Prólogo - Um começo...

LUA

– Não me faça uma pergunta do tipo: "Como assim você está saindo da Caçada?”. Você já sabe a resposta Thalia. O motivo por qual todas desistiram até agora. Eu o amo. E você não pode me julgar. Até a deusa Ártemis amou. E hoje eu tenho o direito de decidir o que eu quero: continuar aqui ou ir atrás dele.

Oito de setembro de 2013.

A decisão mais importante da minha vida. Sou filha de Poseidon e estou decidida a seguir meus instintos. Fui criada assim. As Caçadoras de Ártemis são minha família e não queria abandoná-las. Mas as coisas aconteceram e aqui estou eu, decidindo deixar minha única família para trás.Hoje é o dia que tenho. O único em muito tempo. O planeta Vênus alinha-se com a lua. E nesse dia Ártemis permite-nos passar com nossos amados e decidir continuar ou não na Caçada. Eu sei que não tem volta. Mas é isso que acho certo. E não voltarei atrás.

Essa é a minha decisão.

– Luali, eu sei o que você sente, mas não entendo. Por favor, não faça algo de que vá se arrepender depois. - Thalia implorava.

– Não, Thalia. Não vou voltar atrás. Sei que não deveria. Nem tenho certeza se ele sente alguma coisa por mim. Na verdade, não o conheço direito e só o vi umas duas vezes. Encontrei-o por acaso. Mas foi suficiente para despertar alguma coisa em mim.

– Incrível! Foi a mesma coisa que Charlie disse. - sussurrou para si mesma, mas foi suficiente para eu ouvi-la. - Lua, quando isso aconteceu?

– Há alguns meses. Estava em uma missão. Com Charlie. E encontramos dois semideuses do Acampamento Meio-Sangue. Um filho de Hefesto e o outro filho de Hades.

– Lua, chame Charlie. Por favor! Vocês têm uma história pra me contar.

Com um aceno de cabeça, deixei Thalia sozinha na barraca e sai na manhã quente. Estávamos na Philladelphia. As barracas estavam dispostas em um semicírculo e fui em direção à quinta barraca. Esperava chegar lá e encontrar a barraca cheia, mas só tinha uma pessoa dentro. Justo quem eu precisava falar. Charlotte Hastings. Ou melhor, Charlie, se não quiser morrer. Seus cabelos negros e um pouco longos, meio enrolados estavam completamente negros, inclusive as mexas de seu cabelos, que mudavam conforme seu humor. E seus olhos também estavam vermelhos, o que só queria dizer uma coisa: ela estava total e completamente sombria, mas sem deixar de pensar nele.

– Charlie, Thalia quer falar com nós duas. Quer que contamos a ela o que aconteceu na nossa missão.

– Lua, será que ela vai nos deixar sair da Caçada? - perguntou-me sem aparentar medo ou fraqueza.

Charlie era a pessoa mais durona que eu conheci em toda minha vida. Exceto por Thalia, talvez. Charlie era filha de Hécate e entrou na Caçada pouco depois de mim. Quase um ano na verdade. Éramos da mesma idade, mais ou menos. Eu seria um ano mais velha que ela, mas entrei na Caçada quando também tinha dezesseis anos.

– Não sei, mas a Lady Ártemis dissera que teríamos uma escolha. - respondi com total sinceridade. - Mas não vamos querer deixar Thalia esperando.

Ela suspirou derrotadamente e suas mechas tornaram-se ainda mais negras, como se fosse possível. Então voltamos juntas para a barraca de Thalia. Ela estava nos esperando andando de um lado para o outro. Encarou-nos e disse:

– Quem vai começar me explicando o que aconteceu?

Charlie deu um passo à frente e disse.

– Não tem nenhum “Era uma vez” nisso, se é o que você esperava. Começou com algumas dracaenae...