–FILHO! – exclamou Astória Malfoy quando seu filho, Scorpius, entrou pela porta da mansão Malfoy.

Scorpius estava cansado e desgrenhado depois de varias horas no hospital, sua mãe o abraçou. Esse abraço fez Astória afastar todas suas preocupações.

– Você demorou tanto e nós não sabíamos onde estava e você não tinha dito que ia demorar tanto assim e seu pai disse que não havia problema, mas você nunca foi disso – dizia afobada, Astória, com as duas mãos no rosto de Scorpius – parece tão cansado... Tome um banho, eu vou te levar um chá e biscoitos.

– Eu preciso conversar com a senhora e o pai – ele disse sério.

– Tenho certeza que a conversa pode esperar o tempo de um banho – ela disse sorrindo – seu pai está estudando um caso complicado que chegou ao St. Mungus mesmo... Tome um bom banho e depois nos conta o que te deixa tão aflito.

Scorpius meneou a cabeça e foi para seu quarto. Entrou na banheira e ficou brincando com água pensando em Rose e no bebê, estranhamente, ele sentia que era o pai da criança, mesmo sabendo que não era e que essa possibilidade não era válida, no fundo de sua alma, de alguma maneira, aquela criança era filha dele. Ele podia sentir isso.

Depois de longos minutos, ele saiu do banho e colocou seu pijama, então, foi em busca dos pais e os achou no escritório. Astória dizia que estava preocupada com o filho e Draco repetia que era bobagem. Ele bateu na porta e entrou no grande aposento.

– Preciso dizer algo bem sério – Scorpius disse sério.

Draco e Astória se olharam e Draco ficou preocupado com o tom do filho.

– Claro meu filho – disse Draco fazendo um gesto para que todos se sentassem.

– Não creio que há um modo fácil de falar isso – ele disse passando a mão pelos cabelos molhados. Depois de respirar fundo, disse: Eu vou ser pai. E a mãe é Rose Weasley.

– Você o que? – esbravejou Draco não acreditando em seus ouvidos – Seu irresponsável! Como você me engravida a filha do Weasley? Achei que se odiassem! Pelo amor de Merlin, isso é uma piada... Você não é tão estúpido de encomendar a própria morte – Draco estava descontrolado e incontrolável.

Astória estava calada. Chocada... Então ela sorriu.

– Eu vou ser avó – disse chorando e abraçou o filho que estava surpreso com a reação dos pais – foi muito antes do que eu pensei, mas não importa. Vamos te apoiar e apoiar a menina, está bem? Chame sua família para jantar aqui amanhã.

– O Weasley sabe? – curioso, disse Draco.

– Os pais de Rose sabem – respondeu Scorpius – mas eu receio que eles não possam vir amanhã por que... – a frase morreu na boca de Scorpius e as lagrimas começaram a se acumular em seus olhos, seu semblante estava triste. Ao respirar fundo, ele mirou o chão e completou a frase – Rose está internada em um hospital trouxa.

– Como? Por quê? – Astória disse aflita.

Scorpius abaixou sua cabeça para esconder as lagrimas.

– Sua gravidez é de risco, ela passou mal e quase perdeu o bebê e por isso está internada – respondeu.

– Você sabe aonde é? Vamos agora mesmo! Precisamos transferi-la para o St Mungus o mais rápido possível – Draco disse agitado.

–Não acho uma boa ideia – Scorpius disse – A médica dela disse que ela precisa de tranqüilidade e descanso no momento e uma transferência para o St Mungus ia deixar aquela ruiva agitada – explicou ele, limpando as lagrimas.

– Ainda sim quero examiná-la e acompanhar essa gravidez como médico também. Há previsão de quando ela sairá? – disse Draco curioso.

– Amanhã, caso tudo ocorra bem – aliviado, ele disse – e se o senhor puder examiná-la na casa dela, eu preferiria. Não gosto que ela fique andando pra lá e pra cá e também não quero passar o desespero que passei hoje.

– Mas o que aconteceu exatamente meu filho? – cautelosa, disse Astória.

Scorpius contou todo seu louco dia. Desde que se encontraram para fazerem os exames, que retirou dinheiro do banco, que foram almoçar em um lugar trouxa, do novo brinquedo trouxa dele, o almoço, a primeira roupinha do bebê. Draco apenas interrompeu para perguntar se haviam aparatado, pois era perigoso demais e Scorpius disse que não, pois sabia do perigo e avisou Rose, por isso Roxanne estava dando carona a eles de carro.

Então ele chegou à pior parte. A parte do desespero. Ele disse que elas o deixaram no St Mungus e quando ele estava indo falar com Draco, Rose o ligou desesperada e ele aparatou no mesmo segundo para a casa dela. Ela estava nervosa e dizia que os pais iam a odiar e que iriam descobrir, e então, desmaiou. Scorpius disse que saiu correndo com ela nos braços quando Hermione chegou e eles entraram no carro dela e foram para o hospital mais próximo e que Rose sangrava.

Ele também contou que ficou lá com ela, que explicou e conversou com Hermione, com Hugo e depois com Ron e Hermione, e então voltou para casa.

–Que horror – Astória disse – Amanhã iremos com você ao hospital. Precisamos conversar com os pais de Rose – completou.

– Será que é uma boa ideia, Ast? O Weasley nos odeia com razão, e agora com mais razão ainda – Draco disse.

– Mas é claro que tenho! Não vamos passar por pais desinteressados, vamos amanhã sim – Astória disse firme.

– Você tem razão – disse Draco.

No dia seguinte os Malfoy acordaram cedo.

– Filho, como devemos se vestir para ir a esse lugar trouxa? – Astória perguntou preocupada no café da manhã da família.

– O que quiserem. Só não use sobretudo preto, pai, por favor – ele disse despreocupado – vou subir e me arrumar, por favor sejam rápidos.

Em menos de uma hora todos estavam na porta do hospital, foram em direção o casal ruivo e moreno que conversava com uma moça loira.

– Senhor e Senhora Weasley, Doutora – Scorpius disse cumprimentando todos – Bem, esses são meus pais. Astória e Draco Malfoy. Essa é a doutora Galaggi, bem, não preciso apresentar o Senhor e a Senhora Weasley, não?

– É um prazer Doutora – Draco disse apertando a mão da médica – Weasley, Granger. Já faz algum tempo que não nos vemos.

Ron revirou os olhos e Hermione sorriu com a audácia de Draco.

– Draco – resmungou Astória baixo – É um prazer revê-los – ela disse estendendo a mão para Hermione e depois para Ron que após um olhar mandão de Hermione, apertou.

– Só para lembrá-lo, Malfoy – Ron disse emburrado – Hermione agora é WEASLEY.

– Enfim, doutora, aconteceu alguma coisa com Rose? – Scorpius perguntou para a médica.

– Estava dizendo que já assinei a alta de Rose e falando o que eu já estou cansada de falar – a doutora disse – Ela PRECISA de repouso e tranqüilidade. Claro que quanto a uma boa alimentação e quando ela estiver mais recuperada eu vou indicar caminhadas curtas, mas diárias, mas agora o principal é repouso e tranqüilidade.

– Não se preocupe doutora, ela não botará os pés no chão nos próximos dias – Ron disse e todos concordaram.

– Existe algum medicamento que ela precise tomar? – perguntou Hermione.

– Algumas vitaminas, eu vou prescrever tudo direitinho – ela disse – bem, vamos avisar a paciente que ela vai poder sair hoje?

– Weasley, se não se importa, gostaríamos de conversar com você e a Weasley por alguns instantes – Draco disse antes de irem para o quarto de Rose.

– Vamos para a lanchonete – Hermione disse – Scorpius, será que você poderia ir com a doutora?

– Claro, Senhora Weasley – ele disse e olhou para os pais.

Astória sorriu para o filho.

Scorpius e a médica foram até o quarto de Rose.

Hermione, Ron, Draco e Astória para a lanchonete do hospital.

– Bem, queríamos saber o que pensam disso primeiramente – Astória disse meio sem jeito

– Um pesadelo – Ron resmungou.

– Concordo com o Weasley – disse Draco.

– Queríamos que eles não estivessem passando por isso agora, mas os apoiaremos. Certo, Ron? – disse Hermione.

– Pensamos da mesma maneira. Não é, Draco? – Astória concordou

Ambos os maridos concordaram em silêncio.

– Eu perguntei – disse Astória – porque acho importante saber como cada um se sente sobre isso, inclusive nossos filhos. Eu estou feliz por eles, uma criança é sempre bem vinda, confesso que é cedo, mas ser avó me encheu os olhos – completou sorrindo.

– Penso que são irresponsáveis demais, Scorpius é irresponsável. Sempre disse para Astória, ela o mimou muito, ele acha que pode fazer tudo que não há problema e o dinheiro vai ajudá-lo nas coisas práticas, mas não é assim. Ele precisa ter responsabilidades. Talvez essa gravidez ajude, afinal, há males que vem para o bem – Draco comentou.

– Concordo que seu filho é um irresponsável – disse Ron.

– Rose também tem sua parcela de responsabilidade – Hermione lembrou.

– Hermione! Eu e Malfoy estávamos entrando em um acordo – Ron disse.

– Mas não podemos simplesmente culpar Scorpius por tudo de ruim no mundo! E muito menos por essa situação, os DOIS são responsáveis. – argumentou Hermione irritando Ron.

– Pensando por esse lado... – Draco disse.

– Não fale de minha filha – advertiu Ron um pouco alterado.

– Eu não disse nada! Apenas concordei com o raciocínio de sua esposa – Draco defendeu-se – você viu né, Ast?

– Já que resolvemos as partes das culpas, vamos resolver as partes práticas – Astória disse. Todos concordaram – Eu e meu marido estamos disponibilizando todo nosso dinheiro para pagar todas as eventuais despesas.

– Não – disse Ron – a filha e o neto são meus, eu que vou pagar.

– Scorpius é nosso filho e esse bebê também é nosso neto. Temos que participar também – Draco disse.

– Está insinuando que não posso pagar? – Ron disse.

– Não Weasley, só estou te lembrando que 50% do feto que sua filha carrega é um Malfoy. Sangue do meu sangue. Meu futuro neto. E eu quero pagar suas despesas.

– Porque não dividimos? – sugeriu Astória.

– Acho uma ótima ideia – Hermione concordou.

–Está bem – disse Draco – mas de uma coisa não abrirei mão.

– E o que seria Malfoy? – Ron disse emburrado.

– Acompanhar a gravidez de Rose como curandeiro – ele disse – não pode negar que eu sou o melhor curandeiro do St Mungus.

– É, isso eu não posso negar – Ron resmungou em voz baixa.

Draco riu.

– Então, nesse caso, podemos dividir assim – disse Hermione – as contas trouxas ficam com os Weasley, e as bruxas com os Malfoy – sugeriu – até porque é muito mais prático, eu estou acostumada com o mundo não-bruxo, tenho facilidade com as formas de pagamento e tudo mais...

– Acho justo e prático – disse Astória.

– Estamos todos de acordo e resolvidos – Hermione disse.

Scorpius chegou empurrando uma cadeira de rodas com Rose em cima.

– A doutora disse que é melhor levarmos ela nessa cadeira até o carro – Scorpius disse.

– Acho totalmente desnecessário, mas parece que eu não tenho muita vontade – Rose resmungou.

– Vou pegar o carro e trazer pra rampa – Ron disse e saiu.

– Rose, esse são meus pais, Astória e Draco Malfoy – Scorpius apresentou.

Astória abriu um sorriso e, desajeitada, abraçou Rose.

– É um prazer conhecê-la – disse.

– Obrigada Senhora Malfoy – Rose disse.

– Merlin sabe o quanto meu filho estava preocupado, ele pensa que não sei que ele ficou acordado a noite toda – Astória comentou.

– Mãe! – disse Scorpius.

– Espero que isso lhe ensine a ter responsabilidade– Draco disse para Scorpius – Prazer, Draco Malfoy – completou oferecendo a mão para Rose apertar e assim ela fez.

– Ron já deve estar chegando, melhor irmos porque ele não pode ficar parado lá por muito tempo – lembrou Hermione.

Scorpius continuou empurrando a cadeira de Rose e depois que colocá-la no carro um funcionário recolheu a cadeira.

Ron deu seu endereço para os pais de Scorpius para que pudessem aparatar e Scorpius foi com eles de carro.

Rose deitou no colo de Scorpius, que fazia carinho no cabelo da ruiva.

– Obrigada – ela sussurrou.

– Não tem porque agradecer – respondeu o loiro.

– Ninguém faria o que você está fazendo por mim – ela disse olhando dentro dos olhos cinza dele – Eu tenho medo do que faria sem você.

– Isso não importa. Eu estou aqui – ele disse.

O próximo mês passou rapidamente e as famílias começaram a se dar bem. Rose recebeu visitas de todos os Weasley que apesar do choque inicial, festejaram o novo membro e o fim da rixa. Scorpius sempre ia para casa de Rose quando podia e a levava para caminhar e tomar sorvete no parque que havia há algumas quadras da casa da ruiva.

O dia 1° de Setembro chegou e Rose fez questão de ir com a família levar Hugo e os primos até a estação, Scorpius a principio não gostou da idéia, afinal lá estaria lotado e ela Rose sempre foi muito estabanada e poderia tropeçar, mas depois de uma divertida briga, ela o convenceu que iria com ou sem a permissão dele.

Como Rose passaria a ficar sozinha em casa depois de Hugo voltar para mais um ano em Hogwarts, todos concordaram que seria melhor se a Senhora Weasley fosse morar na casa de Ron por algum tempo. Molly gostou da idéia de passar um tempo com a neta grávida e se sentir útil, a verdade é que depois de dois anos de morte de Arthur, Molly sentia-se sozinha apesar de ter ido morar com seu filho mais velho, Bill.

A carta de Rose chegou e ela tinha sido aceita no Profeta Diário, porem teria que desistir já que seu estágio envolvia trabalho de campo e com a gravidez ficaria complicado.

A barriga de cinco meses de Rose já estava visível assim como o outono. Era aniversário de 22 anos de James e haveria um jantar na casa dos Potter.

– Scorpius, eu posso ir a pé! Fica a uma quadra daqui – Rose argumentou.

– Nem pensar! Já será cansativa essa festa, você não tem dó não? – ele disse irritado.

Eles estavam discutindo sobre como iriam para o aniversário de James, primo e filho do padrinho de Rose, Harry Potter, já que Scorpius não queria que Rose andasse e ela se recusou a sujar seu vestido e ir via flú.

– PELO AMOR DE MERLIN! OS DOIS NÃO TÊM DÓ DOS MEUS OUVIDOS – Ron reclamou – Vamos de carro, está bem assim Malfoy?

– Acho melhor, Senhor Weasley – Scorpius disse.

– Me chame de senhor e não verá a luz do dia, garoto – Ron reclamou – vamos logo antes que eu desista de levar vocês! Hermione deve estar nos esperando

Era assim que Rose e Scorpius passavam os dias, com brigas bobas, sorrisos, carinhos... Ron começou a se acostumar com Scorpius e quando descobriu que o Malfoy torcia por seu time de quadribol passou a ter varias conversas animadas e esperançosas em relação à situação do time. Hugo e Hermione se davam muito bem com Scorpius.

Alguns dias, Astória visitava Rose. Astória talvez fosse a que mais deixava transparecer a alegria e ansiedade em relação ao novo membro da família, mas todos estavam, no fundo, amando a ideia.

Ron os levou para a casa de Harry onde lá ocorria uma festa de aniversário para James. Assim que Rose entrou saiu correndo em direção ao padrinho e o abraçou forte.

– Padrinho! – disse abraçando-o

– Ruivinha como você está? Estava com saudades! – Harry disse olhando para a afilhada.

– Estou bem, eu trouxe Scorpius – ela disse apontando para o loiro que apesar de ter ficado preocupado com o fato de ela ter corrido estava feliz por ver um sorriso verdadeiro no rosto de Rose.

– Malfoy – ele disse serio e fez um sinal para Scorpius se aproximar e assim ele fez – Você realmente não desgruda da minha afilhada...

– Eu disse que não a deixaria nem por um segundo – Scorpius disse.

– Rose; Ginny quer te ver.

– Claro Tio, vem Scorp? – ela disse dando a mão para Scorpius.

– Claro.

Rose cumprimentou todos e todos foram muito gentis com Scorpius. Eles se sentaram em uma mesa com Albus, Roxanne, Luke, Victoire, Ted.

– Potter, não nos vemos desde Hogwarts – Scorpius disse sorrindo para Albus.

– Não é Malfoy? Fiquei particularmente com ciúmes por você e minha prima estarem namorando, sempre achei que seriamos nós o desgosto da família – Albus brincou

– Calma, olhos verdes, não podemos ainda falar sobre nosso relacionamento – brincou Scorpius.

– Que conversa mais gay – Luke disse rindo – Vocês foram da mesma casa. Sonserina, sim?

– Eu devo minha vaga nos Aurores para Scorpius. Foi ele que me ajudou em poções, odeio poções – Albus explicou.

– Como você é safado, Al – Rose disse rindo – se eu não tivesse emprestado minhas fichas de estudo você nunca teria passado nem no primeiro ano.

– Então quer dizer que você abusou da minha prima e pôs a sementinha nela, Malfoy? – Fred II chegou perto da mesa e falou brincando – Olha o que acontece quando eu não estou em Hogwarts... Só eu sair que a família tem a honra manchada!

– Não liga pra ele Malfoy, é só palhaçada – Roxanne disse rindo – eu mesma não sei como nem ele ou o James nunca receberam um pacote dizendo: Toma que o filho é seu.

– Porque tomamos cuidados que eu espero que você esteja tomando também, Rox – James disse chegando com seu amigo John Smith.

– Sim, eu tomo muito cuidado e Luke também. Pode ficar tranqüilo, James – Rox disse visivelmente irritada, o que estranhou Scorpius, pois Rose também começou a parecer desconfortável – Oi, Smith.

–Oi – disse John Smith sorrindo e não escondeu a surpresa ao ver Scorpius e Rose de mãos dadas.

– Que cara é essa, John? – Fred perguntou estranhando

– Você está grávida, Rose? – ele perguntou confuso – está mesmo grávida do Malfoy?

– Que idiotice, Smith, é claro que é dele. Eles são namorados, namoravam escondido em Hogwarts – Fred disse

– É John, eu te contei – James disse estranhando e puxando uma cadeira para si.

Rose estava desconfortável e olhava de Scorpius para Roxanne constantemente.

–Eu achei que fazia menos tempo... – Disse John estranhando tudo àquilo – sua barriga já está bem grande, será que são gêmeos?

– Vocês sabem o que dizem sobre gêmeos... – Brincou Fred.

Rose riu por educação, Scorpius sabia disso porque conhecia os sorrisos de Rose. Algo estava muito errado.

– Eu preciso ir ao banheiro – ela sussurrou para Scorpius e olhou para Roxanne – Você pode vir comigo, Rox?

– Claro Rosie – ela disse e ela saíram de lá.

– Há quanto tempo então você e Rose estão juntos, Malfoy? – John perguntou.

– Há um bom tempo já, porem tivemos que contar tudo pras famílias por causa do bebê – Respondeu Scorpius vagamente.

– E quanto tempo tem a gravidez? – John perguntou brincando com os dedos.

– Rose está com um pouquinho mais que cinco meses – Scorpius se ajeitou no lugar para responder.

John olhou para Scorpius e sorriu amargamente.

– Por favor, me dêem licença.

Ele nem precisou olhar ao redor. Percebeu o que aconteceu ali. John foi atrás de Rose.

– PORQUE VOCÊ O TROUXE? – Roxanne gritou com o primo voltando para o lugar que todos estavam

– Mas o que está acontecendo? – James, confuso, disse – qual o problema de trazer John, ele é meu amigo, sempre veio nas festas de família.

Scorpius escutava a discussão de Roxanne e James e pensava em toda a loucura que estava acontecendo.

– Rox, onde está Rose? – Scorpius interrompeu a discussão de repente ao perceber que ela não estava ali

– Ela está no quarto de Lily, ela foi descansar – Rox respondeu sem dar importância.

– Onde fica o quarto da Lily? – ele perguntou trazendo ela de novo para o mundo ao invés de brigar com James que não sabia o que estava acontecendo como Fred e Luke que tentavam acalmar Roxanne.

– Terceira porta subindo as escadas, por quê? – disse Roxanne.

Seus olhares se encontraram. Roxanne percebeu que Scorpius havia percebido toda a situação e que acontecera algo.

– Rose – eles sussurraram.

– VOCÊ NÃO TINHA ESSE DIREITO! – gritou John com raiva. Scorpius viu Rose olhando para a janela fora do quarto respirando fundo com a mão na barriga e se apoiando na janela – ESSA CRIANÇA É MINHA E VOCÊ NÃO PODE FALAR QUE O PAI É OUTRO HOMEM SÓ PORQUE ELE É RICO OU ALGO DO TIPO! O MAIS IRONICO É O QUE O IDIOTA NEM DESCONFIA NÉ?

– NÃO FALE ASSIM DE SCORPIUS SEU TRASGO NOJENTO! – ela gritou virando-se para ele – Ele é bom e doce e sabe que não é o pai porque eu nunca estive com ele desse jeito! Ele é meu amigo e esteve presente no momento que mais precisei, ao contrario de você.

– VOCÊ NÃO ME PERMITIU ESTAR PERTO! – gritou ele.

– E por que eu permitiria? Você me usou e jogou fora! Fui mais uma na sua lista. – ela disse nervosa – Scorpius é mil vezes melhor que você em tudo, inclusive como pai.

– ELE NÃO É O PAI! E EU VOU TIRAR ESSE FILHO DE VOCÊ ASSIM QUE ELE NASCER – ele ameaçou.

– John – Rose disse tonta – eu não estou bem, chame o Scorpius ou meu pai eu não sei...

– VOCÊ ACHA QUE EU SOU IDIOTA? VOCÊ NÃO VAI FUGIR DESSA CONVERSA – John gritou não acreditando em Rose.

– PARE COM ISSO AGORA, SEU IMBECIL! – Scorpius disse entrando no quarto e correndo até a ruiva – Vem Rose, deite na cama, está tudo bem? Respire.

–AINDA BEM QUE VOCÊ CHEGOU, É MELHOR TERMOS ESSA CONVERSA EM TRÊS – John continuava gritando.

– SAIA DAQUI AGORA JOHN OU EU AZARO VOCÊ! – rugiu Roxanne – há tempos que estou esperando uma oportunidade.

– Scorpius, nosso filho... – Rose disse fracamente

– Eu acho melhor chamar Victoire, ela é curandeira – disse Roxanne olhando mortiferamente para um John paralisado e saiu correndo.

James, Ron, Victoire, Ted, Hermione e Roxanne chegaram após poucos minutos.

– O que aconteceu? – Victoire disse chegando perto de Rose que respirava fundo.

– Ela está passando meio mal – disse Scorpius – é muito perigoso? Devia chamar meu pai?

– Se acalma Malfoy, seu pai me pôs a par da situação de Rose como um caso pessoal. Preciso pedir para que vocês saiam porque só vai piorar – Victoire disse.

Mesmo relutantes todos saíram aos poucos.

– Vai ficar tudo bem, ok? Estou aqui fora e nada de ruim vai acontecer – Scorpius disse para Rose e deu um beijo em sua testa carinhosamente.

– O que aconteceu? – James perguntou para John.

– O filho é meu James, e ela escondeu e disse que era do idiota do Malfoy! – John disse com raiva.

– Vocês brigaram? – Luke, namorado de Roxanne, perguntou após ouvir.

– Sim, nós gritamos um com o outro, mas, por favor, essa cena toda por quê? Porque ela perdeu o bilhete premiado?

– SEU IMBECÍL! Ela está tendo problemas na gravidez e pode perder o bebê! – Luke disse nervoso.

– Como assim problemas? – James disse confuso.

– Ela não pode sofrer fortes emoções, Rox me contou. Ela pode perder o bebê ou até pior – Luke explicou – Rox chorou muito só de pensar em perder a amiga.

– Isso... É verdade? – John perguntou com remorsos.

– Para seu próprio bem é melhor que não seja Smith – James disse bravo e saiu atrás de Scorpius com John atrás pedindo desculpas.

Scorpius estava em um canto sozinho massageando as têmporas e pensando em tudo o que estava acontecendo.

– Como ela está? – James perguntou afobado para Scorpius.

Os olhos de Scorpius pegaram fogo ao ver John.

– Eu não sei – ele disse com uma mistura de raiva, magoa e ódio.

– Como assim? Ela estava como quando você a deixou com a Vick?– James perguntou aflito

– Ela... – as palavras sumiram e Scorpius não conseguia deixar de olhar para John.

“O que ele fazia ali? Tudo isso era culpa dele!” pensou Scorpius. No segundo seguinte ele deu um soco na cara de John.

– A CULPA É SUA, SEU IMBECIL! VOCÊ ESTRAGOU A VIDA DA GAROTA MAIS PERFEITA DO PLANETA E SE ELA PERDER MEU FILHO OU MORRER SERÁ SUA CULPA E EU FAREI VOCÊ PAGAR CARO! – gritou Scorpius.

James o segurou fazendo-o olhar para ele.

– Não vale à pena – disse calmo, mas Scorpius podia ver que ele gostou da ideia do soco – Vai por mim, eu mesmo teria dado esse soco, mas Rose é mais importante no momento.

– Ele que engravidou ela – Scorpius cuspiu essas palavras – eu e Rose nunca tivemos nada. Ela sempre me detestou, mas nos encontramos por acaso na consulta dela e não podia deixá-la ir sozinha, mas não, claro que não o bastava ter desestabilizado toda a vida dela, ele tinha que piorar tudo! Logo agora que estávamos bem ele estragou tudo!

– OLHA, EU NÃO QUERIA ISSO – John disse massageando o lugar onde foi atingido.

– CALEM A BOCA, QUEREM QUE NOS ESCUTE? SÓ VAI PIORAR AS COISAS! – James disse tenso.

– Scorpius? – Roxanne chamou.

– Ela está bem? – Perguntaram James, Scorpius e John juntos.

– Sim, James e Scorpius – Roxanne disse – ela quer falar com você. Graças a Merlin foi só um susto, mas Tio Ron vai levá-la para casa e Victoire acha melhor que seu pai e a médica trouxa dela examinem-na.

– Eu marcarei uma consulta para segunda feira com a doutora e meu pai pode vê-la agora mesmo – Scorpius disse afobado.

– Fica tranqüilo porque isso é medida de segurança e não urgência – Roxanne disse rindo – só vai falar com ela.

– Claro – Scorpius disse, mas antes se virou para John e disse – Olha aqui, se você tem o mínimo de carinho por Rose ou essa criança você poderia, por favor, não fazer nenhum escândalo ou loucura? Há alguns meses atrás ela quase perdeu o bebê só porque os pais iam descobrir que ela estava grávida e eu não quero que ela perca essa criança e é melhor você não querer também.

– Fique tranqüilo, Malfoy, eu não farei nada por hoje, mas resolveremos esse assunto o mais rápido possível. Quero meu filho – John disse firme.