Despedi-me rapidamente de todos, e segui com o meu pai para o carro.

A viagem era longa disso tinha a certeza, e os olhos de Brian mostravam que ele não tinha mais nada a dizer. Também não queria falar.

Fiquei no banco de trás, para aguentar o silencio forçado. Brian não questionou a minha opção, e arrancou em direcção a casa do seu pai.

O meu corpo tremia e não era do frio. Tinha a t-shirt do Zacky vestida sobre o meu corpo, e tinha posto o meu adorado casaco sobre ela. Tinha assustado o frio e ele tinha fugido, deixando apenas o meu corpo a tremer.

Thomas. Não sabia nada dele, e não o ter presente era horrível. Mesmo quando o tinha visto há pouco mais de um dia. Precisava dele para viver.

Olhei para o telemóvel que estava enrolado nos fios de mp3. Não tinha mensagens.

“Thomas, estás bem?”

Estava a perguntar algo estranho, mas precisava de ter a certeza que ele estava bem, que ele estava ali comigo, mesmo por via electrónica.

Ainda estava a perguntar como tinha ficado tão mal. Não queria ter feito o que fiz. Nunca percebia muito o funcionamento da minha vida nem os meus sentimentos.

Amava Zachary, e disso tinha certeza. Tudo o que ele me tinha feito, continuava-me a magoar, mas o amor não era algo que se escolhesse.

Parecia que não apreciava mais ninguém, e que todo o meu corpo pertencia unicamente a ele. Sabia que era capaz de dar a vida por ele, mesmo não tendo a certeza que ele fazer ia o mesmo. Só ele me ter defendido naquela noite, bastava para ficarmos equilibrados no que cada um fazia pelo outro.

Depois Thomas. Não era capaz de viver sem ele. Ele era tão especial, tão único. Era como uma droga na qual estava viciada, e não queria nunca deixar. Era o meu melhor amigo.

O meu corpo tremeu mais que o suposto. Olhei para o telemóvel que piscava em cima do meu colo. Tive esperanças que fosse Thomas.

“Thomas: Querida, isso pergunto eu. Juliet, ontem estavas tão mal. Como ficou Syn? Eu já vi no site da MTV e no Youtube os vídeos da “luta”.”

Respirei de alívio, ele estava bem.

“Não sei bem. Syn meteu-me de castigo, levando-me para casa dos meus avós. Não importa o que fiz, foi mau demais.”

“Thomas: Não, Juli. Paul estava a merece-las.”

“Deu para ver isso tão bem no vídeo?”

“Thomas: Não te lembras de mim ontem, pois não?”

Ele tinha estado lá? Afinal não tinha abraçado o ar. Tinha abraçado a ele.

Respirei de alívio outra vez, não sou por saber que era Thomas que tinha estado lá, mas também porque estava mais longe de casa, e mais perto do castigo.

Respirei pesadamente sobre aquele silêncio, que tornava ainda mais difícil estar ali. Ainda faltava uma hora para acabar.

“Não Thomas, desculpa. Desculpa por tudo aliás. E como tens estado em relação a … tu sabes.”

Estar ali fechada estava-me a fazer realmente mal. Como podia perguntar isto assim? A verdade era que tinha de saber o que ele sentia por mim, precisava demasiado dele para o deixar.

“Thomas: Eu amo-te Juliet. E sei que me amas. O meu problema é que te amo da forma correcta e da incorrecta, quando deixar esta última e apenas te amar como amiga, que é um amor muito mais forte que a paixão, tu serás a primeira a saber.”

Sorri para o ar.

Thomas era forte, mas forte do que alguma vez eu tinha sido. Mais forte do que eu quando o deixei para voltar Zacky. Apesar de tudo, ainda tinha remorsos de o ter feito, e não conseguia perdoar Zacky completamente. Era o facto de o amar tanto permitia aguentar.

Mas nunca seria capaz de perder assim quem amava. Como não me dava ao luxo de perder Thomas, sabendo que tinha sido bem melhor para ele. Chorei como a virgem ao olhar o seu filho morto, quando Thomas quis ir embora da minha vida. Não quis que isso acontecesse e agora quem sofria mais nisto, era ele.

“Desculpa, por te fazer passar por isto. E obrigada por ficares.”

“Thomas: Eu amo-te, nunca te deixaria.”

“Eu também, muito.”

Uma lágrima caiu do meu rosto. Era de felicidade. Queria que ela ali permanecesse sempre, mas não podia deixar que Syn me visse chorar.