Blood Slaves escrita por Jéssica Aurich
Notas iniciais do capítulo
Leitoras lindas, estou de volta!
Outro capítulo necessário que não se diferenciou muito do livro (as fãs do Jake que curtem). OBS: Todas os cenários aqui descritos pertencem à Stephenie Meyer.
Estou ansiosa pelo capítulo 8, posso adiantar que está gigante, tenso e foi o melhor que escrevi até agora.
Boa leitura ♥
Eram só 24 quilômetros de Forks a La Push, com as florestas verdes, densas e lindas margeando a estrada na maior parte do caminho e o largo rio Quillayute serpenteando embaixo.
A praia de La Push, pelo que me lembro dos verões que passei em Forks, era de tirar o fôlego. A água era verde-escura, mesmo ao sol, com cristas brancas, e quebrava na praia cinzenta e rochosa. As ilhas surgiam das águas em escarpas empinadas, alcançando cumes desiguais, e coroadas por abetos austeros e elevados. A praia só tinha uma lasca de areia à beira da água; depois disso se alargava em milhões de pedras grandes e lisas que pareciam uniformemente cinzentas à distância, mas de perto tinham todos os tons que uma pedra deveria ter.
Era esse cenário incrível que me aguardava no sábado. Quando Charlie sugeriu que fossemos à La Push no fim de semana, não pensei duas vezes. Sair de Forks? Claro que estou dentro.
O passeio pareceu ainda mais convidativo quando acordei pela manhã e um sol maravilhoso apareceu para me dar bom dia. Era como se Forks dissesse: “vá, minha filha, pode ter seu merecido descanso”.
Fiquei tão feliz em poder usar minhas antigas roupas. Coloquei um biquíni enfeitado, um short jeans curto por cima e uma regata. Prendi o cabelo em uma trança e calcei os chinelos. Chinelos! Desde que cheguei em Forks não tive espaço em minha vida para meu tão confortável calçado.
Eu tinha convidado Alice e Ângela para virem comigo, só que as duas recusaram. Ângela tinha um encontro com Tyler (acho que as coisas entre os dois estavam esquentando) e Alice disse que tinha um compromisso. Nem passou pela minha cabeça convidar mais alguém, as outras pessoas próximas ou eram muito carentes ou não fechavam a boca.
Durante toda viagem fiquei cantarolando e deixei a janela aberta, para o sol entrar. Charlie percebeu o meu bom humor, mas não perguntou nada. Acho que o motivo era óbvio.
A casa dos Black era vagamente familiar, uma casinha de madeira com janelas estreitas, a tinta vermelha desbotada deixando-a parecida com um celeiro minúsculo. Billy estava sentado na varanda, provavelmente à espera de Charlie. Era dia de peca para eles, praia para mim.
Billy veio em nossa direção para nos receber e um garoto saiu da casa atrás dele. Charlie e Billy deram aquele abraço esquisito que os caras sempre dão e depois veio me cumprimentar.
— Bella, quanto tempo. A última vez que te vi era bem pequena, cresceu tanto! — Por que todos os amigos dos nossos pais falam esse tipo de coisa embaraçosa? Tem vezes que nem mesmo nos lembramos deles!
— Realmente, faz muito tempo.
— Se lembra do meu filho, Jacob? — O garoto se aproximou, apertando minha mão.
Parecia ter seus 18, 19 anos e tinha cabelos pretos brilhantes e compridos que caiam sobre seus ombros. Sua pele era linda, sedosa e castanho-avermelhada; os olhos eram escuros e fundos sobre as maçãs altas do rosto. Era muito bonito.
— Pai, é claro que não, eu era muito novo. Você deve se lembrar de minhas irmãs mais velhas.
— Rachel e Rebecca — Lembrei-me de repente.
Charlie sempre me deixava brincando com as gêmeas quando ele e Billy iam pescar, elas eram bem legais. A gente perdeu contanto depois que eu parei de vir a Forks. Lembrei de outra coisa, nós três sempre...
— Ei, eu lembro sim de você! Você sempre era a cobaia de nossas brincadeiras!
— Sério? — perguntou rindo. Tinha um lindo sorriso.
— Sim, sério! Lembro de uma vez, fomos brincar de caçadoras. Você era o cão de caça.
— Ei!
— Calma, você só engatinhava na época, então não acho que viu tanto problema nisso.
— Pelo que vejo vocês vão ficar bem enquanto pescamos certo? — perguntou Charlie.
— Pode ir, pai.
— E então, o que quer fazer primeiro? — perguntou Jacob depois que nossos pais saíram.
— O que sugere?
— Bom, podemos caminhar por aí, ir até a praia, visitar as piscinas de maré...
— Acho que nunca vi essas piscinas.
— Então está decidido o nosso destino.
Tivemos que caminhar por dentro da floresta para chegar lá. Era obscura e agourenta, e precisei observar cada passo que dava com muito cuidado, evitando raízes embaixo e galhos em cima. Por fim atravessamos os confins esmeralda da floresta, encontrando a praia rochosa. A maré estava baixa, e um rio de maré passava por nós a caminho do mar. Junto a suas margens seixosas, piscinas rasas fervilhavam de vida.
Tive o máximo de cuidado para não me inclinar demais na beira das piscinas marinhas. Jacob não tinha medo, pulando nas pedras, inclinando-se precariamente na beira.
— Ei Bella, deixe de ser medrosa.
— Não é medo, é cautela — Ele fez cara de incrédulo para mim. — Eu posso acabar caindo nisso! Só está fazendo essa cara porque não conhece minha coordenação motora.
— Só está sendo exagerada. — E como que para comprovar meu ponto de vista, tropecei. Só não caí porque ele conseguiu me segurar a tempo. — Ou não. Vem, vamos sentar ali.
Sentamos em uma pedra estável na beira de uma das maiores piscinas com cautela. Eu estava fascinada com o aquário natural abaixo de nós. Os buquês de anêmonas brilhantes, conchas retorcidas, estrelas-do-mar, pequenas enguias, era tudo muito lindo. Fiquei completamente absorta.
— Amei esse lugar.
— É realmente bonito, e calmo também. Gosto de vir aqui para pensar às vezes.
— Hum, esqueci de te perguntar, onde estão suas irmãs? Queria falar com elas também.
— Elas não moram mais aqui. Rachel ganhou uma bolsa de estudos para um colégio interno em Washington, e Rebecca se casou com um surfista samoano... Agora mora no Havaí.
— Casada. Caramba. — Eu estava pasma. As gêmeas só eram um pouco mais velhas do que eu.
— Também fiquei chocado quando ela se casou. E a picape que seu pai comprou, gostou dela?
— Adorei, funciona maravilhosamente.
— É, mas é bem lenta — Ele riu. — Fiquei aliviado quando Charlie a comprou. Meu pai não ia me deixar trabalhar na montagem de outro carro quando tínhamos um veículo em perfeito funcionamento ali.
— Não é tão lenta assim — Objetei.
— Já tentou passar de 90 por hora?
— Não. — admiti.
— Ainda bem. Não tente — Ele riu.
Não consegui deixar de rir também.
— Ela é ótima nas batidas — Propus na defesa de Gladis.
— Acho que nem um tanque poderia derrubar aquele monstro velho — concordou ele com outra risada.
— Então você monta carros? — perguntei, impressionada.
— Quando tenho tempo, se tiver peças. Por acaso você não sabe onde posso conseguir um cilindro mestre de um Volkswagen Rabbit 1986? — perguntou ele de brincadeira. Tinha uma voz rouca e agradável.
— Não, desculpe. — Eu ri. — Não vi nenhum ultimamente, mas vou ficar de olho para você. — Como se soubesse o que era aquilo. Era muito fácil conversar com ele.
Por fim decidimos seguir para a praia e comer alguma coisa. Voltamos pela floresta novamente e acabei caindo algumas vezes, arranhando minhas mãos e os joelhos. Tenho certeza que aquilo era o universo tentando provar o quão errado Jacob estava.
Chegando lá, ele juntou alguns galhos e gravetos quebrados das pilhas mais secas perto da floresta para fazer uma fogueira. Logo havia uma construção no formato de uma tenta indígena.
— Já viu uma fogueira de madeira de praia? — perguntou, ajoelhando-se ao lado da fogueira e acendendo uns gravetos menores com um isqueiro.
— Não.
— Então vai gostar dessa... Olha só as cores. — Ele acendeu outro e colocou junto ao primeiro. As chamas começaram a lamber rapidamente a madeira seca.
— É azul! — eu disse surpresa.
— É por causa do sal. Lindo, não é? — Jacob acendeu mais um galho, colocando onde a fogueira ainda não tinha pegado, e depois veio sentar ao meu lado.
— Alice e Ângela vão se arrepender tanto de não ter vindo, isso aqui é perfeito.
— Quem?
— Ângela Weber e Alice Cullen, amigas minhas. Tinha convidado elas para virem comigo.
— Cullen? Da família do Dr. Carlisle?
— É.
— Os Cullen não vêm aqui. — Certo, ele prendeu minha atenção.
— E por que não? — Ele olhou para mim, mordendo o lábio.
— Epa. Não posso falar nada sobre isso
— Qual é Jake, até parece que vou contar para alguém. Além do mais, não pode começar as coisas só para me deixar na curiosidade depois. — Ainda mais se tratando dos Cullen.
Ele me olhou de lado, como se estivesse em dúvida, mas por fim fitou-me com intensidade, deixando a voz mais baixa e rouca.
— Gosta de histórias de terror?
— Adoro — tentei incentivá-lo.
— Existem várias lendas sobre o nosso povo, os quileútes, algumas datam o dilúvio. Uma delas diz que somos descendentes dos lobos, que eles são nossos irmãos. É contra a lei da tribo matar eles. E há a história dos Frios. — Sua voz ficou mais baixa.
— Os frios? — perguntei. Não estava com um bom pressentimento sobre aquela história.
— É. A história dos Frios é tão antiga quanto a nossa. Eles são os únicos inimigos naturais do lobisomem. Diz a lenda que quando meu bisavô era o ancião da tribo, um grupo desses veio para nosso território. O problema é que esse grupo era diferente dos outros.
— Como assim? — Inclinei-me mais para perto dele.
— Os Frios são extremamente perigosos, criaturas letais, bebedoras de sangue. São mais conhecidos como vampiros. — Minha pele se arrepiou. — Esse grupo era diferente, era civilizado. Eles não machucavam seres humanos, apenas caçavam animais. Não representavam perigo para a tribo. Então meu bisavô fez um pacto com eles. Se prometessem ficar longe de nossas terras, não os revelaríamos aos caras pálidas. — Deu uma piscadela para mim.
— Se não eram perigosos, então por que... ? — Tentei entender, lutando para que ele não visse o quanto eu estava levando essa história a sério.
— Sempre há um risco de um deles perder o controle. Nunca se sabe quanto podem ficar famintos demais para resistir — Ele deliberadamente assumiu um tom de ameaça.
— E o que essa história tem a ver com os Cullen? Eles são como os Frios que seu bisavô conheceu?
— Não. Eles são os mesmos.
Meu coração começou a disparar como se fosse sair do peito. De repente tudo começou a fazer sentido. A força, velocidade, a pele pálida, olheiras... Meu Deus. Eu tenho vivido cercada por vampiros. Eu estive presa dentro de um carro com um deles.
Lembrei do dia em que Edward matou aula. É claro. Aquela sala cheia de sangue, cheia de humanos doando sangue... Seria uma carnificina. E Alice? A garota de quem eu tanto apreciava a companhia? Por isso recusou meu convite.
O celular tocou em meu colo, quebrando meu transe. Soltei um gritinho involuntário. Era apenas Charlie pedindo que eu voltasse para a casa dos Black.
— Você está arrepiada. — Jacob riu, satisfeito.
— Você sabe contar uma história — elogiei para disfarçar.
— É muito louco, né? Não surpreende que meu pai não queira que a gente fale sobre isso com ninguém.
— Não se preocupe, não vou falar nada. Vou levar isso para o túmulo.
— Sério, não conte ao Charlie. Ele ficou muito chateado quando soube que alguns de nós deixaram de ir ao hospital desde que o Dr. Cullen começou a trabalhar lá.
— Não vou, claro que não. Vamos?
Quando me despedi dos Black pedi que fossem nos visitar, e prometi voltar à reserva. Fui sincera quanto a isso, realmente tinha gostado de Jake.
Eu voltei bastante quieta, diferentemente da ida. Estava com muito o que pensar e não sabia que atitude tomar.
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