‘’Jantar hoje a noite, esteja pronta às 8hrs.’’

Stefan

Era o que estava escrito no aviãozinho de papel que pousou em minha mesa. Eu não tava entendendo nada. Arranquei uma folha do caderno e escrevi:

‘’Você sabe que não podemos sair dia de semana. Que ideia doida é essa?’’

V

Fiz o aviãozinho de papel e arremessei em direção onde ele estava. O avião pousou aos seus pés em sua frente. Ele se abaixou pra pegar, leu o papel e escreveu atrás. Jogou de volta pra mim. Eu não sei como ele consegue ser tão preciso em seus arremessos.

Normalmente alguém iria me dedurar, mas a aula de francês do senhor Holmes faz todo mundo dormir. Todo mundo quer dizer as 15 pessoas que estão na sala. A maioria dos alunos filam a aula dele.

Suspirei e abri o tal papel.

‘’Por isso mesmo é que jantaremos aqui dentro. Naquela porta do auditório que dá pra o campo. Te espero hoje à noite senhora Sanches.’’

Stefan

Dei de ombros e embrulhei o papel, colocando-o dentro do estojo. Fiquei pensando em que roupa eu iria. Como meu cabelo ia ficar o sapato que eu ia usar, quais são as intenções dele...

O sinal tocou, afastando meus pensamentos. Graças a Deus essa foi a ultima aula. Saí da sala como um furacão, indo direto pro quarto, entrando no closet, revirando as roupas que eu tinha em busca de um que seja legal.

Por mais que eu já conheça o Stefan, por mais que ele seja o cara mais irritante do mundo... Eu to sentindo algo estranho... Acho que é medo... Medo de não ser boa o suficiente, medo de ele me achar feia. Eu nunca me importei pra opinião alheia... Mas eu realmente quero agradar ele. Eu realmente quero que ele fique boquiaberto com minha roupa, com sei lá, com meu cabelo. Pode parecer antiquado. Mas eu quero ficar bonita pra ele.

Som da porta se abrindo. Pus minha cabeça pra fora do closet, suspirando ao ver Hayley dançando com seus fones de ouvido. Ri alto. Ela dançava com os braços pra cima, dando voltas e voltas, tocando guitarra invisível, rebolando e fazendo a escova de cabelo de microfone.

Revirei os olhos e suspirei. Ela rodou mais uma vez e parou bruscamente quando me viu. Acho que ficou constrangida ao perceber que assisti toda sua dancinha.

–É...

–Stefan me chamou pra jantar. – eu disse a interrompendo, poupando a conversa constrangedora de lado.

–É sério? Com que roupa você vai? E seu cabelo? E a maquiagem? AI MEU DEUS! – ela pulava animada. Eu ri.

–Eu não tenho ideia com o que eu vou.

–Se você quisesse minha ajuda, eu até te ajudaria... Mas você não iria querer que eu... – ela tagarelava e mexia em seu cabelo. Revirei os olhos.

–Você pode me ajudar?

–É CLARO! Eu já pensei em tudo, no seu cabelo, na maquiagem, eu tenho um vestido que vai ficar muito perfeito em você. Eu me sinto nos filmes americanos que a amiga ajuda a nerd e feiosa da escola a se arrumar e...

–EI!

–O quê?

–Nerd e feiosa? – cerrei os olhos. Ela riu em seguida.

–Você entendeu!

Passamos o resto da tarde procurando na pilha de roupas que a Hayley tinha um vestido que prestasse. Todos eram bonitos, mas nenhum era o que eu esperava, peguei um vestido meio verde meio azul, com alcinhas finas e marcado na cintura. Não era meu estilo e nem da Hayley (o que fazia me perguntar por que ela tinha), mas ela me prometeu que com o sapato e a maquiagem tudo vai ficar perfeito. Ela pegou um salto alto bem bonito, uma bolsa carteira e um brinco pequeno.

Tomei um banho, saindo depressa do banheiro e passando hidratante em minhas pernas. Eu quase nunca usava aquilo, mas hoje era um dia diferente. Pus o vestido e saí pra a Hayley ‘’me arrumar’’. Ela fez uma trança de lado em meu cabelo longo e louro, prendendo o fim da trança com um elástico azul. Me maquiou e passou um batom claro em minha boca.

–Pode olhar como você ficou agora.

Suspirei e me levantei indo direto pra o espelho. Uau. São poucos os momentos em que eu me sinto bonita, e esse é um deles. Não tive como não sorrir olhando o meu reflexo.

Abracei forte a Hayley, a fazendo rir.

–Obrigada. – eu dei um sorriso sincero a ela assim que acabei de abraçá-la.

–Eu não fiz mais que minha obrigação. Agora anda logo, já são mais de oito horas!

–Ai meu Deus! – peguei a bolsa e saí voando do quarto. –ME DESEJE SORTE! – gritei enquanto corria pelo corredor.

–SORTE! – ouvi o grito abafado dela atrás de mim.

Entrei no auditório escuro e fui direto pra porta. Não estava trancada como é de costume. Respirei fundo, arrumei meu cabelo, fechei meus olhos e respirei de novo. E enfim abri a porta. Simplesmente fiquei boquiaberta com o que ele conseguiu fazer com aquele campo.