–Não, não pode ser. – Eu disse firmemente – Eu...já pensei nisso.

É claro que eu não tinha pensado naquilo. Gravida? Nem havia passado pela minha cabeça.

– Hum...ok – disse Rachel – se eu ver alguma coisa sobre esse seu...mal estar, eu te falo.

Nós ficamos jogadas no sofá conversando e comendo pipoca com pretzels e refrigerante.

Duas horas depois, elas foram embora, mas a questão ainda martelava na minha cabeça: Eu estou gravida? Sintomas: menstruação? Quatro dias de atraso. Vômito? Claro.

Faltavam alguns minutos para Percy chegar, mas eu arrisquei: Peguei algum dinheiro da bolsa e disparei pela rua movimentada.

Conhecidos me cumprimentavam no meio da rua e eu acenava rapidamente. Quase fui atropelada duas vezes por um fiat e um taxi, mas enfim, cheguei a farmácia. Na prateleira do fundo, la estava:Teste de gravidez PregnantWomen. Eu puxei quatro para a cestinha e paguei, com a balconista me olhando como se eu fosse louca.

Eu refiz o trajeto correndo novamente e suspirei de alivio quando não vi o Passat em frente de casa.

Eu entrei, joguei o troco no aparador perto da porta e subi as escadas aos tropeços.

Entrei no banheiro, fiz o teste em dois e guardei no fundo da gaveta os outros dois.

Deixei em cima da pia os dois tubinhos e me sentei no chão, ainda ofegante por conta da corrida. Depois de alguns segundos, peguei a caixinha para revisar as instruções: Um palitinho azul, negativo. Um palitinho azul e outro rosa, positivo.

Me sentei no chão de piso claro e respirei fundo. Eu não sabia se queria que fosse verdade ou não. Estava com medo. Não com aqueles friozinhos de escolhas de um jogo de perguntas e respostas. Medo de verdade.

Me levantei lentamente e olhei para as fitinhas. Um palitinho azul, e outro rosa. Os dois.

Eu arregalei os olhos. Depois sorri. Depois pus as mãos na boca e depois sorri de novo. Ouvi o barulho de carro e da porta la em baixo, então enfiei os testes no fundo da gaveta e desci as escadas apressadamente.

–Percy? – Chamei.

–Eeeu. – Ele respondeu com a voz cansada.

Cheguei a sala e o vi jogado no sofá. Levantei a cabeça dele, sentei, e deitei delicadamente em meu colo.

–Como foi? Lá na exposição ?

– Foi bom. – ele disse com os olhos no teto, afrouxando a gravata.- Veio mais gente do que eu esperava para hoje. E Piper e Rachel? Foi legal?

–Foi. A Piper trouxe Pretzels. Ah, e não ande descalço aqui. Eu quebrei uma jarra de vidro.

–Nossa. Você se machucou?

–Não! Quer dizer, eu estou bem.

Eu estava num conflito interior. Minha ansiedade me dizia para contar a noticia agora, mas minha consciência gritava para ter certeza antes. Mas tudo o que eu sabia de verdade era que tinha que contar logo.

–Hum, Percy,eu deixei hãã... a cômoda fora do lugar la em cima. Eu já volto.

Eu me levantei e subi as escadas o mais rápido que pude. Fiz tudo rápido. Mexi em uns moveis para disfarçar e voltei para ver o resultado: positivo de novo. Não era possível que quatro testes errassem!

Desci correndo e retomei meu lugar.

Depois de algum tempo, acabamos dormindo la, abraçados no sofá. Eu acordei e já eram sete da noite.

–Percy, acorda. -Eu sacudi ele. – eu vou fazer o jantar.

Eu me levantei e fui para a cozinha enquanto Percy limpava a mancha de baba no canto da boca.

***

– Eu adoro sua macarronada. – Disse Percy, engolindo uma garfada- mas você só faz em ocasiões especiais. Dessa vez é qual?

– Hummm... – eu tentei enrolar

– Não enrole! – ele avisou dando risada

– Ah, e se eu quiser enrolar?

– Ah, vai, estou ficando ansioso!

–E se você for ser pai?

–Eu vou... Espera, oque?

–E o que você ouviu, cabeça de alga, você vai ser pai! – Eu disse sorrindo.

– Ah meus deuses! Você tem certeza?

Ele me abraçou e me beijou.

– Mesmo?

– E, bem...eu fiz, hum, quatro testes. – Eu dei de ombros- Tenho quase certeza.

–Ok, então. Amanhã nós podemos ir ao medico para ver direito.

– Amanhã e domingo, cabeça de alga. Vamos na segunda.

– Ah, é mesmo. Então tá.

~ Segunda-feira ~

Percy andava como louco em casa:

–Tenho que pedir para sair na manhã e depois ir para aquela reunião...

– Percy, eu disse que você não precisava vir. E so uma consulta! – interrompi, encostada na porta de entrada.

–Não, é a PRIMEIRA consulta. Eu tenho que estar lá.

–Entao vai logo, cabeça de alga. – Eu olhei no relógio de pulso- faltam quinze minutos.

Ele não precisou ouvir duas vezes. Pegou a chave do carro e saiu junto comigo.

Entramos no carro e saímos rapidamente até a clinica mais próxima do nosso convenio.

Nós entramos e ficamos esperando na sala de espera do andar de cima.

Logo, o médico chamou:

–Annabeth Jackson!

Eu me levantei devagar, enquanto Percy levantava cheio de energia.

Nós entramos dentro do consultório todo branco e claro. O medico que nos esperava la dentro era um homem com olhos castanhos e cabelo grisalho, com um ar simpático, como se fosse abraçar uma criança pequena. Em seu crachá dizia Hans Caarman.

– Bom, pelo que esta aqui na ficha – ele disse analisando meus papeis – jã podemos saber pelo ultrassom. Bem Annabeth, pode se deitar naquela cama.

Eu dei minha bolsa para Percy segurar e me deitei delicadamente na cama cheia de equipamentos.

O Hans passou um gel gelado na parte de baixo da minha barriga e ligou os equipamentos. Pegou o ultrassom e passou delicadamente na minha barriga, olhando o monitor. Na imagem em branco e preto, surgiu uma pequena forma sem nenhum formato.

– Ah, aqui está. Parabéns, senhora Jackson.

Pude sentir as mãos firmes de Percy passando em meu cabelo e tocando o meu rosto. Ele sorria, assim como eu.