Life Isnt a Word, Is a Felling escrita por JulietCraig
Notas iniciais do capítulo
Capitulo maior, reviravolta no final!
O toque soou, rompendo os meus ouvidos e eu corri para a sala. Não queria perder tempo a falar com as pessoas. Queria ser um fantasma invisível.
Era a aula de Historia e a Raquel sentou ao meu lado. Tentei sorrir-lhe com algum esforço. Era a ultima aula daquele dia e uma longa tarde seguia-se pela frente. Conseguia estar feliz, por não estar fechada naquelas grades.
- Olá Juli.
Acenei com a cabeça, mantendo o sorriso forçado.
- Olha Juliet. – Sussurrou-me em voz extremamente baixa. – Queres ir dar uma volta a tarde?
Os seus olhos brilhavam simpaticamente. Gostava da sua companhia, apesar deste momento não quer estar com ninguém.
- Claro! – Fingi entusiasmo.
- E almoçamos juntas, que tal?
Ela estava realmente bem-disposta.
- Por mim, tudo bem. – Sorri sem esforço, voltando-me para prestar atenção à aula.
Não fazia ideia do que a Professora estava a falar. Não sabia como iria agir a tarde inteira com a Raquel. Sentia-me tonta, e tinha a sensação que podia cair a qualquer momento, pelo que me agarrei com força a cadeira onde estava sentada.
Não podia desfalecer ali, era demasiado.
A aula parecia não acabar. Eu continuava com a cabeça a roda em todos os minutos que passavam, e todos os segundos pareciam meses.
Olhei para o quadro, mas não conseguia ver nitidamente o que estava lá escrito. Baixei a cabeça, tapando com os cabelos o caderno, fingindo que estava a escrever. Aliás, passara a manhã toda a fingir. Tinha um nó na garganta, custava-me imenso mentir.
Espreitei pela janela, para tentar olhar para o exterior mas era tudo demasiado escuro e pouco belo.
Assim se manteve até sairmos daquele pequeno espaço, e mesmo quando saímos daquela escola.
Caminhamos lentamente até ao café mais próximo, e Raquel falava sobre os seus planos, para as férias de Natal, apesar de ainda faltar bastante tempo. Ia para a neve, nos dia a seguir ao Natal, passar o ano novo, pelo que tinha comprar imensas coisas nos dias antes da viagem. Descreveu pormenorizadamente a estalagem onde ia ficar, que ela conhecia perfeitamente, afinal já era o terceiro ano que iria passar. Falava também de como engraçado era o treinador.
Chamava-se Raul e tinha 23 anos. Era moreno e alto, com uns lindos olhos azuis. Contava imensas piadas, tendo um extremo sentido de humor, que junto ao seu sorriso perfeito, ele ficava um Deus. Raquel estava deliciada a falar dele.
Quando dei por nós já estávamos sentadas na mesa, e o empregado aguardava impaciente que pedíssemos.
- Oh, eu queria uma sandes com fiambre, alface, cenoura e ovo cozido. E tu, Juliet?
- Era uma sandes de atum, por favor.
O empregado fitou-me curioso. Suspirei furiosamente, e ele virou imediatamente costas. Sorri ironicamente nas suas costas.
- Bem e tu, Juliet, qual é a estrela que tu conheceste que te deixa louca?
Pensei, seriamente se haveria alguma, tirando o óbvio. Optei por falar de Robert, não muito famoso.
- Eu acho piada ao Robert, que faz parte da banda que apresenta os concertos da minha mãe.
Raquel esboçou um grande sorriso, estendendo as mãos pequenas e delicadas sobre as minhas.
- Conta-me tudo! – Pediu entusiasmada.
- Bem, chama-se Robert. Tem 17 anos. O seu cabelo é preto, um pouco comprido. Tem um sorriso lindo, para dizer a verdade.
É simpático e capaz de por uma sala à sua volta bem-disposta. Maravilhoso, para dizer a verdade.
Sorri timidamente quando o acabei de o descrever. A minha voz tremera com o nojo ao pensar no que estava a dizer. Nunca tinha olhado para Robert, era demasiado estranho.
- Hum, e tu achas que vocês?
- Claro que não! – Ri-me.
Raquel percebeu a ideia.
O empregado chegou com as sandes, e deixou-as em cima da mesa rapidamente. Olhei sem vontade e peguei na minha para dar a primeira trinca.
Não tinha qualquer força dentro de mim que me desse vontade de comer, pelo que demorei mais que a Raquel. Mal acabei levantamo-nos e pagamos o que estávamos a dever.
Eram precisamente três horas e um quarto. Não tinha ideias para onde ir a seguir, nem sabia muito bem o que iríamos fazer. Sentia-me nervosa em estar ali no meio de tanta gente, onde pequenos olhos ainda me observavam.
- Como te sentes?
- O quê?! – Não conseguia concentrar-me nela.
- Como te sentes em relação às pessoas? – Tentou esclarecer. – A maioria das pessoas olha para ti quando passas e algumas comentam. Não te incomoda?
- Ligeiramente. – Tentei responder calmamente.
Incomodava-me bastante. Tinha medo delas, sentia-me desprotegida. Olhei para o telemóvel, nervosa. Sem mensagens.
Estranhamente precisava de Thomas. Precisava de protecção, de alguém que pusesse o braço por cima do meu ombro e não deixasse que ninguém me atacasse.
Raquel caminhava alegremente ao meu lado, conversando o dobro do que eu fazia. Ela era tão delicada, e simples. Os seus cabelos claros voavam sobre a sua face, ao sabor daquele vento frio, sem um único raio de sol.
A primeira gota de chuva caiu-me sobre o nariz, subitamente começou a chover mais e mais. Secretamente, estava feliz. Não queria caminhar e ver locais recheados de pessoas.
Entramos rapidamente no centro de lojas mais perto que ali havia. Era pequeno e luminoso.
Sacudi as gotas de chuva do cabelo e voltei a olhar para o telemóvel. Estava impaciente, esperando que ele aparecesse a qualquer momento.
- Deus, maldita chuva! – Reclamou, em contradição à minha secreta felicidade. – Bem, como fazemos agora?
- Talvez seja melhor esperar que pare. – Sugeri não muito convicta do que estava a dizer. – Podíamos ir ao cinema, por exemplo.
Raquel ficou radiante com a minha ideia, e falou rapidamente de um filme que tinha estreado com um dos seus actores preferidos.
Escondidamente, peguei no telemóvel, pronta a mandar uma mensagem a Thomas.
“ Thomas, a Raquel quis passar a tarde comigo. Dá para vires cá?”
A resposta foi rápida e imediata para meu alívio. Era positiva, pelo que lhe expliquei onde estávamos, sem que deixasse duvidas do local para ele.
Raquel movia-se rapidamente para encontrar o cinema naquele edifício. Apesar de ser um centro pequeno, era confuso e tinha vários andares. O cinema estava no último, como indicava na tabuleta em forma de seta. Seguimos para cima, enquanto eu ansiava por que não houvesse o filme. Queria mais do que tudo ir para casa.
Quando olhamos para os cartazes, cansadas de subir, o sorriso de Raquel voltou rapidamente. Estava lá o cartaz enorme, indicando que ela ia ter uma tarde melhor.
Saltitou para a fila de forma a comprar os bilhetes, e percebi que não ia vê-lo. Suspirei longamente, esperando que Raquel não reparasse. Comprar os bilhetes e pipocas foi rápido, e assim seguimos logo para a fila, tão rapidamente que me custou perceber por onde estávamos a andar.
Apenas uma mão a tocar-me no ombro é que me fez parar, e impedir que Raquel continuasse a caminhar. Voltei-me e o seu sorriso fez o meu aparecer. Abracei-o sem pensar duas vezes, queria envolver-me nos seus braços. Queria estar sem medo do mundo. Queria a sua protecção.
- Então não me convidam para ir com vocês? – Sorriu docemente.
Raquel voltou-se de súbito, espantada por vê-lo ali. Também eu estava espantada por ele ter chegado tão rápido.
- Vamos ver um filme, queres vir? – Convidou, sem pensar duas vezes no que iria dizer.
Por três segundos que Raquel demorou a comprar o bilhete a mais, consegui fechar os olhos e senti o aroma de Thomas. Era suave ao mesmo tempo que intenso, na medida em que nos afecta sem nos abandonar. Rocei a cabeça no seu peito, e logo a sua mão me afagou os cabelos.
Raquel agitou alegremente os bilhetes na mão, com um enorme pacote de pipocas na outra, e apressamo-nos a entrar. Sorrir interiormente por Thomas estar ali. Talvez não fosse completamente mau e devastador.
A sala era bastante grande, e percebi que as cadeiras eram novas, ao sentar-me entre Raquel e Thomas. O grande pacote caiu em cima do meu colo, e duas mãos surgiram de ambos os meus lados, prontas para atacar as pipocas ainda quentes.
A luz estava ainda acesa, pelo que vi o rosto de Raquel a sorrir de orelha a orelha. Provavelmente pensava que eu e o Thomas estaríamos juntos. Voltei a rir-me dentro de mim própria.
Estava-me a divertir imenso, tinha de o admitir. Ri-me mesmo sozinha, fazia-me bem.
As luzes apagaram-se começando a passar os anúncios dos filmes a estrear. Nenhum me despertou a atenção, como habitual.
Encostei a cabeça no braço quente de Thomas, e respirei ao mesmo tempo que ele. Agarrei a minha mão à sua, que estava sobre o apoio do banco que nos separava. Estava exausta e apenas queria adormecer.
O filme começou a passar lentamente no ecrã, sem me despertar a mínima atenção. A minha mão caiu sobre a de Thomas, que passou todo o filme suportando-a.
As luzes voltaram a acender-se e Raquel tagarelava sobre os mais pequenos pormenores do filme, que para mim e para Thomas não tinha qualquer importância. Deixei o meu corpo cair sobre o peito de Thomas, e caminhos ambos rapidamente para encontrar a saída do centro comercial.
- Bem, amei a tarde mas tenho de ir para casa. E vocês ficam? – Raquel ainda tinha a mesma energia do inicio do passeio.
- Eu queria ir a um sítio com a Juliet, se não te importares. – Thomas sorriu e falou num tom amável.
Por momentos, conseguia sentir a presença de Zacky na pessoa que estava atrás de mim. Conseguia mesmo sentir o seu cheiro e a sua voz. Abanei a cabeça, para me soltar daqueles pensamentos. Afinal era Thomas que ali estava.
Raquel sorriu-lhe, e piscou-me o olho, julgando que nós íamos fazer algo que não era apenas falar como amigos.
Ainda a observamos um pouco bocado a afastar-se graciosamente daquele local e depois Thomas puxou-me delicadamente para fora daqui.
Não falou grande coisa, e eu senti como perdida. Não conhecia as ruas onde os nossos corpos vagueavam com rapidez, mas tinha a certeza que não estava a ir para casa.
- Onde me levas? – Perguntei-lhe.
- Já vês.
Quando paramos e a minha respiração finalmente se regularizou, consegui finalmente ver. Era o jardim mais bonito que eu tinha visto e não imaginara que ele alguma vez existira na realidade.
Mudei o foco do meu olhar para Thomas, pedindo sem palavras que me explicasse o que estávamos a ali a fazer. Não é que o precisasse de saber. Não precisava de motivos para estar naquele local.
Era perfeito. A luz amarela esbatia-se nos verdes das cúpulas das árvores com mais de três metros que nos cercavam aquele espaço. O azul do céu que estava quase coberto tentava entrar naquela magia, e o vermelho das papoilas misturava-se naquela aguarela inimaginável.
Os braços de Thomas pegaram no meu corpo agilmente e elevaram-no, estando completamente encolhida junto ao seu peito quente e forte. A pele de Thomas parecia que fervia todo o ano, e os seus dentes brancos mostravam-se perfeitos em contraste com a pele.
Agarrei com força nele. Ele leva-me rapidamente por entre as arvores, com o vento a raspar-nos a pele. O chão estava aqui húmido, e por isso, cheirava a terra e a erva.
Quando me pousou o chão estava finalmente seco. Permanecia o cheiro, mais intensificado e a beleza de todo aquele espaço era agora demais.
Abracei Thomas com força, e os seus braços também me envolveram. Sentia-me demasiado quente, sufocada. Mas ao mesmo tempo protegida, sem dor. Queria ficar ali, não pensar em Zacky, e por fim ser feliz.
- Juliet, preciso de falar contigo. – Pedia.
Olhei-o imediatamente nos olhos, procurando a resposta pela razão de estamos num lugar tão belo e tão intenso.
Tocou-me com as pontas dos dedos na testa, e desceu aos poucos até à linha dos meus lábios. Continuou a descer e finalmente pousou-as sobre o meu pescoço. Delicadamente puxou-me na sua direcção, e os meus pés levaram-se de forma a ficar da sua altura.
Senti a sua respiração mais próxima, os meus olhos fecharam-se lentamente e os nossos lábios tocaram-se calmamente. O sabor da sua boca era doce, melhor do que da primeira vez que me tinha beijado. Ao mesmo tempo não me senti correcta ao fazer aquilo, sem o conseguir parar de o fazer.
O meu corpo estremecia nos seus braços e o coração batia de forma alterada, sem me consegui libertar dele. Deixei de tentar raciocinar e entreguei-me ao momento.
Os meus olhos voltaram a abrir-se e nos seus lábios formou-se um sorriso. Segurava-me nas mãos delicadamente e a sua boca preparava-se para fazer a perguntava, pela qual eu ansiava uma resposta.
- O que é que isto significou Juliet? Isto é, para ti, o que é que sentiste?
Não sabia o que lhe responder. Queria uma resposta da sua parte, não dar uma da minha.
- Eu gosto muito de ti Thomas… - Não estava a mentir. Apenas não sabia se gostava da maneira que ele esperava que eu gostasse.
- Amo-te, sabias? – O seu sorriso era nítido de felicidade.
- Hum, suspeitava. – Tentei parecer amorosa, mas naquele momento a minha cabeça estava demasiado confusa para tal.
Ainda estava rodeado pelos seus braços, ali no meio das folhas caídas do Outono, e senti novamente o meu corpo a estar junto do dele. Beijou-me novamente, e não me importei correspondendo-lhe. Já tinha sido traída e não estava a trair ninguém. Estava a tentar ser feliz sem Zacky.
Não sei quanto tempo, estivemos naquilo, apenas me percebi que fora muito quando olhei para o céu e vi que a noite já tinha caído.
- É melhor irmos embora. – Sugeri.
Rapidamente Thomas nos moveu dali, e com a mesma rapidez consegui ver as luzes da cidade a brilharem sobre os nossos corpos.
Passado pouco tempo, vi o meu prédio. Supôs que estivesse vazio e certamente estava certa.
Thomas voltou a beijar-me como despedida. Senti a falta do metal junto aos meus lábios, enquanto o beijava. Senti falta de Zacky.
Subi o mais rápido que consegui, evitando o elevador.
A casa estava habitada pelo que gritei por Esmeralda.
- Na cozinha menina. – Respondeu em tom alto, mais propriamente estridente.
Dirigi-me rapidamente para lá. Estava a limpar a bancada, e o relógio da parede dava as sete da tarde. Julguei que fosse mais tarde.
- Já quer jantar? – Perguntou atenciosamente.
- Não Esmeralda. Acho que me vou deitar. Boa-noite.
Empurrei o meu próprio corpo para cima da minha cama com a roupa que tinha no corpo e os sapatos calçados. Desfiz-me em lágrimas.
Não conseguia entender se tinha feito o correcto ou o incorrecto. Não conseguia perceber os porquês. Estava confusa e sem forças.
O meu corpo enterrou-se aos poucos contra o colchão sem molas, e os meus olhos fecharam-se calmamente.
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Eu disse que Thomas era uma personagem importante. Reviews?