Crônicas do Universo escrita por Lidy


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

demorei, mas tá aqui XD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/446034/chapter/4

Cheguei em casa batendo as portas, ainda bem que não tinha ninguém em casa, eu odiaria ter que explicar a minha irritação.


Passei basicamente o dia todo tentando achar algo que não me irritasse, foi bastante difícil. Qualquer cena de filme me fazia brigar com a tela, pois o personagem não fazia o que eu queria que ele fizesse. E isso me lembrava o Alex. Tudo me lembrava ele. Até mesmo o que não me lembrava ele, me lembrava ele pelo simples fato de não me lembrar. Eu pensava "isso não me lembra ele" e tão logo meus pensamentos eram todo ocupados pelo Alex.


Mas o que me irritava mais, era que aquela mulher poderia estar certa. Poderia não, ela estava certa. Eu não estava aceitando muito bem o término do meu namoro. Sou uma menina mimada? Sou? Não achei que eu fosse, mas a maior decepção da minha vida, pelo menos antes disso, foi não ter ganho o brinquedo que eu queria quando fiz seis anos. Isso é ser mimada? Nunca pensei que fosse.


Meu estado de irritação estava passando rapidamente ao estado depressivo. Minhas divagações estavam tomando um rumo meio desconhecido pra mim, nunca parei pra analisar a minha vida. Mas essa depressão logo passou, assim que a mensagem de Lara chegou: Ele está mesmo desesperado hahaha... Acabei de saber que ele vai sair com a Carol na sexta, acredita nisso?


Fiquei encarando aquele nome. Não conseguia acreditar. Senti algo que não daria pra explicar, uma imensa vontade de gritar, de socar, de bater, e ao mesmo tempo, vontade de nada. Aquela menina era a mesma que eu sempre tive ciumes. Ela sempre dava um jeito de ficar sozinha com ele, e ele sempre me garantiu que nunca ficaria com ela.


Liguei para Lara, conversamos um pouco sobre isso e logo depois contei da conversa com aquela mulher.


–Ai. - foi tudo que ela disse quando terminei. Ficamos um tempo em silencio, eu não sabia o que dizer, e ela procurava algo pra falar. Acabamos por voltar a falar do Alex e da Carol, por fim acabou nosso assunto. - E o que você vai fazer agora? - ela perguntou, mas eu não sabia se ela falava da cartomante ou do Alex.


–Não faço ideia. - eu não fazia ideia do que iria fazer em relação a qualquer um dos dois. Pelo menos não momento.


Depois disso, sem saber o que dizer uma pra outra, nos despedimos e desliguei.


Ainda era cedo, mas me deitei para dormir. Todas as palavras que o Alex já tinha me dito, aquelas que pareciam tão falsas agora, ficaram na minha cabeça por um longo tempo. Chorei bastante antes de finalmente conseguir dormir.

~~~~~~~~~~~~~~

De manhã não conseguia pensar em outra coisa a não ser aqueles dois. Mesmo não gostando da Carol, sempre fui gentil com ela, se fazia de minha amiga, e agora me apunhalou pelas costas.


Sem me dar tempo pra pensar mais, saí de casa visando fazer mais uma visita para aquela mulher.


Não tive dificuldade pra achar a casa. Como das outras vezes, tanto o portão quanto a porta estavam abertos. Porém dessa vez ela não estava em algum lugar em que pudesse aparecer no corredor. Ela estava sentada no sofá de frente a uma outra mulher, de aparentes 40 anos. Elas estavam se despedindo e a mulher agradecia enquanto colocava algumas notas na mão da cartomante.


A outra mulher foi embora mal me notando, apenas me deu uma rápida olhada antes de sair.


–O-oi, dona. - cumprimentei um pouco sem graça por voltar.


–Pode me chamar de Samantha, e olá - ela sorriu daquele jeito como sempre.


–Oi, Samantha. Meu nome é Avery, não sei se lembra.


–Ah, eu lembro. - fiquei vermelha, pelo fato de ela lembrar meu nome mas eu não lembrar o dela.


–Então...eu...gostaria de uma outra consulta. - disse mais vermelha ainda.


–Vai mesmo continuar com isso? Não acha humilhante?


–Por favor, apenas faça, eu o amo muito, quero ele de volta não importa como... e além do mais, foi você quem deu a ideia.


–Eu dei essa ideia com a esperança de você não aceitar.


Ficamos em silencio. Eu estava desconfortável, me sentia meio ridícula.


–Você ama ele, ou apenas sente muita falta do que tiveram juntos? Quer voltar a ter o que tinha?


–Não exatamente, eu quero um futuro com ele, pensei que fosse o destino ou algo assim. - me senti mais ridícula ainda, estou me tornando o tipo de pessoa que sempre desgostei.


–Bem, o destino não existe, ele não passa de uma continuação do agora, infinitamente. Que idade você tem, Avery? 15, 16? - eu assenti com a cabeça - Eu entendo sua dor, mesmo que ela seja diferente, pois muita gente sofre diferentemente pelo mesmo motivo, mas... se o que te disse no inicio funcionar, ele só vai voltar com você por que não teria mais ninguém, tudo bem pra você isso? - eu assenti de novo. Ela suspirou e se levantou, foi até o pequeno armário e tirou uma cartolina e duas canetas, voltou a se sentar e olhou pra mim. - O que você quer?


–Quero que o encontro entre Alex e Carol não aconteça, e que eles não marquem novamente.


Ela pôs uma caneta em cada mão e fechou os olhos, desenhando aquelas linhas malucas e homens-palito outra vez. Demorou mais que da última vez.


–Complicado, Avery. Da primeira vez você teve sorte, dessa vez você você vai ter que falar com uma pessoa. - olhei pra ela confusa. - Carol só aceitou sair com o Alex pra fazer ciumes em um amigo do curso, você tem de convencê-lo a falar com ela, dessa vez não dá pra interromper só com atos.


–Entendi, mas quem é ele, não sabia nem que ela fazia cursos.


–É do curso de inglês, eles tem aula amanhã a tarde e vão juntos uma parte do caminho pra casa, eu não sei o nome dele, mas não vai ser problema, eles costumam ir sozinhos. Você só precisa esperar chegar em certa parte que eles se despedem e o convencer a falar com ela. Carol vai desmarcar com o Alex sem pensar duas vezes, é uma jovem apaixonada, como você.


–Seria mais fácil eu voltar no tempo e não deixar o Alex parar de me amar, eu faria o possível pra deixar ele sempre feliz. - disse isso mesmo sabendo que não tive culpa em absolutamente nada, fui a namorada perfeita, não reclamava dele sair com os amigos, não enchia a paciência dele, não exigia ele comigo o tempo todo, talvez meu defeito estivesse aí, além do ciúme exagerado, ter deixado ele muito solto.


–Ah, na sua idade seria impossível. - ela disse simplesmente, como se isso fosse algo simples.


–Como assim na minha idade? Quer dizer que no futuro haverá maquinas do tempo? - me assustei um pouco, não sabia que ela consultava tão longe assim.


–Não sei se conseguiria prever isso, só estou dizendo que uma menina tão jovem seria incapaz de acumular arrependimentos suficientes pra uma viajem no tempo.


–Como assim? Arrependimentos suficientes?


–Se uma pessoa, ao longo das vivencias, acumula arrependimentos muito grandes, ela acaba voltando a um dos momentos que causam mais dor, mas isso é muito raro de acontecer, as pessoas acreditam muito que viagens assim são impossíveis, pelo menos sem uma maquina do tempo - ela deu um sorrisinho, provavelmente pelo meu comentário anterior. - Grande parte das pessoas se conformam e ignoram o arrependimento, continuam suas vidas, mas também tem as que sofrem tanto que as vidas delas param, vivem tanto pensando no passado, que acabam voltando. Eu não sei como isto ocorre exatamente, acredito que a pessoa sofre tanto que acaba despertando a piedade do universo, permitindo a ela voltar e concertar, alguns obtêm sucesso, outras enlouquecem.


–Nossa, isso é muito legal, mas não sei se me arriscaria a viver em arrependimentos pra voltar algumas semanas atrás.


–Ah, gostei bastante de ouvir isso vindo de você. Não pareceu a desesperada das outras vezes - ela riu.


–Tsc. - me levantei - tenho que ir pra casa.


–Ah, Avery, antes de ir, me diz, você mudaria o caminho para casa pra salvar a vida de uma pessoa?


–Mas é claro - respondi rapidamente.


–Tem um homem em uma ruazinha, aquela que tem um desenho grafitado na curva da esquina. Tem um homem lá, esperando alguém passar pra assaltar, e há um outro homem que passará por lá, ele vai reagir ao assalto e levará um tiro. Mas se você passar por lá, o homem assaltará você e irá embora, garantindo segurança ao outro.


–Tá, deixa comigo. - saí logo em seguida.


Até aprece que eu ia perder meu celular! Fiquei esperando na esquina até o segundo homem aparecer. Um logo apareceu, estava vestido com essas roupas que homens de escritórios usam. Parecia que ele iria entrar na rua que Samantha falou, mas o parei antes.


–Com licença, moço, poderia me ajudar? Estou um pouco perdida, e estava com uma amiga, deixei ela em frente a uma casinha verde, mas não encontro. - foi tudo o que consegui pensar, me lembrei de quando me perdi com a Lara.


–Ah, ela fica um pouco ali na frente. - ele respondeu.


–Ahn, tem como você me levar até lá? - ele concordou e me guiou até aquela casinha verde.


Antes de sairmos, notei uma mulher e uma criança indo em direção àquela ruazinha, tive uma sensação ruim, mas como Samantha não disse nada sobre elas, não dei importância.


Quando chegamos lá, ele perguntou da minha amiga, eu disse a ele que ela deve ter cansado de me esperar e foi atras de mim, garanti a ele que ela não se perderia tão facilmente como eu, e que ligaria pra ela neste exato momento e que não sairia dali. Fiquei até assustada com a preocupação dele, não se encontram muitas pessoas assim.
Esperei ele sumir de vista pra ir até o ponto de ônibus. Fui em pé nas duas conduções, da próxima vez vou perguntar a Samantha que ônibus eu deveria pegar pra poder ter lugar livre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

e então?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Crônicas do Universo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.