— Isabella Marie Swan, você se esqueceu de que tem mãe?

— Não seja melodramática, mãe, antes de ontem conversamos pelo facebook.

— E o que eu falei antes de ontem? Que você não me liga!

Prendi meu celular entre o rosto e o ombro, tentando me arrumar enquanto minha mãe puxava minha orelha via celular. Jake iria me buscar em poucos minutos e lá estava dona Renée me atrasando.

— Vamos fazer o seguinte, mãe, prometo que irei te ligar todos os dias para falar que estou viva.

— Isso é o mínimo que deve fazer! Até para contar que começou a namorar você escolheu o facebook, estou me sentindo de lado, poxa. — Ela tinha que apelar para o lado emocional. Ela sabia como eu era uma manteiga derretida!

— Prometo por tudo o que é sagrado que vou trocar o facebook pelo meu celular, tá? Todas as notícias meramente importantes e as desimportantes também, você ouvirá pela minha bela e doce voz.

— Acho bom mesmo.

Ouvi o barulho da buzina, o que fez com que eu corresse para terminar de me arrumar. Pensei em usar uma saia, aproveitar que fazia calor, mas foi apenas lembrar de Edward que resolvi mudar de ideia. Eu sabia que ele não gostava muito de Jake e era melhor não provocar mais do que eu já havia provocado. Optei por uma calça jeans, uma regata florida e sapatilhas.

Peguei minha bolsa e desci. Jacob estava no mesmo carro que da outra vez, quando Billy veio visitar meu pai. Ele desceu do carro para me cumprimentar com um abraço.

— Então, já decidiu qual filme vamos ver? — perguntou, após ligar o carro.

— Ainda não, a gente escolhe quando chegar.

Ele tentou manter uma conversa, mas eu não era a melhor das companhias naquela tarde. Só não cancelei o encontro com Jacob porque fora eu quem havia feito o convite. Eu estava muito distraída, ainda meio abalada por aquela tarde na clareira. Nunca havia aberto minha alma assim para ninguém, e de modo algum achei que faria aquilo com o Edward.

No início, ele era aquele cara que apenas parecia me detestar, depois virou meu brinquedinho, nunca sonhei que aquilo viraria algo mais, algo tão sério em tão pouco tempo.

Caramba, eu estava me apaixonando por Edward Cullen.

— Bella, está tudo bem? — Jacob olhou para mim, franzindo a testa em preocupação. — Eu fiquei conversando com o volante o caminho inteiro.

— Desculpa, estou sendo a pior companhia do mundo. — Percebi que havíamos chegado ao cinema.

— Se quiser, pode desabafar comigo. Sou um ótimo ouvinte. — Deu um pequeno sorriso de lado.

— Não é nada demais, só estava viajando um pouco — interrompi-o antes que pudesse fazer qualquer comentário. — Vamos logo ou não assistiremos a filme algum.

Desci do carro e ele veio atrás, sem insistir no assunto. Acabamos decidindo por uma comédia romântica. Não achava que ele gostava desse tipo de filme, mas ei, quem mandou deixar a escolha em minhas mãos?

Fui pegar os lugares enquanto Jacob comprava os refrigerantes. O filme começou, era uma história sobre dois amigos que só descobriram que se amavam quando já era quase tarde demais. Estava realmente interessante, eu completamente envolvida com o filme, quando Jacob achou que seria interessante colocar sua mão sobre a minha. Puxei minha mão delicadamente com a desculpa de tomar o refrigerante. Aquela não foi a única vez que ele fez aquilo.

Gesto inocente, mas era assim que os amigos achavam que tinham mais liberdade do que tinham na verdade.

Acabou o filme e nós saímos da sala, Jacob e eu envolvidos em uma conversa sobre o filme, o caso sobre a mão boba isolado, qual não a minha surpresa, nós encontramos o casal nota mil no hall do cinema: Emmett e Rosalie.

— Emmett, Rosalie. Que surpresa encontrar vocês! — Um casal de vampiros com coisas bem mais interessantes para fazer, estavam assistindo a um filme no péssimo cinema de Forks, no mesmo dia que eu? Coincidência? Ou meu namorado colocou os irmãos para me perseguir?

— Bella! Finalmente nos conhecemos oficialmente, cunhadinha! — O grandão me deu um abraço de urso, como se nos conhecêssemos há anos. Aquela noite poderia ficar mais estranha?

— Bom mesmo nos conhecermos. Coincidência nos encontrarmos assim, não? — joguei a indireta para ele.

— Emmett? — A loira não parecia nada satisfeita. Realmente, duvido que logo ela fosse me espionar. Que bom que eu não era a única pessoa pega desprevenida ali.

— Realmente, pura coincidência, amor.

Jacob se remexeu desconfortavelmente ao meu lado.

— Emmett, Rosalie, esse é o Jacob. Jacob, esses são os irmãos do Edward.

Eles trocaram um aperto de mão, enquanto Rosalie apenas acenou, com seu jeito arrogante. Quando eu achava que a situação não poderia ficar mais desconcertante, Emmett solta uma ideia brilhante:

— Bom, já que estamos todos aqui reunidos, por que não vamos jantar? Assim podemos nos conhecer melhor.

— Não! — soltamos nós três ao mesmo tempo. Quem diria, Jacob Black, Rosalie Cullen e Isabella Swan concordando em algo. Uau.

— Jacob já estava me levando para casa — soltei um bocejo forçado. — Estou super cansada, sabe como é. Pode deixar, nós marcamos outro dia!

— Vamos, Emmett — falou Rosalie, puxando Emmett para longe. Coitado, aquele era um que ia sofrer quando chegasse em casa.

Entramos no carro e decidimos ir à uma lanchonete que havia ali perto. Fingi que aquele encontro realmente havia sido obra do destino, para não tornar a noite ainda pior.

— Então, o que vai pedir? — perguntou ele. — Aproveite que hoje é por minha conta. Estou me sentindo bem cavalheiresco depois daquele filme meloso.

— Aprenda desde já: tome cuidado quando deixar a escolha em minhas mãos.

— Tem razão, da próxima vez vamos ver algo no estilo do Massacre da serra elétrica — brincou.

— Bom, já que está por sua conta, vou querer um combo com tudo o que há direito.

— Você aguenta tudo isso? — perguntou assombrado.

— Eu falei, tome cuidado quando deixar a escolha em minhas mãos.

A garçonete chegou para anotar o pedido, mas ignorou completamente minha presença, dirigindo-se apenas ao Jacob. Qual o problema dessas garçonetes? Primeiro uma dá em cima do Edward, e agora do Jacob. Está faltando homem no mundo?

O pedido chegou bem rápido (imagino que por causa de um estímulo da amiguinha do Jacob). Estávamos entretidos em uma conversa enquanto comíamos, quando ninguém mais, ninguém menos que Alice entra na lanchonete acompanhada por Jasper.

— Bella! — Minha amiga saltitante veio em minha direção. — Que surpresa te encontrar aqui!

— Tenho certeza de que não está mais surpresa que eu.

— Bella — cumprimentou Jasper, com seu mau humor costumeiro.

Eu até entendia a antipatia da loira para comigo, já que ela teve um caso com Edward no passado, só que Jasper... Ainda não descobri em que calo dele eu pisei.

— Jacob, esses são...

— Irmãos do Edward? — chutou, com cara de quem comeu e não gostou.

— É. — Apertei os lábios e revirei os olhos. O Edward estava literalmente marcando seu território, feito um cachorro que sai mijando por todos os cantos.

— Podemos nos sentar com vocês? — perguntou, com os olhos brilhando.

— Na verdade, nós já estávamos de saída. Desculpa, fica para a próxima.

Puxei o Jacob rapidamente para o caixa. Ele pagou as contas e fomos embora o mais rápido possível. Dessa vez ele realmente me levou para casa.

— Então... — falou quando o carro parou. — Acho que seu namorado gosta de ser bem presente mesmo em sua ausência, não é?

— Jake, desculpa. Sei que essa noite não foi muito...

— Tudo bem, Bella. Não se preocupe, mesmo com as aparições relâmpago dos seus cunhados, realmente me diverti. — Sorri para ele. — Vamos marcar de sair novamente. E dessa vez, em La Push.

— Apoiado.

Dei um abraço em Jake para me despedir e entrei em casa.

— Bells, já chegou? — perguntou Charlie.

— É, Jake não queria voltar muito tarde para La Push — desconversei. — Vou para o meu quarto, tudo bem?

— Tudo sim.

Desejei boa noite e subi as escadas já procurando por meu celular, pronta para ligar para Edward, a bronca já na ponta da língua. Ele brigava comigo por eu vasculhar o seu passado e agora ele se intrometia assim em minha vida?

Quando abro a porta do meu quarto, mais uma surpresa para aquela noite maravilhosa: Edward, deitado despojadamente em minha cama, como se fosse a dele própria.

— Essa é a noite de perseguição à namorada?

— Eu? Perseguindo? De modo algum — negou com cara de falsa inocência — Você distorceu o jogo.

— Jogo?

— Sim, eu deixei pistas para informar que eu estava te esperando. Assim você voltaria mais rápido para mim — explicou, dando um sorriso de criança travessa.

— Conveniente essas suas pistas poderem me vigiar, não?

— Isso é o que você está dizendo. — Cruzei os braços e apertei os olhos para ele. Cínico. — Agora vem aqui me dar um beijo, vem.

— Sua vez de interpretar as minhas pistas, espertalhão. — Virei as costas para sair do quarto. Pretendia tomar um banho bem demorado e deixar Edward trabalhando sua paciência, mas ele me interceptou no meio do caminho, mordiscando meu pescoço. Dei um gritinho de surpresa.

— Shh... — sussurrou em meu ouvido. — Não vai querer que Charlie saiba que eu estou aqui, vai?

Sorri involuntariamente, tranquei a porta e joguei Edward em minha cama.

— Acho bom você fazer jus a sua visita. Por sua casa eu cheguei cedo demais e não estou com um pingo de sono.

Ele deu uma risada maliciosa e chamou-me com o indicador. Como ficar com raiva daquele vampiro ciumento?