Virou Simplesmente Amor escrita por Mary e Mimym


Capítulo 20
O que se esperar do que não se sabe?


Notas iniciais do capítulo

Oi genteeeee! õ/
O quê? Acharam mesmo que a gente ia demorar um século pq não postamos no sábado passado? u.u
Olha só, nós avisamos que não teremos padrão u.u
De qualquer forma, o capítulo só ficou pronto hoje, então... Estamos postando *-*
E esperamos que gostem =D
Boa leitura!



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Ryan e Lire voltaram para a festa de mãos dadas e o pessoal já sabia que o casal estava bem.

— Sabia! Esses dois se amam muito para ficarem separados! Isso merece uma selfie. – Arme chamou todo mundo, ela subiu na cadeira e preparou o celular – Junta mais aí, gente, e eu quero Lire e Ryan juntinhos, hein! Vem nossos pais também!

Quando todos estavam cabíveis na câmera do celular, Arme bateu mais de duas para garantir.

Desceu da cadeira e correu para perto do casal.

— Falei com a Elesis para marcarmos um encontro antes das férias acabarem, o que acham?

— Arme, eu acho – E Ryan começou a empurrar a amiga – que você deveria nos deixar a sós por um minuto.

—Ai, chato!

Lire riu e Ryan sentiu um alívio no peito.

— Eu quero aproveitar cada minuto com você agora.

— Sem surpresas, Ryan? Porque... Confesso que você me assusta quando começa a planejar algo.

Agora ele riu. Segurou as mãos dela e se aproximou, dando-lhe um beijo, deixando-a rubra, mas contente.

— Acho que, em quesito de filmes, nos parecemos mais com a Bela e a Fera do que com Jack e Rose, sabia?

— Você acha? – Ryan arqueou uma sobrancelha – Não sabia que eu era tão feio assim.

Lire não se conteve, gargalhou até abraçar o menino, que ficou com uma expressão de poucos amigos.

— Você é lindo, garoto, mas age muito para si mesmo, tentando me impressionar e faz cada coisa...

— Mas no final fica tudo bem, porque de todas as minhas besteiras, você me salva no final.

Ryan olhou ao seu redor.

— Arme não está aqui, logo agora que eu queria que ela gravasse essa nossa conversa.

— Seu bobo.

E assim se sucedeu a festa da Lire, a paz novamente reinava em seu doce coração. Brincadeiras a parte pelos amigos, “Com quem será?” óbvio no final, selfies e fotos espontâneas.

Uma noite bem merecida depois de tudo.

Quando deu mais ou menos onze horas da noite, o pessoal começou a se despedir e voltarem para suas respectivas casas.

Todavia, Jin já estava incomodado com tudo e, resolveu ele, surpreender Amy.

Enquanto Ronan e Elesis se despediam, Jin e Amy esperavam perto de um táxi. Iriam os três embora.

Ronan ia com Edel, da mesma forma que foram para a festa. Seu motorista o esperava. O azulado pensava em contar para Elesis do acontecido noite passada. O repentino assalto, até então inocente e sem fins maquiavélicos.

— Então, não vai me dizer por que não respondeu às minhas mensagens? – Ela o encarou – Estou te fazendo esta pergunta à festa toda e você desconversa.

Era a hora de tratar aquele relacionamento mais seriamente. Afinal, Elesis era a menina pela qual Ronan estava verdadeiramente apaixonado. Não haveria porque mentir, mas... Aconteceu perto da casa da ruiva, depois que ele resolveu visita-la, correu “risco” de vida, iria preocupa-la à toa... Arqueou uma sobrancelha de tal forma que poucos notariam. Mas ela notou.

— Meu celular caiu no chão e rachou a tela. Fiquei furioso e comprarei outro, aquele era novinho e não durou nem seis meses na minha mão. – Passou a mão no cabelo.

Edel, que estava se aproximando do casal com uma sacolinha cheia de doces, um pedido da mãe de Ryan para que ela levasse, pois havia achado graça em Edel e a achou acanhada a festa toda. A mãe de Ryan era psicóloga, tinha uma boa visão.

A menina ouviu o final da conversa e associou ao que havia acontecido e a conversa que ela e Ronan tiveram.

“Ele não contou para Elesis, mas contou para mim...”, pensou a menina com um singelo sorriso nos lábios fechados.

— Ah sim... – Elesis o olhou suspeitando – E como você deixou cair se sente tanto amor pelo celular?

— Você gosta de saber de tudo, hein. – Ronan riu.

— Você gosta de enganar muito.

— Eu?! – Ronan sentiu-se ofendido e colocou a mão no peito, ficando boquiaberto – Desde quando isso?

— O beijo no baile, a mentira para a Lothos para me encobertar, lutar pelo Jin no campeonato... É, eu tenho um namorado meticuloso. – A ruiva cruzou os braços.

— Ah, repete de novo.

— O quê?

— Que eu sou seu namorado... É tão lindo ouvir isso da sua voz, namorada. – E se aproximou, mas Elesis esticou os braços para manter distância.

— Para de ser meloso e fala logo o que houve de verdade.

Ronan sentiu seu coração acelerar. Suspirou.

— Okay... – Abaixou a cabeça – Por que acha que estou ocultando a verdade? – Olhou-a.

— Porque desde que cortei seu cabelo – A ruiva se aproximou e passou a mão no cabelo curto de Ronan, jogando-o para trás – sua sobrancelha ficou mais visível e, quando você mente ou se sente acuado, uma sobrancelha se levanta e você precisa passar a mão no cabelo.

Edel já estava bem próxima, mas mexia no celular para disfarçar e encostava-se no carro a espera de Ronan.

— Você me conhece mesmo, não é?

— Aprendi a conviver com sua estranhice. – Riu a ruiva.

— Sinto-me um lixo de namorado tentando esconder a verdade de você.

— Então você estava me enganando mesmo!? – Elesis lhe deu um soco no braço – Idiota azulado!

— Perdoa-me? Sou muito falho.

— Não, é idiota mesmo. Conta logo o que aconteceu! – Elesis estava perdendo a paciência.

— Faremos o seguinte, vai lá para casa e conversamos melhor.

Elesis estava se enfurecendo, mas acalmou-se ao ver que Arme e Lass se aproximavam e entendeu que Ronan queria conversar apenas com ela.

— Você está louco? Olha a hora! E irei me encontrar com as meninas daqui a pouco. Acho melhor conversarmos amanhã, então. – E virou-se.

Ronan suspirou.

Elesis correu para o táxi.

— Ué, o que houve?

— O que foi, Jin!? – Elesis abriu a porta do carro.

— Você deixou o Ronan com cara de arrependido.

— Que ótimo!

Jin olhou para a Amy.

— Quando vi que passou a mão no cabelo dele – Os ditos de Amy fizeram Elesis ficar vermelha – pensei que rolaria até um clima para um beijinho de despedida. – E riu ao finalizar.

— Cala a boca.

— Deixa essa garota, deve estar de TPM.

— Só acho melhor Elesis parar com esses pitis, porque se ela ficar dando mole, já tem abelha preparada para pegar o pólen desse namoro de vocês.

Nem Elesis nem Jin entenderam o que Amy quis dizer. A menina olhou para um ponto e o encarava, mas foi tão rápido que a ruiva não relacionou o assunto com o acontecido. Jin sim.

— Vamos embora. – Amy entrou na parte de trás com a Elesis e Jin foi à frente, com a cabeça a mil.

— Você vai deixar o Ronan daquele jeito mesmo, Elesis?

A ruiva abaixou a cabeça.

— Odeio esse sentimento sensível!

Abriu a porta e saiu correndo até Ronan, que se aproximava de Edel cabisbaixo.

— Ô azul idiota! – Elesis estava com o semblante de aborrecida e com as mãos cerradas – É bom me contar tudinho amanhã.

Ronan se virou e abriu um sorriso.

— Sim, minha capitã! – E bateu continência.

Elesis não se conteve e sorriu.

Ele se aproximou e lhe desferiu um beijo na bochecha.

— Bandeira branca?

A ruiva assentiu.

— Não gosto de brigar com você.

— Ronan, isso será impossível entre nós dois.

Agora ele riu.

Despediram-se mais aliviados em seus corações. Apenas o de Edel permaneceu em borbulhas de angústia. Ela não entendia e não queria sentir, contudo era mais forte.

Ronan entrou no carro e despertou Edel, para que a menina fizesse o mesmo. A alegria dele era tamanha que nem reparou na angústia de Edel, a mesma também não se pronunciou.

Arme fora dormir na casa de Lire, haviam combinado isso durante a festa. Arme até chamou Elesis, mas a ruiva falou que precisaria passar em casa e iria depois de táxi.

Tinham muito que conversar...

***

— Ronan? – Chamou Edel antes de o menino entrar em seu quarto.

— Oi. – Ele a olhou, com uma expressão cansada.

— Qual é o nome do seu amigo, acho que namorado daquela baixinha que tirou a nossa foto?

— Lass. Por quê?

— Nada. – Edel sorriu – Ele parece ser um bom amigo.

— E é... – Coçou a cabeça – Às vezes chato e sombrio, mas ele é legal.

A menina assentiu e se despediu. Ronan entrou em seu quarto e se jogou na cama. E, antes de Edel entrar em seu quarto, o pai de Ronan estava saindo de seu escritório.

— Boa noite, minha filha.

— Boa noite. – Respondeu ela, por educação.

— Edel... Sinto-a estranha há algum tempo. – Jogou a verdade.

— Talvez a estranheza não esteja no meu comportamento, mas no que está acontecendo ao nosso redor... – A menina levou a mão à maçaneta de seu quarto.

— Hm... – O Sr. Erudon não tinha entendido, ela poderia estar falando de Ronan, quiçá de algo que aconteceu entre ela e Elesis – Falei com seu pai hoje.

Edel não o olhou.

— Seu irmão piorou.

Sentiu seu pulmão falhar e o ar lhe faltou.

— Está morrendo. Tem pouco tempo de vida.

— O quê...

— Seus pais estão com ele, estão vendo se conseguem passa-lo a frente para que receba um doador compatível.

— Mas eu... – Seus olhos se inundaram.

— Sua missão aqui é encontrar esse doador o mais rápido para salvar seu irmão, mas está se dispersando muito, Edel.

— Eu... – Palavras lhe faltavam e parecia que o Sr. Erudon queria causar mais dor na menina.

— Como você é muito nova ainda e leiga no assunto do que está acontecendo com seu irmão – Ela chorou – eu andei pesquisando aqui pela área, tentando ajuda-la e ajudar meu grande amigo. – Seu tom era de preocupado e consolador, uma tentativa de envolver Edel.

E parecia que a menina estava se deixando levar pela conversa.

— Eu não queria dar-lhe uma notícia dessas assim... Mas o tempo não me deixou escolhas. Seu irmão está morrendo e você precisa se apressar.

— Mas eu... Eu não sei o que fazer! – Tirou as mãos da maçaneta e as levou ao rosto.

O tom equivocado de Edel fez Ronan despertar e levantar da cama, aproximando-se da porta de seu quarto.

— Eu sinto muito, filha.

Edel nada respondeu, só chorava.

— Seu pai perguntou se eu poderia mantê-la aqui enquanto eles tentam resolver isso. Eu disse que sim, o tempo que fosse necessário, mas isso também deve ser cabível a você.

— Sim, mas... Meu irmão... Eu...

— A decisão é sua.

Ronan estava escutando tudo para ver até onde iria aquela conversa.

— Eu não sei o que fazer. – Passou a mão no rosto, aquela notícia deixou Edel sem chão.

— Bem... Eu conversei com minha esposa e... - A encenação do pai de Ronan era inconfundível – Nós dois não podemos doar, eu por já ter uma idade avançada para ajudar um jovem e ela por ter uns problemas sanguíneos. Mas...

Edel se atentou. Era estranho depois de tudo, o Sr. Erudon estar ajudando-a, mas depois daquela notícia isso tudo parecia verdade aos olhos dela.

— Mas o quê? – Ela limpou suas lágrimas.

— Nosso filho, ele pode ser compatível ao seu irmão.

Ronan quase caiu para trás e sussurrou “Eu!?”.

— Não... Não posso fazer isso com ele.

— É a nossa sugestão... E seu irmão não tem muito tempo.

Ronan se afastou da porta e passou a mão no rosto e sentou na cama.

— Eu?!

Ainda no corredor, o Sr. Erudon finalizou:

— Eu te avisei sobre se aproximar do meu filho, agora o tempo está contra você. A vida do seu irmão depende de você. A quimioterapia não vai salvar a vida do seu irmão por muito tempo... Mas estamos aqui, Edel, para o que precisar, só depende mais de você do que de nós.

E abraçou a menina com um sorriso singelo no rosto.

Despediram-se sem palavras.

Ronan demorou a dormir pensando no que ouviu.

Edel não dormiu.

***

Já era noite e Mari adentrou o apartamento de Sieghart. Ao saber que Mari estava ali, o moreno alegrou-se.

Mari não demorou a ir direto ao assunto. Comentou por alto que Zero queria falar com Sieg e a usou para isso e completou:

— Lembra quando estudávamos acerca de Elyos?

— Sim, você, eu e Elscud fizemos um trabalho desses juntos, foi até quando Zero apareceu para importunar nossas vidas.

— A sua, você quer dizer, pois eu o admiro muito, apesar de sua notória insensatez misteriosa.

Sieg bufou.

— Mas é sobre isso, sim. E lembra que um professor nosso, Astaroth, disse-nos que nem tudo que acontece no passado...

— Dissipa-se no passado.

— A neblina do ocorrido pode perdurar e vagar por anos. – Concluíram os dois juntos em sintonia.

Sieghart deu um passo para trás. Estava começando a entender tudo.

— Não... – Enfurecia-se aos poucos – Pode... Ser! – Gritou, já no estado de fúria.

Respirava ofegante e encarava Mari.

— Acho que essas férias afetaram minha intelectualidade e percepção.

Ela dizia isso por não saber como reagir àquilo. Já presenciara várias vezes, mas aquele momento era diferente. Sieghart estava com a mana mais roxeada e poderosa.

— Você não lembra, não é, Mari? – A voz de Sieghart era grossa e enraivecida.

— O que eu deveria lembrar?

— Eu... Arg... Não! – Sieg levou as mãos à cabeça e gritou até sua garganta arranhar.

Mari assustou-se e recuou para a parede.

— Ele não poderia vir... – Ajoelhou-se Sieghart.

— Quem?! – Mari já preparava seu escudo, caso o moreno perdesse o controle. Isso já acontecera anos passados, em sala de aula, quando o mesmo assunto era tocado. Mas Mari nunca soube o motivo. Elscud e Zero afastavam-na de perto e resolviam com Sieghart. Ela também nunca deixou que sua curiosidade entrasse naquele assunto, mas agora... Estava com medo.

— Não a este mundo! Não a esta terra... Não a... - Sieg olhou para Mari e abaixou o rosto com um sorriso de lado – Saia... – Suas palavras pareciam doer em seu corpo – Daqui... Agora!

Mari não teve reação até que um corte da espada de Sieg veio em sua direção e, ao desviar, correu para a porta, saindo do apartamento e fechando-a.

Ouviu um estouro e um grito.

— Zero me paga... – Murmurou, encarando a porta e temendo abri-la.

Passou a noite assim, não dormiu. Nem ela, nem Sieghart.

O passado estava voltando para acertar as contas com aqueles que tinham um preço alto em suas almas.

***

O táxi deixou os três na casa dos ruivos, Elesis pediu para que o mesmo esperasse, pois aprontaria sua mala para ir à casa de Lire.

Ao aprontar tudo, Amy ia saindo junto com a ruiva para ficar na sua casa, como haviam combinado.

— É bom já ter se despedido do Jin, não quero pagar mais caro esse táxi por sua causa. – Deixou claro a ruiva, já com pressa.

— Vamos dividir a conta, então trate de esperar, amorzinho.

— Eca. Sem apelidos e vamos logo!

— Pode ir, Elesis. – Jin estava sério – Eu já paguei o táxi.

Jin mandou uma esfera de vento, empurrando Elesis para fora de casa e fechando a porta.

— Uau! Seu irmão é surreal. – Disse o taxista.

Elesis estranhou, mas não ousou voltar.

— Depois darei a surra que esse garoto merece. – Resmungou e entrou no carro com sua bolsa.

Nisso, Amy estranhara a ação do ruivo.

— O que foi isso?

— Precisamos conversar, mocinha.

— Não acho apropriado eu estar a essa hora em sua casa, Jin.

— Você não vai sair enquanto não conversarmos.

— Não quero falar com você dessa maneira.

— E quando vai ser, Amy? Por que está agindo tão estranha ultimamente? Eu estou começando a achar que você não leva a sério o nosso namoro.

— Não diga isso! Eu gosto muito de você!

— Então por que tanto segredo, por que não se abre comigo? Não confia em mim? – Jin a olhou profundamente nos olhos – O que você tem contra a Edel?

Amy ficou sem reação.

***

—Nossa! Que dia! – Arme comentou se espreguiçando após jogar a mochila na cama da amiga.

—Sério? Sério mesmo, Arme?

—Que foi, Lire?

—Você dizendo “que dia”? – Elesis riu enquanto Lire falava. – Acho que quem teve um turbilhão de emoções hoje foi eu. Só acho...

—Menina, garanto uma coisa, não foi só hoje. Então pode falar “Que semana!”, “Que férias!”, fica à vontade!

E depois de mais algumas risadas começaram a arrumação: Arrasta a cama para lá, coloca as bolsas para cá, coloca a playlist no computador, busca gostosuras que sobrou da festa, forrar o colchonete, distribuir travesseiros e... tudo pronto!

—Aniversário da Lire, parte 2: A festa do pijama! – Anunciou Arme.

—Arme, de onde você tira tanta energia? – Lire cutucou Elesis na mesma hora e apontou para o pote de docinhos. – Você já comeu metade enquanto a gente arrumava?

A baixinha sorriu travessa e entregou o pote para Lire e se levantou para preparar um filme no computador. Após, juntou-se novamente às amigas, sentadas no chão e mexendo em seus respectivos celulares.

—Ah não! – Os olhares se elevaram para Arme. – Nada de vício agora. Larguem os celulares. – Cruzou os braços.

Elesis guardou, estava vendo algumas fotos que Arme tirou com seu celular na festa, mas Lire sorriu apenas, como se pedisse pra permanecer com o celular.

—Nada disso, Lire. Está conversando com o Ryan? Amanhã você passa o tempo que quiser com ele.

—Poxa, Arme, por favor. A gente estava mal há algumas horas, deixa eu aproveitar...

—Não, me dá. – A baixinha esticou a mão esperando que Lire entregasse o aparelho.

—Só mais um pouquinho. – Choramingou. A baixinha suspirou.

—Pra não dizer que eu sou má, vou ter uma conversinha com a Elesis, mas quando eu terminar, você guarda.

Lire sorriu e voltou a conversar com o Ryan no celular. Arme olhou para Elesis, que ria com a situação. Há um tempo ela criticaria Lire, mas desta vez, entendia como a amiga se sentia. Pelo menos um pouco.

Arme questionou à Elesis sobre ela e Ronan, e a ruiva respondeu que estavam bem, era uma experiência nova, mas se sentia bem. Entretanto a baixinha mostrava preocupação, e perguntou o que Elesis achava de Edel.

—Ah, ela é legal. Por quê?

—De onde aquela garota brotou?

—Ela está hospedada na casa do Ronan... O que você tem, Arme?

—Nada. Eu só recomendo você ficar de olho, aquela garota é muito atirada.

—Mais uma que vai implicar com a menina? – Arme ficou intrigada, e a amiga explicou. – O Troço Rosa também não vai com a cara dela.

—Ah! Vou ficar no time da Amy. – Elesis revirou os olhos. – Você acredita que ela estava dando em cima do Lass?

—Aposto que eles só estavam conversando. -Arme bufou.

—Mas ainda recomendo ficar de olhos abertos, hein.

Elesis suspirou e riu. Ela não tinha realmente nada contra a menina. Gostou de conversar com ela nas oportunidades que teve. Não era uma ameaça. E Ronan gostava muito de Elesis, e ela sabia disse. Arme riu quando viu a amiga pensativa e com um sorriso bobo no rosto. Mas virou logo para Lire, com cara impaciente, e quando esta reparou, tratou de mandar uma ultima mensagem para Ryan e guardar o celular.

—Então Lire, o que achou disso tudo?

Antes de responder, Lire fez uma leve reflexão sobre tudo, suspirou e sorriu, feliz.

—Loucura. É a melhor palavra para descrever. – Deu uma leve pausa antes de continuar. – Vocês... sabiam desde o início?

Elesis respondeu primeiro.

—Eu fiquei sabendo ontem. O Ryan ficou mandando mensagem desesperadamente até eu responder.

Olharam para Arme. Ela relutou um pouco para falar sua artimanha, mas... resolveu falar logo.

—Eu descobri quando você foi na casa do Ryan...

Lire ficou curiosa e então a amiga explicou tudo. Que apareceu de surpresa, que Ryan explicou todo o plano e de todo o terror que colocou nos meninos.

—Foi divertido. – E riu. – Esse meninos são loucos.

—Principalmente quando se juntam. – Elesis completou.

Lire se desligou um pouco daquele momento. Em sua mente veio lembranças, não só do dia, mas de todos os momentos bons que passou, com seus amigos e com Ryan. Como se fizesse uma limpeza de todas as tristezas daquelas férias. Sorriu, e não deixaria aquele sorriso sair por um bom tempo. Não sabia descrever seu nível de felicidade naquele momento. Olhou para Elesis e percebeu que as amigas a encaravam confusa, mas continuou com o sorriso nos lábios.

—Okay... – Arme quebrou aquele silencio repentino que Lire iniciou. – Quem quer ver filme?

***

— Pai. – Chamou Rey.

O Sr. Von Crimson estava na cozinha tomando um drink.

— Preciso de todos aqui. Até lá, não falarei nada, minha querida.

— Mas...

— Shiiiiu... – E tomou mais um gole sereno.

Um carro se aproximou da casa daquela família e dele saiu Azin com um largo sorriso no rosto.

— Será encantador fazer parte desta reunião, Peter Von Crimson.

Dio o observava de longe. Estava agachado em um tronco de árvore, era escuro e não podia ser visto. Ele também estaria na reunião, mas na hora certa.

— Tiraram-me do meu mundo para conviver neste. Uma humanidade amável e medíocre... Não valorizam o bem mais precioso que é a própria vida e agora estão sendo ameaçados por um passado que não é pertencente daqui. Ora, ora, ora... O que o amanhã nos espera?

***

Lupus fora visitar Lin. Como ela era meiga e inofensiva aos seus olhos. Sentia-se sujo perante tanta pureza. Alegria em seus lábios.

Mas... Do que adiantaria sentir tanto e ter que abandonar isso?

Lupus a observava. Estavam na praça onde tinha a quadra de futsal, já haviam treinado ali e passaram pelo risco de atingir escolas, contudo, tudo era calma agora. Pelo menos, aparentava ser.

— Você não tem medo?

— De quê?

— De mim...

— Lin...

— Éramos dois estranhos meses atrás e agora você luta para que eu não te mate. – Ela soltou um riso amargo.

— Não consigo explicar.

— Você enfrentou a Rey! Isso... Eu... – Abaixou o rosto – Eu não sei até onde irei com isso. Queria ser normal, sabe?

Lupus riu.

— Normalidade é algo impensável para nós. Ainda mais recheados de mistérios. – Lembrou-se da conversa com Lothos na calçada.

— Mas você tem medo?

Lupus se levantou. Estava tarde.

— Levarei você em casa.

— Não irá me responder?

— Se eu tivesse medo. – Olhou-a – Não estaria com o Zero, não enfrentaria Rey Von Crimson, não lutaria com Dio e não estaria com você agora. Mas... Confesso, e odeio ter que admitir, mas a outra... – Lupus olhou para o céu negro – A outra que pode te dominar é arriscado não ter algum tipo de preventiva.

Lin sentiu-se magoada, mas era verdade. Era um perigo para todos se não controlasse sua ira.

— Mas estou aqui, não estou?

A menina se aproximou.

— Só permaneça assim e não precisarei me preocupar com mais nada, Lupus.

Ele continuou olhando para cima em razão, e recebeu um beijo de Lin. Como era perturbador aquele beijo. Tão doce e tão distante.

Seria difícil dizer adeus.

Como havia dito, levou Lin para casa e a menina foi contando sobre sua família, que estava longe para preserva-los e, quando começaria a contar mais de seu passado, sentiu angústia e temeu trazer a tona o que poderia descontrolar sua mente.

Não que se lembrasse de tudo, mas tinha flashes e eram bastante para tira-la da tranquilidade de ser a Lin.

Ao se despedir da menina, Lupus não disse nada, mas deixou um sorriso que perdurou nos sonhos de Lin. Era preocupante para o rapaz sentir aquilo. Era perigoso demais. Talvez não fosse capaz de retribuir aquele carinho diante da amargura que já vivera, do abandono, da separação e do segredo que penetrava sua alma como culpa e alívio.

Lupus era um paradoxo em forma, apresentavelmente, humana, por mais que nunca gostasse de admitir que estivesse tendo sentimentos humanos, sua natureza selvagem ainda o predominava. Era melhor assim.

Se fosse necessário matar, ele deveria matar.

Ao chegar em casa, depois de turbilhões de pensamentos, James estava a sua espera na porta.

— Já disse que não quero mais nada com vocês. – Disse, abrindo o portão.

James pegou as chaves, impedindo a ação.

— Não me obrigue a bater num velho desprezível como você. – Encarou-o.

— Minha dona descobriu tudo. – Entregou-lhe as chaves com um sorriso no rosto.

Lupus atentou-se.

— Ela sabe que Dio não faz parte de sua família e sabe também que há em si uma alma prisioneira do passado. – A voz mansa de James irritava Lupus.

— E o que mais ela sabe?

— Que você tem contas a acertar com ela. E precisa ser logo.

Lupus cerrou os punhos e James desapareceu, deixando apenas um bilhete.

“Não é adequado fazer uma dama esperar.

Ainda há vermes que valem minha atenção”

— Ela está desesperada. – Disse Zero.

— Não estou apto a receber tantas visitas em um único dia.

— Não sabia que se encontrava com a Lin, estão tendo um relacionamento? – Zero ignorou o sarcasmo de Lupus – Não creio que a menina Rey se agradará disso.

— Você já sabia de tudo. A pergunta é: como?

Ambos ficaram um de frente para o outro.

— A ideia da pergunta é válida, mas você ainda questiona o que não convém a ti questionar.

— O que está acontecendo, Zero? Por que eu?

— Não é você. É ela. E ela gosta de você.

— Sou um brinquedo?

— É.

Lupus aborreceu-se e cuspiu no chão, cerrando o punho novamente.

— Gostaria muito de te dar um belo soco e um belo tiro, posso?

— Cordial. – Zero sorriu.

— Quero respostas!

— Eu também. Mas, antes, quero que você cumpra com o combinado. Amanhã teremos um treino com a Lin.

— Pensei que ela estava melhor.

— Pensou errado. Aliás, você sempre pensa errado.

Zero se virou e saiu andando. Lupus não se conteve e puxou a pistola.

— Pare de dar as costas para mim!

— É você quem deve se preocupar para quem dá as costas.

Lupus recebeu uma pancada e não ouviu nem viu mais nada.


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Notas finais do capítulo

As coisas estão esquentando, hein e.e
E então? O que acharam?
Viram algum erro danado por aí? e.e
Até o próximo, gente õ/



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