A Culpa É Das Estrelas - Um final alternativo escrita por Pauline Lopes
De manhã acordei muito bem, me desconectei do BiPAP e conectei-me ao Felipe. Eu estava bem entusiasmada, mas não sabia bem o porquê. Coloquei o vestido azul que usei quando fui ao Orange com o Augustus em nossa viagem e fui até a cozinha, como fazia frequentemente todas as manhãs. Minha mãe já estava preparando meu café.
Enquanto comia com meus pais na mesa, me engasguei acidentalmente.
Comecei a me debater em desespero tentando achar ar para que eu pudesse respirar... Meus pais vieram correndo para meu lado tentando me ajudar de alguma forma, a partir daquele momento não vi mais nada.
Acordei respirando com extrema dificuldade, e com muita dor de cabeça, meus pulmões estavam queimando. Olhei ao redor e percebi que estava na UTI, pois havia vários aparelhos ao meu lado bipando a todo o momento. Tinham também duas seringas, cada uma em um dos meus braços, me fornecendo algum tipo de medicamento. Fiquei em silencio tentando dar ar aos meus pulmões e lembrando a eles que estava tudo bem, ou melhor, que ia ficar tudo bem.
Tinha uma enfermeira na minha sala, era a mesma que havia ficado comigo na última vez que fui internada.
Fechei os olhos ao vê-la, e fiquei em silencio.
Meus pais estavam do lado de fora, conseguia ouvir os soluços de meu pai. Eles estavam falando com a Dra. Maria, eu reconheci a voz dela, tentei focar na conversa deles.
Dra. Maria: Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance.
Mamãe: Como ela está?
Dra. Maria: Ela esta recebendo alguns medicamentos para ajuda-la a respirar. Mas chegará a um ponto que não será o suficiente.
Mamãe: Não há nada que possa fazer?
Dra. Maria: Nesses casos, geralmente fazemos uma cirurgia no paciente, mas no caso da Hazel, é muito arriscado, ela não resistiria.
Mamãe: Então o que pode acontecer?
Dra: Os pulmões dela vão trabalhar enquanto o medicamento estiver fazendo efeito, depois disso – ela fez uma pausa- Eu sinto muito.
Minha mãe começou a chorar, e meu pai deu um grito de dor.
Segurei as lagrimas, não queria que a enfermeira percebesse que eu havia acordado.
Então era isso... Eu não voltaria mais para a minha casa, eu não responderia mais aos e-mails de Lidewij, Isaac e Kaitlyn, eu não os veria nunca mais.
Sempre soube que ia morrer, mas eu não sabia quando, e saber que provavelmente eu não duraria nem duas semanas, era uma sensação horrível.
Fiquei imaginando a minha página com várias mensagens de pessoas com quem nem falo, pessoas que nunca fizeram o mínimo de esforços para me ver, dizendo o quanto farei falta, e meu nome sendo incrementado na lista de mortos do Grupo de Apoio.
Apesar de tudo isso, eu me sentia satisfeita, a vida foi bondosa comigo. Eu tive a oportunidade de conhecer o Gus, nós dois vivemos um amor curto, mas que teve mais significado do que muitos amores que duram uma vida inteira. A vida me deu a oportunidade de saber que o que eu e o Gus vivemos se tornaria um livro; deu-me a oportunidade de ver meus amigos felizes; de ter me aproximado dos meus pais, e a oportunidade de aproximá-los, eu sabia que eles conseguiriam passar por esse momento, juntos.
Definitivamente eu iria partir dessa vida em paz com tudo.
Abri um sorriso ao pensar sobre isso, e fiquei inconsciente.
***
Acordei, e ainda estava na cama do hospital. A cânula fora tirada de minhas narinas, inspirei o ar para dentro de meus pulmões e os expirei com satisfação. Os aparelhos que ficavam ao meu redor estavam todos desligados e não havia nenhuma seringa em meus braços. Eu estava me sentindo livre.
Percebi que havia um homem bem ao meu lado. Olhei para seu rosto.
– Augustus Waters?! Eu estou ficando lou... – Augustus me interrompeu, tocando com o dedo indicador em meus lábios, para que eu não pudesse falar.
– Eu lhe disse que nos veríamos em breve... – Falou, chegando mais perto de meu rosto e abrindo um sorriso bobo. Seus olhos azuis me olhavam com admiração.
Ele pegou minhas mãos e as levou até o seu rosto e continuou – A vida é uma metáfora, minha Hazel, eu lhe disse que existia um infinito por trás de tudo que vivemos.
Pensei naquilo por um estante, e recordei-me da carta que Van havia mandado um tempo atrás.
“A culpa, meu caro Bruto, não é de nossas estrelas / Mas de nós mesmos, que consentimos em ser inferiores.”
E nesse exato momento, fui obrigada a discordar da frase de Shakespeare; Tudo o que vivi, tudo o que passei, estava escrito nas estrelas, havia um por que para tudo aquilo que ocorreu, então a culpa era de nossas estrelas.
Sorri para Augustus.
Ele me deu um beijo suavemente e enroscou minhas mãos em seus dedos longos e finos, e assim caminhamos para o infinito
O nosso infinito.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Bom gente, chegamos ao final da continuação.
Espero que eu tenha alcançado as expectativas de vocês, assim como alcancei as minhas.
Obrigado por acompanharem!