Agatus - A Descoberta escrita por Letícia Francesconi


Capítulo 51
Perda


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores ♥
Não gosto desse capítulo, mas não tive outra escolha a não ser postá-lo. Queria reescreve-lo, mas demoraria muito... Espero que gostem. Ah, algumas amigas minhas me perguntaram como se pronunciava alguns nomes: Katharine (se diz: Keterine, e o apelido, Kat: Ket) Peter (Piter) Fadheela( Fadehila) Jake (Jeike)... Se esqueci de algum me avisem ♥
Estou muito cansada, tive uma longa semana de provas e amanhã vou ter que tirar sangue, odeio tirar sangue! :'( e ainda vou perder meu amor David Luiz jogando contra o Barcelona e não vou poder escrever o próximo capítulo! Mas não é o fim! Espero que gostem, já que não gostei, do capítulo. Digam suas opiniões que são preciosas para mim! Um beijão!



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A morte de Jake foi rápida. Sem sangue. Enquanto caminhava ao lado de Raj, pensava no que tinha feito. O que eu fiz? Por quê? Eu sou um monstro!

– Está tudo bem?

Paramos para descansar. O braço de Raj ainda sangrava. Ele se sentou no chão e segui seu exemplo.

– Não – caí em seus braços, em meio as lágrimas. O céu trovejou, sinalizando a chegada da chuva. Solucei.

– Não fique assim, rajkumari – ela afagava meus cabelos, docilmente.

– Eu sou um monstro – gemi. Uma angústia subia por minha garganta, dificultando a fala.

– Não, não – Raj tentou me acalmar. – Você não é um monstro, estava certa em não o ajudar. Jake não merecia.

Limpei o rosto e solucei mais alto.

Me desculpe... – abracei-o mais forte, sentindo seus músculos se contraírem. – Eu não deveria ter dito aquilo... Me desculpe, Raj. Por favor.

Ele beijou minha testa, parecia não compreender minha súplica angustiada.

– Tudo bem – apertou minhas mãos. – Não precisa se desculpar. Está tudo... Bem.

Sua voz falhou na última palavra. Fitei seus olhos negros, sem vida.

– Raj?

Ele demorou a responder.

– Estou bem.

O dourado em seu braço esquerdo voltara a se alastrar. O brilho dourado parecia ácido, corroendo sua pele.

– Não, não está.

Alcancei Peter em meu bolso, para arriscar um feitiço de cura. Foi em vão.

– Por que não funciona? – chorei, desesperada. Raj se contorcia cada vez mais, o braço em carne viva. – Por favor...

– Katharine – sua voz era rouca e calma. – Vá atrás de Diana.

– Não vou deixar você – choraminguei. Peter perdeu seu brilho prateado, permanecendo cinza escuro. – Droga!

Tentei com Fadheela, mas não adiantou. Então chorei mais alto, notando a ferida aumentar.

– Eu vou te salvar, Raj – beijei-o delicadamente, sentindo uma lágrima escorrer de seus olhos. Ele gemia de dor e minha preocupação crescia a cada minuto. Senti alguns pingos de chuva em meu braço. – Não vou deixar que você morra...

Ouvi pegadas lentas e secas. As folhagens se remexiam violentamente. Levantei-me, relutante ao deixar Raj. O céu era cinza chumbo. As nuvens estavam pesadas e trovejava muito.

– Acabou, ruivinha – sibilou ela. – Vadia dos infernos!

Recuei ao notar sua espada em minha direção. A adaga na outra mão.

– Diana, não é assim que iremos resolver.

– Você o matou! A culpa é toda sua! – as lágrimas de rancor escorriam, incontroláveis.

– Você não me deixou ajudá-la – contrapus.

– Isso não é verdade!

Parece que Diana não uma memória muito boa. Guardei Peter e empunhei Fadheela.

– Diana... Me desculpe, pelo o que fiz – sussurrei. Ela limpou as lágrimas, ferozmente. – Por favor.

– Não!

Cambaleei. Sua espada passara de raspão em minha cabeça. Raj se contorcia no chão. Criei uma espada de lâmina prateada. Seu cabo, na cor cobalto, era entalhado com desenhos que eu desconhecia.

Diana parecia disposta a sair vitoriosa. Movia a arma sutilmente, em golpes fatais. Desviava de todos, com tamanha atenção. Não era boa em luta com espadas, Raj não me ensinara isto. Tudo o que consegui foi derrubar a adaga de sua mão direita, mas ela era boa apenas com uma espada.

Ela girou, me imprensando contra uma árvore. Oscilei, deixando a espada cair. Ela apertou meus pulsos e por um momento achei que iria rasgá-los. Ela me imobilizou completamente, deixando-me sem saída. Caí no chão quando Diana me golpeou pouco acima do estômago. Tentei reprimir a dor, mas era impossível.

– Vai acabar assim, ruivinha – sua voz era como ácido. Seus olhos ainda eram frios.

Me contorci, tentando me erguer. Tudo foi inútil. Diana chutou-me, impiedosamente, atingindo minhas costelas. A dor não ia embora. As lágrimas vinham, e pude sentir que aquele era meu fim. Fitei Raj estirado ao chão. Queria correr e abraça-lo. Dizer que lhe amava. Notei um líquido frio escorrer de meu nariz. A chuva engrossava. Não conseguia me mover, então, tudo o que fiz, foi chorar.

Diana parou. Olhou para Raj, ferozmente. A espada em punho. Tentei rastejar para impedir o pior. Poderia a congelar ou algo do tipo, porém mal podia me mexer. Ela riu.

– Inútil – seus olhos se espreitaram. – Não vai sair dessa.

Raj tentou se erguer, em um ato de bravura. Diana o observou, zombando. Se apoiou nos joelhos e levantou. Estava fraco e entorpecido, mas queria encarar Diana, frente a frente.

– Talvez esteja errada – murmurou ele.

– E – chegou mais perto. – o que você propõe?

Raj lutou para responder. Seus olhos estavam foscos, suas mãos tremiam.

– Não precisamos lutar – um sorriso leve se formou em seu rosto. – Podemos nos juntar, mostrar quem somos.

Diana não se mexeu. Tentei gritar ao ver a cena, mas foi em vão. Raj beijava Diana. Diana beijava Raj... Meu coração palpitou, ao tentar me alçar. Queria impedi-los. Queria detê-los. Depois, se separaram lentamente. Raj olhava o chão. Diana ainda o fitava, incrédula. Vi uma lágrima escorrer.

Foi tudo muito rápido.

Raj apenas respirou. Não se moveu. Como se esperasse por isso. O cenário ficou lento. Vi seus olhos mudarem de cor. Diana caiu, parecendo se espantar com o que fez. Por que não eu? Por que fui incapaz de lutar com Diana? Por que não a enfrentei como deveria, salvando a vida de Raj? As perguntas rondavam minha cabeça. Minha voz falhava ao gritar o nome daquele que me amou. Daquele que me protegeu até o fim.

Raj!– ele parecia não me ouvir. Seus olhos, negros e brilhantes, como joias raras, agora estavam desvaídos, sem cor, sem brilho algum, como pedras de carvão. A espada, ainda atravessada em seu peito, estava vermelha, e um fluido rubro escorria. Ele se ajoelhou, me fitando, com um olhar sem vida, sem alma.

Minhas pernas ganharam uma energia desconhecida. Corri até Diana, que ainda se erguia, cambaleante. Ela foi rápida. Me segurou com garras afiadas, envolvendo e rasgando meus pulsos. Tentei escapar de sua ferocidade, mas ela era mais forte. Ela era rápida como um gato e feroz como um leão, mais ainda assim, forte. Agarrou meu pescoço, fazendo-me implorar por ar.

– Você matou o meu irmão - contou ela. Não havia algum vestígio de dor em sua voz amarga. Parecia ter esquecido da angústia de antes. - Agora, aceite isso - ela sibilou, apontando com a mão livre para o corpo, quase caído, de Raj. Cada vez me enforcando mais. Meus pulsos latejavam de dor. Suas garras eram mais fortes do que eu imaginava.

Ela continuava a falar, mais meus ouvidos já estavam cansados, como da vez que fui sequestrada, só que, agora, não desmaiei. Com meu cotovelo esquerdo, ataquei Diana, pouco acima do seu abdômen. Ela se contorceu de dor, ainda assim não caindo. Aproveitei para pegar a adaga dela, jogada no chão. Me abaixei rapidamente, desviando de um soco. Levantei tentando me equilibrar. Meus olhos queimavam como fogo ardente. Quando elevei minhas mãos a altura da cabeça, pude ver que meus pulsos, até os antebraços, sangravam, com enormes arranhões. Ela se jogou, com toda força, em mim. Caímos juntas, ela me enforcando, eu tentando escapar. Levantei, ainda sem ar, me escorando em uma árvore, do lado oposto de onde ela estava. Diana recuou, aparentando cansaço no olhar. Logo, correu em minha direção, em sinal de ataque. Me virei, ainda com a adaga em mãos.

Tudo foi mais rápido e mais fácil do que eu imaginava. Apenas ouvi um grito, curto e rouco.

Abri os olhos. Diana estava jogada no chão, com sua própria adaga enterrada em seu pescoço pálido. Sangue, vermelho e escurecido, escorria do pescoço até sua clavícula. Ela tinha um olhar sombrio e triste. As maçãs do rosto, levemente rosadas. Os olhos azuis se desvaíram lentamente. Sua boca permaneceu aberta, como que quisesse gritar algo.

Corri para perto de Raj, que parecia não estar mais ali. Ele abriu os olhos e murmurou algo ilegível.

– Bom trabalho - sua voz era rouca e sem vida, como seus olhos.

– Me desculpe - aconcheguei-me em seu peito, sem me importar com a espada prateada, que ainda sangrava. Fiquei pensando, como era linda, a espada, quero dizer. Ela era prateada como as estrelas na noite negra.

– Não é culpa sua – objetou, ainda rouco - Você fez o que pode.

– Por que fez isso? Deveria ser eu!

– Não... Tem uma missão a cumprir.

– Eu...- não sabia o que iria dizer mais. Eu estava nervosa, e ele estava ali, com os olhos desviados para um ponto perdido no horizonte cinza e chuvoso.

– Fale mais – murmurou. - sua voz é tão bonita - minhas lágrimas caíam, se misturando com o sangue de Raj, formando uma cachoeira rubra.

Tentei usar algum feitiço de cura, mas minhas tentativas foram inúteis. Não funcionavam em seu corpo. Quando pensei que Raj não estivesse mais lá, ele disse algo baixinho, que consegui entender.

– Escute-me Katharine Mayer - sua voz era completamente vazia. Nunca ouvi antes ele falar meu nome completo, o que soava estranho.

– Diga-me - falei, em meio aos soluços.

– Fadilah irá lhe proteger – ele fechou os olhos, brevemente. – Não tenha medo.

– O que está dizendo? – minha voz soou embolada, junto aos soluços.

– Conte-me uma história – pediu ele, em um suplico. – Por favor.

Nossas mãos se entrelaçaram, enquanto pensava em algo.

– Havia uma menina que não acreditava no destino – comecei. Podia sentir sua respiração tranquila em meu rosto. – Um dia, ela se perdeu. Era um lugar escuro, sem vida, horripilante. Passou metade de sua vida acreditando que iria morrer, que jamais sairia daquele lugar pérfido! – enxuguei as lágrimas.

– Continue, mere priya – sussurrou.

– Até encontrar um príncipe – suspirei. – Ele a contou histórias, mostrou-lhe lugares e ensinou-lhe magias. Ela tinha perdido tudo, seu irmão, seu pai, sua mãe e sua esperança. Achou que, por ficar perdida naquele cárcere, que havia acabado. Já não havia mais esperanças. Mas... Se ela não tivesse perdido tudo, não teria encontrado o lugar, não teria o achado... Fazia parte do destino que se encontrassem, fazia parte do jogo. Era para acontecer...

Olhei de relance para Raj. Minha vista estava um pouco turva. Seus olhos se fecharam, lentamente. Pude ver uma lágrima escorrer em seu rosto moreno. Senti que meu coração desacelerou. O choro veio mais intenso.

Adeus– mas ele não podia me ouvir.

Os trovões soaram mais alto. O céu se tornou ainda mais cinzento. Tudo ao meu redor se tornou branco. O corpo de Raj havia desaparecido. O de Diana, idem. Quando minha vista voltou ao normal, deparei-me com as sondas metálicas, encarando-me. Não produziam algum som. Ergui a cabeça e vi Richard fitando-me. Victoria e Christine estavam afastadas.

– Meus parabéns – sorriu com dentes afiados. – Você venceu.

Victoria deu um passo à frente. Richard apenas deu meia volta e se retirou da cúpula, como sempre fazia. Como um fantasma, sempre escondido nas sombras. Christine se ajoelhou para me acudir. Sem pensar, a abracei fortemente. Ela retribui meu ato, o que me acalmou. Victoria apenas permaneceu nos observando, com sua frieza típica.

– Ele disse que não iriamos morrer – solucei. – Por que ele? O que foi que eu fiz?

– Minha querida – sua voz de seda fazia tudo melhorar. -, precisa se acalmar. Vou lhe dar roupas limpas. Vamos, tome um banho e esfrie a cabeça. Precisa comer algo.

Assenti, mesmo não sentindo algum vestígio de fome. Christine sorriu e limpou minhas lágrimas com o polegar esquerdo. Quando me icei, notei algo de estranho nos olhos de Victoria. Algo um tanto incomum. Não podiam ser lágrimas, pensei comigo mesma. Secou-as e ausentou-se, deixando a sala alva.


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam ♥



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