Linha tênue escrita por Jane Timothy Freeman


Capítulo 3
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos!

Desculpem a demora, mas tive de pensar mais um pouquinho antes de escrever este capítulo e me decidi: a linha de acontecimentos geral da história será a mesma de Orgulho e Preconceito, mas alguns fatos menores não ocorrerão necessariamente na mesma ordem, ok?

Espero que gostem deste!

Annie F.



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– Jane, diga-me novamente: por que convidou Darcy, Charles e Caroline para uma festa do pijama? – Perguntou Elizabeth enquanto arrumava os cabelos em uma trança.

A irmã deu de ombros, rolando na cama com o travesseiro nos braços.

– Papai e mamãe não se importaram... – Lizzie revirou os olhos. Sua mãe havia praticamente implorado para que Charles ficasse na casa na ausência deles. – Além disso, já considero Caroline e Charles grandes... amigos.

Lizzie arriscou uma olhada no pulso da irmã: limpo. “Por enquanto”, pensou. Respirando mais aliviada, Elizabeth retrucou com um sorriso.

– E Darcy?

Jane pareceu desconcertada.

– Eu... hum... Bem, ele é o melhor amigo de Charles, então... É meu amigo também?

Elizabeth deu uma sonora gargalhada.

– Você tem o melhor coração do mundo, Jane, mas é uma péssima mentirosa.

Neste momento, a campainha tocou.

– Vamos? Ainda bem que Lydia não está em casa... Já imaginou o desastre?

Jane censurou a irmã com os olhos, mas Elizabeth fingiu que não percebeu.

Quando abriu a porta, ela teve vontade de se deitar no chão e rolar de rir: Charles estava com um pijama azul-claro, tão fofinho que parecia um urso de pelúcia. “O pijama dele combina com o de Jane, que é rosa e cheio de gatinhos.” Elizabeth, por sua vez, usava apenas blusão e shorts pretos.

Caroline estava vestida como uma diva, mas trazia uma bolsa para se trocar. “É claro que ela não passaria a enorme vergonha de ser vista de pijamas na rua.” Darcy, por sua vez... Nem uma bolsa trouxera e aquilo que vestia certamente não era roupa de dormir.

Elizabeth encarou-o com o cenho franzido, dando passagem para que os outros entrassem.

– Você não trouxe? – Perguntou, tentando segurar a risada.

– Eu não durmo de pijama... – Neste momento, Elizabeth engasgou e ficou vermelha feito um pimentão.

Quem diz uma informação dessas?

– Eu não precisava saber. – Respondeu, limpando os olhos lacrimejantes com a ponta dos dedos.

Ele a olhou com o cenho franzido.

– Por que toda esta comoção? Ah, entendo. Você acha que eu lhe dizia que durmo pelado ou algo assim. – Elizabeth engasgou de novo. – Mas a verdade é que você não me deixou terminar a frase: não durmo de pijama na casa de estranhos.

O rapaz falara de modo tão desrespeitoso que Lizzie só pôde virar-lhe as costas, uma raiva profunda queimando dentro de si.

Caroline retornara à sala, vestindo um pijama curto que lhe valorizava o corpo. Quando todos se sentaram para assistir ao filme, ela se aninhou ao redor de Darcy, que não fez menção alguma de retribuir o carinho.

Elizabeth sentou-se numa poltrona do canto oposto, deixando o sofá de centro livre para Jane e Charles. Ainda temia pela irmã, é claro, mas não interferiria.

O filme era Razão e Sensibilidade, baseado no livro de uma autora chamada Jane Austen (ao menos, era o que Elizabeth lera a respeito). Jane amava a trama desde sempre, suspirando por Edward Ferrars e chorando por Elinor durante quase todo o filme. Aquilo fazia Lizzie caçoar da irmã todas as vezes em que o viam.

Neste dia, entretanto, Elizabeth não conseguia se concentrar: sentia a todo instante que alguém a observava e aquilo incomodava. Na meia-luz da sala era impossível distinguir olhos, mas ela tinha uma suspeita de quem a encarava era... Darcy?

Dando de ombros, deixou sua mente vagar, pensando no futuro, nos amigos... Sem perceber, adormecera.

Não sabia quanto tempo dormira, mas, quando acordou, a casa estava em silêncio, exceto por alguns sussurros vindos do sofá principal. Elizabeth decidiu esperar que eles dormissem para se levantar, a fim de não interromper o que quer que estivesse acontecendo.

Foi neste momento que duas tímidas luzes vermelhas, invisíveis à luz do dia, mas claras o bastante naquela penumbra, refletiram-se daquele local. O coração de Lizzie ficou pesado e tudo o que a moça conseguiu fazer foi fechar os olhos com força, torcendo para que ninguém mais houvesse visto.

Os olhos arregalados do outro lado da sala certamente mostrariam o contrário.

~’~’~’~’~’~~’~’~’~’~’~’~’

Assim que pôde, Elizabeth caminhou silenciosamente para seu quarto no andar de cima da casa, tentando desesperadamente se equilibrar nas pernas bambas.

Aquilo não daria certo, não daria mesmo! Era o candidato escolhido pela mãe delas e... Jane se apaixonara, fora tola e caíra nesta brincadeira de mau gosto!

É claro que Lizzie sabia que Bingley também estava apaixonado, mas ele não era daqui. Seria fácil arrumar as malas e partir quando fosse conveniente. Jane ficaria arrasada e Elizabeth não saberia o que fazer para animá-la.

Maldito amor!

Deitou-se na cama e rolou por muito, muito tempo, até ouvir vozes vindas do jardim. Aproximando-se da janela tão sorrateiramente quanto antes, ela reconheceu os cabelos e as vozes de Charles e Darcy.

– Fitzwilliam, querido amigo! Estou plenamente satisfeito por ter me mudado para cá. As pessoas são gentis, risonhas, lindas... – Lizzie viu o rapaz colocar os braços para trás e apertar um dos pulsos gentilmente. – Nunca me canso delas!

– Você vê virtudes demais onde não há.

O loiro deu um tapa gentil no ombro do amigo.

– Ora, não pode ser tão rude a ponto de não concordar comigo agora: Jane não é a criatura mais adorável do universo?

Darcy olhou longamente o amigo, desconfiado, antes de responder:

– Ela é realmente uma joia rara, Charles.

– E a irmã, Elizabeth? Com aquele senso de humor! E maneiras tão gentis. Aparentemente, ela me salvou de um encontro tenebroso com a mãe. – E deu uma risada amiga.

Lizzie riu junto, incapaz de se controlar.

– Ela é gentil e tem traços delicados, mas não é bonita o suficiente para me tentar. Além disso, as maneiras dela são um tanto quanto... Perturbadoras. É muito direta em suas perguntas.

A moça mordeu o lábio com força e sentiu gosto de sangue. O que aquele ridículo queria ensiná-la sobre maneiras?

Ouviu Bingley se despedir e, logo em seguida, o olhar de Darcy subiu pelas janelas e encontrou o dela. Nenhum dos dois desviou: o primeiro estava bastante embaraçado; o segundo, desafiador.

Com um meneio de cabeça, Darcy finalmente entrou na casa e Elizabeth pôde respirar novamente.

Como é possível odiar uma pessoa em tão poucos dias?


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Notas finais do capítulo

E então? :D