Peeta estava atrasado e perdido.

Nunca tinha ido para aqueles lado da cidade logo era natural ele perder-se, não era natural era ele não ter rede no celular e o deposito do seu carro estar quase na reserva. Alguém estava a brincar com ele e Peeta tinha quase a certeza que naquele momento estariam a rir-se dele.

A semana tinha passado depressa depois daquele jantar quase desastroso desde desse dia que Clove e Cato não se falavam e Peeta era considerado namorado traído da Clove, pelo menos era isso que a Glimmer pensava.

Por alguma razão Peeta não se sentia feliz ao ver que a Clove e o Cato poderiam não estar juntos, por alguma razão Peeta não se sentia feliz ao perceber que o seu desejou tornou-se realidade.

Peeta foi arrancado dos seus pensamentos quando ouviu uma buzina atrás de si sendo seguida por vários xingamentos. Peeta tinha parado o carro e nem ao menos tinha percebido que isso acontecera. Antes de ouvir outra buzinada abalou com o carro em frente com a esperança de que fosse aquele o caminho que o levaria até á casa da familia da Prim.

Por vários minutos Peeta guio e este tinha quase a certeza que já tinha dado duas voltas completas ao quarteirão já que tinha visto a mesma loja de flores duas vezes. Estava pronto para parar o carro para perguntar onde era a morada indicada por Prim uns dias antes quando de repente viu uma adolescente a sair sabe-se lá de onde e metendo-se á frente do carro fazendo com que Peeta fosse obrigado a parar.

Irritado com aquilo que acabara de acontecer, Peeta saí do carro não se importando com as buzinas e os xingamentos emitidos pelos os carros atrás dele. A adolescente continuava á frente do carro de Peeta de braços cruzados e com uma sobrancelha erguida como se esperasse que acontecesse alguma coisa.

–Vocês está louco, ia me atropelando! - exclama a adolescente mostrando o quão irritada estava.

Peeta não conseguindo acreditar que aquilo estava acontecer consigo aproxima-se ainda mais da adolescente e fala com uma voz calma mas carregada de raiva e de ódio:

–Aqui a louca és tu que te metes á frente de carros sabe-se lá porque.

–Olha quem fala velhote, acho que necessita de óculos para começar a ver aquilo que está á sua frente. - alfinetou uma vez mais adolescente surpreendendo Peeta por não estar á espera daquela resposta.

A adolescente era bastante bonita para a sua idade e parecia ter semelhanças com alguém que Peeta conhecia, não sabia era quem. Os seus cabelos morenos caiam em cascata pelas suas costas e os seus belos olhos verdes acinzentados mostravam a raiva que ela sentia no momento. Peeta poderia ter dado mais atenção á beleza da morena se não tivesse compreendido o comentário que recebera da adolescente.

–Quem chamas velhote? Os teus pais nunca te deram educação? Pelos vistos… - fala Peeta não querendo dar o braço a torcer.

As buzinas dos carros ainda parados atrás do carro de Peeta continuavam a soar aumentando ainda mais a irritação que Peeta sentia com aquela situação toda.

–Não fales de educação quanto tu nem sequer a recebes-te! - exclama uma vez mais adolescente que continuava a ser desconhecida para Peeta, e este desejava que continuasse a ser assim.

–Anda aqui, eu vou-te levar aos teus pais para eles te ensinarem a educação que necessitas. - fala Peeta aproximando-se um pouco mais da morena.

A moça olhou para Peeta com bastante ódio aproximou-se mais de Peeta e quando este pensou que iria receber um estalo da parte dele é surpreendido ao ver a morena a dar um pontapé no seu carro.

–É só isso que tens para dar? - pergunta em desafio Peeta com um sorriso sacana ao perceber-se que a adolescente estava pronta para se ir embora.

–Reza para não nos voltarmos a encontrar. - afirma simplesmente a rapariga com um sorriso frio para de seguida dar as costas a Peeta e seguir o caminho que ela queria passando assim no meio da estrada ignorando completamente os carros que ali passavam.

–Estou cheio de medo! - grita em resposta Peeta como se soubesse que a rapariga ainda estivesse a ouvir, logo de seguida soltou um grande xingamento ao perceber a orquestra de buzinas que acontecia atrás de si.

Peeta entrou no carro e finalmente abalou com este desejando mais que tudo chegar ao seu destino e poder desanuviar de alguma maneira esquecendo-se assim da situação que acabara de acontecer.

Depois de pedir finalmente indicações a um velhote que passeava o seu cão, Peeta finalmente chegou á grande casa onde supostamente a familia de Prim vivia.

Respirando fundo e treinando os seus sorrisos, Peeta finalmente saiu do carro encaminhando-se para á casa para ser recebido por uma Prim com um sorriso radiante que fez com que Peeta retribuísse sem o menor esforço.

–Estava a pensar que te tinhas perdido pelo o caminho, eu sei os meus pais vivem no fim do mundo mas fico feliz por não te teres perdido. - comenta Prim dando passagem para Peeta entrar na casa.

Um cheio delicioso assombrava a entrada da casa fazendo com qu a barriga de Peeta roncasse baixinho.

–Depois de duas voltas inteiras ao quarteirão desisti de encontrar o caminho e pedi indicações para um velho senhor. - fala Peeta com um sorriso descontraído nos lábios enquanto entrega o casaco cinzento que vesti á Prim que insistia em querer pousar as coisas de Peeta em alguma coisa.

–Eu trouxe um vinho tinto, não sei se os teus pais são fãs. - informa uma vez mais Peeta revelando assim o vinho que trazia e que fora escolhido com ajuda da Clove.

–Não era necessário querido, mas agradeço á mesma. - agradece uma senhora aparecendo na entrada com um avental verde claro vestido.

A mulher tinha a beleza de Prim, os seus cabelos loiros e os seus olhos azuis mostravam o quão parecidas eram as duas. Peeta acreditava que aquela mulher seria a mãe de Prim.

–Não foi nada. - fala Peeta um pouco tímido não sabendo como deveria agir ali.

–Já agora, sou a Effie a mãe da Prim. - apresenta-se a mulher chegando perto de Peeta e depositando dois beijos, um em cada bochecha.

–Peeta Mellark. - apresenta-se Peeta creditando que Prim já tenha falado sobre ele.

Effie estava pronta para dizer alguma coisa, mas foi impedida quando se ouviu uma porta no 1º andar a ser batida com grande força, como se existisse uma corrente de ar.

–Desculpa isto, a minha filha não teve um bom dia. - fala Effie tentando-se desculpar atitude da filha mais nova enquanto Prim abanava negativamente a cabeça como se concordasse com o comportamento da irmã.

–Não há problema, eu compreendo. - fala simplesmente Peeta não se conseguindo esquecer do episodio do quase atropelamento.

–Aconteceu alguma coisa? - pergunta Prim entendendo mais ou menos a declaração de Peeta.

–Nada de importante. - responde Peeta antes de ver Effie abandonar a entrada da casa e seguir para um aposento que Peeta acreditava ser a cozinha, pois era daí que vinha um cheio.

Um tempo passou rapidamente e quando Peeta reparou era quase uma da tarde, o pai de Prim chegara á uns cinco minutos atrás conhecendo assim finalmente Peeta que aprovara completamente assim como Peeta gostara do homem que era o pai de Prim.

–O almoço finalmente está pronto. - anuncia Effie pousando o último tabuleiro de carne encima da mesa que já estava posta.

–Katniss, anda para a mesa! - grita Haymitch chamando assim a filha mais nova que se tinha mantido trancada no quarto até aquele momento.

Peeta sentou-se ao lado de Prim para de seguida ser acompanhado por Haymitch e Effie. Effie sentara-se de frente para a Prim ao lado de Haymitch enquanto o Haymitch se sentara na ponta da mesa restando assim apenas um lugar, de frente para Peeta, que estava reservado para a filha mais nova dos Everdeen.

–Estou com tanta fome que era capaz de comer um elefante. - fala uma voz feminina vindo da entrada da cozinha.

–Katniss. - repreende Effie não acreditando nos modos da filha.

Peeta olhou para a porta encontrando uma jovem morena alta com uma roupa descontraída aproximando-se da mesa, não demorou muito para Peeta reconhecer quem era a filha dos Everdeen.

–Tu?! - exclama a tal Katniss olhando para á frente e deparando-se com um homem que a ia atropelando algumas horas atrás.

–Eu não acredito nisto. - sussurra Peeta não conseguindo acreditar na má sorte que tinha.

Ele de certeza que jogou pedra na cruz para merecer aquilo.

–Vocês conhecem-se? - pergunta Prim ao perceber aquilo que acabara de acontecer.

–Infelizmente sim. - responde Peeta olhando para as mãos não conseguindo esconder o desagrado ao perceber que a adolescente que se metera á frente do carro de Peeta naquela manhã na realidade era irmã da Prim.

–Ele é o louco que me tentou atropelar! - exclama Katniss com um tom de voz elevado, continuava em pé.

–Eu louco? Quem é que no seu perfeito juízo se atravessa á frente do carro? - pergunta Peeta tentando manter a calma, mas começava a notar-se o nervosismo que o loiro já estava a sentir.

–Uma pessoa que está atrasada para os seus compromissos. - responde Katniss não querendo deixar de lado a provocação do homem.

Um silencio pesado apoderou-se do lugar e os olhares carregados de ódio vindos do Peeta e da Katniss mostravam o quão grave era a situação.

–Vamos nos sentar, por favor. Teremos um almoço razoável e mais tarde resolveram os vossos problemas. - fala calmamente Haymitch quebrando assim o silencio finalmente.

Katniss olhou para o seu pai vendo o olhar que este lhe enviava e alguns segundos depois, como se tivesse a meditar nas suas escolhas, Katniss senta-se finalmente fazendo com que Prim soltasse o ar que nem sabia que estava a suster.

Começaram a comer, finalmente, com os olhares de ódio entre Katniss e Peeta extintos por um determinado tempo.

–E então Peeta, o que fazes? - pergunta Effie querendo acabar com o silencio de alguma maneira.

–Sou Jornalista numa das revistas mais populares. Panem Magazine. - responde Peeta dizendo assim o nome da empresa.

–A sério? Já ouvi falar muito sobre essa revista, e escreves mais ou menos sobre o quê? - pergunta novamente Effie cada vez mais curiosa.

Com aquela pergunta, Peeta engole em seco ao lembrar-se do artigo que teria que escrever em um ano e que era essa a razão de estar ali naquela casa.

–Bom muitas coisas, desporto, a vida masculina. Chego ás vezes ter que escrever conselhos femininos. - responde Peeta ao lembrar-se da última vez que tivera que fazer isso, tinha sido um completo fracasso, tinha sido quase despedido.

Effie estava pronta para dizer alguma coisa, mas foi interrompida pelo o toque da campainha fazendo com que Katniss saltasse, literalmente, da cadeira e avance para a porta da casa.

Peeta é capaz de ouviu uma voz masculina no outro lado da porta e pensa que deveria ser o namorado da Katniss.

–Mãe vou sair com o Finnick e Annie. - avisa Katniss olhando para dentro da cozinha para assim ver que os seus pais tinham escutado o aviso.

Katniss estava pronta para sair, mas foi impedida pela resposta inesperada de Effie:

–Não.

–Porque? - pergunta Katniss sabendo que a mãe teria um motivo para proibi-la de sair com os seus melhores amigos.

–O namorado da tua irmã está aqui. Veio almoçar connosco o mínimo que tens que ser, sem ser desagradável, é ficar aqui contrariada até ao final do almoço. - responde simplesmente Effie como se esse fosse um motivo suficiente para Katniss ficar ali.

Peeta olhou para Effie não conseguindo acreditar naquilo que acabara de ouvir, a sua mãe nunca fora capaz de fazer aquilo com ele ou até mesmo com a sua irmã mais velha.

–Eu não sou… - tentou dizer Peeta mas foi interrompido por Katniss que se notava pelo o seu tom de voz que estava furiosa, não admirava.

–Mas mãe…

–Não. Peço desculpa ao Finnick e á Annie, mas tu hoje não saís de casa. - argumenta Effie decidida.

Katniss lança um olhar furioso para Effie desejando que esta se engasga-se com a batata que estava a ser comida pela mulher para de seguida voltar a olhar para os seus amigos e pedir num tom de voz que carregava tédio:

–Desculpem, pelos vistos tenho que aturar o idiota namorado da minha irmã.

–Tudo bem, fica para a próxima. - fala uma rapaz moreno com os seus belos olhos azuis demostrando uma descontração que ele sentia.

–Cuida-te. - afirma desta vez a morena que se encontrava ao lado do rapaz com uns belos olhos verdes que demonstravam preocupação ao saber que a amiga seria capaz de fazer alguma coisa para conseguir sair daquela casa.

Peeta respirou fundo ao perceber o insulto que Katniss deixou escapar na sua direção. Katniss não o conhecia de lado nenhum, não tinha o direito de o julgar por algo que ele não era, ainda mais chama-lo de idiota.

–Estás de castigo o resto da semana. - declara Effie assim que Katniss entra na cozinha e se senta no lugar onde se encontrava á alguns segundos atrás.

–O que eu fiz desta vez? - pergunta Katniss repensado naquilo que possa ter dito alguns minutos atrás, mas nada demonstrava que tenha insultado a mãe.

–Tirando o ser malcriada com o convidado, desrespeitaste-me á frente dele. - responde Effie para de seguida limpar a boca num guardanapo tentando não borrar o batom que utilizava.

Peeta percebeu o olhar de Haymitch na direção da mulher que fora ignorado por Effie, Peeta sabia o significado daquele olhar e concordava completamente com aquilo que ele significava.

–Isto é tudo culpa tua, sua…

–Katniss! - repreende desta vez Haymitch ao perceber o insulto que a filha mais nova iria soltar na direção de Prim que se tinha mantido em silencio.

Irritada, Katniss levanta-se e sem pedir licença saí da cozinha em direção ás escadas que a levariam para o seu quarto onde se manteria trancada o resto do dia.

–Peço desculpa por toda esta confusão. - pede Effie educadamente para Peeta.

–Não há problema. - responde Peeta simplesmente.

–Normalmente a minha filha não é assim. - declara Effie calmamente.

O olhar que Haymitch lançara a Peeta dizia completamente o contrario daquilo que Effie acabara de dizer, e não foi muito difícil descobrir que Effie tentava manter aparências que aquela familia não tinha.

Peeta olhou para Prim que continuava a comer como se nada tivesse acontecido e por momentos achou ter visto uma lágrima ter deslizado do rosto da Prim, mas não teve a certeza pois no momento seguinte estava a ser chamado atenção por Haymitch que começou a falar com ele sobre o último jogo da época.

–Peeta e aquela falta? Que achas-te? - pergunta Haymitch com um sorriso largo nos lábios ao perceber que tinha alguma coisa em comum com o loiro.

Peeta não teve tempo para responder, pois foi impedido pelo o toque do seu celular.

–Peço desculpa, mas tenho que atender. É importante. - afirma Peeta ao perceber que era Clove quem lhe ligava.

–Esteja á vontade. - fala Effie com um sorriso doce nos lábios ao pensar que deveria ser um telefonema do trabalho.

Peeta levantou-se da mesa e encaminhou-se para fora da cozinha para ter um pouco mais de privacidade.

–Clove o que se passa? - pergunta Peeta assim que atende a chamada.

–“Peeta eu não sei o que fazer.” - fala simplesmente Clove num tom de voz apavorado deixando Peeta preocupado, não era habitual ouvir a sua melhor amiga naquele estado.

–Clove o que aconteceu? Clove… - fala Peeta tentando arranjar maneira de mostrar o quão preocupado estava.

–“Eu acho que estou grávida.” - revela finalmente Clove num tom de voz que demonstrava a sua fraqueza, Peeta conhecia melhor que ninguém a Clove e sabia que naquele momento ela estaria a chorar.

Peeta ficou segundos indeterminados em silencio tentando arranjar alguma maneira de dizer aquilo que pensava, mas o grande problema é que ele não tinha palavras para dizer.

–Estás em casa, certo? Eu vou já aí ter. - responde Peeta depois de um tempo em silencio enquanto ouvia o choro da sua melhor amiga no outro lado.

Sem esperar por mais, Peeta desligou a chamada e seguiu de volta para a cozinha pronto para se despedir daqueles que ainda se encontravam ali.

–Eu tenho que ir, sucedeu uma coisa urgente que não pode ser deixado passar. - fala Peeta tentando manter-se calmo para assim não mostrar a preocupação e os nervos que sentia naquele momento.

–Mas foi algo mau? - pergunta Prim levantando-se ao perceber que tinha acontecido algo.

–Nada com que te devas preocupar. - responde Peeta tentando dar um sorriso sincero, acabando por sair um sorriso amarelo.

–Bom, foi um grande prazer tê-lo aqui em casa. - fala Haymitch levantando-se também para despedir-se de Peeta.

–Foi um grande prazer estar aqui. - declara em resposta Peeta apertando a mão que Haymitch lhe estendia.

–Espero que tudo se resolva. - afirma Effie aproximando-se de Peeta para se despedir.

–Também eu. - fala em resposta Peeta lembrando-se assim na revelação que Clove lhe fizera á uns segundos atrás.

Já dentro do carro, Peeta pousou a cabeça no volante e respirou fundo sabendo que aquilo que iria acontecer na casa de Clove seria difícil. Peeta precisava de manter a calma para não ir partir o Cato ao meio se aquilo que Clove achava se confirma-se.