2 anos depois...

Pov Jade

Mais um dia normal de trabalho. Já estou cansada dessa mesmice de sempre. Olhei em volta, pra quantidade de bebidas, cigarros e corpos. Isso mesmo: Corpos. Desde o dia em que descobri que Beck tinha me traído, resolvi aceitar o emprego que meu tio me ofereceu naquele natal.

Flashback On

–Jadelyn? – Uma voz masculina soou nas minhas costas. Me virei rapidamente, encontrando o sorriso do meu tio Bryan.

– Jade, tio Bryan. Jade – Falei, e ele sorriu pra mim.

– Bom saber que não mudou nada, Jade. – Seu sorriso se fechou. – Você... Hum...

Ele hesitava, e já estava me assustando.

– Tio, o que houve?- Ele suspirou.

– Jade, você sabe que eu trabalho pra CIA, não é? – Ele perguntou, ainda hesitante. Eu assenti com a cabeça – Então... Os meus superiores resolveram adicionar pessoas mais jovens na sua folha de pagamento, se é que me entende.

– O que você está querendo dizer, tio?- A desconfiança borbulhava em minha voz.

– Eu quero que você trabalhe pra mim, Jade. Quero que venha trabalhar pra CIA.

Flashback Off

No começo, tudo era fácil. Eu sempre era a isca, pois meu tio sempre disse que eu sou linda, e o tipo de mulher que “agrada” aos mafiosos. Mas aos poucos, eles foram notando que eu tinha experiência como atriz, e resolveram explorar esse meu lado. Em menos de 6 meses, me tornei uma das melhores. Me enviavam os casos mais difíceis, e eu sempre os resolvia. Eu agora tenho minha própria equipe, os quais são muito experientes e jovens, assim como eu. Nos damos muito bem. Alguns deles entraram faz pouco tempo. Mas uma coisa eu notei, minha equipe sempre ficava com os complicados. Todos têm uma ficha criminal, mas me respeitam. Sabem que se não fizerem isso, não deixarei barato.

Apesar de não ter esquecido Hollywood, eu me sinto feliz. Mas nunca irei esquecer o rosto de Cat na varanda da minha casa, alguns dias antes de eu vir embora. Ela chorava, implorando para que eu abrisse a porta. Mas foi melhor assim. Se eu tivesse me despedido dela, eu teria que mentir sobre o porquê de eu estar indo embora. E eu não queria mentir pra ela. Nem para o Beck. Mesmo com tudo o que ele fez, eu sinto falta dele. E me odeio por isso. Mas agora não importa, eu estou a quilômetros dele. Nunca pensei que Vegas fosse me fazer tão bem.

Pov Beck

Como toda segunda-feira, eu estou na escola. Tori, como sempre, está pendurada no meu pescoço. Namoramos há 1 ano e meio. Ela e Andre conversavam sobre um tal aluno novo que chegaria hoje.

– Eu ouvi dizer que ele veio de uma das melhores academias de artes de Manhattan! Ele era um dos melhores alunos de lá. Lane tava falando pra gente sexta. – Andre falou, com um entusiasmo que, em minha opinião, era exagerado.

– Eu fiquei sabendo. Vai ser muito legal a aula do Sikowitz hoje! – Tori sorria conforme falava, o que, eu confesso, me irrita um pouco.

Cat passou por nós sem nos cumprimentar, como sempre. Desde aquele dia que eu odeio lembrar, Cat nunca mais foi a mesma. Ver ela sorrir era algo extremamente raro, ela vivia séria, não falava muito e se distanciou de todo mundo. Até suas roupas não eram mais tão coloridas, quase tudo que ela usa é cinza. Isso é triste, a Jade parecia ser o único motivo para Cat ser feliz. Na verdade, quase tudo mudou depois da ida de Jade. Cat ficou triste, Tori se tornou a pessoa que mais me apoiou, Robbie se tornou um popular arrogante, pois sem a Jade pra lhe dar medo, ele passou a falar o que pensa e se livrou do Rex. Mas ele ainda é nosso amigo. O Andre foi o único que não pareceu ficar tão abalado com tudo isso.

Robbie se aproximou e bateu no ombro de André, em forma de cumprimento.

– E aí, galera? Falando sobre o que? – Ele exalava um cheiro forte de colônia, o que chegava a dar enjoo.

– Sobre o aluno novo que vai chegar hoje. – Andre disse, dando de ombros.

– Na verdade, ele já chegou. – Robbie disse, com um ar despreocupado.

– Sério? – Tori me largou e ficou de frente pro Robbie – E como ele é?

– Alto, fortão, tem uma tatuagem no pescoço e cabelo preto. Ah, ele dirige um Mustang GT.

Andre arregalou os olhos.

– U-um M-mustang? – Ele gaguejava. Confesso que estava impressionado também. O cara dirige um Mustang. Uau.

– Isso aí. Tem a maior pinta de bad boy. Carrão, jaqueta de couro, óculos escuros... – Robbie continuou.

O sinal bateu e todos nós seguimos para a aula do Sikowitz.

– Bom dia! Ou como meu antigo vizinho costumava dizer: Galabusta!

– Galabusta? – Tori perguntou – O que é isso?

– Eu não faço ideia! – Sikowitz riu, enquanto todos o olhavam estranho. Esse cara é louco. – Hoje, temos um novo aluno, o... – Sikowitz olhou em volta – o Sr. Atrasado. Onde está esse menino?

A porta abriu, e um rapaz entrou. Ele é alto, tem cabelos pretos e algo que eu só posso descrever como uma fênix negra tatuada em seu pescoço. Ele percorreu a sala com o olhar, demorando mais em Cat e Tori, o que eu não gostei. Ele caminhou em direção ao Sikowitz e lhe entregou um papel.

– Hum, você é o aluno novo. – Skowitz murmurou pra si mesmo – Gente, esse é o Vincent Felt. Ele veio da Academia de Manhattan, em Nova York. Então, Vincent...

– Vince. – Ele o cortou, sem mudar a expressão séria.

–Tudo bem, Vince. – Sikowitz frisou o apelido – Não era pra terem vindo mais alunos da Academia? Porque eu soube que seria um grupo.

– Na verdade, creio que eles chegarão amanhã. Nem foram avisados ainda.

Interessante. Quer dizer que ainda tinham mais alunos pra chegar?

– Hey, Vince! – Sikowitz o chamou quando ele descia do palco – Já jogou improviso alfabético?

Vince fez uma cara pensativa e então deu de ombros.

– Não, mas já ouvi falar. Sei como se joga. – Ele respondeu indiferente.

–Ok, então... – o professor louco percorreu a classe com o olhar – Cat, Tori, Allan e Beck, no palco.

Subimos no palco e Sikowitz pediu uma letra.

–T! – Robbie exclamou.

– Então, Vince sua primeira fala deve começar com T. Ação! – Sikowitz gritou, enquanto sentava no fundo da sala e bebia água de coco.

– Tantos anos estudando pra vir parar aqui! – Vince falou com desdém.

–Um bom ator sempre mantém sua vida pessoal fora do palco. – Continuei, irritado.

–Vocês dois podem parar? – Tori se intrometeu.

– Uh... Eu não sei como começar com W. – O tal Allan falou e desceu do palco.

–X-burguer! Eu quero um! – Cat exclamou.

– Yuki é o nome de uma garota japonesa que eu namorei. – Vince pareceu pensativo.

– Zero representa o quanto eu me importo. – Retruquei, com a raiva dominando minhas palavras.

– Por que você está tão irritado? – Cat estava assustada.

– Pééh! Cat está fora! – Sikowitz avisou, fazendo um barulho de campainha.

– Oh, Droga! – Cat bateu o pé em frustração e foi se sentar ao lado de Robbie.

Sikowitz me olhou.

–Beck, continue do A.

– Acho que estou enjoado. – Coloquei a mão na barriga e Tori se aproximou de mim.

– Basta tomar um remédio que passa. – Tori passou a mão no meu braço.

Vince bufou alto, irritado.

– Cansei desse jogo. Posso sentar? – Vince olhou para nosso professor.

Mas que idiota! Ele está pensando que é quem pra querer parar tudo assim?

– Qual é a sua, cara? Você não pode parar assim não! – Reclamei. Mas aí percebi a burrada que eu tinha feito. – Merda!

– Beck, a letra era D. Fora! – Sikowitz se dirigiu a mim.

Sentei no meu lugar emburrado.

– Depois, quem sabe, possamos fazer alguma coisa. – Tori falou se aproximando de Vince.

– Eu não estou te entendendo. – Ele deu um passo para trás.

–Fazer alguma coisa legal. Diferente. – Tori o encarou, mas ele permaneceu sério.

– Garota, você é bem oferecida. – Vince riu baixinho.

– Hoje é um bom dia para ter novas experiências. – Tori está se insinuando pra ele! O que ela pensa que está fazendo?

– Interessante a sua linha de pensamento. – Ele sorriu, o que me irritou.

– Já estou até vendo a cena. – Tori continuou, de maneira provocativa. Ela esqueceu que tem namorado?

– Karina é uma ótima psicóloga. Fale com ela. – Vince deu de ombros, indiferente.

– Limite-se a me beijar. – ela provocou. Se ele fizer algo eu quebro a cara dele. Posso não amar realmente a Tori, mas eu exijo respeito.

– Não quero beijar você! – Vince riu alto, como se a ideia de beijar Tori fosse algo estúpido e desagradável.

– O quê? – Tori gritou indignada.

– E finalmente acabou! – Gritou Sikowitz. Com certeza todos já estavam cheios disso.

Tori sentou-se ao meu lado, mas me recusei a olhar pra ela. O sinal bateu e partimos para os corredores.

O resto das aulas passou tranquilamente, apesar da presença do irritante aluno novo.

Pov Jade

Estava no quarto de um hotel em Las Vegas, quando meu celular começa a tocar. Mas que droga! Achei que com o fim da missão eu teria um pouco de sossego.

Ligação On

– Alô?

– Jade? – a voz grossa do tio Bryan ecoou do outro lado da linha. – Como vai o caso do Johnson?

– Já está feito. Terminamos hoje de manhã. – Caminhei até a varanda, observando os letreiros de cassinos e bares de strip-tease brilhando na noite escura.

– Ótimo. – ele fez uma pausa, parecendo medir as palavras – Tenho uma notícia pra te dar.

Meu Deus. Pela voz dele não é coisa boa. Respirei fundo antes de falar.

– Qual notícia?

– Diga a sua equipe para arrumar as malas. Você vai voltar para Los Angeles. A Hollywood Arts te espera.