O mundo nunca pareceu tão pequeno antes, nem um banco pareceu tão desconfortável ou uma loja tão quente. Ela só pode estar louca.

Scorpius estava completamente inquieto, nunca achou que se encontrar no meio de uma loja de lingeries poderia deixá-lo assim. Ele tentava olhar para todos os lugares menos para a cortina de veludo do vestiário na sua frente, onde ele tinha plena noção que sua melhor amiga estava nua.

Merda, merda, Lily porque você não me atende???

Já estava desesperado o suficiente com a situação, Lily não responde-lo apenas piorava tudo. 

“- Que ideia foi essa, Rose???

— Fala sério, quem melhor para me ajudar a escolher uma lingerie?? Você já viu tantas!"

Ele podia sentir as gotinhas de suor ameaçando descerem pelo seu pescoço, sua perna direita sacudia para cima e para baixo numa velocidade incrivelmente rápida.

— Scorp, a vendedora já voltou com aquele conjunto preto?

Graças a tudo que é mais sagrado nessa vida, não!

—É… Hm, ainda não.

Todo esforço que ele estivera fazendo para deixar seus olhos longe da cortina de veludo vinho se esvaiu no segundo que ele ouviu o barulho das argolinhas deslizando pela barra metálica, num claro sinal que estava se abrindo.

De todas as vezes que Scorpius imaginou que veria a ruiva numa lingerie sexy ele jamais havia pensado que seria para ajudá-la a escolher para lua de mel. Principalmente uma lua de mel que também não fosse sua.

— E ai, o que você acha?

Como ela espera que eu formule alguma frase coerente?

Lingeries brancas nunca haviam sido a favorita dele, até aquele momento. Por Rose ser muito branquinha era de se esperar que ela ficasse apagada com aquele tom, mas a diaba era tão incrivelmente sexy que ela conseguia ficar muito provocativa. Irritantemente provocativa.

— Scorpiusssss - ela acenava a mão para cima e para baixo na frente dele.

— AN? - ele teve plena noção que suas bochechas ficaram levemente coradas - É, hm…

Ela cruzou os braços em baixo do peito, fazendo com que eles subissem, mesmo que milimetricamente um pouquinho. Rose parecia segurar a risada, parecia que sua auto estima havia despertado e tomado as rédeas da situação porque ela parecia extremamente ciente do quão mulher ela se apresentava, para ele, naquele momento. Então, repleta de uma confiança que desconhecia até agora, a ruiva arqueou uma sobrancelha esperando por uma resposta em tom de desafio. Ouse dizer que eu não estou maravilhosa. Mesmo sabendo que Rose jamais diria aquilo, Scorpius podia ouvir a voz dela em sua cabeça proferindo aquelas palavras.

Foi então que ele pareceu reagir, você não pode engolir essa pose, pelo amor de deus, você é ou não é um Malfoy???

— Sabe - ele colocou seu melhor sorriso torto enquanto passava a mão displicente pelos cabelos - A última vez que eu te vi assim, eu acabei entrando na sua cama.

Nenhum dos dois parecia acreditar que aquela frase realmente tivesse sido pronunciada. A reação foi instantânea e Rose ficou da cor dos cabelos, sua primeira vontade foi se embrulhar na cortina do provador, mas já havia chegado até aqui e agora ia terminar.

Puta merda, Malfoy.

— Na verdade - sua voz saiu extremamente zombeteira, como se o comentário não a tivesse abalado em nada - Eu me recordo muito bem e eu estava de camisola.

Scorpius soltou um riso de lado, um daqueles extremamente debochados que só ele tinha.

— Era tão transparente que não faz a menor diferença.

Rose estava com a resposta atravessada na ponta da língua quando a vendedora os interrompeu segurando duas caixas na mão.

— Ah, querida, você ficou incrível! - a mulher loira se aproximou de Rose com um sorriso no rosto - Aqui está o par preto e o vermelho, qualquer coisa me avisa.

E assim deu as costas para eles, sem saber que havia interrompido o joguinho dos dois. Mas Scorpius estava longe de terminar.

— Na verdade - Scorp fez um gesto para que a vendedora esperasse - Acho que esses pares estão um pouco ousados demais, talvez o noivo da minha amiga aqui não saiba lidar com isso se é que você me entende…

Cansei de ser bonzinho ruiva.

Rose estava boquiaberta, ela não podia acreditar no que aquele IMBECIL ESTÁ FALANDO, VOCÊ QUER GUERRA MALFOY? VOCÊ TERÁ GUERRA.

— Kate - Rose abriu um falso sorriso para a mulher loira - Desculpe, é que meu amigo aqui costuma ser muito convencional na hora do sexo, acho que ele não está acostumado com as coisas mais apimentadas - e olhando diretamente para Scorpius que estava vermelho de raiva com os punhos fechados, complementou - Faça um favor e traga aquela lingerie verde escura.

A cor favorita dele, Rose sabia bem.

E sem esperar pela reação dele, a ruiva se fechou novamente no provador ao mesmo tempo em que Kate se afastava dos dois.

Rose Weasley eu vou te prender nessa cabine e te mostrar o que é sexo de verdade.

Mas Lily parecia saber que Scorpius estava prestes a cometer a maior burrada da história por conta de um orgulho ferido porque seu celular tocou na hora.

— Alô?— sua voz saiu tão rouca que Scorpius mal reconheceu, se afastou do vestiário esperando esfriar a cabeça enquanto Lily tagarelava em seu ouvido. - Lily, eu preciso que você arrume as coisas ai mais rápido.

— Scorpius, eu e as meninas estamos correndo aqui, mas arrumar um chá de panela dá trabalho.

— Eu já tinha deixado tudo pronto, vocês só tinham que levar para o apartamento dela. — Scorpius passou as mãos pelo cabelo, nervoso - Se você soubesse… Arg, só anda logo!!!

— Soubesse o que??

— Eu não posso explicar agora,ok? Só preciso sair daqui!

— Scorpius você não pode me deixar nessa curiosidade toda, você sabe como eu s…

— Anda logo merda!

E ele tinha certeza que escutaria e muito por ter cortado sua fala, sido grosso e ainda por cima ter desligado na cara dela, mas Lily tinha que entender que ele não estava no melhor momento. Estava irritado, furioso, puto da vida.

— Sexo convencional. Humpf!- seu punho se fechou ao redor do celular com tanta força que ele teve receio de quebrá-lo - Ruiva maldita.

E como se nada tivesse acontecido, Rose deslizou novamente a cortina do provador dessa vez usando a lingerie verde que Scorpius supôs que a vendedora tivesse entregue enquanto ele conversava com Lily no telefone.

— Sempre achei que verde combinasse com você.

Era ridículo que em um momento ele estivesse querendo matá-la e no segundo seguinte ficasse sem ar ao vê-la, no entanto fora impossível guardar as palavras na boca e quando viu já havia as pronunciado.

O clima pareceu ter aliviado, pois Rose foi capaz de formular um sorriso sem graça e olhar para baixo.

— Minha mente associa verde com você - sua voz estava serena e ela levantou a cabeça para olhá-lo dando de ombros em seguida - É sua cor favorita.

— Talvez as duas coisas estejam relacionadas.

Foi um comentário simples, curto… Sincero. Mexeu com ela, como mexeu.

Sua mente gritava que o que ela estava prestes a fazer era terrivelmente errado, assim como a pequena “discussão”/ provocação que tiveram poucos minutos atrás… Mas parecia maior que ela.

Rose se virou de costas para ele e encarou seu reflexo no espelho iluminado do vestiário, Scorpius era pelo menos uma cabeça mais alto que ela.

— Desabotoa para mim? - sua voz saiu como um sussurro, mas ele ouviu.

As mãos delicadas da ruiva jogaram o cabelo para um lado do ombro, deixando o feixe do corpete de cima exposto para ele.

Foram os três passos mais longos da vida dos dois e quando Scorpius parou bem atrás dela, perto o suficiente para que ela sentisse sua presença arrepiando cada milímetro da sua espinha, Rose prendeu a respiração.

O loiro não sabia como suas mãos não tremiam, mas pacientemente ele foi abrindo cada fecho do corpete. Quando sentiu que ele terminou, os olhos de Rose subiram para o espelho esperando ansiosamente que ele a olhasse de volta. Mas Scorpius encarava fixamente a curva do ombro dela e com certa ousadia ele começou, lentamente, a abaixar a alça, deslizando os dedos pela pele dela.

Sua boca estava formigando, implorando para que ele mergulhasse no pescoço branquinho dela, que a marcasse e a segurasse com força pela cintura, que fizesse amor com ela ali mesmo.

O toque do celular foi como um balde de água fria. Scorpius piscou atordoado e se afastou com o telefone na orelha, deixando uma Rose atônita parada seminua em frente ao espelho. Com o ombro formigando mais do que nunca.