Priston Tale escrita por Yokichan


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Menines, a Shellby é uma feiticeira, ok? ;*



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Shellby POV On.

 

 

         Amanhecia em Battle Castle. O sol ia nascendo aos poucos ao horizonte das montanhas, iluminando as nuvens mais longínquas. Eu não havia conseguido dormir durante toda aquela noite. Havia algo atormentando-me, sacudindo-me por dentro, apertando meu coração de uma forma que lágrimas incertas teimavam em saltar de meus olhos. E aquele "algo" revirava-se em meus estômago, causando-me uma terrível sensação de medo. A noite para mim havia sido cruel. Inúmeros pensamentos passavam por minha mente enquanto o que eu mais queria era poder fechar os olhos e pensar que estaria tudo bem quando o sol nascesse. Infelizmente, não tinha sido daquela maneira, pois quando eu saí de minha barraca no Battle Castle, o amanhecer tinha um horrendo tom avermelhado. Um mau sinal, e cada vez mais sinais ruins iam surgindo diante de meus olhos, como pistas para que eu as seguisse. Por que justo eu?

         Voltei para dentro daquela tenda, recolhendo-me com meus pensamentos. Os abracei, os espremi entre meus braços, tentando exterminá-los, para que jamais eu fosse perturbada com aquelas incertezas. No entanto, os pensamentos continuaram a rondar-me, como se me vigiassem dia e noite, até que um dia eu viesse a enlouquecer. Eu não cederia, não me esconderia mais. Alec voltaria no final daquele dia, e eu precisava estar inteira para quando ele retornasse. Meu coração palpitava desenfreado quando eu lembrava de sua futura chegada, e minha mente devaneava o feliz momento em que ele me aconchegaria em seus braços e poderíamos então falar coisas bonitas um para o outro.

 

"- Porque eu te amo." - eu lembrava, e meu corpo vibrava de emoção "- Porque eu te amo." - eu lembrava sem parar, recordando a melodia suave e macia da voz de Alec em meus ouvidos

 

         Ele me amava, e eu o amava do mesmo modo. Eu o amava, muito antes de Alec começar a me amar. Eu o amava, quando ele nem ao menos conhecia o meu rosto, quando eu era apenas a Shellby do BC. Eu o amava, e desde aqueles tempos, meu amor por Alec só havia aumentado, a cada dia e a cada noite que eu sonhava com ele. Era por ele, e unicamente por ele, que eu não fraquejaria.

         Com as cartas sobre a mesa de minha tenda escurecida pela aurora que ainda era tênue, as virei uma a uma, lentamente receosa. Os sinais não poderiam constatar o pior, como eu previa mesmo sem ter visto o que as cartas diziam. O Minotauro Negro já não era a pior carta, o pior presságio. Entre as quatro cartas restantes, havia assombrosamente o Raio, o Demônio de Três Olhos, a Pedra Partida e a Ampulheta. Então as coisas estavam tão rápidas assim? Talvez não tivéssemos tempo nem para mais um anoitecer em nossas camas. O Raio e a Ampulheta indicavam o tempo escasso, um fato muito breve que está para acontecer, a velocidade elevada do tempo. O Demônio de Três Olhos, por sua vez uma figura horrenda, significava que o inimigo sabia e via muito mais do que pensávamos, que não se tratava de um inimigo qualquer, mas sim de um supremo senhor das trevas. E finalmente, a Pedra Partida era o que nós, habitantes de Priston, mais temíamos. Significava a ruína, a destruição, o caos. O continente seria destruído? Priston deixaria de existir? Não, aquilo não seria possível! Eu tinha certeza de que os guerreiros que protegiam aquele lugar jamais deixariam que a destruição reinasse no continente. Resolvi tirar uma última carta, e essa confirmou a minha esperança. A Dama de Branco, a guardiã de todas as terras, todos os céus. Suspirei, aliviada por saber que ainda tínhamos o controle da situação, embora a situação fosse de emergência completa.

         Deixei a barraca dos pergaminhos solitária por um momento. Eu precisava comunicar o que eu tinha visto para Verkan, o Conselheiro. Corri com todas as minhas forças até Richarten, e naquele momento o sol havia iluminado as ruas rochosas e paredes da cidade do comércio. Meu manto púrpuro era empurrado para trás com o vento que se chocava contra o meu corpo, mas eu não tinha tempo para superficialidades. Chegando em frente ao castelo de meu antigo mestre, bati com grosseria na porta, quase deixando que o nervosismo e o pânico tomassem conta de mim. Verkan recebeu-me, surpreso pela minha maneira eufórica.

 

- Shellby, o que faz aqui tão cedo? - perguntou-me o conselheiro, intrigado

 

- Mestre, preciso lhe contar o que eu vi nas cartas nesta manhã. - anunciei em desespero

 

- Se acalme, primeiramente. - disse ele, pousando a mão sobre meu ombro - Agora venha, vamos entrar. - convidou-me gentil

 

- Obrigado, Mestre. - assenti, entrando no castelo e o seguindo pelas escadas até seu escritório no alto da torre

 

- Sente-se. - permitiu ele, apontando para uma cadeira em frente à sua mesa e sentando-se na sua de direito - Posso dizer que estou surpreso. Você havia dito que jamais usaria as cartas novamente, que esqueceria esse dom. - lembrou Verkan, curioso

 

- Eu disse, Mestre, mas a situação é outra e eu preciso ajudar de alguma forma. - revelei ansiosa e tirei o grande chapéu de minha cabeça, afinal o conselheiro já me conhecia há muito tempo atrás

 

- Então me diga, Shellby. - ele apoiou os cotovelos sobre a mesa, encarando-me - O que foi que você viu? - perguntou

 

- Eu vi que a guerra acontecerá em menos tempo do que previmos, talvez hoje a noite ou amanhã. Eu vi também o caos sobre nosso continente, a destruição e o poder das sombras. - suspirei melancólica - Mas vi também a Dama de Branco.

 

- A Dama de Branco? - repetiu Verkan surpreso

 

- Sim, a nossa guardiã suprema. Ela nos protegerá, não é, Mestre? - sondei aflita

 

- Certamente, sim. Porém, quem protegerá de verdade o continente serão nossos guerreiros, esses que estão aqui, em carne e osso. - afirmou o conselheiro, com um sutil sorriso no rosto envelhecido pelos anos

 

- Tem razão, Mestre. - assenti aliviada, não deixando de recordar a face sorridente de Alec em minha mente

 

- Shellby? - o conselheiro encarou-me de uma maneira estranha, como se quisesse arrancar uma verdade de meus olhos, uma confissão

 

- Hum? - ergui uma sobrancelha para ele, devolvendo o olhar estranho

 

- É verdade o que dizem por aí? - perguntou ele, buscando por qualquer traço contraditório em meu rosto surpreso; eu já sabia ao que ele se referia, certamente

 

- Do que está falando? - disfarcei pessimamente, cruzando os braços e desviando meu olhar para qualquer ponto que não estivesse me fitando daquela maneira indiscreta

 

- De Alec, é claro. - revelou sem mais demasias - É verdade que você e ele estão juntos? - sondou, curioso

 

- Err... Não fale besteiras, Mestre. - neguei, sentindo meu rosto corar ruborizado

 

         O Conselheiro sorriu, e eu soube que ele descobrira o meu segredo ao analisar a cor das maçãs de meu rosto. Meu Mestre, como eu o chamava ainda, sabia tudo sobre mim, mais do que qualquer outra pessoa naquele mundo. Ele fora mais que meu professor quando meus pais morreram, ele fora quase um padrasto, um irmão, um coração bondoso que me acolheu por tanto tempo, até que eu tivesse força o suficiente para andar com as próprias pernas. Eu já devia saber que não podia esconder nada de Verkan, mas mesmo assim era vergonhoso falar sobre meus sentimentos amorosos com alguém que eu respeitava e admirava.

 

 

Shellby POV Off. Alec POV On.

 

 

         Finalmente, eu estava voltando. Eu estava voltando para minha Shellby, para minha cidade, para minha casa, para minha vida. As sombras maiores ainda estavam por se movimentar, mas ao menos eu e Mizu tínhamos exterminado uma parte delas. Nosso plano tinha saído melhor que o planejado, de modo que conseguimos acabar com aquele tumulto de monstros e com a fábrica deles. Havia sido um sucesso, e naquele momento, banhados pela claridade gélida da tarde de Eura Village, eu e o Mago voltávamos sobre as costas do grande falcão.

 

 

Alec POV Off.

(Flashback)

 

 

         "Os monstros grotescos foram queimados assombrosamente até que seus corpos fossem reduzidos a um pó negro. Momentos depois que esses saíram de seu covil, amontoando-se no desfiladeiro coberto pela neve pálida, uma estranha movimentação acontecera no alto dos céus. Gigantescas esferas de fogo surgiram entre as nuvens, iluminando a tarde de tal modo que nem mesmo o sol natural fora capaz de fazer. Não houve tempo para que as sinistras criaturas fugissem, se escondessem em um canto qualquer, pois os meteoros furiosos desceram sobre a terra como tiros cuspidos por um Deus. A explosão aconteceu, e tudo ardeu até a morte debaixo das labaredas que alcançavam o topo do desfiladeiro. Momentos depois, avalanches desceram dos precipícios acima, cobrindo toda a cavidade do desfiladeiro com quantidades pesadas e congeladas de neve. Estava feito, sem arrependimentos.

         No ato de uma montanha, estava o homem responsável por aquela catástrofe. Coberto com seu longo Eternal Robe, rodeado por uma aura amarelada de energia que fluía - agora de maneira controlada - de seu corpo. Seus longos cabelos azuis caíram por cima de seus ombros quando a magia acabou, bem sucedida. O Mago guardou o cajado nas costas sobre o robe azulado e baixou os olhos, recusando-se a presenciar aquela fogueira não-humana, mas tão horrenda como se tal fosse.

         Não tardou para que Alec subisse a montanha habilidosamente, juntando-se ao guerreiro místico com um sorriso vitorioso nos lábios pálidos pelo frio. Enfim, eles haviam conseguido exterminar aquele agrupamento de criaturas forjadas nas sombras e alimentadas pelas mesmas. Como Mizu sempre dissera, o mau deve retornar para o mau."


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