Acordei logo cedo para minha ronda, era minha obrigação mas isso era de certa forma gratificante, me fazia lembrar que agora eu tinha um dever.

Dei a volta na mansão checando toda proteção.

— Rose – A voz de Dimitri me assustou.

— O que você...- Suspirei – Estou trabalhando Belikov.

— Seu lugar não é mais aqui - Ele estava a uns dois metros de mim.

— Parece que é, foi pra cá que a rainha me mandou – Cruzei os braços.

— A rainha está morta – Ele falou de modo firme – E precisam de você, então não fuja do seu dever.

— Não estou fugindo – Murmurei – Só vai ser doloroso.

— Roza...

— Não – Interrompi – Não quero uma onda de piedade, principalmente vindo de você camarada.

Esperei um tempo e como ele não falou nada decidi continuar.

— Eu vou, não por você ou por Lissa, nem mesmo pela rainha – Me aproximei dele – Eu vou por mim, pelo meu dever, e só por isso.

— Tudo bem – Dimitri concordou – Partimos pela manhã.

Isso seria uma puta dor de cabeça.

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Olhei a corte, que se erguia majestosamente logo abaixo de nós, soube naquele exato momento que estava ferrada, aquele lugar escondia coisas realmente perigosas, mas eu já fora longe demais para voltar atrás.

— Rose – Dimitri chamou –Vamos?

— Não estou com pressa. – Senti uma pontada aguda no peito ao ouvi-lo chamar meu nome. Eu não podia demonstrar o quanto aquela voz ainda mexia comigo.

— Acho que se vamos trabalhar juntos, você não precisa manter essa guarda alta – Disse ele, sincero – Não quero fazer nada que te prejudique.

— Eu tenho minhas dúvidas camarada. – Falei irônica. – Mas chega de conversa, vamos trabalhar.

Descemos do avião e formos a sala de Hans, suspirei, é claro, eles não deixariam eu me acomodar primeiro, coloquei a mala nas costas e fomos em frente.

Dimitri bateu na porta entrando logo em seguida.

Estavam todos lá: Christian, Lissa, Adrian e para minha completa surpresa Janine e Abe, Hans estava sentado atrás de sua mesa com o rosto extremamente sério, mas seu olhar o enganava, ele estava feliz em me ver, Sorri para Adrian e Christian, os únicos que ainda considerava meus amigos.

Fui atingida por uma onda de alivio, saudade e felicidade que vinha diretamente de Lissa, por um instante eu não estava mais na minha cabeça, estava me vendo e estava feliz que eu tivesse voltado, a saudade era um sentimento esmagador que tomava conta de mim.

Sacudi a cabeça com força, afastando-me  dela.

Lissa correu e me abraçou, como eu senti falta daquele abraço, do cheiro dela, mas isso não mudava nada, não mudava o fato dela ter mandado para longe, de ter traído minha confiança.

— Será que pode me soltar agora? – A afastei – E me faça o favor de se controlar, não consigo ouvir meus pensamentos com seus sentimentos invadindo minha cabeça.

— Rose – Janine ralhou – Não fale assim com Vasilisa.

— Por que Guardiã Hathaway? – Debochei – Porquê ela é a princesa?

— Não! – Janine deu um passo à frente – Porque ela é sua amiga.

— Não sei do que você está falando – Olhei firmemente para Lissa e vi seus olhos se encherem de lagrimas.

Eu queria correr e abraça-la, dizer que tudo estava bem, mas a magoada aqui era eu, e tinha esse direito.

— Rose que tipo de comportamento é esse? – Abe se levantou de onde estava.

—O típico comportamento de Rose Hathaway, velho – Falei – Não sei o porquê de estarem todos aqui, até parece que uma pessoa querida chegou, sou só eu, a pessoa que vocês abandonaram, que deixam ir embora sem levantar um dedo pra tentar impedir, então não tentem parecer felizes pois isso é hipocrisia...

— hey não se preocupe – Christian me interrompeu – Eu não disse que estava feliz em te ver.

— É claro esquentadinho, esse é o tipo de comportamento esperado de você.

— O que posso fazer? – Ele deu de ombros – É o comportamento típico de Christian Ozera.

— Cuidado Senhor Ozera, se agir assim pode acabar quebrando a cara – Pisquei para ele – Ou acabar tendo a cara quebrada.

— Hathaway chega – Hans me interrompeu – Acho que está cansada e a viajem foi realmente longa, então melhor que você descanse e pela manhã nós dois conversamos.

— Tudo bem – Fechei a porta com força ao sair.

Andei um pouco antes de suspirar e voltar de onde tinha vindo, abri a porta devagar, colocando só a cabeça para dentro.

— Será que alguém pode me dizer onde vou ficar? – Murmurei.

Deu pra ouvi, cada um ali dentro segurando o riso, e isso me deixou ainda mais irritada.

— Venha pequena Dhampir, eu te mostro. – Adrian abriu um sorriso.

— Tudo bem.– retribui o sorriso.

— Não!- Dimitri pegou sua própria mochila. – Estou indo até meu dormitório, posso levar Rose.

Dei de ombros e sai, Dimitri veio logo em seguida, enquanto caminhávamos em direção aos dormitórios tive a impressão de ter ouvido “É, a Rose voltou”.

— Curtam enquanto podem. – Murmurei.

— O que? – Dimitri franziu a testa.

— Nada – Dei de ombros – Vamos?