desses nomes que mais parecem decodificações.

Tento mudar de assunto, porque não estou acostumada a isso. Durante muito tempo as únicas pessoas com as quais tive contato foram Gale e os soldados do exército, depois Annie e Finnick. Não sei como devo agir perante esse tipo de comentário.

–Eu poderia comer no Bubba Gump Shrimp Company ou no Sbarro Pizza sem problema algum. –Digo. –Fora que um prato desses deve pagar as minhas contas de água e luz.

–Foi meu pai quem te chamou aqui. – Comenta Peeta sério. –Da próxima vez, quando eu chamar, te levo em um dos dois que você sugeriu. E eu pago a conta, não se preocupe.

–Não foi isso que eu estava querendo dizer... –Começo. Meus dedos já tilintando nervosamente na mesa.

Peeta me ignora e chama o garçom. Ele paga a conta e pisca para mim. Como dizendo “Está vendo? Eu não me importo.”

–Podemos ir Srta. Só Katniss?

Anuo. Nós nos levantamos e Peeta me acompanha para fora do restaurante. Agora, mais calma, reparo o quanto tudo dentro desse hotel é maravilhoso. Os detalhes no teto, nas paredes, nas pilastras, desde o quão reluzente são os pisos onde meus saltos fazem barulho novamente, às pétalas das rosas vermelhas nos jarros de cada balcão. Um misto de alta tecnologia e coisas antiquadas.

–Isso aqui é incrível. –Comento, mais para mim mesma que para Peeta.

Foram quase onze anos servindo os Estados Unidos. Onze longos anos vendo apenas guerras, confrontos, tiros, mortes, dor, sofrimento. Acho que a maioria das pessoas esquece-se de ver a beleza das pequenas coisas quando é exposta a um grande sofrimento ou a momentos ruins. Talvez essa seja uma das minhas poucas qualidades. Eu posso até me esquecer por um tempo, como foi quando voltei do exército. Mas logo volto a procurar beleza em tudo; uma borboleta num dia ensolarado, uma pequena flor no canto da calçada de uma cidade totalmente asfaltada, gotas de chuva em um vidro, os mais diversificados tons de laranja sobre os prédios no por do sol... O sorriso mais lindo e banguela dos meus filhos.

No momento, a coisa mais bonita que consigo encontrar é um belo par de olhos azuis que contemplam minha fascinação com o local, dessa vez com um brilho diferente, que não consigo decifrar. Mas, eu sei, em algum lugar dentro de mim, eu sei.

Já vi esses olhos antes.

Já os vi muitas vezes.

Mas, onde?

Peeta me olha nos olhos e eu novamente não consigo desviar. Estamos na porta agora.

–Acho que me despeço aqui. –Digo, querendo, por tudo que é mais sagrado olhar para outro lugar.

Isso só pode ser culpa dessa minha queda por coisas bonitas. Seria hipocrisia negar a mim mesma, a essa altura do campeonato que os olhos de Peeta são incríveis. E não só a cor, o brilho. Mas a forma como eles podem segredar coisas. Dizem que os olhos falam. Se você olha nos olhos de Peeta Mellark, a primeira coisa que pensa é:

Se esses olhos pudessem falar, o que eles diriam?

Você ainda não me disse se aceita ser babá do Haymitch. –Peeta diz, sua voz sobrepondo os barulhos da cidade; as vozes das pessoas, o corre-corre, o barulho dos carros.

–Você disse que me deixaria pensar! –Cruzo os braços.

–Eu disse que pensaria no seu caso. –Ele levanta as sobrancelhas, me desafiando a ter uma resposta para isso.

Eu amo desafios.

–Então, continue pensando enquanto eu vou para casa. O Sr. Mellark, vulgo seu pai, tem meu número. Peça para ele me ligar dep...

–Tenho uma ideia melhor. Eu posso pegar meu carro no estacionamento e você pensa na proposta de emprego enquanto eu te levo em casa.

Ainda gesticulando, Peeta se vira e anda a passos rápidos até o estacionamento.

–Não prec...

–Não foi uma pergunta.

Ele me deixa para trás e corre por entre as pessoas. Posso ver seus cabelos loiros esvoaçando contra o vento frio do fim de fevereiro. O cachecol preto balançando no pescoço.

Quando ele some na multidão, apenas um cheiro de talco e perfume masculino paira no ar.

O cheiro dele.

[...]

O carro sport preto, para em frente ao prédio onde moro. Peeta solta o cinto de segurança e se vira.

–Então?- Pergunta, por fim.

–Hm, obrigado?

Ele ri e balança a cabeça.

–De nada? –Responde.

Ficamos em silêncio por um tempo. O aquecedor ligado. O cheiro doce do meu perfume misturando-se ao masculino do dele. Meus dedos tamborilam sobre o porta luvas e contenho-os quando percebo, então estendo minha mão para cumprimenta-lo.

E espero.

Mas ele não pega minha mão.

Peeta desce do carro. E me assusta quando abre a porta do lado em que estou sentada.

– O quê?- Ele finge estar ofendido. –Estava duvidando do meu cavalheirismo?

–Eu nunca faria isso, Sr. Só Peeta Cavalheiro. –Sorrio.

Assim que ponho o corpo para fora do veículo, o vento gelado corta meus ossos por baixo das roupas, chicoteia meu rosto e me faz estremecer. Desdobro as mangas do blazer, e esfrego minhas mãos umas nas outras. Tenho certeza que meu rosto está corado por causa do frio.

–Será que agora você pode apertar minha mão? –Pergunto.

Peeta estende-a e aperta a minhas com força. Sua mão está tão quente que instantaneamente desejo mais. Mais de seu toque, mais do calor de suas mãos.

–Choque térmico. –Diz abruptamente.

–O quê?

–Sua mão... Está gelada e a minha quente: choque térmico. Você deve ter faltado a umas aulas de física.

–Não brinca. Você falou do nada e eu não entendi. Não deu tempo. As vezes o meu raciocínio fica bem lento quando sou surpreendida. –Digo sem parar, atropelando as palavras. Meus olhos vidrados em nossas mãos entrelaçadas.

–De qualquer forma está frio. –Ele solta minha mão.

–Hã? –Pergunto novamente.

Peeta não precisa responder, porque logo seu cachecol envolve meu pescoço. E o cheiro de talco invade minhas narinas.

Dou um breve sorriso de gratidão e vou andando. Quando chego aos degraus da porta de entrada viro-me para acenar em despedida. E então ele grita:

–E sobre a proposta, Katniss?

–Acho que agora temos um divida. –Digo sorridente, apontando para o cachecol.

Peeta está apoiado no carro. Posso associar a imagem á uma novela antiga; ele parece um típico galã dos anos 50. E como se seguindo um repertório, ele sorri para baixo, balança a cabeça e olha para mim.

–Isso é um sim?- pergunta.

–Tenho que devolver o cachecol, não tenho?


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Criticas? elogios? sugestões? estou aberta a tudo? Mereço anistia pela minha demora? kkkk Vamos deixar reviews pra eu ficar feliz u.u