Na quinta feira à tarde eu e todas as madrinhas de Lily estávamos provando nossos vestidos, Beatrice também provava o seu de dama de honra. Minha prima tinha as minhas medidas – que não haviam mudado – por conta de minha mãe, e por isso o meu já estava pronto assim como o das outras.

A estilista chegou trazendo um vestido verde água em minha direção, era simplesmente magnifico: tomara que caia, tinha o caimento da saia acima da cintura, a parte de cima era cravada inteiramente de pequenos diamantes prateados e brilhantes, o vestido não precisava de mais nada para ser lindo.

Eu o coloquei no corpo e ele caiu perfeitamente em mim, Lily chegou por trás de mim e colocou um colar em volta do meu pescoço, o colar tinha um pingente de rosa vermelha e era magnifico.

Passei a mão sobre a joia, parecia ser feito de ouro de verdade, deveria custar uma quantia que eu nem poderia pensar em pagar.

–É um presente – ela disse, me olhando pelo espelho.

–Presente? – perguntei. – De quem?

–De uma pessoa muito querida, e que te ama muito – ela respondeu, colocando a mão em meu cabelo amarrado em um rabo de cavalo, ela deslizou o laço que o prendia e ele caiu em cachos até metade das minhas costas.

–Mas quem? – refaço a pergunta, estreitando os olhos para ela, desconfiada.

–Pare de ser tão curiosa, Rose – ela riu. – Eu prometi que não contaria, você descobrirá por essa pessoa, na hora certa.

Eu estava pronta para protestar novamente, mas Beatrice surgiu ao meu lado no espelho e me olhou vislumbrada.

–Uau mamãe, você está linda demais – ela comentou de boca aberta. – Você já é linda, com esse vestido e o cabelo solto então.

Olho atentamente para minha filha, ela também estava linda, seu vestido era de alcinha, todo branco e com uma fita lilás passada pela cintura, a parte de cima era toda bordada.

–Você está tão linda, mon ange – sorri para ela e comecei a tirar o meu vestido.

–Obrigada mamãe – ela agradeceu, mas de repente percebi que ela estava ficando pálida, seus músculos estavam rígidos e eu cheguei a pensar que ela ia vomitar.

–Beatrice, filha você está bem? – perguntei terminando de tirar o vestido e começando a me vestir rapidamente.

Ela vomitou antes que pudesse segurar, em cima do vestido que já não era mais branco.

–Não – ela respondeu e eu consegui segura-la antes que ela caísse no chão.

–Lily me ajude, precisamos levar ela para o hospital – comecei a me desesperar, abanando o rosto dela.

No hospital, pediram para que eu esperasse na sala de espera, para que pudessem diagnosticar Beatrice. Eu e Lily estávamos então sentadas em um sofá à espera no St. Mungus, eu estava começando a ficar preocupada, mexendo nos meus cachos ainda soltos impacientemente.

Lily pousou a mão em meu ombro e eu olhei para ela.

–Tudo bem Rose, não deve ser nada grave, fique calma.

Fiz que sim com a cabeça e respirei fundo, Beatrice nunca ficava doente com frequência, e quando ficava era por uma gripe qualquer, mas ela nunca havia ficado daquele jeito – pálida e vomitando.

–Olá Lily – mesmo que não foi o meu nome o chamado, eu levanto a cabeça tendo certeza de que a voz ouvida é muito familiar. Scorpius Malfoy está à nossa frente e acabou de cumprimentar Lily.

–Como vai, Scorpius? – ela responde e eu desvio o olhar rapidamente, esperando que não tenha sido vista.

Tarde demais.

–Rose? – ouço-o chamar, a voz falhando. Olho para cima e sorrio cinicamente. – Quanto tempo, eu...

Ele hesitou, por um momento tive a impressão de que ele iria dizer que sentiu minha falta, porém ele continuou:

–Nunca mais te vi.

–Rose se mudou para a França depois das férias de Natal, e terminou os seus estudos lá – Lily responde por mim e agradeço mentalmente a ela.

–Bem...

Seus olhos se demoraram em meu pescoço, e foi só então que percebi que não havia tirado o colar que Lily me colocara.

–Srta. Weasley? – o médico me chama e eu levanto rapidamente, querendo ao mesmo tempo fugir da conversa com Scorpius e saber como Beatrice está. – Sua filha está bem, ela apenas pegou uma espécie de virose, mas garanto que amanhã ela já estará melhor.

Imediatamente me sinto mais aliviada. Scorpius continua olhando para mim, mas agora era como se seu olhar pedisse uma explicação de minha parte.

Mas eu não devia uma explicação à ele, era ele quem a devia a mim, então desviei o olhar o mais rapidamente possível e segui para o quarto no qual se encontrava Beatrice sem dizer mais uma palavra.

–Mon ange, você está bem? – pergunto me sentando ao seu lado na cama.

–Bem melhor. Maman, você acha que ainda posso ser dama de honra da tia Lily? Depois do que fiz com o vestido – ela olhou para baixo, para o vestido todo manchado de vômito.

–Mas é claro que sim, meu amor. Podemos arrumar outro vestido, não se preocupe – afirmo a ela.

–Mas que história é essa de você vomitar em cima do vestido só para não ser mais minha dama de honra, dona Beatrice Weasley? – Lily entra no quarto com as mãos na cintura, como se estivesse indignada. – Pois fique sabendo que eu vou vesti-la novamente com um vestido ainda mais lindo, então seu plano falhou mocinha.

Beatrice sorriu claramente aliviada.

Aproveitei que Lily estava ali para sair e ir tomar um pouco de água, para a minha infelicidade, Scorpius ainda se encontrava na sala de espera. Eu não me deixei incomodar, fui em direção ao bebedouro e não dirigi um só olhar a ele.

Mas ele se dirigiu a mim.

–Então, você teve uma filha, está casada? – indagou-me enquanto eu tomava um gole d’água.

–Não – respondo secamente, mas um instante depois me arrependo, deveria ter mentido, ele tinha que pensar que eu estava feliz sem ele. – Mas eu tenho um namorado.

As palavras saíram antes que eu pudesse evitar, pensei logo em Luke e fingi que era ele esse meu namorado de mentira.

O rosto de Scorpius de repente ficou triste, mas não entendi o porquê, afinal, ele era quem havia me deixado. E ao fazer isso, me deixou completamente descomprometida e à disposição para que qualquer outro me tivesse.

–Olhe – tomei coragem para dizer tudo o que queria, não importava que estivéssemos em um hospital, estava tudo na mais completa vastidão e eu já não poderia segurar mais o que tinha para dizer. – Eu não pedi para que você terminasse comigo Malfoy, então não me faça essa cara, porque foi você mesmo quem quis que tudo acabasse.

Ele me olhou com uma dor aguda no olhar, eu quase podia sentir a dor que ele tinha dentro de seu coração passando até seu rosto. Se ele já não tivesse me enganado tão bem uma vez, eu até acreditaria.

–Ah Rose, se eu pudesse te explicar...

Joguei o copo plástico no lixo e o olhei com uma expressão cínica.

–Você já explicou Malfoy – quando eu disse isso, parecia que ele estava levando uma facada no coração ao ouvir. – E eu entendi muito bem. Você fez um de seus joguinhos comigo, não é mesmo? Eu sei que fui burra uma vez, mas pode deixar, porque agora eu sei me cuidar e com certeza não haverá uma segunda vez.

Virei-me para o corredor que levava aos quartos, mas antes me lembrei de concluir o que eu dizia:

–Tinha razão, sabia? A rosa me machucou quando você o fez, mas o que eu mais me pergunto é: por que você me deu ela se já sabia que isso iria acontecer? – falei, não pude evitar as lagrimas que se formavam em meus olhos, mas continuei firmemente. – E a proposito, não me chame de Rose, não lhe conheço mais, não tenho nada com você.