–Por quê? Não esta feliz em me ver?

–Claro... Claro que estou, mas...

–Sabe... Odeio “mas” eles sempre indicam coisas ruins.

Sophie sorriu, Adam a deixava feliz, ele fazia as coisas serias parecerem apenas uma pedrinha no meio do caminho.

–É... Em fim... Não podemos mais nos ver pelo fato de ser proibido, na verdade nem devíamos ter nos conhecido- a garota começou a se levantar, uma despedida curta e rápida não iria doer tanto.

–Espere! Sente-se, por favor, me fala o que te incomoda, talvez possa ajudar.

Sophie olhou aqueles olhos castanhos encarando-a, e resolveu sentar. Os olhos do garoto ainda estavam sombrios, com medo, assustados.

–Esta bem, mas antes, quero é ajudar você- disse ela- Você esta bem? Quer conversar mais sobre seus medos? Você disse que iria me ajudar a enfrentar meus medos, posso te ajudar também.

Ele sorriu, parecia feliz em tela por perto, examinou seu rosto.

–O que foi? Tem algo errado?- perguntou Sophie tocando no rosto.

–Não... Não tem nada errado com seu rosto- ele da um sorriso- É que... por quê quer me ajudar? Nem me conhece direito, mas mesmo assim não gosta de me ver infeliz, quer resolver primeiro o meu problema e depois pensar no seu...

Sophie corou, ele estava falando bem ou mau dela? Não entendeu muito bem, mas ele tinha razão.

–Acho que é de minha espécie ser altruísta- ela sorri envergonhada.

–Alto o que?

–Altruísta, pensar no próximo antes de si mesmo.

–Ah... Então gosto que você seja altruísta- disse ele sorrindo.

Sophie sorri também. Não conseguiria fica longe daquele garoto, ele a fazia bem, ela gostava de estar na presença dele, não havia muitos segredos entre os dois. Só um que a deixava intrigada...

–Posso perguntar uma coisa?- pergunta ela.

–Na verdade já esta perguntando- ele da uma risada- Claro que pode.

–Qual...Qual é seu... seu quarto medo?- perguntou Sophie gaguejando um pouco.

O rosto do garoto endureceu, ficou pálido, ficou muito mau.

–Adam? Adam você esta bem?- perguntou Sophie.

O garoto não respondeu, ficou encarando- a com a mesma expressão de antes.

–Adam? Adam fale comigo, não precisa me dizer qual é seu medo, apenas fale comigo- disse Sophie ficando preocupada.

Ele voltou a si, ainda estava pálido, mas melhorou um pouco.

–Me... Me desculpe Sophie, é que... que eu não gosto de falar muito desse assunto- disse ele.

–Tudo... Tudo bem, quando estiver preparado pode me contar, ok?

–Ok... Mas podemos mudar de assunto?

–Claro... Hum... Você... Você esta destinado a casar com alguém?

Sophie não devia ter perguntado, era algo muito pessoal. Tampou a boca rapidamente. Adam riu com seu movimento.

–Gosto quando faz isso... É engraçado- ele sorrio.

–Não é. É constrangedor.

–Você fica fofa constrangida então- ele ficou vermelho, envergonhado, fazendo Sophie ficar vermelha também- Mas respondendo sua pergunta. Sim, estou destinado a casar com uma garota nada agradável, Cassandra...

–Nada agradável? Hum... Tenho a sensação que alguém aqui não gosta dessa Cassandra ai.

Adam riu, ele parecia mais solto, não muito tenso.

–Mas e você? Esta destinada a casar com alguém também?- perguntou Adam.

–Sim... Desde que tinha 3 meses de idade estou destinada a casar com um garoto chamado Newman.

Adam riu.

–Newman? Serio? Que nome hein?

–É, ele não gosta desse nome também, então pediu para chamá-lo de Newt. Na verdade nossos nomes aqui na Apreensão são sempre estranhos, são frágeis.

–Acho que é da sua característica, aqui na Prontidão os nomes são fortes, porque somos corajosos.

Sophie não gostou do comentário, fez parecer que a Prontidão era melhor que a Apreensão, que na verdade era, porém Sophie não gostava muito de se sentir inferior, mesmo sendo de sua característica.

–Mas... Então... Me conte por que não esta bem- disse Adam mudando de assunto.

–Estava, na verdade, agora estou até que bem- respondeu Sophie.

–É... Eu também- disse Adam com um sorriso.

–Mas foi assim que aconteceu...

Sophie começou explicar tudo o que acontecera.

Depois que ela e Newt entraram em mais um pátio grande, porém coberto, ela avistou um homem magrelo e pálido, com olhos frágeis e pretos, e com cabelos enrolados ruivos.

–Meu nome é Toby, serei o monitor de vocês. Primeiro tenho algumas coisas para contar á vocês, depois vamos aos testes. Bom... Esse ano... Tem algo diferente na nossa academia. Muitos de vocês já sabem que a Prontidão esta começando uma guerra com a Apreensão, por apenas interesse pessoal do presidente Stromberg, ele quer nossa inteligência.

Todos estavam em silencio, mas quando Toby disse que estavam entrando em guerra com a Prontidão, todos começaram a falar, com medo. Sophie olhou para Newt, esperando sua expressão de espanto, mas ele estava rígido com braços cruzados, olhando para frente e sorrindo. Tinha algo de errado com aquele garoto, agora Sophie tinha certeza, e vai fazer de tudo para descobrir.

–Não esta com medo?- perguntou Sophie.

Newt olhou para ela e mudou sua expressão.

–Não tenho medo de guerras.

–Não?

–Silencio! Eu ainda não terminei- gritou Toby.

Todos voltaram a atenção nele, e ficaram quietos.

–Como eu estava dizendo, esse ano vai ser diferente. Nosso querido presidente resolveu mudar um pouco os treinamentos. Vocês, jovens, serão o nosso próximo exercito...

Novamente o espanto espalhou por todos os jovens, até em Sophie, próximo exercito? Como assim? Não posso lutar, não consigo lutar, ainda mais contra varias pessoas experientes, pensou. Ela começou a ficar com medo, olhou para Newt que estava encarando-a.

–Não se preocupe, não vou deixar machucá-la- disse Newt segurando sua mão.

–Espere, você... Você não esta com medo? Como assim? Não tem medo de morrer?- disse Sophie soltando sua mão.

–Na verdade... Não, não tenho- disse, sorriu para Sophie e voltou a atenção para Toby.

Sophie pensou, enquanto todos ainda estavam falando e falando. Talvez o que acontecera com Jonny esta acontecendo com Newt... Não! Sophie não queria e nem podia pensar nessa possibilidade, se não... seus dias estavam contados.

–Silencio!- gritou Newt.

Todos se voltaram para ele, Newt não tinha nenhuma autoridade naquele lugar. Isso assustou Sophie.

–Obrigado Newman- respondeu Toby.

–Newt, me chame de Newt- disse Newt de volta.

Toby assentiu. Os dois se conheciam... Hum... Pensou Sophie.

–Nossos exércitos de robôs não vão agüentar por muito tempo... E como ninguém na Apreensão sabe lutar, com exceção de alguns...

Ele lançou um olhar para Sophie, ou será que foi para Newt?

–Vocês vão aprender a lutar, para quando estiverem prontos...

–Vocês são burros!- gritou um garoto no meio da multidão. Ele estava suando e tremendo, estava morrendo de medo- Como vamos lutar se nem podemos encostar neles?

–Pergunta interessante. Muito corajoso de sua parte fazê-la, jovem. Nós temos uma inteligência extrema, desenvolvemos... Aparelhos que irão ajudá-los a lutar. Porém precisamos de pessoas com uma inteligência muito apurada para que nosso plano de certo. Se vocês se tornarem grandes lutadores com inteligência, com certeza serão adultos maravilhosos. Então esses serão seus testes esse ano, aprenderem a lutar para se tornarem fortes, lutarem para defender suas origens e para, é claro, se tornarem ótimos pais no futuro, serão responsáveis com seus filhos.

Toby esperou todos começarem a conversar novamente, porém ninguém abriu a boca.

–Ótimo, vamos começar os testes, precisamos saber entre vocês quem tem a inteligência apurada que procurarmos, quem tiver não precisara aprender a lutar. Meninos comigo e meninas com Juliet- Toby apontou para uma garota que se encontrava a sua direita- Que comecem os testes- Toby sorriu e se encaminhou para a esquerda.

Os garotos começaram a segui-lo. Newt olhou para Sophie.

–Boa sorte nos testes, nos vemos depois,ok?- disse e beijou sua testa.

–Esta bem.

Newt foi atrás dos garotos e Sophie atrás das garotas. Juliet guiou-as até uma sala grande do lado direito do pátio. A sala tinha vários sofás cor de rosas e uma porta no final da sala.

–Podem sentar, vamos conversar um pouco- disse Juliet.

Todas as garotas sentaram. Sophie achou um lugarzinho no canto e resolveu sentar no chão. Olhou para Juliet, ela era bonita. Tinha cabelos compridos e laranjas. Olhos verdes e varias sarnas no rosto.

–Meu nome é Juliet, serei a monitora de vocês. Primeiramente... Não tenham medo de mim, ok garotas?

As garotas relaxaram um pouco.

–Sou uma garota como todas vocês, se precisarem conversar em particular comigo, é só pedi. Em segundo lugar, vou ensiná-las a ser mais inteligentes que já são, e a lutarem.

–Você sabe lutar?- perguntou Mileide.

Ela era baixinha e com a pele escura. Seus cabelos compridos e encaracolados estavam soltos, seus olhos eram cor de mel, Mileide era muito bonita.

–Qual é o seu nome?- perguntou Juliet tranqüila.

–Mileide.

–Que nome lindo. Mileide, quando fiz o teste para estar aqui, fui a primeira na qualificação de muitos nas artes marciais e sei usar uma arma muito bem.

–Não tem medo? –perguntou alguma das meninas.

–Para falar a verdade, tenho, tenho sim, tinha muito mais medo quando comecei, mas ele vai desaparecendo.

Todas ficaram em silencio.

–Mais alguma pergunta?- perguntou Juliet- Não? Então, vamos começar. Vou chamá-las uma de cada vez, para responder algumas perguntas ali naquela sala- disse apontando para a porta no fundo da sala.

–Ia começar em ordem alfabética, porém, vou mudar um pouco, quero começar com você- disse Juliet apontando apara Sophie.

–Eu? Por quê?- perguntou Sophie assustada.

–Porque você me lembra eu mais nova, também sentei no chão... Vamos... Qual é seu nome?- disse Juliet se encaminhando para a porta.

Sophie se levantou nervosa.

–So... Sophie Sky.

–Não fique com medo de mim Sophie, não vou machucá-la- disse Juliet entrando na sala junto com Sophie e fechando a porta trás de si.

A sala era pequena, tinha duas cadeiras uma de frente da outra, e um câmera no canto da sala.

–Para que a câmera?- perguntou Sophie.

–Eles querem assistir tudo o que acontece aqui nessa sala. Senta- disse Juliet com um sorriso.

Juliet era legal, não parecia ser falsa, era normal e corajosa, o que Sophie admirava. Sophie se sentou. Juliet pegou uma prancheta no armário que Sophie nem percebeu que existia e sentou-se em sua frente.

–Vou fazer algumas perguntas, e você as reponde, ok? Só que não pode mentir.

–Ok.

A câmera no canto começou a se mexer, de um lado para o outro. Juliet olhou para a câmera e sua expressão mudou.

Ela foi para o armário de novo e pegou uma um copo com um liquido azul.

–Eles querem que eu de isso a você. É para terem certeza de que não ira mentir.

–Mas não vou mentir. Eu prometo.

–Eu confio em você querida, mas eles não- disse ela e apontou para a câmera.

Sophie não queira beber o liquido.

–Não vai acontecer nada. É só beber- disse Juliet entregando o copo.

A garota olhou para ele, respirou fundo e resolveu tomar. O liquido era amargo em sua boa, sua garganta ficou seca.

–Ok, vamos começar. Primeiro vou fazer perguntas simples para ver se tem consciência.

Sophie lhe entregou o copo, ela se sentiu tonta mas concordou. Juliet pegou na prancheta e achou uma folha onde tinha a foto de Sophie e alguns dados pessoais dela.

–Qual seu nome completo?- começou Juliet.

–Sophie Sky.

–Quem são seus pais?

–Anne Sky e Roni Sky.

– E os de seus irmãos?

–Josh, Francis, Emily e Jonny.

–Ótimo. Qual é o nome de quem esta destinada a casar?

–Newman. Não Newt, eu acho.

–É, ele mudou de nome não é? Mas continuando... Quais são os quatro elementos naturais?

–Água, terra, fogo e ar.

–Quem criou a terra?

–Ninguém sabe.

–Por que a humanidade se dividiu?

–Por causa de um teste, como esse.

–Não exatamente como esse...

Juliet olhou para a câmera e apontou um controle para ela.

–Sophie não temos muito tempo, eles já já vão perceber. Sei que você é, me mandaram aqui para ajudá-la. Querem que a treine para enfrentar o presidente Stromberg. Você foi a escolhida entre vários. Você não pode desistir, terá que enfrentar seus medos.

–O que? Do que esta falando?- perguntou Sophie tonta.

– A bebida esta fazendo efeito. Você vai desmaiar em 5 minutos. Vou mandá-la para o dormitório, isso foi apenas um aviso, ok? Não conta isso há ninguém, se não vão torturá-la e nossa esperança vai ter se perdido.

Juliet empurrou o armário que escondia uma porta cinza.

–Vamos- disse Juliet.

–O que? Isso não faz sentido, você esta louca, pensei que era normal como eu.

–Eu sou como você, mas nunca fomos e nunca vamos ser normais- ela sorriu e empurrou Sophie para a porta.

–Vamos- disse ela.

Sophie não queria ir, não estava entendendo nada do que Juliet falava, mas a mulher era mais forte que ela e a empurrou para a porta. Elas saíram no pátio coberto novamente. Juliet a empurrou para alguns corredores e entrou em um quarto pequeno e branco, colocou-a na cama.

–Fique aqui, depois venho buscá-la- disse Juliet e saiu da sala deixando Sophie sozinha.

Sophie estava tonta, sua visão girava, e então caiu na cama, uns 5 minutos depois acordou assustada, não sabia onde estava, estava com medo, resolveu sair de lá o quanto antes. Passou por corredores até que viu guardas.

–Por favor, pode me ajudar a achar o grupo de garotas iniciadas?- perguntou Sophie ainda tonta e longe dos guardas.

–Ali esta ela, peguem-na!- gritou o guarda e saiu correndo atrás de Sophie.

–O que?- Sophie estava assustada, mas achou que se o guarda a pegasse iria ficar mais assustada ainda, e então correu, passou por corredores até que achou uma porta cinza, não pensou duas vezes e entrou na porta. Respirava ofegante, estava com medo, até que ouviu a voz.

–Sophie

Ela terminou de contar a história. Adam a olhava com pena e com raiva ao mesmo tempo.

–Eles fizeram isso com você? Como... Como podem? Pensei que na Apreensão tudo era mais leve, nada puxado.

–E era, até... Até a Prontidão declarar guerra.

Adam olhou para o chão.

–Você sabe que não é minha culpa, né?- perguntou ele.

–Ei, olha para mim- ele levantou a cabeça e a encarou- Eu sei que não é sua culpa, você não machucaria alguém da Apreensão, não me machucou, não é?- disse ela com um sorriso.

Adam excitou. Ele estava escondendo algo de Sophie.

–O que... O que foi?- perguntou preocupada.

–Eu... Meu pai morreu por causa de uma apreensora. Ele tocou nela acidentalmente...

–Sinto muito, foi por causa da maldição, não foi? Essa porcaria só piorou nossa vida.

Ela tampou a boca pela palavra, não falara palavrão a muito tempo. Adam abriu um sorriso, porém ainda estava triste.

–Você sabe que éramos amigos antes dessa maldição? Ajudávamos uns aos outros...

–Eu sei... Mas... Quando eu te vi...- começou ele, porém parou.

Sophie achou que o garoto estava com medo de lhe contar algo.

–Que? Pode me contar- disse ela sorrindo.

Ela pensava que o garoto ia dizer, “quando eu te vi, foi umas das coisas mais legais que aconteceu” , mas não foi nada disso.

–Quando eu te vi ia matá-la- disse ele tudo de uma vez.

Sophie ficou paralisada. O garoto queria matá-la. Só pelo fato de ser de ela ser da Apreensão. De repente o medo invadiu seu corpo, ela estava com medo de Adam. Começou a se afastar do garoto e voltar para a porta.

–Sophie espera! Eu queria me vingar, pelo meu pai. Mas então quando vi que era uma garota...

–Ah, você me poupou por ser garota? Foi isso? E se fosse meu irmão, ou meu pai? Ou qualquer outra pessoa? Você iria matá-la? Por vingança?!- perguntou nervosa.

–Mas não era outra pessoa, era você! Você que me encontrou...

–Preferia não ter encontrado- respondeu ela e se virou para sair dali.

–Sophie, espera! Por favor, vamos conversar...

–Acho que já conversamos de mais por hoje. Preciso esfriar a cabeça- disse abrindo a porta.

–Venha me ver de novo, por favor, assim poderei explicar direito o que aconteceu...

–Vou estar muito ocupada me tornando a esposa de Newt, sinto muito- disse com raiva e saiu.

–Sophie! Espera- ela ouviu o garoto gritando antes da porta fechar.

Ela encostou na porta. Sabia que tinha que se despedir dele, seria de um jeito ou de outro. E foi do pior jeito , ela sabia que não poderia mais vê-lo, tinha outras coisa para pensar. Voltou por onde tinha ido. E por fim chegou no pátio coberto. Der repente dois guardas de terno preto pegam em seus braços, um em cada lado.

–Senhorita Sophie Sky. Venha conosco- disse o guarda da direita.