The Women's Revolution escrita por mrsbriel


Capítulo 15
Capítulo 15




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Tudo o que eu sinto é que estou imensamente atordoada. Não me lembro do que eu fiz ontem ou do que comi no café da manhã de hoje. Tudo o que consigo me lembrar é que meu nome é Tessa Stolpeen e que tenho quinze anos. Talvez dezesseis.
Abro meus olhos e tudo o que consigo enxergar são coisas brancas. Talvez seja o efeito de um medicamento. Talvez eu esteja dopada. Não sei.

Não sei. Não sei. Não sei. Não sei.

Só...parece ter algo errado. Peças de quebra-cabeça que parecem estar foras de lugar. Parecem ser as peças corretas, só que...estão trocadas. Uma tomando o lugar de outra. E não consigo encaixá-las, por mais que lute para isso.

– Olá, Tessa! - Uma voz que me dá um refluxo assim que escuto, diz. - Como tem passado?

Luto para encontrar algo fora da luz branca, e tudo o que encontro é uma mulher de cabelos cortados nos ombros e lisos, olhos claros e lábios grossos. Bonita. Uma beleza natural.

– Bem. - Respondo.

– Consegue se lembrar de quem sou eu? - Ela pergunta.

Penso um pouco. Mal consigo me lembrar de quem sou eu, mas algo me diz que eu não deveria estar conversando com ela. Eu não deveria, mas estou. E ela é a única pessoa nessa sala que eu me lembro de ter visto outras vezes.

– Bailee Mason. Eu já te vi no noticiário enquanto assistia televisão com a minha mãe, Jennette Stolpeen. Não sei se você a conhece.

– Oh, sim, Jennette. Teve uma morte trágica. Alguns homens a mataram.

Engulo em seco. Não. Tem algo errado.

– Alguns homens...a mataram?

– Sim. Derek Ripling fez isso.

– Derek...Ripling? - Definitivamente tem algo errado. Algo errado. Algo errado. Algo errado.

As palavras ecoam em minha mente e se embaralham.

Meu nome é Tessa Ripling...não. Tessa Stolpeen. Minha mãe, Jennette, tentou matar um homem, Derek Ripling...não. Derek Ripling matou minha mãe, Jennette.

– Tem mais alguma coisa que possa me fazer lembrar de...minha vida? - Pergunto.
Bailee sorri.

– Sim. Você tinha um irmãozinho, Jamie. Ele também ajudou Derek a matar sua mãe. E depois disso, Derek e Dylan mataram seu irmão.

– Dylan? - Pergunto.

– Sim. Seu escravo. Ele é um dos rebeldes agora. Os rebeldes estão escondidos no subterrâneo. Precisamos achar o começo de seu esconderijo. Precisamos pegar quem matou sua mãe.

Respiro profundamente.

– Algo sobre Clover?

– Consegue se lembrar de Clover? - Bailee exclama.

– Sim. A guarda do farol.

– Ah, claro. Vocês se encontraram quando você fugiu para o farol, pedindo ajuda. Os homens capturaram você. E a torturaram por dias. E abusaram sexualmente de você. Quase a mataram. Mas conseguimos salvá-la.

– Eles...me estupravam?

– Infelizmente. E por isso fizemos uma espécie de esquecimento geneticamente alterado em você. Para tirar de suas memórias todo esse sofrimento e violência. - Ela se aproxima de mim e passa a mão em meus cabelos que estão grudados ao rosto. - Querida, eu sinto muito.

– Não sinta. Eu vou vingar minha mãe. Vou vingar meu irmão. Vou me vingar por todas nós. - Digo, decidida.

Ela dá um sorriso presunçoso e sai da sala, me deixando sozinha com a minha confusão extensa.

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[P.O.V George Mason]

Derek anda de um lado para o outro no Centro de Controle. Eu não o culpo por estar desorientado. Eu mesmo estou.

Certo, eu perdi uma pessoa de extrema importância em minha vida, mas Derek perdeu duas. E não pode fazer nada, assim como não posso agora. Estou de mãos atadas.

Faz dois dias desde que Tessa desapareceu. E Clover desapareceu com ela. Jake está sumido por dois dias também, mas sabemos que ele está bem, porque ele está na cidade. Ele não saiu daqui, então suponho que dessa vez, quem esteja em um guarda roupa, num completo luto, é ele.

Eu mesmo me enfiei no guarda roupa da Tess nesta tarde. Isso porque eu deveria tê-la seguido. Deveria tê-la prendido com meus braços. Deveria, deveria, deveria. Deveria ter feito tantas coisas que não fiz e agora não temos mais tempo. Está tudo perdido, a não ser que eu tente convencer Bailee a fazer alguma coisa.

Ou melhor. Não fazer alguma coisa.

Derek me mandou esquecer essa possibilidade, porque o momento de fraqueza de minha indesejável mãe já acabou. Ela já sabe que estou vivo e sabe que estou bem. Mas também sabe que eu a odeio tanto que poderia matá-la estrangulada.
Principalmente agora.

Katy e Dylan estão sentados lado a lado. Imagino Tessa ali, botando a língua para fora num gesto de repulsa brincalhão quando vê a cena. Imagino Tessa aqui. Imagino Tessa ali. Imagino Tessa acolá.

Eu nunca vi Derek tão preocupado. Nem tão inconsolável. Porque ela foi pega. Está acabado.

– Eu vou procurar por Jake. - Anuncio. Jamie coloca-se de pé, pronto para me seguir.

Dylan olha para mim com uma expressão de dor, mais do que de ódio. A mistura disso só mostra o quão preocupado ele está. Tanto quanto todos nós.

– Espero que a matem rapidamente. - Ele diz para Katy, antes que eu saia da sala. Jamie para no mesmo instante que eu e vira-se. Espero um minuto até que eu me viro, tentando amenizar a fúria pelas últimas palavras que acabo de ouvir.

– O quê? - Jamie pergunta.

Dylan levanta para se explicar para todos na sala, que o olham demasiados tristes e desanimados.

– Prefiro que a matem rapidamente à torturá-la por dias e dias, tentando descobrir a nossa localização. - Ele diz, mas não engulo sua explicação. Minha raiva dele só aumenta.

– Ela deveria ter pensado exatamente a mesma coisa a seu respeito quando foi salvá-lo no farol, Dylan. - Digo.

– Quando nós fomos salvá-lo. - Corrige Derek. - Não faça com que eu me arrependa por isso.

– Vocês não entendem mesmo. - Katy entra no meio, falando como se entendesse algo a respeito de qualquer coisa que fosse, que não seja suas unhas pink ou seus sapatos de salto alto. - Tessa é uma pessoa no meio de uma revolução. Todos aqui estão dispostos a morrer por esta causa. Ela vai morrer acreditando que vocês conseguirão sozinhos. Ela não é mais importante que nenhum dos que já morreram em meio a um combate.

– Cale a boca. - Digo mais que rapidamente.

– Não a mande calar a boca. - Dylan coloca-se em minha frente.

Eu o empurro com as minhas duas mãos e ele choca-se contra a mesa extensa.

– Cale. A. Boca. - Repito, me dirigindo à Katy. - Não tente falar sobre algo que não entende. Você seria bem vinda na conversa caso estivessemos falando sobre marcas de sapatos e estilos de cabelos que estão na moda. E quanto a você, Dylan, seria útil caso estivessemos aprendendo sobre como partir corações ou a brincar com sentimentos alheios.

Dylan levanta-se e vem em minha direção, com o punho fechado. Sei que estou prestes a apanhar, já que não estou com a mínima disposição para brigas que não sejam verbais, então aguardo o soco de olhos fechados.

Mas os braços dele param no ar. Derek prende ambos os braços e depois o empurra com toda a força para a mesa novamente. Quando Dylan levanta-se, Derek o coloca na parede, segurando seu pescoço no alto. Suas pernas balançam-se no ar e Katy grita. Resisto ao impulso se socá-la para que eu não ouça mais a sua voz hoje.
Derek continua olhando para o rosto de Dylan, que adquire uma tonalidade roxa clara.

– Quem é você? - Derek pergunta e então o joga novamente no chão. Ele cai, arfando.

Dylan acaricia seu próprio pescoço e recebe o olhar de "juízo final" de Jamie. O garotinho parece saber do que o pai estava falando.

Katy está chorando e eu desejo que ela chore até a morte. Não sei, mas algo me diz que ela é culpada. Culpada por todo sofrimento de Tessa.

Não digo mais nada. Viro-me e saio para procurar por Jake, aparentemente a única pessoa que amou Tessa de verdade, no sentido amoroso da palavra.

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Estou tomando café da tarde quando avisto um homem da janela. Mesmo com a luz do sol, não confundo a cor de seus cabelos. Loiro.

Minha memória se embaralha freneticamente e ameaço cair, assim que me levanto da mesa para pegar meu arco e flecha. Preciso matá-lo. Ele pode ter sido parte deles, por mais desorientado que esteja para vir aqui em sã consciência. Ele pode ter abusado de mim. Pode ter me torturado.

Arrasto-me para fora da área de refeição e agarro-me ao corrimão de ferro da escadaria principal enquanto a náusea me consome. Eu conheço aquela tonalidade de cabelo.

Saio para fora do prédio e um outro homem vem ao meu encontro. Ele sorri, aliviado. Os olhos azuis brilhantes e os cabelos castanhos fazem minha mente fervilhar. Pego uma flecha e encaixo no arco antes que eu possa desmaiar.

Miro.

– Tess. Sou eu. Wes. - Ele grita. - Viemos resgatar você. Jake e eu.

– Resgatar? - Cuspo as palavras, não deixando de mirar a flecha. - Resgatar? Bailee me contou o que faziam comigo! Eu não vou deixar que toquem em mim. Vocês mataram meu irmão e mataram minha mãe. Vocês me estupravam e agora quer dizer que veio me resgatar? Pois bem, resgate uma mensagem para Derek Ripling, aquele desgraçado. Eu vou matá-lo assim como ele fez com meu irmãozinho e com minha mãe.
Wes arregala os grandes olhos azuis.

– Você não pode acreditar nela, Tessa! Ela é o... - Não deixo que ele termine de falar. Minha flecha paira em seu olho esquerdo.

– Tess! - Alguém grita atrás de mim. É o garoto loiro que avistei da janela. Seus olhos também azuis são estonteantes. Ele é estonteante. Minha memória me dá um nome. Jake. Ele me abraça com força e por um instante me sinto em casa. Sinto cheiro de casa. Sorrio, mas não por muito tempo. Ele é o inimigo. Nocauteio-o e corro para dentro do prédio, subindo a escadaria numa velocidade anormal.


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