A festa estava uma droga. Eu mal conseguia engolir um salgado. A Letícia e a Lisa faziam de tudo para me animar, mas a tentativa era sempre em vão.

A música estava alta. Pessoas dançando. Animação. Menos pra mim.

Tudo parecia tão perfeito... Esse Anônimo conseguiu me derrubar. Acabou com a minha vontade de sair com as minhas amigas, com a minha vontade de ir para festas... Até com a minha vontade de ficar com o Breno! Claro né. A gente ia terminar por causa de um boato... Algo que eu não fiz.

– Qual foi? Vai ficar nessa? – a Letícia interrompeu meus pensamentos.

– Vamos dançar na pista – a Lisa completou.

– Vão vocês. Quero ficar sozinha.

Elas me ignoraram, porém continuaram ali. Era até errado o fato de eu estar com as minhas amigas e fazê-las ficarem em um canto vendo a minha tristeza. Elas tinham que se divertir. Não precisavam presenciar aquele momento junto comigo.

– Vamos – falei.

Fomos para a pista e tentei me animar. As músicas foram tocando e o pessoal cada vez mais animado. A Vitória estava me encarando de longe, porém quando percebeu que eu a encarava também, disfarçou e fingiu que não era com ela. Palhaça.

– Não olhe para trás – a Lisa disse entre dentes para não fazerem leitura labial. Assustou-me.

– Agora ferrou – Letícia completou segundos depois. Entre dentes.

Senti uma mão no meu ombro.

– Vamos para um lugar menos barulhento – disseram no meu ouvido. Não pude evitar de notar quem era.

Breno.

Fomos para um canto e ele ficou me olhando um minuto.

– Uma pessoa puxou uma conversa comigo no Facebook. O perfil estava como “Anônimo”. – ele fez uma pausa. – Não vou te enrolar, Gabriela. – pausa. Gabriela. Estava quase chorando. – Você e o Rodrigo transaram? Pensei que fosse do tipo que se guardasse para alguém especial... Ah... – ele fez outra pausa. Eu já estava sentindo as lágrimas descendo pelas minhas bochechas. – Esqueci que ele é realmente especial pra você. – Aquelas palavras estavam me machucando. Elas soavam tão... Tão... Como uma estaca no meu peito.

– Eu nunca fiz isso. E nem faria.

– E por que esse tal anônimo me falaria isso?

– Eu não sei. Também quero saber. Ele puxou uma conversa comigo também. No Facebook. Eu... eu... Ele disse que era apaixonado por mim... Ele fez isso só pra acabar com a gente. Você conhece essas pessoas! São boatos... Você sabe que eu nunca faria isso! Você me conhece...

– Pensei que conhecia...

– Acredite em mim! – eu estava com as bochechas completamente encharcadas de tanto chorar. – Ele só quer destruir a nossa relação!

– E conseguiu.

Ele foi embora.

Sai desesperada para a pista de dança avisar as meninas que eu estava indo pra casa. Eu não conseguia pensar. Eu nem conseguia andar direito que acabei me batendo com um objeto no chão. Um celular. Ligado. Aberto no Facebook. Do Anônimo. Não era possível.

– Gabriela. Por que você está com o meu celular em mãos? – a Júlia me interrompeu. Espera. MEU CELULAR? O CELULAR ERA DA JÚLIA?

– Desculpe. O encontrei no chão – falei, entreguei para ela e sai mais desesperada ainda.

Encontrei as meninas e tive que empurrar um monte de gente para conseguir chegar até elas. Insisti que ficassem, mas elas preferiram ir comigo. Convidei-as para dormir lá e logo toparam. Agora eu precisava das minhas amigas mais do que nunca e precisava que elas presenciassem o que eu estava passando, por mais ruim que seja. Precisava do abraço da Letícia e das palavras reconfortantes da Lisa.

Chegando em casa, subimos para o meu quarto, fechamos a porta e comecei a contar. Falei sobre o Breno e a Lisa disse que era melhor dar um tempo para ele pensar... E um tempo para mim também, pois tudo aquilo tinha me cansado bastante. Ela tinha razão. Contei sobre a Júlia. A Lisa, que a conhece, logo se assustou. E a Letícia também.

A Lisa pediu para usar o meu notebook. Estava aberto no meu Facebook, mas alertei-a que poderia fechar. Antes, ela disse que tinha uma mensagem. Pedi para ela checar.

Anônimo: Quem você pensa que eu sou, não sou eu.

A Júlia só queria despistar. Estava chateada porque descobrimos. Certeza.

Eu estava com o rosto inchado e vermelho de tanto chorar. A Lisa entrou no Facebook dela, mas logo fechou. O quarto tinha espaço desde que a Marcela decidiu que dormiria na sala... A mãe não entendeu muito bem, mas não se queixou.

Logo dormimos.

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Uma semana desde que eu e Breno terminamos. Eu ainda não estava acreditando. Ele não mandara mensagem. Não ligara. Também, né, o que eu estava esperando? Absolutamente nada.

Notei o barulho de mensagem no Facebook e fui ver quem era.

Paula?

Paula: Oi Gabi. Eu só queria deixar claro que não estou contra você. São boatos. Já passei por isso. Espalharam que eu estava com AIDS. Pois é... Foi difícil arranjar namorado. Estou aqui para te apoiar. Eu sei que você não fez isso. Eu e o Rodrigo já fomos melhores amigos. Conversei com ele um tem uns dias... Ele está bem em BH. Não sei quando volta. Ele me disse que nenhuma garota chamou tanto a atenção dele quanto você chamou. Eu contei dos boatos. Ele ficou assustado e não sabe o que fazer... Nem o que falar. Não se surpreenda se ele não falar com você... Não tenho certeza se ele te superou... Te ver será ainda pior. Ele negou pra mim. Disse que nunca faria nada com você... Mesmo que você quisesse... Pode parecer estranho vindo dele, mas ele também não está pronto. Bom, apesar de eu ser amiga da Vitória, da Marcela... Eu quero ser sua amiga também. Se precisar de alguma coisa, pode me chamar. Estou aqui, certo? Gosto de você. Mudando de assunto... Meu aniversário é depois de amanhã. Sei que está muito em cima, mas eu quero que você vá. Não se importe com o que pensam de você. São apenas boatos. Por favor, vá.

Eu: Oi Paula. Eu também não tenho nada contra você. Eu não sabia disso, sinto muito... De verdade. Você não sabe o quanto que eu estou feliz em saber que você me apoia... É muito difícil pra mim. É complicado. Não sei mesmo o que fazer. O Rodrigo tem um bom coração. Ele é um garoto legal. Pensei até que fosse ele o anônimo que disse os boatos, mas tenho dúvidas agora. Eu sei que é difícil pra ele... Eu também estou aqui. Pode me chamar quando precisar... Sempre gostei de você, apesar de não sermos muito próximas. Só com essas palavras, com todo o apoio, já se tornou especial pra mim. Obrigada! Vou sim... Muito obrigada pelo convite...

Paula: Só para finalizar o assunto... Não acredito que a Vitória seja uma amiga de verdade e muito menos a amiga certa pra mim... Ela só se aproximou de mim e me tornou “popular” porque sabia que eu era a melhor amiga do Rodrigo. Ela só se aproveitou.

Eu: Vindo da Vitória, mais nada me surpreende... Ela é capaz de tudo por esse menino. Ela é louca por ele.

Paula: Muito louca.

Eu: Preciso sair... Vou descansar um pouco. Um beijo grande. Até depois de amanhã!

Paula: Tudo bem, até depois. Beijo!

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