–Não conta pro Killan que eu te acordei. –Falei enquanto limpava meu rosto.

–Eu já estava acordado, só fiquei esperando você vir aqui pra eu abrir os olhos. Seu rosto era a primeira coisa que eu queria ver. –Henry puxou minha mão de volta, entrelaçando nossos dedos.

–Obrigada por me salvar.

–Não foi nada. Mas eu quero que você me explique essa conversa de você atrapalhar a minha vida. –Ele estava com o rosto serio.

–É que. Bom, você vai envelhecer e eu não. Vai chegar uma hora em que você vai querer ter filhos e eu não vou poder te dar isso. A vida comigo nunca será completa.

–Você vai estar ao meu lado todas as manhãs, mesmo quando eu estiver velho? –Ele perguntou.

–Sim. –Respondi.

–Vai cuidar de mim e deixar eu cuidar de você? Vai me amar todos os dias, mesmo com os meu defeitos?

–Claro que sim Henry.

–Então a minha vida vai estar completa. Eu não ligo se você estiver sempre jovem, isso vai até ser bom, vou poder exibir seu corpão para os outros velhos da praça. –Nós demos risada. –E filhos, bom nós podemos adotar. Não interessa o que vamos fazer daqui 30 anos, interessa se vamos estar juntos.

–Sempre vamos estar juntos. –Falei e mais lágrimas caíram do meu rosto.

–Você tem a mania de quando descobrir uma coisa nova ter ela com muita intensidade né? Foi assim com a comida e agora com as lágrimas.

–Pois é. Acho que vim com defeito de fábrica. –Ele deu risada e nossos olhos estavam direcionados e concentrados no do outro. –Eu te amo Henry.

–Eu te amo Margot. –Levantei com dificuldades mas consegui dar um beijo nele.

Não durou muito porque meu corpo estava dolorido e ficar curvada daquele jeito só piorava as coisas.

–Preciso ir pro meu quarto. –Falei.

–Você volta amanhã? –Ele perguntou.

–Claro. –Soltei nossas mãos e andei até a porta. –Tchau. –Falei antes de sair.

De volta ao meu quarto fui tentar subir na cama mas meu corpo estava mais dolorido que antes.

–Eu te ajudo. –Alex falou.

–Ai que susto garoto! –Falei.

–Tava aprontando né? –Ele me ajudou a deitar na cama e ficou em pé ao meu lado. –Seu médico mandou você ficar aqui, na sua cama. Não na do seu bofé aprontando safadezas.

–Você só pensa nisso Alex?

–Tchuca, isso move o mundo! –Ele deu risada e se sentou de novo ao meu lado.

–Melhorou da dor de cabeça? –Perguntei.

–Aquele médico faz milagres! –Alex pegou minha mão e sorriu. –Obrigada.

Ficamos algum tempo conversando sobre o quanto Killan é maravilhoso.

Depois de algumas horas Brenda veio me trazer o jantar e até me ajudou a comer. Todos eles estavam cuidando de mim, cada um com um cuidado especial. Eu não sei o que seria da minha vida sem eles.

Já tinha passado das duas manhã e todos estavam dormindo. Eu infelizmente não conseguia. Deve ser pelo fato de ter dormido durante três dias.

Enquanto viajava em meus pensamentos vi um pouco a porta do quarto ser aberta.

–Aceita um pobre coitado na sua cama? –Henry estava completamente apoiado na parede, dava pra ver que ele não tinha força pra ficar em pé.

–Você devia estar deitado Henry.

–Nossa ta me dando o fora mesmo? –Henry virou a boca para baixo, igual uma criança quando vai chorar.

–Eu só disse que você devia estar deitado, se for na minha cama acho melhor ainda. –Ele começou a se aproximar da minha cama e eu com dificuldades fui um pouco para o lado.

Quando Henry finalmente deitou ficamos de frente um para o outro. Nossos rostos estavam próximos e nossas mãos juntas.

–Oi moça. –Ele disse.

–Oi moço.

–Você tem lindos olhos. –Ri com o comentário.

–Qual dos dois?

–Os dois. –Henry passou a mão enfaixada no meu rosto. – Já que estamos sem casa o que acha de irmos viajar?

–Viajar pra onde?

–Você disse que nunca viu a praia, pensei em começarmos por ela. O que acha?

–Eu acho perfeito. –Nossos lábios se encontraram e nossos corpos também.

Já faziam um tempo que não dormíamos assim abraçados, já tinha até me esquecido de como é ficar assim com ele.

Finalmente caí no sono. Ali, juntinho do meu amor.

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–Vocês dois não valem um real! –Acordamos com a voz de Alex.

–Eu disse para ficarem cada um no seu respectivo quarto. –Killan disse.

–Ela me seduziu. –Henry disse enquanto abria os olhos para me encarar. –Desculpas Killan, mas não resisto a todo esse charme. –Henry se levantou e sentou.

–Já que esta aqui, vamos tirar essas faixas. –Enquanto Killan tirava as do Henry, Alex tirava as minhas.

Notei que agora eu estava com mais cicatrizes que antes. Novos cortes, e marcas de queimaduras. Por sorte Killan tinha colocado uma pomada que deixava as marcas menos visíveis, mas ainda dava pra sentir a pele um pouco levantada em cada lugar.

Henry e eu estávamos de costas mas acabei rindo quando Alex começou a fazer caras e bocas conforme Killan provavelmente despia o corpo de Henry.

–O que vocês vão fazer agora? –Samuel perguntou.

–Precisam achar uma casa. Se quiserem podem ficar na minha casa, não tem problema. –Killan disse.

–Agradecemos, mas Margot e eu vamos viajar durante um tempo. Ela passou por muita coisa, precisa esfriar a cabeça. –Henry falou.

–Eu acho ótimo. Traga lembrancinhas quando voltar tchuca. Nada de chaveirinho ou camiseta, pode me dar uma coisa útil! –Alex disse enquanto me ajudava a vestir uma blusa de alcinha.

–Não posso usar meu vestido? –Perguntei.

–Suas roupas são muito fechadas e os ferimentos precisam de ar. Sinto muito mas durante um tempo vai ter que usar roupas assim. –Killan explicou.

Eu estava de shorts jeans, e uma blusa de alcinha preta. Nunca na minha vida que eu imaginei usar esse tipo de roupa, mas eu também nunca imaginei amar alguém, e agora estou cercada por pessoas que eu amo e que me amam.

–O que acham de fazermos um jantar hoje? Algo para comemorar a nossa união e a nossa amizade. –Brenda sugeriu.

–E comemorar o fato da vadia ter morrido queimada. –Alex finalizou.

Todos concordaram. Eu ainda pensava em Angelina e sentia pena por ela ter morrido daquela forma. Mas se ela não tivesse ido desse jeito, ela iria de outro bem pior.

O importante é que estávamos todos juntos.