Virou Simplesmente Amor escrita por Mary e Mimym


Capítulo 15
Dias Divergentes


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Sem desculpas dessa vez. Já explicamos diversas vezes nossa situação, e também não vou dizer que voltamos, porque a gente volta e some de novo. Passados 3 meses, vou refrescar a memória de vocês com o que se passou no último capítulo:

—Tivemos a segunda metade do almoço na casa do Ronan, que foi feito pela Edel e houve uma discussão envolvendo Edel, Amy e Sr. Erudon; seguido por um ensaio da mãe de Ronan com a Elesis;
—Houve flashback de lembranças referentes à Mari e Sieghart;
—Também tivemos um treino diferente da Lin com Lupus;
—Seguindo, teve um encontro de casais, no dia seguinte, com Elesis, Ronan, Amy e Jin, em que pegaram o celular da Elesis não deixando ela falar com suas amigas;
—Finalizando com uma visita de Arme na casa da Lire que está cada vez mais distante dos amigos, depressiva.

É só um pequeno resumo pra refrescar a memória.
Aviso que em breve responderemos todos os comentários do capítulo anterior e talvez deste também. Boa Leitura!!! =D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/447864/chapter/15

Lupus acabou acompanhando Lin até em casa após o treino.

–Isso está ficando estranho, sabia? - A menina riu, aproximando-se de casa.

–Eu sou estranho, então acho que faz parte. - Lupus estava sério. Algo o perturbava.

O crepúsculo já dominava o céu e a noite se achegava cautelosamente.

–Ora, ora, ora… - O tom cético foi ouvido, mas a pessoa não foi vista.

Lin acabou se aproximando mais de Lupus.

–Está com medo, querida?

Os dois olharam para trás.

–Bú. - Disse a pessoa com um sorriso no rosto.

Lupus surpreendeu. Estava começando a temer demais. Ele não era assim. Não poderia ser.

–Vai começar a me perseguir, Rey?

–Eu tenho que cuidar do que é meu, só meu, - Encarou Lin - não acha, queridinho?

–Cuida da sua cachorrinha, então. - Rebateu Lupus.

Lin deu uma breve risada, tampando a boca com as mãos. Rey não admitiu tal atitude.

–Está tentando impressionar essa garota debatendo comigo? Ah, meu amor, não faça mais isso… - E apontou o indicador para Lupus, num tom bem ameaçador - Ou terei que providenciar um bom castigo para você.

–O Lupus não é nada seu, pare de falar assim com ele. - Defendeu Lin.

–Não se intrometa, garota. - Disse Rey.

Lin deu um passo, mas Lupus colocou o braço a sua frente.

–Não. - Pediu o rapaz.

–Muito bem, Lupus, me proteja dessa selvagem. - Rey lançou um sorriso de canto - Afinal, eu não quero ser mais uma vítima a deixar sangue nas mãos dela.

Lin arregalou os olhos e sua respiração falhou. Rey gargalhou após sua maldade.

–Vai embora, Rey. - Lupus estava perdido, retraído. As ameaças de Rey rondavam sua cabeça. Ainda mais com a Lin ao seu lado.

–Ir embora? Agora que o meu show… - A garota terminou num tom sério - Acabou de começar!

–Não é necessário show nenhum.

–Lupus, querido, quem manda aqui… - Se aproximou do rapaz e lhe deu um selinho - Sou eu.

Lin sentiu seus olhos arderem e as lágrimas surgindo. Seu peito apertou. Lupus virou o rosto. Rey apenas sorria debochadamente.

–Não vou pedir duas vezes, garota, - Encarou Lin - vá para a sua casa e não ouse procurar mais o Lupus. Permitirei apenas que pense nele, está me ouvindo?

Lin abaixou a cabeça. Estava cansada. A rua estava deserta, mas ela se sentiu humilhada como se houvesse pessoas assistindo. Não deixaria aquilo barato. Não mais.

–Cala a sua boca miserável. - Subiu o olhar para Rey - Porque, senão, eu não responderei por mim!

–Ui, está ficando estressadinha, é? - Brincou a asmodiana.

–É isso que ela quer, Lin. Apenas…

–Não! - A menina olhou para Lupus - Ninguém mais me humilhará como essa garota fez. E não temas pensando que meus poderes me dominarão. Pois o sentimento que está ferido é o meu! Então só eu posso resolver isso. - Encarou Rey - E, você, querida, - Sorriu - se não for embora agora e nos deixar em paz, será eu quem infernizará a sua vida, ouviu bem?!

Rey recuou, mas não se demonstrou pasma, pelo contrário, sorriu.

Lin segurou a mão de Lupus.

–Ele não é seu bichinho de estimação. Ele está comigo agora, entendeu? Aprenda a perder… A perder não, porque ele nunca foi seu! - Esbravejou Lin.

Rey aplaudiu.

–Bravíssimo! - Riu como se estivesse em uma peça de comédia - Lupus, essa garota me surpreende a cada dia. - E mais aplausos, até que o silêncio reinou junto com a escuridão da noite - Mas você não é páreo para mim, garota.

Lin não respondeu.

–Lupus está nas minhas mãos. Por que você acha que ele não reage, hein?

Lin olhou para o menino ao seu lado e apertou mais sua mão na dele. E, mesmo com Rey a sua frente, a menina acariciou o rosto de Lupus com a mão livre e sussurou um “Eu estou aqui.”

Rey sentiu suas veias pulsarem. Lin conseguiu irritá-la.

–Não adianta, querida, o Lupus é um caso perdido. Mas é o caso que eu quero para mim.

Lin nada disse. Olhava para os olhos profundos e perdidos de Lupus. E ele para os olhos azuis tão serenos dela.

–Eu estou aqui… - Murmurou novamente.

–É melhor você ir, Lin. - Pediu Lupus, tirando a mão da menina de seu rosto e desfazendo o entrelaço das mãos.

–Boa escolha, eu já estava começando a ficar entediada e estressada com essa situação.

Lupus se afastou aos poucos até ficar perto de Rey.

–Você acha que sou seu boneco de fantoche? - Pegou nos braços dela, apertando bem.

–Está me machucando, Lupus. - Mordeu os lábios a asmodiana.

–Eu desprezo você, Rey, desprezo.

A menina arregalou os olhos, mas logo fechou o semblante e focou em Lupus.

–Você perdeu a noção, Lupus?! Quem pensa que é para agir assim comigo na frente dessa garota?!

Lin estava surpresa, mas preferiu se manter quieta.

–Solte-me! - Exigiu Rey - Solte-me ou gritarei!

Um trio de jovens passava pela rua e um deles observava atentamente a situação. Lupus a largou.

–Vá para casa, Lin. - Ordenou o rapaz - E não ouse relutar.

–Não posso deixá-lo sozinho com ela.

–Vá logo!

Lin cerrou o punho.

–Por favor… - Acalmou-se Lupus, como se fosse a última tentativa de tirar Lin daquela situação.

A menina atendeu ao pedido depois do que Lupus disse. Virou-se com o peito agoniado e foi para casa. Abriu a porta e, ao entrar, ficou com as costas coladas na madeira, temendo o que poderia acontecer com Lupus e suplicando para que nada acontecesse.

–Acabou o teatrinho?! - Rey o encarou - Pensei que nunca fosse parar com essa pouca vergonha com aquela garota. Eu quase acreditei que estavam…

–Calada, Rey! Eu estou me controlando muito, graças ao idiota do seu irmão, para não matar você… - A voz de Lupus era sedenta de ódio.

–Está se revoltando contra mim? - Rey se manteve ríspida - É você quem está nas minhas mãos, Lupus, não se esqueça disso. Acabar com o seu irmãozinho e com aquela garota será um grande prazer.

–Afaste-se deles.

–Então me mostre que está ao meu lado. Ou amanhã mesmo você não verá mais nenhum dos dois que mexem com o seu pequeno e frágil coração, que, caso não lembre, pertence a mim. - Rey se virou e foi desaparecendo na escuridão que caía sobre a rua.

***

Rey acabara de chegar em casa e talvez nunca tivesse presenciado o local tão quieto. Geralmente ouvia seu pai conversando pelo telefone no escritório e, nos últimos dias, coisas sendo quebradas por Dio. Mas aquele dia, estava calmo. Ela viu Alfred passando pelo corredor e perguntou sobre o “irmão imprestável”. Ele havia saído logo após o Sr. Von Crinsom, ambos com o objetivo de negócios.

Algo não cheirava bem e Rey logo aprontaria algo. Ela sabia que tinha algo acontecendo, mas precisava saber o quê. Chamou James para que fizesse uma tarefa que ocuparia a tarde toda.

–Segredos não duram para sempre. - Sua cadelinha apareceu naquele instante em que conversava já sozinha. - Concorda, Mary? - Acariciou antes de ela desaparecer pela mansão novamente.

***

Dio chegou um pouco mais tarde que Rey, estacionou o carro e suspirou.

–Isso está perto de acabar. Eu posso sentir. Só mais um pouco…

Saiu do carro, trancou, caminhou para a mansão, entrou, e, com uma aparência de completo cansaço, fechou a porta atrás de si com o pé.

–Dio Von Crinsom…

–Meu nome. - Respirou fundo, novamente. Rey aprontaria alguma e não sabia mais quantas aguentaria.

–Sabe… Eu nunca achei que esse sobrenome combinasse com você…

Gelou. Olhou para o topo da escada, onde ela estava, e surpreendeu-se mais ainda com a visão. Rey vestia uma camisola lilás pouco transparente e lingerie roxa, que, claro, sobressaía com a camisola. Com tantas preocupações em mente, Dio não poderia ter outra reação.

–O que você está fazendo? - Surpreso, esta foi a primeira coisa em que pensou.

–Assumindo o controle e dando um passo além. - Respondeu garota em tom provocante enquanto descia as escadas.

–Você está louca. - Dio permanecia no mesmo estado e parado no pé da escada.

–Um pouco… Talvez.

Ao posicionar-se em frente a Dio, iria acariciar o rosto se o mesmo não tivesse segurado seu braço.

–É… Não é um pouco. Vocês está louca. Vá se vestir! Daqui a pouco o Von Crinsom chega e você está assim. - E estas foram as melhores palavras ditas por um irmão.

Largou o braço de Rey e começou a subir para seu quarto. Rey pareceu demorar um pouco para digerir as palavras, logo começou a subir as escadas também, mas seguiu Dio. Quando ele menos esperava, a menina passou o dedo, levemente, no meio de suas costa, causando um arrepio. Vendo tal reação, sorriu provocante e repetiu o ato. Desta vez, Dio abriu suas asas involuntariamente. Tentava entender a situação, mas em vão. Sua mente estava embaralhada, apenas sabia que aquilo não estava certo.

Quando virou-se para Rey, não deu tempo de fazer nada. Ela o beijou. Ficaram assim por um tempo, quanto mais passava, mais intenso ficava. Rey passou as mãos pelos braços de Dio, até os ombros e agarrou seu pescoço. Dio, como se retomasse a consciência, finalizou aquilo. Segurou-a pela cintura e, brutalmente, a afastou para lado, o que fez Rey ir de encontro à parede. Respirou. Era a maneira que ele se controlava.

–De novo: O que você pensa que está fazendo? - Olhou para a menina com um pouco de raiva. Ela segurava o braço que estava dolorido graças ao impacto. Apoiada na parede, escorregou e sentou no chão. - Olhe pra você. Vou te lembrar de uma coisa: somos irmãos. Nada a mais, nada a menos. Devia se envergonhar por isso. Vista roupas descentes, antes que o pai chegue e veja quem realmente é a filhinha dele.

O garoto retomou seu caminho para o quarto. Rey se levantou e correu para o seu, onde permaneceu o resto da noite. Nem vira o pai chegar. Ele pretendia ter uma conversa sobre negócios com ela, mas no dia seguinte.

***

Após tanto tempo, agoniante, em silêncio, Arme se pôs a falar.

–Lire, você precisa de distração.

–Não, agradecida. - Arme suspirou. Lire estava séria.

–Não aceito “não”. Vamos lá pra casa, vou reunir o pessoal…

–Arme, não quero. - Interrompeu. - Não to a fim de sair, não quero ver ninguém! Quero ficar em paz. Não pode respeitar isso?

A baixinha ficou estática. Queria ajudar a menina, mesmo ela dizendo que não precisava. Levantou-se do chão, onde ainda permaneceu um bom tempo pensando, pegou sua bolsa e, antes de sair, disse:

–Ninguém consegue suportar tudo sozinha, nem ficar sã pensando apenas no problema. Se quiser se distrair, já sabe que vou chamar o pessoal lá pra casa. - Virou-se e saiu.

Lire esperou mais um pouco e ouviu a porta da sala batendo. Olhou para a cama e viu o celular jogado, pegou-o e voltou a se encolher no chão mesmo. Vasculhou sua playlist e passou as músicas diversas vezes. Talvez não quisesse ouvir música, talvez não quisesse mexer no celular. Talvez não quisesse fazer nada. Deixou o celular de lado, pegou uma almofada e ficou deitada em posição fetal. Com raiva, limpou uma lágrima que escapou.

***

O quarteto finalmente parou para almoçar. Ao terminarem, o assunto entre eles foi se esvaindo.

–Bem, acho que depois da revelação, do roubo do meu celular e dessa comida deliciosa, eu acho que podemos voltar para casa. Estou de saco cheio de ficar no shopping. - Elesis colocou os cotovelos sobre a mesa e apoiou o queixo nas duas mãos abertas.

Jin se levantou esperando que os três fizessem o mesmo. Só que não…

–Volta aqui! - Amy o puxou.

–Ué, mas não vamos embora? - O ruivo olhou para Amy.

–Não, senhor. - A rosada o beijou - Ronan e Elesis podem ir, eu e você ficaremos.

–Hoje tem, hein Jin? - Brincou Ronan, fazendo com que o ruivo ficasse ruivo até mesmo no tom de pele.

–Ninguém merece… - Reclamou Elesis.

Amy deu um sorriso e olhou para Ronan.

–Posso falar uma coisa?

–É melhor não, né Amy? - Aconselhou a ruiva.

A rosada revirou os olhos.

–Eu pedi a opinião do Ronan, não a sua, tá lindinha?

–”Lindinha” é o…

Ronan segurou a mão de Elesis e Jin arregalou os olhos.

–Finja que você aprendeu a educação que nossos pais nos deu, Elesis, por favor.

A ruiva puxou sua mão e cruzou os braços, emburrada. Amy caiu na gargalhada.

–I WIN! - E com a voz mais fina e cantarolando, comemorou.

–Você vai “win” um soco na sua cara, fofinha. - Rebateu Elesis, já com um sorriso no rosto.

–Parem as duas, por favor. - Pediu Jin.

–Ah… - Entristeceu-se Ronan - Eu já ia me preparar para o segundo round.

Jin apenas reprovou toda a situação.

–Olha só, sua brutamonte vermelha, fofinho será o belo grito que darei no seu ouvido pra você parar de deboche!

Ronan acabou batendo palmas e começou a rir.

–E agora, Elesis? Vai deixar?

–Cala boca, idiota. - A ruiva respirou fundo e, quando foi retrucar o que Amy disse, a mesmo a interrompeu.

–Vou falar logo o que quero, porque sim. - E se levantou, apoiando as mãos na mesa - Eu nunca imaginei me separar do Ronan. - Olhou para Elesis - Mas, se existe mesmo o destino, nós quatro fizemos parte dele. Porque não foi fácil estarmos aqui juntos. É claro que uma super estrela como eu estaria presente sempre. - Jogou os cabelos - Mas, onde eu quero chegar pra terminar logo com meu discurso lindo, é que vivemos tantas coisas e chegamos aqui! Tipo, vocês apareceram e tudo mudou extremamente. E, por mais que eu tenha sofrido e acredito que cada um aqui sofreu, hoje estamos felizes. Porque encontramos a pessoa certa. Valeu muito a pena. Desde o primeiro esbarrão até a troca de olhares…

Silêncio.

–Acho que mereço aplausos, não acham não? - Amy cruzou os braços.

Ronan se levantou e deu um abraço apertado na menina.

–Ai, não amassa meu cabelo, Ronan.

Ele riu e agradeceu Amy, dizendo um “muito obrigado” em seu ouvido.

Jin e Elesis trocaram olhares. O ruivo se levantou.

–Se houve mesmo o destino que nos juntou, espero que ele nunca mude de ideia. - Jin puxou Amy para mais perto de si, assim que Ronan se afastou.

–CHEGA! ECA!! - Elesis se manifestou - Parem já com isso. - E tremulou o corpo - É muito mimimi.

–Ai ai, lindinha, você ainda tem muito o que aprender com essa vida cheia de amor.

–Lindinha não.

Amy mandou um beijo e a ruiva quase avançou nela, mas Ronan voltou para perto de Elesis a tempo de segura-la.

–Acho que essa é uma boa hora para nos despedirmos, não é?

Jin assentiu e Amy apenas soltou uma risada. Ronan e Elesis acenaram e se afastaram da mesa.

–Acho que estou sonhando… - Comentou a ruiva, num tom baixo.

Ronan segurou sua mão.

–Isso… - E levantou as duas entrelaçadas - É a mais pura e linda realidade.

–Só não precisa ser tão romântico, isso me dá enjoo.

O menino riu.

–Ronan?

–Sim.

–Estou com frio na barriga.

–Quer um casaco ou ir ao banheiro?

Elesis parou e o olhou como quem diz “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.

–Parei, parei. - Disse Ronan rindo - Foi só uma piadinha, sem agressividade. - Olhou para a ruiva e voltaram a caminhar - Deve ser normal, isso ainda é novo para você.

–Essa sensação me dá medo…

–Não tenha medo! - Ronan parou de frente a ruiva e levou a mão dela até seu coração - Sente ele batendo?

Elesis assentiu. Seu rosto fervia e seus olhos não deixavam de visar aquele azul tão puro.

–Ele bate por você, Elesis. Onde quer que esteja, ele baterá somente por você. Então não tenha medo, porque eu não vou te decepcionar. Não sendo seu primeiro namorado.

A ruiva tampou o rosto com as duas mãos e Ronan a puxou para um abraço.

–Eu… - O menino respirou fundo. Era a hora? As três palavrinhas deveriam ser ditas? Mais um suspiro.

Era melhor não…

–Eu estou aqui, Elesis, estou aqui… - E a beijou na testa.

A ruiva saiu de seus braços e virou o rosto.

–Preciso fazer uma coisa.

–O quê? - Estranhou Ronan, arqueando uma sobrancelha.

Elesis desferiu um soco no braço do menino.

–Ai!

–Pedi para não ser romântico, idiota. - E saiu andando na frente.

–Ai ai, minha ruivinha nervosa… - E sorriu massageando o braço, indo atrás de Elesis.

***

–Jin?

–Oi?

–Olha para mim. - Amy afinou a voz.

–Oi. - Sorriu ele, olhando para a rosada.

–Eu estive pensando em uma coisa…

Amy e Jin estavam sentados em um dos bancos espalhados pelo shopping no ambiente aberto do mesmo. O ruivo a olhou atentamente.

–Você bem que podia… Sei lá, me chamar mais vezes para ir à sua casa.

–Mas eu chamo.

–Eu digo… Para conhecer seus pais.

–Ah… - Jin abaixou a face e cruzou as mãos.

–Eu disse algo errado?

–Não, Amy, é que… É complicado.

–Eu sou linda e inteligente, meu bem. A vida simplesmente me concedeu essas duas preciosas virtudes.

–”Virtudes”, né? - Jin riu - Meus pais viajam muito, eles só voltaram uma vez no início do mês, porque fizeram um voo para cá.

–Poxa… - Amy suspirou - Eu só não quero que eles apareçam apenas em nosso casamento, preciso conhecê-los antes disso, ouviu bem?

–Casa… O quê? - O ruivo quase deu um pulo do banco. E, ao invés disso, deslisou para a ponta. Amy o acompanhou e voltou a ficar ao lado de Jin.

–É, seu bobinho. - Bateu no nariz do menino com o indicador.

–Vamos devagar, não acha melhor, Amy?

–Eu sei que é para irmos devagar, nem noivamos ainda.

Jin se levantou.

–Amy, você está me assustando!

A rosada caiu na gargalhada.

–É que meu amor por você está no ar, por isso estou tão empolgada para falar dessas coisas.

O ruivo sorriu. Estendeu sua mão até a menina e a puxou para si, dando-lhe um beijo suave.

–Bem, enquanto meus pais não vêm, nada te impede de ir lá em casa, sabe, passar um dia comigo.

Amy afogou seu rosto no peito de Jin. Ele riu mais ainda.

–Ain… Eu aceito passar um dia com você. - A menina o olhou, ficou na ponta dos pés e beijou Jin - Eu aceito passar todos os dias ao seu lado.

***

Arme saiu de lá relutante. Ainda ficou uns minutos parada em frente à casa. Pegou o celular e chamou o pessoal do grupo que ficou quieto depois do “Oi” da Lire.

Qro ver meus amigos, qm vem?

Elesis: Topei

*Ronan aki*

E a Elesis?

Elesis: dou um jeito

ela vai e.e

Lindos *-*

Lass: q horas?

Imediatamente ♥

Ryan: Ér… to meio ocupado .-.

Sério Ryan?

Ryan: Vou na próxima, bjs

Guardou o celular e andou até esquina, olhou novamente para a casa da Lire e suspirou.

–Ryan… Quero uma super produção, tá?

A baixinha retornou sua caminhada. Próximo de casa, encontrou com Lass, no percurso restante deixou-o a par da situação de Lire, e ele confirmou que Ryan estava dando tudo de si. O final teria que valer a pena.

Chegando na casa de Arme, a mesma saiu correndo, teve uma ideia e não poderia perder a oportunidade. Vasculhou cada canto do quarto, revirou seu armário. Não era possível que não estava encontrando. Lass perguntava pra ela o que era, mas, se ela contasse, ele não apoiaria. Mexeu em uma gaveta na sala e encontrou umas pilhas, depois sumiu por uns cinco minutos nos outros cômodos da casa. A campainha tocou e Lass abriu a porta. Eram Ronan e Elesis. Porta fechada e um clarão os incomodou por um momento.

–Mas o que é isso? - Elesis piscava o tempo todo até sumir os brilhinhos que seguia seus olhos.

–Eu reparei que desde que entramos de férias, nos nossos encontros, não tivemos nenhuma foto. Então, declaro que a partir de hoje vou levar esta câmera pra todos os cantos. Quero fazer um álbum até o final do ano.

–Arme manda-chuva ataca novamente. - Brincou Ronan.

–Ah não! Sem fotos!

–Desculpe, mas apoiarei a Elesis. - Declarou Lass, que se jogou no sofá.

A garota ficou boquiaberta. Encarou cada um dos três: Lass não mostrando se importar, Elesis esfregando os olhos ainda e Ronan rindo da situação. Não tentou se quer esconder a indignação.

–Qual o problema de vocês? Não vêem que é algo importante?

–Importante? Fotos são momentos planejados. Fazem pose. Decoram o quadro. Os melhores momentos são os espontâneos.

–Ah, para, Elesis. No futuro você vai querer compartilhar momentos da sua vida, vai contar dos seus amigos e não haverá nenhuma prova, nenhuma amostra, de que aquilo aconteceu e seus amigos existiram. Pode até ser que os momentos mais incríveis, épicos, não sejam registrados, mas muitos momentos são lembrados com as fotos. Fora que nem todas as fotos são “maquiadas”. - Arme mexeu na câmera visualizando a última foto. - Tirei uma foto surpresa que mostra o Lass sério, o Ronan bobo e você sorrindo, enquanto esse casal lindo entra aqui em casa. Certamente vou lembrar deste pequeno discurso.

Ela abaixou a câmera e olhou para os amigos Ronan fez uma cara admirado e começou a aplaudir. Levantou os braços e gritou: “Sou seu fã!”. Riu, olhou para Elesis, implorando, e sua resposta foi um suspiro.

–Elesis, você tem uma torcida. Não diga que ela destruiu todos os seus argumentos sem você apresentar. - Lass nunca foi muito fã de foto, assim como a ruiva, mas não teria como argumentar. Perderia mais cedo do que Elesis.

A ruiva olhou o amigo, o namorado e olhou o chão, derrotada.

–Eu tenho que sorrir?

Então Arme sorriu empolgada e começou a dar ideias para sair na foto. Eles só teriam uma certeza, iriam sair de lá cegos.

***

Ryan abriu a porta de casa com o maior cuidado e vagarosamente. Havia ficado muito tempo resolvendo o que precisava para os preparativos da surpresa que estava fazendo para Lire e esquecera a hora.

Entrou na sala e estava tudo apagado. A luz do corredor que levaria a cozinha ainda estava acesa, assim como a luz da cozinha.

Logo depois foi apagada e alguém surgiu com um copo na mão caminhando pelo corredor.

–Droga! – Murmurou Ryan, que se jogou atrás do sofá.

–Pode saindo daí, espertinho. – O Sr. Woodguard acendeu a luz da sala.

–Não tem ninguém aqui. – Soltou Ryan.

Seu pai apenas balançou a cabeça e caminhou até o sofá. Parou a frente do mesmo.

–Quer que eu te dê dois minutos para se esconder em um lugar melhor?

–Não, muito obrigado. – Ryan colocou a mão na boca e suspirou – É bom eu continuar aqui, em dois minutos em não pensaria em nenhum lugar melhor.

O Sr. Woodguard soltou um breve riso, mas depois voltou a ficar sério.

–Ryan, não me obrigue a...

–O.k! O.k... – Levantou-se e ergueu os braços – Sem chamar a mamãe. Ela não precisa sabe de nada.

O pai de Ryan acabou rindo e colocou o copo de água na mesinha do abajur.

–Você sabe que horas são? – Perguntou, começando a bronca.

–Nem deu meia noite ain... – Ryan olhou para o rádio e a hora que marcava era exatamente em “00:00” – Tá, agora é meia noite. – Deu-se por convencido e aceitou a bronca.

Ryan deu a volta no sofá e sentou com um ar desanimado.

–Filho... – O Sr. Woodguard sentou ao lado de Ryan – Sei o que está fazendo pela Lire, mas... Eu e sua mãe ficamos preocupados como você. Está muito perigoso lá fora.

–Eu sei... Só que...

–Olha, pode parecer que estou sendo chato falando o que você já sabe, mas só queremos que você esteja bem. Nós, pais, sentimos um aperto quando vemos nossos filhos longe. Ainda mais quando nem sabemos onde estão, entende, Ryan?

Ryan assentiu.

–Vocês são como um pedacinho nosso e que faz muito falta quando...

–Pai, eu já entendi. Esse papo está ficando muito... – Ryan fez uma careta – Eca.

O Sr. Woodguard balançou a cabeça e riu.

–Está certo, Ryan. – Levantou-se – Se está achando essa conversa “eca”, imagine quando falarmos sobre...

–Pai! – Repreendeu – Eu sei que já passou da meia noite, mas vamos deixar esse assunto para quando eu fizer dezoito anos ou, quem sabe, quando eu já tiver filhos. – Ryan também se levantou – Lá para os trinta anos.

–Acho que você nem quer ter essa conversa.

–Acho que os homens também têm o sexto sentido. – O menino pensou logo no Ronan e nas “intuições femininas” que o azulado estava tendo e riu sozinho.

O pai de Ryan caiu na gargalhada e o menino achou que o assunto estava encerrado.

–Bem, acho que vou dormir.

–Não está se esquecendo de nada, Ryan?

–Acho que não... – Ele arqueou uma sobrancelha – Por quê? Quer um beijo de boa noite?

Ryan passou pelo pai e, enquanto ia para o quarto, seu o Sr. Woodguard concluiu:

–É... Sempre tive inveja de sua mãe receber beijos de boa noite e eu não. – Disse o pai, ironicamente e Ryan riu – O fato é que se esqueceu de que está de castigo e não mexerá no X-BOX.

Ryan se virou com os olhos esbugalhados.

–Sem X-BOX? Como eu viverei?! – Abriu os braços.

–Aprenda a chegar mais cedo em casa e não preocupe mais seus pais.

–Mas...

–Acho que vou dormir. – Interrompeu – Boa noite. – Bocejou o Sr. Woodguard, que passou pelo filho e sorriu travesso.

–Ele ainda reclama quando começo a fazer piadinhas. – Murmurou Ryan, que apagou a luz da sala e foi para o seu quarto.

***

Passados dois dias depois do almoço que tivera em família, Ronan imaginava que tudo seria diferente, talvez seu pai começasse a enxergar em Elesis uma pessoa boa o bastante para fazer parte daquela loucura de família.

Falha a sua não conhecer seu pai tão bem.

Ronan acabara de acordar e, ainda bocejando e com os cabelos desalinhados em sua face, ainda pôde ver quem estava parado em frente a sua porta.

– Faz tempo que não ouço seu bom dia.

– Bom dia, pai.

– Obediente como sempre. – Sr. Erudon respirou fundo de tamanho orgulho que não cabia mais em si.

– Educação vem de casa, não é? – Ronan começou a andar, mas foi parado por seu pai.

– Espere. – E olhou para as costas do filho – Quero ter uma conversa com você.

– Já não tivemos várias?

– É sempre bom termos mais uma.

– Afirmação de ideias? – Ronan se virou para o pai com um semblante nada agradável.

Sr. Erudon sorriu.

– Afirmação de ideias.

Agora Ronan respirou fundo. Seu pai estendeu o braço em direção ao quarto e o menino foi na frente.

– Gosto de ver que meu filho está bem.

– Aonde quer chegar?

– Sente-se. – E apontou para a cama.

– Acabei de acordar, pai.

– Sente-se. – Insistiu.

Silêncio até Ronan se sentar.

– Filho.

– Pai. – Ronan o interrompeu – Se for para falar da Elesis... – Tentou se levantar, mas seu pai o impediu.

– O que eu lhe direi é problema meu, apenas ouça, como um filho... – Sorriu – Educado.

Ronan desaprovou aquela cena toda com a cabeça.

– Você sabe que a geração de nossa família ergueu a espada com muito clamor ao que fazia. Até que eu nasci e a espada foi deixada de lado para os negócios. Mas... Tradições são tradições e a nossa família se estruturou com isso.

– Eu já sei aonde quer chegar e a resposta é não.

– Deixe-me terminar. – O pai o encarou – Você é novo, está descobrindo o que é sentir algo por alguém, mesmo que já tivesse sentido pela Amy.

– É diferente!

– Ainda não terminei! – Mais uma encarada fazendo Ronan fechar o punho – E isso atrapalha alguns sonhos que temos.

– Seus sonhos, não é?

Pela primeira vez, Ronan fez com que o pai olhasse para outro canto do quarto que não fosse o filho. O pai estava desnorteado e Ronan reparou.

– Nosso sonho. – Sr. Erudon ainda não olhara para o filho.

– Nunca disse que queria embainhar uma espada para a minha vida.

– Você sentiu o poder em suas veias ao pegar uma de nossas espadas. Cortou seu cabeço selando a força capaz de lhe fazer mudar!

– Tudo isso foi por causa da Elesis, não por causa de uma espada. – Levantou-se, sem intervenções de seu pai.

– Não permitirei que meu filho pereça diante de um Sieghart.

– Perecer...? O quê?! – Ronan começou a não entender mais nada, até que lembrou o almoço.

“–A família Sieghart também tem tradições com espadas. - Comentou o Sr. Erudon. - E não imaginei ver depois de tanto tempo um membro presente nesta mesa discutindo sobre espadas.”

– O senhor conhece bem a família Sieghart, não conhece?

– O quê? – Sr. Erudon recuou um pouco.

– Disse no almoço algo sobre eles, que não pensava em ver membros daquela família falando sobre espadas, algo assim.

O pai de Ronan surpreendeu-se.

– O que tanto te perturba não é só a Elesis na minha vida e, seja lá o que for, é melhor esquecer, porque eu não desistirei da minha felicidade, dos meus sonhos – Bateu em seu peito – por um capricho seu!

– Ronan!

– Pai!

– Essa menina não tem futuro, não tem nem os pais por perto.

– Essa menina, pai – Ronan caminhou até seu banheiro -, é o meu futuro. E sobre os pais dela... Isso é algo que provém dela e não da gente.

– Ronan, eu só quero o seu melhor e longe daqui...

– Longe daqui eu serei infeliz. E, se esse for o seu sonho, vá em frente. – Ronan não se virou, mas sentiu que, depois de suas palavras, o pai se retirou do quarto – Mas quando se arrepender, eu não estarei mais aqui.

***

O menino desceu as escadas com as mãos no rosto. Passou pelo cabelo e parou no último degrau. Sorriu um tanto desanimado.

– Está tudo bem, Ronan?

Ele seguiu seu caminho e parou novamente de frente a Edel. Suspirou.

– Às vezes eu queria fazer como você e viajar para longe dos meus pais.

– Não diga isso...

– Edel... – Ronan olhou para a varanda, era como se o ar de fora fosse bem mais suave do que o do ambiente caseiro.

– Você sabe que não estou aqui para dar um “tempo” dos meus pais, é bem mais complicado. Estou procurando alguém compatível com meu sangue para ajudar meu irmão.

– Eu sei. – Ronan sorriu e a olhou.

O silêncio se instalou na sala.

– Sabia que faz um bom tempo que não dou um mergulho na minha piscina?

– O quê? – Edel abriu um largo sorriso – Você muda de assunto muito rápido, sabia? – E riu.

– É o modo que encontro de afastar esse peso. – Ele inclinou a cabeça para a porta – Vamos dar uma caída? Aproveitar o sol?

– É pra já!

Os dois trocaram inocentes sorrisos. Assim que Edel saiu, Ronan foi para fora de casa, tirou a blusa e sentou na beirada da piscina, com os pés dentro da mesma.

Frases de seu pai lhe vieram à cabeça. A maioria sobre Elesis. Outras sobre ele crescer no ramo da esgrima. Seu futuro... Até onde ele iria para que eu siga o futuro dele e não o meu?

Ronan ficou sem resposta.

– Ué, o que o jovem Erudon faz aqui? – Perguntou o jardineiro da família.

O menino sorriu e olhou para cima.

– Foi um meio que encontrei de não pirar.

– Teve uma conversa com seu pai, não foi?

Ronan assentiu. Ouviram um pigarrear da porta e Ronan olhou. Era seu pai. O jardineiro se retirou.

– Licença, Sr. Erudon. – Pediu Edel, cobrindo-se com um roupão.

– Nossa! – O pai de Ronan abriu um largo sorriso como não vinha fazendo – É maravilhoso ver que os dois estão se dando bem.

A menina não sorriu. Não pelo o que o Sr. Erudon disse naquele momento, mas pelo o que já foi conversado.

Ronan se recusou a olhar aquela cena e encarava seus pés na água. Edel nada respondeu e foi de encontro com o menino. O Sr. Erudon não permaneceu ali por muito tempo. Assim que seu carro estacionou, o pai de Ronan ajeitou o paletó e saiu, sem ao menos se despedir.

– Não vai se trocar, Ronan?

– Não... Tomarei banho de short mesmo, tem algum problema.

Edel virou o rosto repentinamente e sentiu seu rosto esquentar.

– Não, problema nenhum, é que... – As palavras fugiram de sua mente.

Ronan riu.

– Não fica constrangida. Você já é de casa. Me ver assim vai ser até comum. – Ronan riu, mas ficou com o pensamento pesado sobre o que dissera. Aquilo acabaria atrapalhando o namoro com a Elesis de alguma maneira?

– Bem, eu não ficarei molhando só meus pés. – Disse Edel, tirando o roupão e ficando apenas de maiô – Você vem ou não? – Estendeu a mão para o menino.

Ronan se levantou e segurou a mão dela. Edel sentiu um frio na barriga.

A mãe de Ronan apareceu na sacada e sorriu mais em ver o filho também com um sorriso no rosto. Para ela, era difícil saber que o clima familiar não estava bem e que Ronan era jovem demais para passar por tanta pressão por parte do pai. Porém, se mantinha distante o bastante para não piorar a situação. Mas, mesmo de longe, protegia Ronan e o admirava nesse momento.

Ao vê-lo puxando Edel para pularem na piscina, quase deu um grito de “Cuidado!”, mas se conteve. Bem, pelo menos nem Ronan nem Edel viram, só o jardineiro, que lançou um sorriso simpático para a Dona da casa, a mesma retribuiu.

Depois de se jogarem na piscina e jorrarem metade da água para fora com brincadeiras entre eles, Ronan e Edel param um de frente para o outro.

A menina estava com as costas no azulejo da borda.

– Você namora, Edel? – Lançou Ronan, da forma mais natural, assim que as gargalhadas se encerraram.

– O quê? – Ela se espantou um pouco e ficou envergonhada.

– Eu perguntei se você tem algum namorado?

– Ah, Ronan... – Edel virou o rosto – Eu...

Ele esperou pela resposta.

– Eu conheci um menino na escola, mas não deu em nada.

– Hum...

– Por que quer saber? – Ela riu sem jeito.

– Nada não. – Ronan deu de ombros – Foi só curiosidade mesmo. É que, tipo, você conheceu minha namorada e conhecerá meus amigos, aí eu quis saber um pouco sobre você também.

– Ah sim... Bem, eu sou uma adolescente solteira, de 18 anos e que está a procura de um doador para o meu irmão. Sou bem aventureira, não acha?

Ronan sorriu.

– E essa busca, você teve algum avanço? – Ronan deu uma mergulhada rápida.

– Seu pai que está resolvendo isso. Já fizeram algumas buscas nos hospitais daqui, mas... – Edel mudou o tom de voz, ficou desanimada – Ainda não deu em nada, sabe?

– Mas não fica assim, logo, logo, você encontrará tudo o que precisa e poderá voltar para casa.

– Assim eu espero...

Quando um silêncio triste começou a se instalar, Ronan puxou Edel e a abraçou, logo depois afundando-a.

A menina quase se desesperou, pois foi algo de repente, mas controlou sua respiração, soltou-se de Ronan e mergulhou por conta própria. Ronan a seguiu.

Debaixo d’água, os dois deram as mãos e foram até o pulmão gritar por ar e ambos voltarem para a superfície.

Edel puxou o ar e olhou sorrindo para Ronan. Ele retribuiu.

– Elesis tem muita sorte em ter você, sabia?

– Eu sei. – Ronan riu.

– Você fala como se tivesse sido fácil conquista-la. Pelo pouco que vi da Elesis, ela não me pareceu uma menina fácil de lidar.

Ronan encheu as duas mãos de água e jogou em seu rosto.

– Não, não foi nada fácil. Quando você me deu o CD do Linkin Park, eu até me recordei de alguns momentos.

– Sério? – Edel queria que o assunto se encerrasse, mas achou melhor não impedir Ronan de falar. Colocou as duas mãos na borda e, com as força de seus braços, sentou na beirada da piscina.

Ronan continuou na água. Ele começou a contar como foi e Edel ouviu atentamente, torcendo para que nada do que ela estava sentindo ou pudesse sentir se manifestasse.

***

Rey estava em seu quarto, a cena com Dio não lhe saía da cabeça. Seu celular vibrava, mas a menina não estava a fim de saber quem era.

Até que foi vencida pelo cansaço.

Partiu festa, amiga?

Hein?

Vamooooos!!

Let’s go esquece qualquer aborrecimento e fazer o que a noite duvida

Rey sorriu.

Vamos fazer o que até a noite duvida, migs.

Já vou me arrumar

É assim que eu gosto!

Deu um pulo da cama e foi até o armário. Lembrou-se das compras que fizera este mês e um vestido preto brilhoso lhe chamou a atenção. Não pela cor, mas pela ousadia.

***

Eles passaram o dia inteiro na piscina. Depois que saiu, Ronan teve a ideia de falar com a Elesis, afinal, o assunto principal que teve com Edel tinha sido a ruiva. É claro que a saudade bateu, mesmo ela estando a alguns quilômetros de distância.

Aproveitou que seu pai ainda não estava em casa. Avisou apenas à sua mãe.

– Aonde vai? – Edel fez com que Ronan parasse antes de passar pela porta da sala.

– Verei a Elesis.

Edel não sorriu, mas assentiu. Ronan estranhou e sentiu-se na obrigação de falar algo.

– Mas voltarei. – Estranhou sua reação, mas preferiu não se aprofundar naquilo e saiu porta a fora.

Passou pelo portão e o motorista estava a sua disposição, mas dispensou-o.

Andou algumas quadras ouvindo música, a tarde já caía e o céu tomava um novo tom. Ao chegar à rua de Elesis, avistou a mesma atravessando a rua.

– Ruivinha!

Ela não pôde deixar de olhar para trás com um sorriso no rosto e uma vontade de socar Ronan pelo constrangimento, pois havia pessoas circulando por aquela rua.

Um carro preto passou e Ronan o esperou para atravessar. Mal ele sabia que aquele carro lhe traria desgraça para aquele dia.

***

Rey pediu para que seu motorista andasse mais devagar naquela rua, observou bem os dois que se encontravam pela janela traseira do carro. Pegou seu celular e ligou para Lupus.

Nada.

Tentou mais uma vez.

***

Lupus fazia flexões em seu quarto, seu suor formava poças no chão. E um sorriso lhe brotava no rosto ao pensar em Lin.

– Droga de sentimento mundano! – Resmungava e voltava às flexões.

Ouviu seu celular tocar. O mesmo estava em cima da cama. Parou. Pegou o celular e viu quem era. Pensou em jogar o aparelho longe.

Ligação perdida. Foi o que apareceu na tela.

Tocou mais uma vez. Respirou fundo.

– Diga logo antes que eu quebre esta coisa em minhas mãos.

– Pra que tanta violência se o que eu tenho para te dizer é algo que lhe trará paz?

Vindo de você eu espero notícia de Terceira Guerra Mundial.

– Piadista agora, queridinho? Acha que só porque está com aquela garota pode falar comigo como quiser? Pois escute bem, o que ela disse para mim está entalado em minha garganta, mas tem a sorte de eu estar de bom humor hoje, Lupus.

– Até quando essas ameaças?

– Não é uma ameaça. Você só deu o azar de querer a segurança de duas pessoas e, se eu quiser fazer algo, você, talvez, só terá tempo de salvar uma. Então... – Riu – Para que acidentes não aconteçam hoje...

– Fala logo ou eu mesmo causo um acidente aonde quer que você esteja.

– Gosto quando fala assim comigo, pois sinto suas veias pulsando de ódio. Tem um casal que me perturba só pelo sorriso no rosto dos pombinhos. Estrague isso.

– Como?

– Lembra-se do susto? Hoje seria um ótimo dia para isso.

Lupus não esperou por mais detalhes. Encerrou a ligação e ligou para o tal amigo de uns dias atrás.

– Está ocupado.

– Depois da sua oferta de deixar a cidade, para você, eu nunca estarei ocupado.

– Ótimo. O susto pode ser hoje então?

– Pode ser agora. É só passar a rua e a pessoa.

– Se der sorte, serão duas traumatizadas.

Uma gargalhada do outro lado da linha.

– Adoro seu senso de humor, Lupus.

O Lupus humorado passou as informações necessárias e, antes que o rapaz falasse algo, desligou o celular e voltou às flexões.

***

– Jin irá me matar.

– Por quê? – Indagou Ronan.

– Porque fui comprar uma lasanha para esquentarmos, seria o nosso jantar.

– O Jin espera mais um pouco. – Ronan se aproximou de Elesis na intenção de beijá-la, a menina recuou – O que foi?

– Já passamos de 40 minutos de conversa, seu louco.

– É sinal de que não cansamos um do outro.

Ela abaixou o rosto.

– Você fará isso outras vezes?

– O quê?

– Virá à minha casa sem avisar para conversarmos como se o tempo parasse para nós?

– Até os últimos dias de nossas vidas. – Ronan abriu um largo sorriso.

Elesis ficou sem reação.

– Estou me sentindo diferente. É como...

– Se a qualquer momento você acordasse e fosse um sonho?

– É! – A ruiva quase gritou.

– É isso que esse sentimento faz.

– Tenho medo.

Ronan, cautelosamente, abraçou Elesis.

– Não tenha.

É óbvio que a ruiva deu-lhe um empurrão.

– Para de ser meloso, idiota azul.

Ronan ergueu os braços.

– Como eu amo essa mulher, meu Deus!

Algumas pessoas, as poucas que passavam por ali, riram ao olharem a cena. Elesis colocou a mão no rosto e se despediu sem dar tchau. Apenas andou em direção à sua casa.

– Você ainda dirá o mesmo, Elesis.

Ela se virou, ainda andando.

– Gritar na rua dizendo o quanto eu te amo eu nunca farei, idiota.

Ronan riu e mandou um beijo, Elesis nada fez a não ser voltar para casa com um sorriso que ela preferiria manter pelo resto do dia.

Ronan pegou novamente o celular e os fones e seguiu seu caminho de casa. A noite já havia anunciado sua chegada com estrelas no céu.

– Aonde pensa que vai, playboy?

Sentiu algo rígido encostar-se a suas costas. Gelou.

– Passa tudo ou estouro sua cabeça e nunca mais verá sua mina. – Nisso, a pistola foi guiada até a lateral da cabeça de Ronan.

– Calma, cara.

– Calma nada! Passa tudo! – Apertou a arma contra Ronan, que fechou os olhos temendo.

O menino tirou o celular do bolso, não ousou se mexer muito e nem olhar para trás.

– Eu disse para passar tudo! O relógio também!

– Por favor, não faça nada. – Pediu, quase num gaguejar.

– Quem fala aqui sou eu! Não me faça perder a paciência!

O assaltante não usava máscara e sorria o tempo todo, Ronan percebeu pela voz clara, mesmo assim, não ousou olhar para trás.

Ele tirou o relógio e, com os dois objetos de valor na mão direita, deixou estendida para que o assaltante pegasse.

– Eu vou contar até três e você corre. – Se aproximou do ouvido de Ronan e falou baixinho – Se olhar para trás, eu atiro em você e em quem passar por mim, está me entendo? – Apertou o braço do menino, que só movimentou a cabeça afirmando.

Ronan não estava mais raciocinando. Ele só queria sair dali e só uma coisa lhe deixava mais calmo: Elesis não estava com ele.

– Um... – Ronan esbugalhou os olhos – Dois... – Engoliu a seco. O rapaz ainda o segurava no braço e não o deixou sair mesmo com Ronan fazendo força. O assaltante riu – Três.

Deu um disparo e Ronan só fez se encolher.

–Vaza, playboy.

O tiro foi para cima. Ronan saiu correndo assim que o rapaz o soltou.

***

– Isso foram fogos?

– Ah, agora você para de encher minha paciência para saber se estão soltando fogos na rua? - Elesis largou o prato com a lasanha em cima da mesa e cruzou os braços.

– Ué, você quem demorou uma eternidade para trazer nossa comida, para de reclamar. – Jin pegou o prato.

– Eu já disse o que aconteceu.

– Ownt, que fofinho, o Ronan veio visita-la, que lindo, gente. – A voz do ruivo era de criança.

– Na próxima eu te deixo morrendo de fome, retardado.

– Também te adoro, maninha. – Jin sentou no sofá e continuou a ver seu filme, rindo.

Elesis respirou fundo e foi colocar seu prato no micro-ondas. Mas algo lhe perturbava o peito. Seu celular estava na mesa e mandou uma mensagem para Ronan, perguntando-lhe se já havia chegado em casa. Nada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Algum erro? Dúvidas? Confusos? Broncas... Sempre tem. xD Sugestões e críticas são bem-vindas.
E também gostaria de saber se o resumo do capítulo anterior nas notas iniciais ajudaram. Fizemos um resumo bem corrido mesmo, se vocês gostaram da ideia, vamos continuar com o resumo, toda vez que demorar esse tanto de tempo e.e
Beijos, até os comentários!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Virou Simplesmente Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.