Durante toda a música eu fiquei com os olhos fechados, apenas sentindo, e quando abri, todos estavam olhando para mim de olhos esbugalhados, saio do palco e pergunto:

_ O que foi gente? Essa é a primeira vez que eu canto em público.

_ A sua voz é muito linda. – Diz o cara da bateria.

_ Obrigada. – Respondo envergonhada.

_ Bom, acho que o recreio acabou temos que ir. – Diz Andrei retomando a sua cara de sempre e arrumando as coisas da banda, sem falar mais nada corro para a sala, saindo de lá, será que eles realmente tinham gostado da minha voz? E será que Andrei estava bravo comigo, aquilo me dava um aperto no coração.

_ O que é isso Melissa. – Sussurro para mim mesmo. – Ele é só mais um garoto – Mas no fundo eu sabia que não era.

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_ Melissa, aonde você se meteu, ficamos te procurando o intervalo inteiro – Diz Milena me olhando preocupada.

_ Aquele povo todo estava me sufocando. – Digo dando um leve abano em meu rosto.

_ Você nunca foi assim, aposto que deve ser um garoto. – Diz Carol dando um sorriso malicioso.

_ Com certeza não, agora temos que ir para a aula.

O restante das aulas Andrei passou desenhando em seu caderno, assim era o que eu achava não me julguem por ter observado ele durante todo esse tempo, mas era impossível não fazer isso.

Terminado as aulas, aceno para as minhas amigas e saio pegando o celular para ligar para a minha mãe, mas antes, eu avisto Andrei andando sozinho, deixo todo o meu orgulho de lado e corro na sua direção.

_ Você vai para casa sozinho? Quer que a minha mãe te dê carona? – Pergunto colocando o celular na minha mochila.

_ Sim, eu vou para casa sozinho, algum problema? E não, eu não quero uma carona, eu gosto de andar.

_ Tudo bem, não precisa ser grosso, eu só queria me desculpar pelo o que eu disse mais cedo, é que há não muito tempo eu meio que tive uma decepção amorosa e acabei meio que traumatizada. – Ai meu Deus, porque eu estava dizendo tudo àquilo para ele?

_ Saiba que nem todos os garotos são iguais, e alguns deles podem realmente te amar. – Diz ele colocando as duas mãos no bolso de sua calça jeans e olhando fixamente para o chão, porque eu ainda estava andando ao seu lado?

_ Eu não sei se acredito muito nisso, mas, onde você mora? – Perguntando tentando mudar o foco “garotos”.

_ A cinco quadras da escola.

_ Eu moro a seis.

_ Então porque você vem de carro com a sua mãe?

_ Nunca parei para pensar.

_ Você definitivamente é uma patricinha.

_ Eu não vou discutir com você, acho que vou com você até a minha casa.

_ Definitivamente não. – Diz ele parando e me olhando demoradamente. – Porque você não me deixa em paz, que saco.

_ Quer saber, tudo bem, nem sei por que resolvi vim aqui falar com você. – Falo virando-me rapidamente e correndo de perto dele sem nem ao menos esperar a sua resposta, se é que ele iria responder alguma coisa.

Paro um pouco antes da escola e sento-me no chão da calçada, pego o telefone e ligo para a minha mãe dizendo que eu iria andando até a nossa casa, ela meio que acha estranho, mas acaba deixando.

Sim, eu iria provar para ele que eu não era tão patricinha quanto ele achava que eu era, eu sabia que não precisava provar nada, mas eu tinha pegado o meu orgulho de volta.