The Other Winchester escrita por Flávia Winchester, Ana


Capítulo 2
Irreparable Losses


Notas iniciais do capítulo

Eis o segundo capítulo, espero que gostem!
Obrigada as pessoas que estão acompanhando e a Luna Morales que favoritou. Obrigada!


Título do Capítulo: "Perdas Irreparáveis"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/446187/chapter/2

Quatro anos – 22 de Agosto de 1983:

Dean e Melissa se tornaram os típicos irmãos inseparáveis. Talvez porque eles se conhecem desde sempre ou talvez porque eram bastante parecidos, mas o fato era que ninguém realmente sabia explicar o porquê de tamanha afeição dos pequenos.

Eles brincavam e gargalhavam, corriam e pulavam pelo quintal da casa onde moravam. Mary e John haviam dito a todos que os médicos tinham se confundido nos pré-natais e que ela estava grávida de dois, ao invés de um só. Sendo assim, Mel e Dean se tornaram irmãos gêmeos.

– Mel, olha. – O pequeno menino loiro apontou para um filhote de passarinho que se debatia no chão, morrendo. – ele caiu da arvore.

– Tadinho. – Os olhinhos da garota se encheram de lágrimas.

– Eu vou chamar a mamãe. – Dean saiu correndo, com as pernas pequenas, em direção a porta.

– O que deu em você, passarinho? – perguntou a menina quando viu que o bichinho parou de se bater e fechou os olhos. – Porque você pulou?

Ela pegou o animal em suas mãos pequenas e se sentou em uma pedra. Abaixou a cabeça e de tristeza começou a chorar. As lágrimas, que se acumularam nos seus olhinhos, caíram em direção ao bichinho e de repente, uma luz forte emanou daquele filhote e como em um passe de mágica, a criaturazinha se levantou e começou a piar, chamando a mãe.

Nesse momento, Mary, segurando um Sammy de apenas três meses e o pequeno Dean, saíram correndo da casa em direção a Melissa.

– Olha mamãe, ele está bem. – Melissa sorria.

– Que bom, querida. - Mary retribuiu, não queria que seus filhos conhecessem a morte tão cedo. – Ele apenas caiu da arvore, mas vai ficar bem se o colocarmos de novo no ninho.

– Quem vai colocar ele lá? – perguntou Dean. – Eu posso escalar a arvore, eu sou um menino forte.

– É amor, eu sei que é, mas isso é trabalho de adulto. – respondeu Mary e Dean fez um bico.

– E nós somos crianças. - Mel respondeu ainda examinando o passarinho.

– Você é uma criança, eu não. Papai disse que eu sou um rapazinho.

– Com certeza você é. – John havia acabado de chegar do trabalho e aguardava na porta.

– Papai. – O pequeno loiro correu até ele e se jogou nos braços do homem.

– Como estão meus garotões e minha princesinha?

– Estamos bem. – respondeu Dean e sorriu. – Papai, um passarinho caiu da arvore.

– Foi mesmo? – perguntou John triste. – Ele está bem?

– Está. – Mel estendeu a mão, depois que o pai depositou um beijo em sua testa. – Mas ele tem que voltar para o ninho.

– A mamãe que falou. – disse Dean e John se aproximou de Mary.

– E ela tem razão. – ele aproximou-se da esposa. – Oi amor.

– Oi querido. – respondeu dando um beijo.

– Eca. – Dean e Mel fizeram careta, ao mesmo tempo.

– Eu queria colocá-lo lá, mas a mamãe disse que é trabalho de adulto. – falou Dean.

– Me dê que eu o coloco de volta no ninho. – pediu o homem e Mel passou o passarinho para o pai. John colocou o animal no bolso do macacão e subiu a arvore, colocando-o de volta, ao lado dos outros quatro irmãos. – Incrível... – começou ele a falar enquanto pulava e limpava as mãos. -... Foi como ele sobreviveu a queda.

– Ele é forte. – Dean sorriu.

– Igual a você, não é meu campeão? – John colocou Dean no braço outra vez, e seguiu para dentro de casa falando algo sobre o jogo de Dean, na noite passada.

Mel apenas olhava para o ninho tentando entender o que aconteceu. Ela sabia que ele tinha morrido, mas a luz o trouxe de volta.

– Obrigada, papai do céu. – ela orou baixinho, achando ter sido um milagre de Deus.

– Vamos entrar? – Mary colocou Sam no braço esquerdo e estendeu a mão direita para Melissa. – O jantar está pronto.

[...]

Quatro anos – 2 de Novembro de 1983

Mary subiu as escadas com o pequeno Sammy nos braços e o colocou no berço.

– Vamos dormir, amorzinho. – ela deu um beijo na cabeça do mais novo e tentava aconchegá-lo no berço, até que ouviu os outros dois gritarem no andar de baixo. Ela apagou a luz e deixou o quarto.

– Me dá, Dean. – gritou Mel nervosa. O pequeno havia pego a sua boneca de pano, a qual ela dormia abraçada todas as noites, e corria pela sala. – mamãe.

– O que é que está acontecendo aqui? – perguntou Mary.

– Mamãe, ele pegou minha boneca e não quer me dar. – falou ela com os olhos cheios de lágrimas e apontando para o menino loiro, do outro lado do sofá.

– Devolve a boneca da sua irmã. – Mary ordenou, não com raiva, mas com autoridade.

– Tá bom. – Dean entregou a boneca para Mel que lhe deu língua.

– Ela mostrou a língua, que feio Mel. - o garoto apontou para a irmã.

– Vamos logo, já passa da hora de todos vocês estarem na cama. – a mulher fez com que os dois subissem as escadas.

– Eu vou dar boa noite ao Sammy. – A menina saiu correndo. Mary pegou Dean no colo e assim que chegaram ao quarto do bebê, a mulher ascendendo a luz outra vez.

– Vamos dar boa noite ao seu irmão. – falou ela colocando Dean no chão.

– Boa noite Sammy. – Mel beijou a testa do bebê.

– Boa noite Sam. – Dean, mesma forma, beijou o irmãozinho. Mary se aproximou.

– Boa noite, amor. – Mary fez o mesmo que as crianças.

Os dois pequenos estavam debruçados no berço, olhando o bebê tão curiosos que só perceberam o pai na porta, quando ele chamou.

– Ei Mel, Dean. – falou ele e se abaixou. Havia chegado do trabalho, completamente melado de graxa e foi direto tomar um banho. Os pequenos não o viram chegar.

– Papai. – gritou os dois e saíram correndo, se jogando nos braços do pobre homem.

– Ei amigão. – Ele deu um abraço em Dean e depois outro em Mel. – Minha princesinha.

– Papai, eu vou lhe mostrar o que eu fiz na escola hoje. – a menina desceu do colo do pai, correndo. Ele ficou ainda com Dean.

– Não corra pela casa, Mel. – gritou Mary.

– Será que o Sammy está pronto para jogar bola?

– Não, papai. .

– Não. – concordou John.

– Tudo bem ai? – perguntou Mary.

– Sim.

– Deixa eu ver o que essa menina está fazendo. – Mary seguiu até o quarto de Melissa e Dean. O pequeno se aconchegou nos braços do pai enquanto John dava boa noite ao caçula.

– Sonhe com os anjos, Sam. – falou ele e deu a volta, desligou a luz e seguiu para o quarto do outros dois filhos. – Aqui está, deixa eu cobrir você. – John deitou Dean na cama e colocou o cobertor em cima dele.

– Olha papai. – Melissa lhe entregou uma folha de papel na mão. – Eu desenhei o senhor, a mamãe, o Dean, eu e o Sammy.

– Sammy já está grande ai, não é? – John olhava o desenho com um sorriso enorme no rosto.

– É que eu não sei desenhar um bebê. – ela fez um bico.

– Está lindo assim, amor. – John pegou a menina no colo e a colocou na cama.

– Eu fiz um carro, papai. – Dean pegou o desenho, que estava em cima da cômoda.

– Estão todos dois lindos. Estou orgulhoso. – Ele sorriu e beijou a testa de Mel. – Boa noite querida.

– Boa noite, papai. – respondeu ela.

– Boa noite, garotão. – ele se aproximou do filho e também lhe beijou a testa.

– Boa noite, papai. – respondeu Dean.

– Todos prontos para dormir? – Perguntou Mary.

– Canta para gente, mamãe? – Pediu Mel.

– Está bem.

– Eu vou comer alguma coisa e já estarei na cama. – John passou por Mary.

– Okay. – respondeu olhando o marido descer as escadas.

– O que querem que eu cante?

– Hey, Jude! – falaram os dois pequenos, ao mesmo tempo. A mulher puxou uma cadeira, sentou entre as duas camas e pegou nas mãozinhas de seus filhotes.

Hey, Jude, don't make it bad

Take a sad song and make it better

Remember to let her into your heart

Then you can start to make it better”

“Hey, Jude, don't be afraid

You were made to go out and get her

The minute you let her under your skin

Then you begin to make it better”

“And anytime you feel the pain

Hey, Jude, refrain

Don't carry the world upon your shoulders”

Os olhinhos se fecharam quase que automaticamente. Eles amavam ouvir a voz de Mary, os ajudava a relaxar depois de um dia cansativo de brincadeiras e aprendizagem. Cerca de cinco minutos mais tarde, os dois já estavam encolhidos em suas respectivas camas e dormindo como anjos.

– Boa noite, amorzinhos. – falou ela. – Os anjos estão olhando por vocês.

[...]

Quatro anos, 17 de Novembro de 1983

John estava deitado em um colchonete ao chão, não conseguia dormir. Havia se passado apenas quinze dias desde a morte inexplicável de Mary e ele ainda ficava as noites em claro, tentando entender como a sua mulher havia ido parar no teto e pior ainda, como ela havia pegado fogo.

Estava ele e as crianças morando com os vizinhos, Mike e Kate, enquanto John tentava reerguer-se, mas não era isso que ele queria, ele queria vingança. Sabia que precisava estar com a mente no lugar para cuidar dos filhos que ainda eram muito pequenos, e só conseguiria quando finalmente entendesse o que havia se passado.

Com esse pensamento, sentou-se e observou os pequenos na cama de casal. Dean estava deitado do lado direito da cama enquanto que Melissa estava do lado esquerdo e entre eles, estava o bebê Sammy.

Ele passou a mão nos cabelos da menina e percebeu que estavam completamente molhados de suor. Ela estava tendo um pesadelo.

A menina estava em um campo de flores amarelas e laranjas que se mesclavam e formavam uma linda aquarela. O perfume era o mais gostoso e tentador possível e Melissa apenas queria permanecer ali para sempre.

Começou a seguir por um caminho de pedras miracemas que davam em um lugar ainda indecifrável para ela. Passou a mão em algumas flores e as colheu, queria levá-las para Mary. Correu pelo caminho e ao final viu Dean, Sammy e John, sentados em um lençol de piquenique, acenando para ela, convidando-a a se sentar, mas ela apenas procurava a sua mãe, queria lhe entregar o presente.

Virou a cabeça na busca por Mary até que a encontrou, no meio de todas as flores, vestindo a mesma camisola branca daquele dia, e sorrindo graciosamente.

De repente Mel lembrou do que acontece e do cheiro de coisa queimando. Se apavorou com aquele pensamento e sem que ela esperasse, aquele lugar mágico se transformou em um pesadelo horripilante.

As flores amarelas e laranjas se tornaram chamas que envolviam o corpo de sua mãe e aos poucos, envolviam o seu também. John gritava por Melissa, mas ela não entendia o que ele falava.

Estava tão apavorada que apenas conseguiu se encolher no chão e começar a chorar. Dean correu até ela e a segurou pela mão, arrastando-a até o pai. Os quatro ficaram olhando Mary no meio das chamas e Mel viu uma lágrima correr pelos olhos da mulher.

– Mamãe. – gritou ela acordando assustada e chorando muito.

– Calma Mel, papai está aqui. – John agarrou a menina nos braços.

– Eu quero a mamãe. – A garota estava inconsolável. John olhou a menina e seus olhos se encheram de lágrimas.

– Eu também quero, querida.

Dean acordou do outro lado da cama e se sentou. Olhou a irmã chorando e se aproximou dela.

– Venha Mel, eu protejo você. – Ele pegou na mão da irmã e se deitou de novo. Bateu com a mãozinha em um espaço perto dele, chamando pela menina. Ela correu até lá e o abraçou. O lugar que antes era de Mel ficou vago e John aproveitou para se deitar perto dos filhos, os protegendo de todo o mal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijinhos!